I
Há também dias assim. Quando o anterior se prolonga excessivamente, noite dentro, a jornada seguinte começa tarde, mesmo invulgarmente tarde, como a de hoje (12.00). Em fim, uma tarde de trabalho iniciada precocemente: permitiu despachar a burocracia do MEHE para as novas candidaturas de 2008-2010, calendarizar uma semana de aulas e conferências do colega checo, Ian Klima [Historiador e Cientista Politico, com uma larga e surpreendente investigação sobre os países lusófonos] colocar em dia o correio académico; desmarcar , por razões familiares, uma reunião noutra instituição; e outras pequenas coisas (preparação de textos de trabalho, digitalizações, etc..).
Contava encontrar nos users um esclarecimento institucional sobre a mudança do calendário académico mas pelos vistos agora quem informa a academia sobre essas alterações é o Presidente da Associação dos Estudantes.
II. MARTIN LUTHER KING, Jr: "I've Been to the Mountaintop" [“we want be free”]
O “último discurso” dde MLK, o grande activista e líder do movimento pelos dos direitos cívicos/humanos nos EUA dos anos 1960s, foi a 3 de Abril de 1968: "I've Been to the Mountaintop" [ Mason Temple da Church of God in Christ –World HQ, em Memphis ]. Um exemplo do uso da História. Vale a pena recordá-lo, em especial a primeira parte, que aqui se transcreve:
“Thank you very kindly, my friends. As I listened to Ralph Abernathy and his eloquent and generous introduction and then thought about myself, I wondered who he was talking about. It's always good to have your closest friend and associate to say something good about you. And Ralph Abernathy is the best friend that I have in the world. I'm delighted to see each of you here tonight in spite of a storm warning. You reveal that you are determined to go on anyhow.
Something is happening in Memphis; something is happening in our world. And you know, if I were standing at the beginning of time, with the possibility of taking a kind of general and panoramic view of the whole of human history up to now, and the Almighty said to me, "Martin Luther King, which age would you like to live in?" I would take my mental flight by Egypt and I would watch God's children in their magnificent trek from the dark dungeons of Egypt through, or rather across the Red Sea, through the wilderness on toward the promised land. And in spite of its magnificence, I wouldn't stop there.
I would move on by Greece and take my mind to Mount Olympus. And I would see Plato, Aristotle, Socrates, Euripides and Aristophanes assembled around the Parthenon. And I would watch them around the Parthenon as they discussed the great and eternal issues of reality. But I wouldn't stop there.
I would go on, even to the great heyday of the Roman Empire. And I would see developments around there, through various emperors and leaders. But I wouldn't stop there.
I would even come up to the day of the Renaissance, and get a quick picture of all that the Renaissance did for the cultural and aesthetic life of man. But I wouldn't stop there.
I would even go by the way that the man for whom I am named had his habitat. And I would watch Martin Luther as he tacked his ninety-five theses on the door at the church of Wittenberg. But I wouldn't stop there.
I would come on up even to 1863, and watch a vacillating President by the name of Abraham Lincoln finally come to the conclusion that he had to sign the Emancipation Proclamation. But I wouldn't stop there.
I would even come up to the early thirties, and see a man grappling with the problems of the bankruptcy of his nation. And come with an eloquent cry that we have nothing to fear but "fear itself." But I wouldn't stop there.
Strangely enough, I would turn to the Almighty, and say, "If you allow me to live just a few years in the second half of the 20th century, I will be happy."
Now that's a strange statement to make, because the world is all messed up. The nation is sick. Trouble is in the land; confusion all around. That's a strange statement. But I know, somehow, that only when it is dark enough can you see the stars. And I see God working in this period of the twentieth century in a way that men, in some strange way, are responding.
Something is happening in our world. The masses of people are rising up. And wherever they are assembled today, whether they are in Johannesburg, South Africa; Nairobi, Kenya; Accra, Ghana; New York City; Atlanta, Georgia; Jackson, Mississippi; or Memphis, Tennessee -- the cry is always the same: "We want to be free."
And another reason that I'm happy to live in this period is that we have been forced to a point where we are going to have to grapple with the problems that men have been trying to grapple with through history, but the demands didn't force them to do it. Survival demands that we grapple with them. Men, for years now, have been talking about war and peace. But now, no longer can they just talk about it. It is no longer a choice between violence and nonviolence in this world; it's nonviolence or nonexistence. That is where we are today.
And also in the human rights revolution, if something isn't done, and done in a hurry, to bring the colored peoples of the world out of their long years of poverty, their long years of hurt and neglect, the whole world is doomed. Now, I'm just happy that God has allowed me to live in this period to see what is unfolding. And I'm happy that He's allowed me to be in Memphis.
I can remember -- I can remember when Negroes were just going around as Ralph has said, so often, scratching where they didn't itch, and laughing when they were not tickled. But that day is all over. We mean business now, and we are determined to gain our rightful place in God's world.
And that's all this whole thing is about. We aren't engaged in any negative protest and in any negative arguments with anybody. We are saying that we are determined to be men. We are determined to be people. We are saying -- We are saying that we are God's children. And that we are God's children, we don't have to live like we are forced to live.
Now, what does all of this mean in this great period of history? It means that we've got to stay together. We've got to stay together and maintain unity. You know, whenever Pharaoh wanted to prolong the period of slavery in Egypt, he had a favorite, favorite formula for doing it. What was that? He kept the slaves fighting among themselves. But whenever the slaves get together, something happens in Pharaoh's court, and he cannot hold the slaves in slavery. When the slaves get together, that's the beginning of getting out of slavery. Now let us maintain unity.
(….)" [ Cf, American Rethoric.com] Um dia depois foi assassinado.
HAF
Editorial
Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)