Uma manhã para os nadas que renovam as forças (quintaneiro, mercado, jornais, café, ver os escaparates de um ou outra pequena livraria da cidade, etc.), e uma tarde para alguma burocracia (pareceres, declarações para candidatos a bolsas, etc…) e um filme sul-africano interessante dedicado à questão da sida ( O Toque dos Tambores), pelo tema e por alguns planos fotográficos
II A “pacificação” da Educação e a lição para o Ensino Superior
Aconteceu nas últimas horas o que se previa desde a manifestação de Março. O Governo recuou (bastante) para posições mais realistas em matéria de avaliação dos professores. Seguindo o Público a este recuo poderá estar associada uma intervenção do Presidente da república (cumpriu bem a sua obrigação institucional). Mas não se substime um dado central: quando as pessoas (os grupos profissionais, etc.) se mobilizam as políticas movem-se. Isto deve servir de exemplo como uma alternativa à passividade e "silêncio", em parte decorrente do clima de um injustificado “medo” de uma parte substancial dos docentes, funcionários a até estudantes em algumas instiuições de Ensino Superior, eventualmente intimidados por uma retórica agressiva e tonta de algumas acantonadas e acossadas "cidadelas dirigentes", que respondem com asneiras sucessivas. Em algumas instituições universitárias os orgãos não estão a funcionar na prática, como o deveriam estar , e há muita mão livre nos procedimentos. Isso é inaceitável e a cidadania deve estender-se à vida académica.
III A longa e controversa “Batalha de [La] Lys” (9-29 abril 1918)
Desde o início da semana os “media” e em particular a blogosfera tem dado destaque aos 90 anos de uma das mais dramáticas ofensivas alemães na 1ª Guerra Mundial: a disputa pela linha da Flandres, onde o exército alemão causou enormes baixas e fez milhares de prisioneiros, capturando enormes recursos militares. Portugal esteve presente nesse teatro de guerra (além do teatro colonial) e o nacionalismo pátrio tem destacado o honroso desempenho das NT. Sobre o assunto o leitor pode encontrar informação muito interessante e algumas boas ilustrações por exemplo em: http:// www.worldwar1.com/france/portugal.htm [THE GREAT WAR SOCIETY].
O dia de hoje ganha um particular relevo porque nele se concentraram as cerimónias evocativas (em Lille) desta grande batalha por parte das autoridades portuguesas com a presença do Ministro da Defesa Português, o meu amigo e historiador Nuno Severiano Teixeira (NST). E destaco isto porque NST é autor de um dos mais interessantes e inovadores estudos sobre a participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial que constituíu a sua tese de doutoramento no Instituto Europeu de Florença [Entre Neutralité et Belligérance. L`entrée du Portugal dans la Grand Guerre: Objectives Politiques et Stratégies Nationales, 2 Vols, Florence, IUE/BHC, Décembre, 1994], uma obra que cruza a história política e a história das relações internacionais e que teve uma edição poortuguesa em 1996 [ O Poder e a Guerra, 1914-1918. Objectivos Nacionais e Estratégias Políticas na entrada de Portugal na Grande Guerra , Ed. da Estampa]. Já agora lembro ao leitor um livro muito pouco referenciado e que me parece ter sido uma das primeiras monografias dedicadas ao assunto, assinada por um dos oficiais militares intervenientes no teatro de guerra, o General Gomes da Costa, Comandante da 1ª e da 2ª Divisões do C.E.P., e crítico dos níveis operacionais das NT. Refiro-me a «O Corpo de Exército Português na Grande Guerra. A Batalha do Lys, 9 de Abril de 1918»( Ed. Renascença Portuguesa, Porto, 1920), um livro com algumas ilustrações interessantes, onde o General anuncia um outro livro «As origens da Intervenção Portuguesa e o C.E.P.por dentro» (CEP=Corpo do Exército Português). Útil é ainda uma pesquisa sobre a matéria nos Debates Parlamentares da Primeira República Portuguesa em 1918 [em http://debates.parlamento.pt/]. Uma apontamento final para o livro publicado esta semana de autoria de Isabel Pestana Marques [ Das Trincheiras com Saudade, Esfera dos Livros, 2008] que, além de abordar a experiência da guerra, revê em baixa as reais perdas humanas entre o exército português e desvenda o uso político das perdas humanas (numericamente exageradas) na discussão das indemnizações de guerra.
IV
Hoje, a melhor noticia para a “sociedade europeia”, foi a composição do novo Governo de Zapatero, um político socialista que tem uma agenda e capacidade de acção política que está a ajudar a aceleração da neo-modernização da Espanha, a reduzir as desigualdades, a ampliar objectivamente as oportunidades sociais (veja-se, não a retórica, mas o empenho, o sentido e o alcance das reformas educativas incluindo as do Ensino Superior), e a afastar, de um modo geral, o “país” do outro que com ele partilha a Península Ibérica. Amanhã, a pior notícia para a Itália e a Europa: a vitória do Caimão e o seu regresso à liderança política dos italianos.
HAF