Editorial

Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).

À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.

DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.

Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.

A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.

Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.

Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)

domingo, abril 27

10037º Dia

10036º Dia

sexta-feira, abril 25

10035º Dia




Para conhecer mais cartoons dedicados ao 25 de Abril de 1974 e período imediato, sugiro visitar o programa de exposições do Museu Nacional da Impensa que tem informação online, incluindo alguns dos cartoons coevos que aqui apresento [ www.imultimedia.pt/museuvirtpress/port]. Também não fará mal nenhum ler Rui Pimentel, O cartoon em Portugal[Maputo, 2006]
HAF

quinta-feira, abril 24

10034º Dia

I
9.00-12.00: preparação da conferência “ A emergência de uma Sociedade Europeia: visões cruzadas”
12.30-13.00: reunião a propósito do CIUE
13.00-15.00: reunião-almoço da CC MEHE
15.00-18.00: Provas de Agregação e reunião final: um excelente desempenho da candidata que me deixou orgulhoso e honrou a instituição.
19.00-…....a caminho do mar…
II
Se ubíquo pudesse ser e recursos tivesse (claro), hoje poderia bem estar na Universidade de Columbia (NY)[instituição privada membro da Yve League] a participar num grande evento científico e cultural, organizado por grupos de antigos e actuais estudantes e associado ao aniversário do protesto estudantil iniciado em 23de Abril de 1968 com a ocupação dos estudantes de um novo ginásio universitário.
“ Tensions between students and the university mounted in the 1960s for two reasons. First, Columbia had become heavily involved in research for weapons systems to be used in the Vietnam War [ As autoridades da Universidade tinham permitido a participação institucional de alguns dos seus professores no IDA - Institute for Defense Analyses, um “research think-tank” sobre armamento ligado ao Pentágono].Second, the university planned the construction of a gymnasium in Morningside Park where Harlem residents could only access the gym through a back door entrance on the bottom level, while the upper levels of the gym were accessible only to Columbia students and affiliates through the main entrance. This blatant segregationist policy led to black students and Harlemite supporters protesting what they called “Gym Crow”. In 1968, students passionate about both issues held a demonstration in Morningside Park, where the university had already begun to erect construction fences.» Recorde-se que na década de 1960s o número de estudantes negros matriculados na UC aumentou expressivamente. [Winston Willis To Remember Our past Is To Define Our Future: A History of Black Student Struggle at Columbia from 1968-1987, 1987, cit. in History of BSO]

A celebração do “Columbia 1968” inclui quatro dias (24 a 27 de Abril ) de Congresso [-Columbia 1968+40: War, race, Activism, and the University. An Intergenerational Dialogue - onde se apresentam e debatem visões cruzadas e transversais sobre o protexto estudantil, o contexto interno e externo, com ênfase para a Guerra do Vietnam, e dos efeitos locais e globais daqueles protestos. Nele participam jornalistas,activistas, antigos professores, historiadores, cientistas politicos, sociólogos,etc. A organização incluíu ainda no programa a exibição de 6 filmes dedicados ao conflito estudantil naquela universidade, filmes encomendados a realizadores independentes e que serão apresentados sem visionamento prévio. Decorrerão ainda muitas outras actividades associadas ao evento.

Em rigor a comemoração começou em meados de março com a abertura da «First Major Exhibition 1968: Columbia in Crisis», a propósito da qual pode ler-se no sumário :“ The occupation of five buildings in April 1968 marked a sea change in the relationships among Columbia University administration,its faculty,its student body, and its neighbors. Featuring original documents, photographs, and audio from the University Archives, "1968:Columbia in Crisis" examines the causes, actions, and aftermath of a protest that captivated the campus, the nation, and the world.» para uma visão mais detalhada cf. http://www.columbia1968.info/
III- Onde é que eu estava no 25 de Abril?
24 para 25.04.1974: 20 anos de idade, Bela Vista, Angola, 23.00 h-04.00h madrugada. Contacto internacional com rádio-amadores. 2:30-3:00 h da madrugada: notícias de Portugal, via um rádio-amador de Cintra, sobre golpe militar em curso. Coisa vaga. Não me lembro que tal notícia tenha então criado uma grande preocupação ou expectativa entre as 3 ou 4 pessoas presentes. Conversamos sobre o assunto, mas a nossa visão estava focalizada em Angola e não em Portugal [a terra dos “polacos” ou “pulas”…como se usava na gíria], em relação ao qual havia, também “entre os brancos de segunda”, um desprezo bem marcado.
HAF

quarta-feira, abril 23

10033º Dia

I
9.00-13.00: documentos de Agregação
15.00-17.00: 1º dia das Provas de agregação.
17.00- 1830: um salto à reunião preparatória do Congresso da Investigação Científica da UE.
A chegada da fracção da família “emigrada” em Coimbra e Porto… dá sempre um serão especial.

II: Os Novos Estatutos da Universidade de Évora : aprender com a experiência e evitar as falsas soluções totalitárias; aumentar os niveis gerais de responsabilidade e de escrutínio; censurar o “ausentismo” ou neutralidade de alguns mebros da Assembleia Estatutária; abrir um debate académico livre.

Desenham-se desde fevereiro os novos estatutos da nossa Universidade. Um trabalho que permanece “fechado” aos membros da Assembleia Estatutária. Pelo que me vai chegando, de forma muito fragmentada, há pelo menos três coisas que devem evitar-se. A primeira é que a Universidade fique na prática nas mãos de uma clique de uma dezena de pessoas (que a governam, que avaliam a governação, que aconselham a governação, etc…) escolhias pelo Reitor : uma solução que nos envergonhará a todos como exemplo de uma pessíma prática institucional) . Foi assim que a UE foi governada nas últimas duas décadas e o resultado está à vista. Na avaliação da Associação Europeia das Universidades ficou clara a surpresa de a mudança de orgãos a consultar quase sempre não se traduzia numa mudança dos interlocutore – numa a expressão popular eram quase sempre ”sempre os mesmos”) . A segunda é que os Estatutos não tenham um período de discusssão pública. A terceira é que os elementos externos que integram a Assembleia Estatutária não mantenham a sua posição neutral, bem expressa na não votação das soluções em alternativa (como foi a questão das escolas) : a repetição desse comportamento deve merecer uma forte censura .

III- Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor , novos projectos editoriais , Elites e Cultura Portuguesa O
O Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor, fixado pela UNESCO em 1996, está a viver-se em Portugal num clima de grande optimismo, pelo menos para as editoras. Um nicho de negócio muito superior ao do vinho do Porto e do mercado publicitário (Jornal de Negócios, 23.04.2007). A propósito da efeméride a Sic Noticias entrevistou (13.30-14.15?) Paulo Teixeira Pinto (PTP), que entrou recentemente no ramo com a compra da Guimarães Editores, uma editora centenária, fundada em Lisboa em 1899, sob a firma “Guimarães, Libânio e C.ª, com sede na Rua da Misericórdia, no número 108-110”. O leitor dispõe de uma breve história da empresa, do seu fundador Delfim de Brito Guimarães [poeta, ensaista, maçon] da herdeira (Maria Leonor casada com o professor, poeta e monárquico Francisco Leão, do programa editorial e apreciar o contributo para a cultura portuguesa em http://www.guimaraes-ed.pt] . Na entrevista o novel proprietário (PTP) apresentou um programa ambicioso para a renovação do papel da editora na cultura portuguesa, projecto para o qual conta com o apoio de “1/3 do PIB intelectual do país” (Conselho Consultivo), uma auto-avaliação que certamente peca por um exagero que deve ultrapassar as necessidades de marketing.
Mas PTP percorreu muitos outros tópicos associados e aí foi muito interessante . Falou sobre a cultura portuguesa e o relevante papel da esquerda na cultura portuguesa actual; a fraqueza intelectual da direita e a relação desiquilibrada entre a esquerda e a direita no recrutamento dos jovens talentos que ingressam no ensino superior; as qualidades da elite politica , em especial a do partido a que pertence (a credibilidade só se ganha com a auto-crítica e reconhecimento dos méritos dos outros) e da recorrente acção (política, económica, etc…) sem ideias (finalidades) ; a fraqueza da nossa capacidade empresarial ( patronal e de gestão) – o problema produtivista nacional não está nos operários . Falou também do acordo ortográfico ( e da política editorial que sugere a editora deverá seguir) e do seu maior empenhamento e disponibilidade para a política. Controverso (frequentemente associado à “direita ” , líder da “causa monárquica”, etc., etc…) mas indiscutivelmente um homem culto, inteligente, interessante (que vale a pena ouvir e com quem valerá a pena , seguramente, conversar).

III. O Parlamento Português ratificou ontem o Tratado de Lisboa, a nova Magna Carta da União Europeia que foi assinada pelos líderes europeus em Lisboa no passado dia 13 de Dezembro , aprovada pelo Parlamento Europeu em meados de Fevereiro (acho que com c. 80% de votos a favor) e entrará em vigor no próximo dia 1 de Janeiro. Sem se alcançar a ambição de muitos dos que na década de 1950s imaginaram e se empenharam num processo de integração mais amplo e acelerado, este tratado, que transfere para as instituições europeias novas fracções das soberanias nacionais, integra-se na dinâmica etapista (a integração gera a necessidade de mais integração) que tornou a experiência europeia de “integração regional” (quando vista à escala global) uma experiência bem sucedida e positiva para a Europa, as sociedades e cidadãos europeus. Mesmo não tirando disso nenhum benefício directo, faço parte dos 10% dos cidadãos europeus que colocam a cidadania europeia diante da cidadania nacional.

IV. O regresso de Manuela Ferreira Leite e a ousadia de P. Passos Coelho: duas boas notícias.
O regresso de Manuela Ferreira Leite à arena politica, disputando a liderança do PSD, é uma boa noticia. Não sou desta área politica, mas acho que ela deve ter peso e capacidade de competir . O PS necessita de uma oposição à direita com qualidade: MFL reune atributos de liderança e pode ser o “elemento” rewtituidor de autonomia e inteligência política ao PSD. Todavia a inovação e a criatividade é capaz de estar mais do lado de P.Passos Coelho (PPC). PPC é ainda visto por muita gente como um “jovem” em fase de treino: um erro de avaliação. Num partido como o PSD as possibilidades de MFL chegar agora á liderança são por isso maiores. Espero que neste longo periodo de “nojo”, MFL tenha adquirido uma visão mais completa da sociedade portuguesa, traga ideias mais arejadas e inspiradas na experiência europeia e que a sua acção seja um contributo (no governo ou na oposição) para vencer os inaceitáveis indicadores do nosso atraso (extensa pobreza; deficits de educação, de democracia, de respeito pela diferença, de um Estado ao serviço da população e não de grupos, e do baixo nível de instititucionalização dos direitos sociais ) , ultrapassar a confusão organizacional dos serviços do Estado e das instituições públicas á do sector empresarial etc…, de que ela foi também responsável, nos dois ministérios que ocupou. O país não pode dar-se ao luxo de manter o andamento irregular da última década e meia. Vale a pena reformar quando existe uma visão, uma finalidade e estejam bem identificados os meios de a operar. A presença de um certo experimentalismo não é reprovável. A inconsistência nas decisões politicas e a teimosia nos erros operacionais, são-no seguramente, pois em geral custam quantias astronómicas ao país. O “autoritarismo funcional” (tanto dos” boys” “laranjas” como dos “rosas”) regularmente acompanhado da ausência da autoridade da competência é outro vício a superar: o pior é que ele derrama-se pelas instituições públicas (incluindo os estabelecimentos do ensino superior) . Finalmente, estes últimos anos mostram como é necessário criar uma escola superior para a formação profissional dos políticos. Depois disso, vale a pena voltar a experimentar uma maioria absoluta.
HAF

10032º Dia

8.30-12.30: Leitura de documentos de Provas de Agregação
14.00-15.30: Revisão material da aula HPC e Seminário
15.30-17.00: aula HPC-II e inquérito de grupo de trabalho de Psicologia
17.15- 19.30: Seminário de Investigação /História do Movimento Estudantil.
22-30…. leituras para uma conferência…
24.00: adesão ao projecto web: “HISCO Collaboraty pilot”

segunda-feira, abril 21

10031º Dia

8.30-13.00: organização e preparação de aulas
14.00-15.30: aula de HPC-II
17.00-20.00: aula de SpeSC:TSC (MEHE)

10030º Dia

Destaco hoje a “história” que o Eduardo Cintra Torres comentou ontem na sua coluna do Público. Lendo-a, o leitor acaba por perceber , no essencial, a história recente de algumas (só?) instituições públicas que, pela sua natureza educativa,deveriam ser exemplos de maior probibade e de (pelo menos) boas práticas.

Aqui está uma das boas razões para estarmos onde estamos.
Na lista das minhas escolhas uma referência ainda a “Patriotismos”, título com que José Pacheco Pereira (JPP) atribuiu à sua coluna no jornal acima referido. Depois de ver a série que a RTP produziu sobre a Guerra Colonial (Joaquim Furtado) JPP vê tanto “nos homens (soldados) de 1961” (só?) como naqueles que se recusaram a fazer a guerra colonial uma atitude comum: patriotismo. Lentamente avança a descolo-nização mais difícil: a intelectual.
HAF

sábado, abril 19

10029º Dia

I
Um dia sereno dedicado a leituras várias,sobre o movimento estudantil e os anos 1960s.
II
19 de abril tem uma importância significativa na História de Portugal do Século XX e em particular na História do Partido Socialista Português. Reunidos em Congresso em Bad Munstereifel (Alemanha ) 27 delegados da Acção Socialista Portuguesa (ASP, Genebra em Nov. 1964 - 1973), idos de Portugal ou no exílio,deliberaram, por maioria dos delegados, constitui-se no Partido Socialista Português. Mário Soares deportado desde março em São Tomé e Príncipe (de onde apenas regressaria a Portugal em Novembro) não participou presencialmente nos trabalhos mas para ele contribuiu com documentos importantes [o leitor pode encontrar documentos originais digitalizados disponíveis na página web do Partido Socialista Português incluindo a carta magma “ Declaração de Princípios e Programa do Partido Socialista, ed. Set. 1973; devia estar também disponível a lista dos congressistas e não apenas a dos fundadores]. Numa entrevista à Lusa um dos congressistas presentes e presidente das sessões – António Arnaut, 72 anos, fundador do “Serviço Nacional de Saúde” português – lembra, 35 anos depois, alguns detalhes daquele congresso e deixa uma mensagem interessante: "O Estado social está para o PS como Portus Cale para Portugal. Sem ele, o PS perde a sua identidade e teria de mudar de nome"; “"Da utopia socialista, resta o Estado social, aliás, consagrado na Constituição da República. É preciso defendê-lo sem transigências, nem tergiversações, e é essa a responsabilidade histórica do PS". (Declarações à Lusa, cf. Notícias.rtp.pt)
A Europa atravessava então um período difícil. Havia um ambiente de grande agitação quer nos paises democráticos da Europa Ocidental, quer nas ditaduras da Europa central que procuraram libertar-se da influência excessiva do modelo e da presença da URSS. Na EOc. o processo de integração europeia entrava numa fase de hesitação (“crise larvar”), a união aduaneira da CEE dos 6 completava-se mas De Gaulle travava o alargamento (1967) e abria a chamada “crise da cadeira vazia” na UEO (Fev. 1969) e avolumaram-se as manifestações de uma grave crise social e cultural. As revoltas estudantis são ainda uma das principais referência dessa era de contestação social .
Aproveitando aquela efeméride, incluo a partir de hoje, e durante uma dúzia de sábados, umas breves notas sobre a contestação estudantil em diversos paises europeus durante o ano de 1968 . Vou iniciar pelo caso da Dinamarca , um caso onde o “protesto” combinou com o “pragmatismo” .
A Revolta dos Estudantes começou em 21 de Março de 1968 com grandes manifestações em Copenhaga, sendo uma das palavras de ordem “Tirar o Poder aos Professores”, mas estimulada também pela agenda anti-americana centrada na questão do vietname(um protesto que se iniciara na primavera 1966).
O andamento foi no sentido de uma contestação foremente centrada na discussão da autoridade universitária. O episódio mais importante ocorreu entre 19 e 26 de Abril, “liderados” por alguns activistas dos círculos anarquistas de Copenhaga, 150 Estudantes da Faculdade de Psicologia da Universidade de Copenhaga ocuparam o “Studiegården” com a direcção da Universidade a ceder a algumas das principais exigências dos estudantes em matéria de colaboração de decisões académicas. As autoridades académicas até aproveitaram a oportunidade para aprofundar reformas que estavam a encontrar um grande obstáculo no “poder dos professores”. A Revolta estudantil favoreceu e estimulou uma reforma no Ensino Superior Dinamarquês. e foi um factor adicional de modernização da Dinamarca ao iniciar um andamento no sentido do “breaking down of hierarchies and traditions”
Nos dias e meses seguintes, alguns sectores mais radicais ampliaram as reivindicações, incluindo a exigência de “salários” enquanto estudantes; protestos contra a guerra do Vietname e o fabrico e uso de armas nucleares e outras acções anti-militaristas; manifestações contra a ditadura grega. Em Julho, alguns dos estudantes integraram um grupo mais amplo de estudantes norte-europeus (suecos, noruegueses e dinamarqueses) que participou num acampamento em Cuba) onde, segundo alguma imprensa, terão recebido treino de guerrilha urbana. Em meados de Setembro constitui-se em Copenhaga a Associação Comunista Marxista Leninista e pouco depois o governo respondeu com a intensificação das actividades de vigilância interna por parte da polícia secreta.
O incidente estudantil (entrada com base em convites falsificados uma vez que não tinham sido convidados) de 21 Novembro, durante as cerimónias anuais da Universidade de Coopenhaga, que fora “reservada” ao “establishment” e contou com a presença da Família Real, terminou sem grande turbulência: os estudantes puderam discursar e dispuseram de uma grande cobertura pelos media mas não houve violência.
A contestação estudantil persistiu em matérias como a ditadura grega e, em particular, guerra do Vietname. Os DDV (Comités Dinamarqueses do Vietname, criados em 1966) dividiram-se em duas organizações: a maioria permaneceu organizada nos DDV, com uma orientação anti-imperialista, e uma minoria constituiu o Vietnam 69 , uma organização dominada pelo Partido Comunista Dinamarquês e e por vários elementos do movimento sindical. Os protestos radicalizar-se-ão nos meses seguintes.
Apesar de tudo, segundo o historiador Thomas Ekman Jørgensen (ULB)“ In 1968 Denmark experienced the mixture of protest and pragmatism that is typical of the Scandi-navian culture of politics. The country witnessed student actions and demonstrations which were on a par with other confrontations on the European continent, but at the same time there was a collective will to find a pragmatic solution to the conflict” [ T.E. Jørgensen e S.L.B. Jensen: Studenteproret I DDanmark 1968, 2008; T.E.Jorgen-sen,"Transformations and Crises: The Left and the Nation in Denmark and Sweden 1956-1980" (forthcoming 2008) e http://www.goethe.de/ges/ztg em 19.04.08]
HAF

sexta-feira, abril 18

10028º Dia

I
9.00-17.00: reunião em Lisboa Programa de Doutoramento.
II
Uma reunião de 74 CC de Mestrados para apresentar um Power Point com informação que está na página so SAC? . “ We want to break free from your [nonsense….]”.
III.
A República Popular da China, sob a liderança de Mao Tsé-Tung / Mao Zedong (n.1893-m.1975) , iniciou em 18 de abril de 1966, a grande Revolução Cultural [1966- 1969/76] que visava combater o revisionismo ( Krushchevismo) e as propostas de pragmatismo económico baseado na recompensa da acção e mérito individuais . A nova revolução cultural acentuava a fidelidade à ideologia e ao comunismo . Uma experiência dramática a que se pôs fim com a prisão do “bando dos quatro” (1976)?

HAF

quinta-feira, abril 17

10027º Dia

I
10:00-13.00: Conselho de Departamento.
14.30-20.00 : O último dia da visita de Jan Klima, que culminou com a conferência dedicada a “O Estado Novo e os Regimes Autoritários: Comparação”, uma interessante leitura histórica sobre o Estado Novo colocado no quadro geral das experiências das ditaduras europeias, com uma dose elevada de controvérsia, como convêm. Além disso, um exemplo de uma cultura de debate incisivo sem rótulos “ideológicos” serôdios. A agenda incluíu ainda uma entrevista para a UELine. Mas aconteceu algo mais, completamente inédito na minha vida profissional e aqui quero que fique registado.

A Conferência foi incialmente marcada para uma sala onde regularmente decorrem aulas ligadas a disciplinas das Artes.Quando chegamos à sala decorria uma aula de música para os estudantes do Ensino Básico. Treinavam cantigas infantis acompanhadas em xilofone. Depois de uma breve troca de impressões com a docente, e enquanto se esclarecia o assunto, Klima achou que não valia a pena interromper a aula e por isso dirigiu-se para o piano e convidou as alunas a acompanhá-lo no “Yesterday” que executou brilhantemente ( além de historidador e politólogo integra um banda Jazz). Uma das estudantes retribuíu com a execução de um fado e esteve brilhante. Um “momento” surpreendente para todos. Acho que tanto os presentes na sala como as pessoas (alunos , funcionários e docentes) que nos corredores se aperceberam do que acabara de acontecer, jamais dele se esquecerão. Um momento que poderá um dia repetir-se porque ambos partilhamos a vontade e compromissos que nos permitem supor que os laços entre a UE e a Universidade de Hradec Kralove tenderão a aprofundar-se nos próximos anos. Entretanto foram 4 dias de um clima verdadeiro académico como não vivia há muito na instituição. Dela nos despedimos calorosamente, num até breve
HAF

quarta-feira, abril 16

10026º Dia

09.00-11.00: Reunião do Conselho Cientifico do Núcleo de Investigação em Ciências Politicas e Relações Internacionais (NICPRI) , Pólo de Évora: contratualização com a FCT, orçamento, e cooperação com outras instituições da Sociedade Civil
11.00-12.30: Acolhimento em CC do NICPRI do Prof. Jan Klima, com quem acordamos o estudo de acções de cooperação entre o nosso centro do KIAS- Cabinet of Ibero-American Studies.
13.00-15.00 : almoço do grupo
17.30: Conferência

HAF

terça-feira, abril 15

10025º Dia

I
09.00-11.00: Preparação de aulas
11.00-13,30: Preparação da Reunião CC NICPRI
15.30-19.00: AULA HPC-II ( a experiência da 2ª Guerra Colonial /Guerra do Ultramar/Guerra da Independência), com a presença do Prof. Jan Klima, da FF da Universidade de Hradec Kralove, República Checa)
II
50 anos depois de proclamado o dia 15 de Abril como DIA DA INDEPENDÊNCIA DE ÁFRICA [Conferência de Accra, 15-22 de Abril de 1958, e depois da Conferência proferida ontem pelo Prof. Jan Klima [Historiador e Politólogo] sobre a Descolonização Portuguesa em Perspectiva Comparada, e de uma sessão de trabalho (esta tarde) com os estudantes finalistas sobre a experiência da 2ª Guerra Colonial (1961-1974), a RTP passou, depois do Telejornal , um programa dedicado a Maria Estefânia Anachoreta (87 anos). A senhora foi durante algum tempo um destacado elemento do Movimento Nacional Feminino (1966….), sob a liderança de Cecília Supico Pinto e do seu “portuguesismo” radical, e integrou o grupo das “operacionais” (voluntárias) que andaram pelos teatros da guerra colonial a entregar aos militares “metropolitanos” em campanha mensagens gravadas pelos seus familiares. Fê-lo em Angola, entre agosto de 1967 e Fevereiro de 1968. Não o fez na Guiné porque o Gen. Spinola não achou oportuno.. A Srª Estefânia revelou diversos aspectos do MNF desde a dimensão competitiva e conflitual dos elementos que o compunham, à compreensível dimensão “portuguesa” e humanitária que moveu a sua acção individual. Revelou também que bem sempre as senhoras do MNF eram bem recebidas.

Lembrei-me que em tempos cruzara com esta história em Grande Reportagem [ João Pombeiro- "Amor em tempo de guerra", Grande Reportagem. Ano XIII. 3ª série. 151. 29 de Novembro 2003]. Um história que a TSF passou também em fevereiro de 2005. Ver ainda na WEB “Arquivo Vivo de Moçambique”: «A mulher que andou por Angola a entregar mensagens aos soldados».
O programa RTPI é um registo individual importante e, caso tenha sido por eles visto, foi seguramente um complemento importante para os estudantes que ontem e hoje participaram com tanto interesse nas duas últimas sessões dedicadas ao 3ª Império (dedicadas à 2ª Guerra Colonial (1961.-1974) e à descolonização portuguesas. A RTP percebeu finalmente que pode ter um papel relevante na produção documental dedicada a um dos temas mais “quentes” e traumáticos parte da História Contemporânea Portuguesa. Neste episódio em concreto, além do empenho, motivações e memórias de M.E.A impressionou-me a preservação das gravações das mensagens das famílias para os soldados , nomeadamente das que fez para a Guiné e que agora, num gesto generoso mas dramático e quase patético, decidiu entregar ao destinatários diante de uma câmara de TV. Tenho pena de não o ter gravado.
HAF

segunda-feira, abril 14

10024º Dia

9.00-12.30: Acolhimento ao Prof. Jan Klima, Historiador e Politólogo da Faculdade de Filosofia da Universidade de Hradec Kralove República Checa
14.30-17.00: Burocracia MEHE e leitura de documentamento de jéris académicos
17.00-20.00

HAF

domingo, abril 13

10023º Dia

“European Societies and landscapes are ineluctably marked by the imperial past and the postcolonial present“ [Laura Tabily (U. Arizona): “Imperialism and Domestic Society” , EESH, I, 2001, p. 512]

“Más de un millar de personas se manifestaron en la tarde de ayer para solicitar el cierre de los centros de internamiento de extranjeros (CIE), que calificaron de "cárceles" para inmigrantes sin papeles en los que, según los manifestantes, "no se respetan los derechos más básicos de las personas", informa Javier S. del Moral. A gritos de "papeles para todos" o "acabemos con los Guantánamo", la marcha, organizada por un total de 25 asociaciones vecinales, sociales y de inmigrantes, transcurrió sin incidentes entre la estación de Aluche y el centro de internamiento ubicado en el mismo barrio, en el que se leyó un comunicado en varios idiomas”.( (El País, online)
Um episódio que não se limita a um “fait divers”: trata-se da crescente interacção entre o legado post-colonial europeu e a nova cidadania. E isto não ocorrerá apenas na “casa dos outros”.
HAF

sábado, abril 12

10022º Dia

I
Uma manhã para os nadas que renovam as forças (quintaneiro, mercado, jornais, café, ver os escaparates de um ou outra pequena livraria da cidade, etc.), e uma tarde para alguma burocracia (pareceres, declarações para candidatos a bolsas, etc…) e um filme sul-africano interessante dedicado à questão da sida ( O Toque dos Tambores), pelo tema e por alguns planos fotográficos

II A “pacificação” da Educação e a lição para o Ensino Superior
Aconteceu nas últimas horas o que se previa desde a manifestação de Março. O Governo recuou (bastante) para posições mais realistas em matéria de avaliação dos professores. Seguindo o Público a este recuo poderá estar associada uma intervenção do Presidente da república (cumpriu bem a sua obrigação institucional). Mas não se substime um dado central: quando as pessoas (os grupos profissionais, etc.) se mobilizam as políticas movem-se. Isto deve servir de exemplo como uma alternativa à passividade e "silêncio", em parte decorrente do clima de um injustificado “medo” de uma parte substancial dos docentes, funcionários a até estudantes em algumas instiuições de Ensino Superior, eventualmente intimidados por uma retórica agressiva e tonta de algumas acantonadas e acossadas "cidadelas dirigentes", que respondem com asneiras sucessivas. Em algumas instituições universitárias os orgãos não estão a funcionar na prática, como o deveriam estar , e há muita mão livre nos procedimentos. Isso é inaceitável e a cidadania deve estender-se à vida académica.

III A longa e controversa “Batalha de [La] Lys” (9-29 abril 1918)
Desde o início da semana os “media” e em particular a blogosfera tem dado destaque aos 90 anos de uma das mais dramáticas ofensivas alemães na 1ª Guerra Mundial: a disputa pela linha da Flandres, onde o exército alemão causou enormes baixas e fez milhares de prisioneiros, capturando enormes recursos militares. Portugal esteve presente nesse teatro de guerra (além do teatro colonial) e o nacionalismo pátrio tem destacado o honroso desempenho das NT. Sobre o assunto o leitor pode encontrar informação muito interessante e algumas boas ilustrações por exemplo em: http:// www.worldwar1.com/france/portugal.htm [THE GREAT WAR SOCIETY].
O dia de hoje ganha um particular relevo porque nele se concentraram as cerimónias evocativas (em Lille) desta grande batalha por parte das autoridades portuguesas com a presença do Ministro da Defesa Português, o meu amigo e historiador Nuno Severiano Teixeira (NST). E destaco isto porque NST é autor de um dos mais interessantes e inovadores estudos sobre a participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial que constituíu a sua tese de doutoramento no Instituto Europeu de Florença [Entre Neutralité et Belligérance. L`entrée du Portugal dans la Grand Guerre: Objectives Politiques et Stratégies Nationales, 2 Vols, Florence, IUE/BHC, Décembre, 1994], uma obra que cruza a história política e a história das relações internacionais e que teve uma edição poortuguesa em 1996 [ O Poder e a Guerra, 1914-1918. Objectivos Nacionais e Estratégias Políticas na entrada de Portugal na Grande Guerra , Ed. da Estampa]. Já agora lembro ao leitor um livro muito pouco referenciado e que me parece ter sido uma das primeiras monografias dedicadas ao assunto, assinada por um dos oficiais militares intervenientes no teatro de guerra, o General Gomes da Costa, Comandante da 1ª e da 2ª Divisões do C.E.P., e crítico dos níveis operacionais das NT. Refiro-me a «O Corpo de Exército Português na Grande Guerra. A Batalha do Lys, 9 de Abril de 1918»( Ed. Renascença Portuguesa, Porto, 1920), um livro com algumas ilustrações interessantes, onde o General anuncia um outro livro «As origens da Intervenção Portuguesa e o C.E.P.por dentro» (CEP=Corpo do Exército Português). Útil é ainda uma pesquisa sobre a matéria nos Debates Parlamentares da Primeira República Portuguesa em 1918 [em http://debates.parlamento.pt/]. Uma apontamento final para o livro publicado esta semana de autoria de Isabel Pestana Marques [ Das Trincheiras com Saudade, Esfera dos Livros, 2008] que, além de abordar a experiência da guerra, revê em baixa as reais perdas humanas entre o exército português e desvenda o uso político das perdas humanas (numericamente exageradas) na discussão das indemnizações de guerra.





IV
Hoje, a melhor noticia para a “sociedade europeia”, foi a composição do novo Governo de Zapatero, um político socialista que tem uma agenda e capacidade de acção política que está a ajudar a aceleração da neo-modernização da Espanha, a reduzir as desigualdades, a ampliar objectivamente as oportunidades sociais (veja-se, não a retórica, mas o empenho, o sentido e o alcance das reformas educativas incluindo as do Ensino Superior), e a afastar, de um modo geral, o “país” do outro que com ele partilha a Península Ibérica. Amanhã, a pior notícia para a Itália e a Europa: a vitória do Caimão e o seu regresso à liderança política dos italianos.
HAF

sexta-feira, abril 11

10021º Dia

I
10.30-12.30- Assuntos do NICPRI e gestão de projectos FCT na UE . Funcionários e chefias intermédias competentes e muita liderança “ inexperiente”
12.30-15.30: reunião informal ….sobre agenda do NICPRI e outros assuntos
16.00-20.00: correspondência em dia…
II
No debate político domina o papel dos “homens gazua”, os políticos (antecipadamente) reformados que migram para a vida empresarial. Os mails enchem-se de listas de nomes de portugueses/as que atravessaram a fronteira da decisão (influência) política para a decisão/gestão das grandes empresas ou fundações, generosamente remunerados. Curiosamente dificilmente são associados a pioneiros ou fundadores de uma instituição empresarial numa qualquer sector da economia real ou financeira. Vemo-los sobretudo em grandes empresas, públicas, semi-públicas e privadas que há anos que vivem com o Estado, e não raramente em sectores em que aqueles foram importantes decisores políticos. O Jornal de Negócios dedica hoje uma atenção especial a estes homens em cujo curriculum se destaca principal (ou mesmo unicamente) o facto de terem sido ex-ministros , na larga maioriaa em governos do PS e do PSD (o “centrão”). O director do Jornal dos Negócios faz bem em chamar a atenção que a escolha de um trajecto político não pode ser um caminho sem saida, incapacitante de outras escolhas ocupacionais. O problema não está pois nem do direito da escolha nem do interesse das empresas em contratarem alguém com um capital relacional relevante. O problema está fundamentalmente na “esfera da política”, na forma como as suas elites interferem excessivamente no que deveria ser uma relação transparente entre o Estado e o mundo empresarial. Se o país superasse o anátema que frequentemente o associa negativamente ao chamado “ arco latino “ do compadrio … a transição de “ministro” para “administrador” de uma grande empresa tornar-se-ia um facto societal irrelevante e deixaria de merecer as reservas que justificadamente suscita. Não é uma questão “moralista”, nem de grande ou pequeno periodo de nojo dos ex-politicos, mas apenas uma questão de ética e de exemplo . É isso que o senhor Primeiro Ministro, um homem com sinais crescentes de ressaibro e acossamento, necessita de entender e assim evitar no debate parlamentar o espetáculo deprimente que hoje tive a oportunidade de ver nos noticiários da noite das Tvs. Provavelmente mais um que , desesperado pela fraqueza dos resultados, entra para a galeria dos que nunca entenderá a incompreensão dos portugueses.
HAF

10020º Dia

I
9.00-13.00- Viagem para Coimbra (FEUC)
14.30-19.00- Reunião do CC. NICPRI / Núcleo de Investigação em Ciência Politica e Relações Internacionais.
20.00: Jantar no sítio do costume (sempre memorável) para um regresso mais aconchegado e tardio

II - Traços da Ministra da Educação vistos por Raul Iturra.

HAF

quarta-feira, abril 9

10019º Dia

I
8,30-11,00: preparação sessão MEHE
11.30-12,30: burocracia ligada às actvidades académicas prevista para a semana de 14 a 16 de Abril: aulas e conferência do Prof. Jan Klima
14.00-17.00: preparação da reunião do CC do NICPRI.UM/UE (Fac. Econ. U. Coimbra, 10-04.08)
17.15-20.00: Seminário HCTN_Experiência Historiográfica (MEHE. S.19-20)

II A reprodução do “mandarinato”?
Ferreira do Amaral, Pina Moura, Jorge Coelho…. todos reputados gestores profissionais com amplo treino em carreiras políticas exemplares. Reformados do Estado , não se conformam e continuam a trabalhar, agora em instituições privadas com quem se relacionaram como governantes. Além de legal eu acho isso normal, em Portugal e em todo o arco latino. Uma forma de manifesta “solidariedade” entre pares.

Vou é dar uma vista de olhos aMartin Shipway : Decolonization and Its Impacts. A Comparative Apporach to the End of the Colonial Empires (2008) enquanto não chega a minha “grande oportunidade” (o que é dificil porque não tenho ficha partidária…..). Bem recomenda o estudo publicado há semanas atrás, que a carreira mais promissora neste País ajardinado é a de Político. Como é que eu não fui capaz de topar isso três décadas a trás… No fundo sem o ser penso como um invejoso. Quem não gostaria de acrescentntar ao generosos milhares de euros de reformas (políticas) um certamente pequeno complemento salarial de uma MA qualquer?
HAF

terça-feira, abril 8

10018º Dia

08.00-12.00: a “Emergência de uma Sociedade Europeia” em estudo…
13.30-15.00 : correspondência: Fixada a data para a ida a USC… E resposta a algumas tontices administrativas (é gente qu não tem limites ….)
15.30-17.00: aula HCP sobre as etapas do 3º império português
17.30-19.20: tutoria electrónica…
21.00-…..: revisão sobre “europeanization…”
Ao fim da tarde chegam boas e más notícias institucionais (Assembleia Estatutária). Uma das boas noticias é que se fixou em 3 o número de “grandes escolas”: uma decisão sensata e prescindo de comentar pequenas coisas. O importante é superar esta fase de liderança deficiente, de ideias pobres, de retórica ridícula, mas ( e por isso) de clientelismo e ambições “cesaristas” . Enquanto isso não ocorre, temos a obrigação de assegurar qualidade no trabalho que realizamos. Continuar o essencial: investir nos estudantes e na investigação mesmo perante um ambiente de liderança “hostil”, que só pode ser temporário. O que necessário é assegurar que os novos estatutos não transformem a universidade numa modelo instucional europeu do período anterior à Guerra Mundial. Refiro-me à primeira, claro. Por isso, retenho o lado bom da história de hoje. É um passo em frente, no caminho certo.
HAF

segunda-feira, abril 7

10017º Dia

I
08.30-10.30: Organização de conferências de Ian Klima, do calendário para USC (finais de maio) , questões FCT e agenda do CC. do NICPRI.UM/EU para o próximo dia 10 de Abril
10.30-12.30: Arquivo Distrital de Évora (cf. DN 1968)
14.00-16.00: Aulas de HPC II
16.00-17.30: Atendimento a alunos em transição para MEHE
17.30-19.30: aula em tutoria MEHE (SP_SC_TSC 1850-2000)
22.00-25.00: prepação de materiais de trabalho para as aulas e agendamento de novas conferências
II
O assunto do Sr. "George Rabbit", reformado do PS e do Estado e agora membro do grande patronato de gestão volta a ser adiado...mas a ele virei. Insólita foi a visita da Srª Ministra da Educação e Secretários de Estado (incluindo o homem de Boston, ainda não esqueci o retrato que dele desenhou a MFM) a Évora para uma reunião com os Executivos e Presidentes dos C.Pedagógicos do distrito (?), numa tafera tipo alternativa-sindical: a meio da agenda pôs-se a andar...pois tinha que tomar um café e mais que fazer. No coments.
HAF

domingo, abril 6

10016º Dia

Um dia em branco…. mas com uma espreitadela por museus das Resistências e Nacionalismos (Europeus e Africanos)...e isso levou-me a cruzar com a fotografia da resistência e a mobilização da resistência especialmente em àfrica a partir de 1946 (um género muito interessante).
HAF

sábado, abril 5

10015º Dia

I
Uma manhã de leituras cruzadas sobre a “emergência da sociedade europeia” (H. Kaelble, J.Diez Mderano, Klaus Eder, Colin Crouch…)

II. 1968: O “fracasso” das reformas das Ditaduras “tradicionais” e “modernas”
Há 40 anos,um dia depois do assassinato de MLKjr em Memphis, a ditadura militar brasileira (1964-1985) dava um golpe fatal na Frente Ampla (FA), um movimento da oposição organizado em 1966 a partir do exílio e que coaligou vários sectores da oposição “ilegal”, nomeadamente os grupos liderados por Carlos Lacerda, Juscelino Kuditschek e João Goulart, o presidente deposto (não incluindo o PCB). A FA iniciou a sua actividade política no Brasil no 2º semestre de 1967, mobilizando estudantes e trabalhadores. Depois de um comício com alguma expressão em Maringá (noroeste do Paraná) o Ministro da Justiça do Governo da Ditadura, por Portaria de 5 de Abril de 1968 proibiu todas as actividades da FA e ordenou a prisão dos activistas que violassem as restrições impostas à actividade política. Abriu-se assim o caminho que conduziria ao endurecimento do regime com o Acto Institucional Nº 5 (que encerrou indefinidamente o Congresso (Dez.1968), uma era de forte repressão , conhecida pelos “Anos de Chumbo”, que se prolongou até ao final do Governo de Emílio Médici (Março de 1974)

Na Europa Comunista, no mesmo dia de Abril , em Praga, capital da República Socialista da Checoslováquia, alguns intelectuais comunistas, sob a liderança do recém-líder do Partido Comunista local (Alexander Dubcek) e do chefe do governo (Ludvik Svoboda),tornaram públicas as suas propostas reformistas do regime “a partir de dentro”: um “socialismo com rosto humano” [ou seja o fim do Estalinismo, e não o “regresso” ao modelo “ocidental” ou “capitalista, como o pretenderam anteriores movimentos RDA, 1953; Hungria, 1956)]; a “nova Checoslováquia” incluia o socialismo com liberdade de imprensa, mudanças político-económicas, afirmação de soberania e autonomia face a URSS, e uma relação preferencial com os países socialistas com base nos princípios da igualdade dos direitos, vantagem mútua, solidariedade e não ingerência. Foram, para a RSC, meses de esperança que morreram com a entrada dos tanques do Pacto de Varsóvia a 20 de Agosto, pese embora a prolongada resistência popular da não cooperação com os ocupantes (a “Batalha de Praga” e a resistência do “não”, Agosto-Outubro 1968 ).

Uma obra de referência para compreender a experiência histórica destas “ditaduras populares” ou “ditaduras modernas” é a de Konrad H. JARAUSCH: Dictatorship as Experience: Towards a Socio-Cultural History of the GDR ( Berghahn Books, 1999 ). Mas Todavia a “Primavera de Praga” começara antes de Abril. Desde Janeiro de 1968 que era notório um clima crescente de abertura. Viviam então em Praga muitos exilados portugueses ligados ao PCP. Entre eles o casal de professores Fernanda Cardoso de Figueiredo e Flausino Torres (Historiador) . Instalaram-se por lá em Outubro de 1967 , vindos de Argel. Ambos deixaram registados testesmunhos coevos (FT) ou posteriores (FCF) deste “grande acontecimento”. Flausino era então professor na Universidade Karlova (a pedido de Álvaro Cunhal) e escreveu longamente sobre o assunto nas suas memórias. Retenho apenas esta notação extraordinária:
“ A alegria e as intenções do Povo ficaram bem manifestas a todo aquele que se não conservou em casa durante os primeiros oito meses do ano de 68. Então, a quem já vivia em Praga há meses ou anos, não podiam passar despercebidas as mudanças. os checos são serenos , calados ou falam baixo e sem gestos uns cons os outros. Os ocidentais, sobretudo os espanhois, portugueses, italianos do sul, fazem tanto barulho , riem-se tão espalhafatosamente que o contrário é muito estranho!”
“Pois durante alguns meses , os checos deram largas a uma alegria espalhafatosa e franca: interrogavam-se uns aos outros na rua, quase sem se conhecerem; respondiam às perguntas dos jornalistas e repórteres da Rádio e Televisão tão abertamente e com tanto à-vontade, por vezes, como se o seu temperamento fosse outro. Um queixava-se da pequenez da sua casita, em que três ou quatro pessoas dormiam no mesmo compartimento; uma velhota chorava abundantemente porque toda a família se encontrava como sardinha em canastra; uma outra lembrava o marido e um filho desaparecidos há anos, durante umas purgas. Mil e um casos; mil e uma pessoas se tornavam conhecidas.
E o interessante é que a conversa não era uma cadeia ordenada de perguntas e respostas, mas tudo entrelaçado como uma teia, em volta de um centro de interesse. E são dezenas de grupos que se vêem, somente na praça Venceslau e nas ruas que a cortam e naquela em que a Praça termina. Jamais alguém viu tal espetáculo democrático em Praga! Numa “democracia popular” era a primeira vez que tal se passava desde 1948. Discutem-se acaloradamente os acontecimentos; discutem-se entre checos e entre estrangeiros. Referem-se coisas; acusam-se criminosos e crimes; lamentam-se mortos e desaparecidos. A revolução e os seus heróis são postos a nu, com as suas manchas e com as suas faltas, sem o reclame que lhes tinha sido feito. Muito se torna claro, claro diamantino, por vezes!”
Tudo pareceu acabar em agosto. Como testemunhou anos depois Fernanda Cardoso de Figueiredo, “No dia da invasão [20 de Agosto], eu tive medo, mas o Flausino saíu para a rua e foi para o centro. Viu então os tanques soviéticos e a reacção dos jovens à volta dos russos a perguntar “onde está o inimigo?”. Nesse dia regressou a casa muito perturbado com tudo e juntámo-nos então com outros portugueses como a Mercedes Ferreira e o António Lopes, a Manuela Bacelar, toda a gente estava desesperada» [ Cf. Paulo Torres Bento, Flausino Torres [1906-1974], Documentos e Fragmentos Biográficos de um intelectual actifascista, Porto, Afrontamento, 2006, pp. 276-281, um livro essencial ]
HAF

sexta-feira, abril 4

10014º Dia

I
8.30-13.30 :O regresso a Base da Dados HSPSM para iniciar a inclusão dos R.Paroquiais da F.Foz 1881-1910.
14.30-22.00 : Digitalização de documentos vários (incluindo alguns ligados há história da PIDE/DGS)

II. O Empenho na Educação Superior:
O Público divulga dados da OCDE sobre o investimento (despesa diz-se por aqui) do Estado Português no Ensino Superior público. Vou citar de memória: um dos mais baixos da Europa, com um contraste absoluto em relação à Espanha (onde tanto a população universitária cresceu como o investimento público no sector aumentou imenso ); temos como parceiros do mesmo nível os outros paises da Europa do Sul. O problema adicional é o “gap” que mantemos quanto à taxa de população credenciada com o ensino superior nesses paises. Três anos de penúria (redução do investimentos à espera do ciclo eleitoral). Todos sabemos que 2009 será o ano da tripa forra. Este calculismo saloio são coisas de politicos medianos….

III. DR. Martin Luther King Jr , « the father of nonviolence in the American civil rights movement» , Prémio Nobel da Paz (1964) , foi assassinado a 4 de Abril de 1968: tinha apenas 39 anos (1929-1969).
Por isso incluí, no diário de ontem, iuma longa transcrição de um extraordinário discurso [I've Been to the Mountaintop" ] que foi o último. No dia seguinte foi assassinado. O autor material conhece-se. Os autores do plano e morais são ainda , formalmente, desconhecidos. As decisões judiciais de 2000-2001 nada avançaram de significastivo a não ser de que o JEC não actuara de forma “isolada”. Os “Negros” americanos perderam um líder grande e moderado, mas os Americanos perderam muito mais.

Para a compreensão do processo de emergência, maturação e conflitos deste movimento social é indispensável a leitura de «Freedom's Sword: The NAACP and the Struggle against Racism in America, 1909-1969 » – “the most comprehensive account we have of the first six decades of the NAACP's historic struggle to overcome racism » - de Gilbert Maurice Jonas (Routledge, 2005), um histórico (chief fond-raiser de 1965 a 1995) do N.A.A.C.P [National Association for the Advancement of Colored People ] e conselheiro dos Movimentos de Libertação africanos ; nasceu em 1930, foi graduado pela U. Stanford e pos-graduado pela U. Columbia, e faleceu um ano depois de o livro aparecer nos escaparates (ver NYT, 2006 Sept. 27) . O leitor mais interessado por lê-la na biblioteca online “Questia”.

Que a concretização do “sonho” dos negros americanos ficou desde então em grande parte adiado, está bem ilustrado no cartoon de R. J. Matson, do NYO aqui reproduzida. Talvez o Senador Barack Obama, que provavelmente estará hoje em Memphis (tal como os outros candidatos presidenciais) para as cerimónias de homenagem dedicadas da MLK, poderá fazer renascer a esperança de uma sociedade mais igualitária e sem pobres, e pobres com côr. Que a configuração “estrobiloide” tipo “cebola valenciana”, que ainda hoje sintetiza as enormes diferenças sociais nos EUA, dê lugar ao modelo “gota de água”, o modelo dos paises europeus com mais elevado IDH. Infelizmente em matéria de desigualdade social devemos, nós portugueses, estar mais próximos dos “Americanos” do que dos “Europeus”, no sentido restrito (mas não completamente adequado) que alguns sociólogos lidam com este termo
HAF

quinta-feira, abril 3

10013º Dia

I
Há também dias assim. Quando o anterior se prolonga excessivamente, noite dentro, a jornada seguinte começa tarde, mesmo invulgarmente tarde, como a de hoje (12.00). Em fim, uma tarde de trabalho iniciada precocemente: permitiu despachar a burocracia do MEHE para as novas candidaturas de 2008-2010, calendarizar uma semana de aulas e conferências do colega checo, Ian Klima [Historiador e Cientista Politico, com uma larga e surpreendente investigação sobre os países lusófonos] colocar em dia o correio académico; desmarcar , por razões familiares, uma reunião noutra instituição; e outras pequenas coisas (preparação de textos de trabalho, digitalizações, etc..).

Contava encontrar nos users um esclarecimento institucional sobre a mudança do calendário académico mas pelos vistos agora quem informa a academia sobre essas alterações é o Presidente da Associação dos Estudantes.

II. MARTIN LUTHER KING, Jr: "I've Been to the Mountaintop" [“we want be free”]
O “último discurso” dde MLK, o grande activista e líder do movimento pelos dos direitos cívicos/humanos nos EUA dos anos 1960s, foi a 3 de Abril de 1968: "I've Been to the Mountaintop" [ Mason Temple da Church of God in Christ –World HQ, em Memphis ]. Um exemplo do uso da História. Vale a pena recordá-lo, em especial a primeira parte, que aqui se transcreve:

“Thank you very kindly, my friends. As I listened to Ralph Abernathy and his eloquent and generous introduction and then thought about myself, I wondered who he was talking about. It's always good to have your closest friend and associate to say something good about you. And Ralph Abernathy is the best friend that I have in the world. I'm delighted to see each of you here tonight in spite of a storm warning. You reveal that you are determined to go on anyhow.

Something is happening in Memphis; something is happening in our world. And you know, if I were standing at the beginning of time, with the possibility of taking a kind of general and panoramic view of the whole of human history up to now, and the Almighty said to me, "Martin Luther King, which age would you like to live in?" I would take my mental flight by Egypt and I would watch God's children in their magnificent trek from the dark dungeons of Egypt through, or rather across the Red Sea, through the wilderness on toward the promised land. And in spite of its magnificence, I wouldn't stop there.

I would move on by Greece and take my mind to Mount Olympus. And I would see Plato, Aristotle, Socrates, Euripides and Aristophanes assembled around the Parthenon. And I would watch them around the Parthenon as they discussed the great and eternal issues of reality. But I wouldn't stop there.

I would go on, even to the great heyday of the Roman Empire. And I would see developments around there, through various emperors and leaders. But I wouldn't stop there.
I would even come up to the day of the Renaissance, and get a quick picture of all that the Renaissance did for the cultural and aesthetic life of man. But I wouldn't stop there.

I would even go by the way that the man for whom I am named had his habitat. And I would watch Martin Luther as he tacked his ninety-five theses on the door at the church of Wittenberg. But I wouldn't stop there.
I would come on up even to 1863, and watch a vacillating President by the name of Abraham Lincoln finally come to the conclusion that he had to sign the Emancipation Proclamation. But I wouldn't stop there.

I would even come up to the early thirties, and see a man grappling with the problems of the bankruptcy of his nation. And come with an eloquent cry that we have nothing to fear but "fear itself." But I wouldn't stop there.
Strangely enough, I would turn to the Almighty, and say, "If you allow me to live just a few years in the second half of the 20th century, I will be happy."
Now that's a strange statement to make, because the world is all messed up. The nation is sick. Trouble is in the land; confusion all around. That's a strange statement. But I know, somehow, that only when it is dark enough can you see the stars. And I see God working in this period of the twentieth century in a way that men, in some strange way, are responding.
Something is happening in our world. The masses of people are rising up. And wherever they are assembled today, whether they are in Johannesburg, South Africa; Nairobi, Kenya; Accra, Ghana; New York City; Atlanta, Georgia; Jackson, Mississippi; or Memphis, Tennessee -- the cry is always the same: "We want to be free."
And another reason that I'm happy to live in this period is that we have been forced to a point where we are going to have to grapple with the problems that men have been trying to grapple with through history, but the demands didn't force them to do it. Survival demands that we grapple with them. Men, for years now, have been talking about war and peace. But now, no longer can they just talk about it. It is no longer a choice between violence and nonviolence in this world; it's nonviolence or nonexistence. That is where we are today.

And also in the human rights revolution, if something isn't done, and done in a hurry, to bring the colored peoples of the world out of their long years of poverty, their long years of hurt and neglect, the whole world is doomed. Now, I'm just happy that God has allowed me to live in this period to see what is unfolding. And I'm happy that He's allowed me to be in Memphis.

I can remember -- I can remember when Negroes were just going around as Ralph has said, so often, scratching where they didn't itch, and laughing when they were not tickled. But that day is all over. We mean business now, and we are determined to gain our rightful place in God's world.

And that's all this whole thing is about. We aren't engaged in any negative protest and in any negative arguments with anybody. We are saying that we are determined to be men. We are determined to be people. We are saying -- We are saying that we are God's children. And that we are God's children, we don't have to live like we are forced to live.

Now, what does all of this mean in this great period of history? It means that we've got to stay together. We've got to stay together and maintain unity. You know, whenever Pharaoh wanted to prolong the period of slavery in Egypt, he had a favorite, favorite formula for doing it. What was that? He kept the slaves fighting among themselves. But whenever the slaves get together, something happens in Pharaoh's court, and he cannot hold the slaves in slavery. When the slaves get together, that's the beginning of getting out of slavery. Now let us maintain unity.
(….)" [ Cf, American Rethoric.com] Um dia depois foi assassinado.
HAF

quarta-feira, abril 2

10012º Dia

I
08.00-20.00 : Um dia inteiro faz muitas vezes 3 horas de aula (MEHE , 17.00-20,00).

II O “real porreiraço”
O episódio (recorrente) da mudança, por antecipação , do calendário da semana da Queima das Fitas mostra duas coisas. A primeira, uma gestão absolutamente arbitrária e irresponsável que não tem a menor noção do que implica uma alteração a curto prazo do calendário académico. Gostava de conhecer uma “universidade europeia” que inclua tais procedimentos na carta das boas práticas. A segunda revelação é a extensão dos laços informais, o valor do silêncio e a (in)utilidade activa de algumas das componentes desta Academia. Não há nada mais fácil (e nefasto) do que o “real porreirismo”. Sempre o abominei como estudante e responsável estudantil e não o tolero como professor.
HAF

terça-feira, abril 1

10011º Dia

I “ Alea iacta est”
Em dias em que me divirto com as aulas – um prazer interminável…mesmo com os meios primários de que dispomos – não tenho um particular interesse [e menos ainda tempo] na “petite histoire” da vida institucional da Universidade . Geralmente as novas são do piorio. São desconfortáveis a insinuação de práticas nepotistas , a referência à abertura de cerca de cinco dezenas de concursos em cujos editais parece apenas faltar a fotografia do candidato ideal , aos novos encargos com pessoal numa época de notório aperto financeiro, de contratos programas aprovados institucionalmente sem avaliação de custos, etc. etc. que , sabendo-se, não se pode dizer. Um colega exprimiu bem o ambiente quando referiu que deveriamos estar a viver algo parecido ao que Roma viveu nos últimos dias de Nero. Um Nerismo serôdio, convenhamos. Dito de outra forma, estando à beira do abismo, não temos de dar o “passo em frente”, temos que parar e inflectir caminho. Há muito que penso (e disse a quem o devia dizer) que isto necessita de uma urgente limpeza «lá em cima», para usar uma expressão frequente no discurso coloquial de um antigo colega. Como alertara em tempo o Araujismo reforça os sinais de um andamento marcado por derivas aleatórias e irracionais. Sem a condução de ideias estratégicas sólidas a UÉ anda ao sabor de “vontades”. Parece-me indispensável iniciar a travessia do Rubicão e sem seguir a experiência de César mudar Roma com os romanos.

II. Mais um exemplo de batota? [“O Chile e não a Finlândia foi a fonte de inspiração”]
Corre nos meios bloguistas (e não só) de que o modelo proposto pelo ME para avaliação dos professores do ensino não superior foi “plagiado “ ou “decalcado” do modelo chileno (2004) , que também inspirou o de Marrocos e pelos vistos nada tem de “único, revolucionário e rigoroso” (Cf Melhor do Leitor, A educação do meu umbigo, Terras Altas, Caminhando, Scribd, Forum Aberto etc, etc, etc….). Os documentos chilenos podem consultar-se em www.docentemas.cl/documentos.php. Os blogues referidos também permitem o acesso. Sobre o assunto P. Guinote escreve: “Realmente há coisas com alguma similaridade. Se existe uma cópia dos processos que atente, eventualmente, contra possíveis direitos de propriedade intelectual, não me compete a mim ajuizar.” Ramiro Marques escreveu: “A ministra da educação disse em entrevista ao jornal Acção Soialista que se tinha inspirado em modelos de avaliação de professores da Grã Bretanha e da Holanda. Omitiu o Chile. Por que terá omitido o Chile? Por que terá referido dois países que têm uma avaliação de desempenho muito diferente da que o ME criou para Portugal? Provei, em posts anteriores, nomeadamente através da divulgação do Manual de Avaliação de Desempenho dos Professores do Chile que o modelo português é uma cópia do modelo chileno. Cá e lá o objectivo é só um: embaretecer a profissão docente. Proletarizar os professores.” (cf. Caminhando”). O truque parece bera mas náo é inédito.
Já há algum tempo detectei algum fascínio de “comissários” de outras instituições educativas por modelos de avaliação de professores da América Latina. Sem os referenciar, claro. O problema está não tanto na existência de uma fonte de inspiração mas na omissão da mesma e ainda na indicação [eventual e deliberadamente enganadora ] de que o mesmo teria sido adoptado a partir de outras experiências que teorica e operacionalmente foram e são bastante diferentes. Como a do Chile também foi, pois neste país da América Latina o modelo começou por ser experimentado num número limitado de escolas. O que só mostra bom senso. Terrível é chegar “aqui”, ao ponto em que estamos, a esta “estranha coincidência” e a este clima que sugere uma certa institucionalização do “contrabando intelectual.” ou de pura “chicoespertice”.
O facto é que a eventual “excessiva inspiração” no modelo chileno por parte do novo modelo de avaliação dos professores adaptado pelo ME, por razões de ordem ética e educativa [as “boas práticas” devem orientar a acção de todos os actores do sistema educativo] não deveria ficar sem um esclarecimento total. Sendo certo que o mais provável será ficar. Pois é assim que funciona um pais adicto à “batota”.
HAF