Editorial

Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).

À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.

DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.

Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.

A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.

Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.

Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)

segunda-feira, julho 28

10128º Dia

09.00-20.00 : Encerramento das avaliações do MEHE e regresso ao Dicionário de História da 1ª República e do Republicanismo (inicio de uma maratona de 48 horas!!!)
HAF
(escrito 28/07/2008)

10127º Dia

I
II. O País da Batota: «A grande corrupção considera-se impune», [João Cravinho]
João Cravinho, em entrevista ao Público e RR (“Diga lá Excelência”),declarou que em Portugal a “grande corrupção política” não só se acha impune como está a aumentar”: “«Falo com muita gente, advogados, economistas, que dizem que isto está a atingir proporções em alguns grandes negócios que são suspeitos»(JC).O politólogo Luís de Sousa (CIES_ISCTE), na “Jornada de Trabalho Contra a Corrupção em Portugal" (org. ISCTE-CIES e PGR-DCIAP, maio 2007), referiu que quase dois terços dos processos de corrupção de 2002-03 [criminalidade participada nesta área] foram arquivados em Portugal. Do autor chegará em breve aos escaparates um livro que deverá merecer a nossa maior atenção: Luís de Sousa e João Triães (Participação de António Pedro Dores,Carlos Jalali e José M. Magone), A corrupção e os Portugueses, Rui Costa Pinto Ed.,Setembro/2008. O livro anunciado deve incluir(presumo) as comunicações portuguesas apresentadas no Worshop Corrupção e Ética em Democracia: Representações Sociais dos Portugueses em Perspectiva Comparada (Lisboa, ISCTE, Junho 2007)
Na entrevista, João Cravinho, actual director do BERD (Londres), acrescenta uma nota essencial: o incremento da grande corrupção política em Portugal está a ser acompanhado pela governamentalização do recém-criado Conselho para a Prevenção da Corrupção (CPC) [aprovado exclusivamente pela maioria PS a 11.07.08, o que, acontecendo em matérias desta natureza apenas revela,uma vez mais, o tique autoritário das maiorias absolutas em Portugal em vez da busca de consensos alargados], um organismo formalmente colocado sob a alçada de um outro orgão de soberania, o Tribunal de Contas, um orgão especializado, presidido por um conhecido militante socialista, que deveria reger-se pelo “princípio da independência e da exclusiva sujeição à lei (artº 203 da CP). Sobre a controversa, etica e politicamente inaceitável composição do CPC [8 membros, 3 apenas “independentes”] ver Projecto de Lei n.º 540/X [http://app.parlamento.pt/webutils/docs].
Quando se tem em conta a natureza resiliente deste tópico no sociedade portuguesa sob regime democrático lembro-me sempre do comentário do meu amigo e militante socialista que a propósito do uso do Estado por parte das elites nacionais e locais para promover esquemas pessoais muito generosos: "agora é a vez deles" (PSD, anos 1990), "depois virá a nossa". Chegamos assim ao dito bom modo português de fazer as coisas, que alguns exibem com orgulho sem perceberam que aí , nessa cultura de corrupção, amiguismo, arrangismo e desleixo está uma dos nossos mais arreigados problemas do atraso, especialmente numa era em que já não temos outros povos para nos cederem "generosamente" recursos materiais e de trabalho.
A visão de Ramalho Ortigão (1888) ainda é capaz de fazer algum sentido: «Achamo-nos divididos como cidadãos nestas três categorias: sindicatores, sindicatosos e sindicatados. Os sindicatores constroem palácio, rolam equipagem e libré, comem trufas, bebem champagne seco, digerem o melhor que a dispepsia o permite, e manifestam pela ordem geral das coisas uma alegria limitada pelos ingurgitamentos do fígado no interior de cada um.Os sindicatosos, impacientemente ávidos do champagne haurido, das trufas chuchurribiadas, das tipóias batidas e das mulheres amadas pelos sindicatores, protestam com os mais acres extravasamentos da retórica e da bílis contra a fúria bestial com que os outros se sindicatizam, e clamam estar chegado o tempo de pôr cobro a tanto abuso, abrindo uma nova era de prosperidade e de ventura em que sejam eles os encarregados de sindicatar o povo.
Os sindicatados, finalmente, continuam pela sua parte a puxar ao velho e ferrugento engenho do trabalho nacional, fingindo espremer ainda alguma coisa do bagaço a que os sindicatores chucharam todo o sumo [....]. Dessa obscura legião de trabalhadores desgostosos, uns refugiam-se na imobilidade da burocracia e vão para amanuenses, para contínuos ou para serventes de secretaria; outros acoitam-se na debilidade sagrada da força pública e são soldados, polícias ou guardas da Alfândega. Os que sobejam e não podem fazer-se padres, professores de instrução primária ou escritores públicos, se são fracos suicidam-se, morrem de fome ou roubam; os que sobejam e não podem fazer-se padres, professores de instrução primária ou escritores públicos, se são fracos suicidam-se, morrem de fome ou roubam; se são fortes embarcam em massa e emigram para o Brasil, para a Califórnia ou para as Ilhas Sandwich, para os países ingênuos, jovens e sãos, onde quem trabalha enriquece e quem não trabalha não come». [Ramalho Ortigão, As Farpas, Vol. VII, 1888 (Cap. 39, pp. 313-314)]
Pois é, apesar das vagas de paixão educativa para a cidadania ainda não somos um país “ingénuo”. Em suma, ou chegamos a sindicatores, e neles alapamos, ou nos tornamos sindicatosos, à espera de uma janela de oportunista (oportunidade deveria eu escrever) ou nos lixamos como sindicatados. Temos de escolhar e lutar pela conquista de lugares no sistema ou mudar de rumo. Sendo a Democracia o melhor dos piores regimes políticos é bom termos a noção que nós temos a pior democracia da Europa facto actual que só envergonha os "sindicatados". Na última década para muitos dos portugueses encontrar um rumo novo tem sido emigrar para longe, para muito longe (no plano dos hábitos civilizacionais, claro).E a verdade é que não me sinto velho para o fazer, mesmo que não o venha a fazer. Quem sabe? O futuro do indivíduo a ele pertence. Mas como europeu prefiro travar aqui o combate da intensificação da europeização. A Europa das boas práticas tarda demasiado, mas não podemos baixar os braços, e alguns dirigentes dos partidos do poder deveriam ter a ingenuidade de aceitar lições, incluindo as de João Cravinho.
HAF

sábado, julho 26

10126º Dia

I
Regresso ao “Sítio”. Do meu alpendorado volto a ver o azul oceânico de Burgau e a linha do horizonte, que é invisível quando o mar se mete pelo céu dentro. É neste local que, sempre que posso, deponho armas por algumas horas.
II. O regresso do lado interessante da América
“Ich bin ein globalist” : o “momentum” do discurso de Barak Obama em Berlim, 50 anos depois do bloqueio terreste soviético [24.06.1948].
HAF

10125º Dia

11.00-13.45: Sessão de discussão da Tese de Mestrado com arguição: um tema interessante (os estudantes erasmus portugueses), uma informação de base mediana, um resultado modesto.
15.00-17.30: Reunião do CC. NICPRI.UÉvora: O balanço da situação do Núcleo de Investição em Ciência Política e Relações Internacionais , com a equipa reforçada com um jovem doutorado. Não deixamos de falar sobre a irritante lentidão, displicência e irresponsabilidade da FCT na avaliação dos Centros de Investigação mas o enfoque foi, obviamente, para matérias essenciais como o Semana das Relações Internacionais e Estudos Europeus (27 de outubro a 1 de Novembro) com o Seminário organizado pelo Núcleo de Estudantes de RIEE da UE , em cooperação com os estudantes de 2º ciclo de RIEE e de EHE e ainda do NICPRI, o Seminário Internacional do NICPRI (30-31 de Outubro) , e o muito provável Honoris Causa de GSMM a 1 de Novembro. E de outras coisas tratamos, e bem, de que lá mais adiante se saberá.
HAF

10124º Dia

HAF

10123º Dia

terça-feira, julho 22

10122º Dia

10121º Dia

10120º Dia

I
Verificação das bd e das notas pessoais há um ano colhidas num fundo documental de uma família que, ao longo do Séc XX foi, na ideologia como acção, monárquica conservadora , radicalmente anti-republicana, integralista, estado-novista….Amanhã a eles regresso, um ano depois….
II
Viseu tem uma nova catedral do consumo….e sendo um tipo de espaço de socialização comercial que frequento q.n. , o Palácio do Gelo é um dos mais interessantes [nas soluções e serviços], amigáveis [no acesso e circulação] e confortáveis [na fruição do espaço, nas soberbas esplanadas de terraço] que conheço. Tal como no dia anterior, os utentes e clientes puderam assistir dos terraços a um exercício aéreo integrado na animação do complexo. Tudo somado, foram cinco horas, incluindo uma refeição descansada e de qualidade razoável. Para mim o tempo de permanência foi um super-record…. e o episódio dificilmentre entrará numa lista dos momentos desconfortáveis da minha vida. Além disso encontrei por lá dois livros que me interessavam: o Diário da Batalha de Praga de Flausino Torres e um outro sobre memórias da guerra colonial portuguesa , autorado por um professor jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra que integrou os primeiros contigentes militares de “metropolitanos” que partiram para Angola após o 15 de Março de 1961. O dia completou-se com um olho preguiçoso nos jornais do dia, livros recém comprados e no jogo do meu SCP contra o Sanderland…
III. A Igreja Católica e a Pedofilia.
Começa a ser irritante o facto quase sistemático de as viagens do Papa incluirem um pedido de desculpas público sobre as práticas pedófilas de alguns dos seus “ministros”.
HAF

10119º Dia

Um dia que começando foi integralmente dedicado a uma aniversariante nascida no ano de 1923. Uma modesta filha de camponeses que nasceu no mesmo ano de Salgado Zenha , de Natália Correia, e no ano da fundação da República Turca, uma ditadura “secular” sob a liderança de Mustafa Kemal Atatürk. Ainda naquele ano, a 20 de julho, morreria Pancho Vila. Antes disso, em abril, chegava aos escaparates europeus uma obra essencial :
onde expressa a sua visão de uma união pan-europeia e fixa (em manifesto) as bases do movimento pan-europeu.
Richard Coudenhove-Kalergi, Pan-Europe,1ª ed., 1923
Sobre o autor, conde austriaco, recomendo ler uma breve nota biográfica : Lubor JILEK (EIUG) : “Pan-Europe de Coudenhove-Kalergi: L´Homme , le project et le Mouvement Paneurropéen” Human Security , nº 9, 2004-2005, pp. 205-209
HAF

sexta-feira, julho 18

10118º Dia

I
07.00-16.00:Dicionário de História da 1ºRepública e do Republicanismo.....
II
16.00………: Viagem de visita ao “interior” para uma quase semana de arquivo (Guarda) mas com outros inesperados focos de interesse. Um telefonema ocasional ao Director Regional de Cultura para uma noite coimbrã acabou,por sugestão de APP, com um encontro em Tondela, no espaço do ACERT- Associação Cultural e Recreativa de Tondela,onde decorre o 18º Festival de Músicas do Mundo. O programa de hoje,3º e penúltimo dia,foi um tributo ao Dr. Nelson Rolihlahla Mandela (Madiba), no dia em que, por todo o mundo, se celebra o 90º aniversário do antigo prisioneiro do apartheid [ 46664]e primeiro presidente eleito da RAS democrática. Depois de um jantar agradável na confortável esplanada do restaurante Novo Ciclo, passeamo-nos pelo complexo, esperamos pelo final dos sons da banda portuguesa os Balla com o seu 3º album “A Grande Mentira “, e sentamo-nos no anfiteatro exterior do auditório para ouvir uma das “novas grandes vozes femininas “, a sul-africana Simphiwe Dana – a “diva divine” da “SA music”[SAI, 20.11 2007]- e a sua banda , com um coro fantástico, e um interessante reportório em xhosa. No blogue DIVAS INTERNATIONAL (pt), a jovem cantora de afro-jazz tem uma canção e um verbete onde se refere haver quem a compare à lendária Miriam Makeba [http://www.bbc.co.uk/music/release/3w4h/]. Uma noite fantástica que prosseguiu com os Rapa de Tacho, um grupo instrumental de Samba e Chôro, que, madrugada iniciada, não pudemos acompanhar com a Teresa vencida pelo cansaço. A ACERT foi formada em 1979 e nasceu de um projecto teatral que se instalou em Tondela , a terra de Flausino Torres , lembrete que, pelo que ouvi, aqui faz muito sentido. A Associação é uma bem sucedida estrutura cultural que me surprendeu pela pela qualidade e diversidade :
• das insfraestruturas [jardim, palcos vários , um deles um auditório convertível para interior e exterior , galeria, restaurantes, salas diversas ] para servir cultura e lazer comercial : teatro, concertos, cinema, escalada, basquetebol, aulas de inglês, gastronomia, etc…] ;
• das actividades que promove;
• da população que é capaz de mobilizar ….
Para quem a conhece bem, a ACERT, que sem fazer cedências toscas tornou-se ao um importante factor de desenvolvimento local, pode ser um bom “case study” de fruição socio-cultural e um exemplo inspirador para cidades como a quela em que resido [http://www.acert.pt/novociclo/]
HAF

quinta-feira, julho 17

10117º Dia

07.00-11.00: às voltas com a medicina
12.00-13.00: Um júri para creditação de competências: o tempo que se perde…..
14.00-22.00: O regresso ao Dicionário de História da 1º República e do Republicanismo…..
22.30….e o início de um fim de noite cálido revisitando pela enésima vez a extraordinária história e experiência de John Nash Jr (1928-….), o matemático esquisofrénico da teoria dos jogos com os seus originais conceitos de “equilíbrio” e “solução negociada” , um dos “nobel_ados” em Ciências Económicas em 1994 . A narração cinematográfica é dirigida por Rom Howard : “A Beautiful Mind" / “Uma mente brilhante ” (2001). O guião do filme seguiu, como é sabido, a biografia assinada por Sylvia Nasar: Beautiful Mind. A Biography of John Forbes Nash Jr., Faber and Faber, London, 1998). A biógrafa, economista de formação, é a actual titular da “Knight Chair in Business Journalism at Columbia University”. Na Nobel Foundation o leitor encontra uma breve autobiografia de JFNJr.
Os mais interessados podem encontrar alguma utilidade na leitura de Charles A. Holt: “John F. Nash, Jr.: Introduction and Postscript”, Southern Economic Journal, Ed. Southern Economic Association, Vol. 69- 1, 2002, ´(os sete artigos do volume focalizam-se nos trabalhos e exploram os contributos de John Nash) (disponível na Questia)
HAF

quarta-feira, julho 16

10116º Dia

08.00-10.00: Correspondência
10.00-12.00: conclusão do lançamento e assinatura das notas
14.30-20.00: Burocracia, relatórios e organização de actividades dos projectos e NICPRI.

22.00....Lázaro Impuia: La Pensée Coloniale et son Impact dans l`Education. le cas de Mozambique, du Sénégal, et de la Rhodésie du Sud (Zimbabwe): 1945-1980 (DEA/UMM-Bordeux III, 2001)
HAF

10115º Dia

I
09.00-12.00: Provas orais e lançamento das notas
15.00-18.00: Conclusão das provas de agregação

II: Portugal, as leis, as más práticas institucionais e pérolas da vida académica
A propósito destas provas de agregação em que a candidata foi justamente aprovada por unanimidade, há um comentário que não posso deixar de fazer: as instituições devem ter procedimentos claros de forma a assegurar o exacto cumprimento da lei, o exacto espírito das provas e impedir senão irradicar este real porreirismo e incompetência que impregnam a conduta de alguns actores nas instituições . Um dia vai ser necessário escrever algo mais sobre estas matérias e o anedotário que estes actos alimentam. No que a esta se refere não esquecerei a tirada que começou assim…”Nós, na ciência” , isto é “nós, os homens da ciência” que os outros (presentesO não são…. Uma pérola com um dono esperado
HAF

terça-feira, julho 15

10114º Dia

I.
09.00-12.00: Projecto Dicionário de História da Primeira República e do Republicanismo: entradas …
15.00-17.00 : Provas de Agregação com arguição do CV
17.30-20.00: Preparação de provas orais/revisão da prova escrita para fixar o guião de questões
20.30….. Um júri de folga, um jantar no Pitéu. O Bacalhau do “costume”
II .Da FCT- Fundação para a Ciência e Tecnologia e do MCTES- Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Em maio de 2007 todos os Centros de Investigação da FCT foram forçados a re-candidatar-se a uma nova creditação à FCT. Na mesma altura os investigadores puderam propor a criação de novas unidades de I&D. O processo de candidatura, da confirmação dos grupos de investigação, da apresentação dos relatórios e dos programas de actividade …tudo isso, fomos obrigados a entregar até meados de Julho e quem não o fez ficou de fora. Em suma eem julho de 2007 ficou concluido o “Registo das Unidades perante a FCT” e a “Entrega do Relatório das Actividades” por parte das ditas unidades
As duas etapas seguintes – Avaliação dos relatórios, visitas e classficiação” das unidades e a “divulgação dos resultados” – eram obrigações da FCT. Organizar as avaliações dos centros de investigação, definir critérios, nomear os paineis de avaliadores (constituidos apenas por investigadores estrangeiros, facto que muitos deles não deixaram de ridicularizar… uma clássica parolice à portuguesa, e alguns investigadores portugueses não deixaram de protestar) , publicar os resultados e tirar deles as necessárias consequências organizaconais, contratuais e financeiras para 2008-2012.
Passou um ano e é mais do que ocasião da FCT mostrar trabalho e ser avaliada pelo que fez até agora Ora dela temos apenas um absoluto silêncio. Na instituição não existem de facto prazos públicos para cumprir a sua obrigação. A resposta que obtemos quando indagamos os seus funcionários sobre os prazos para conhecimento da avaliação dos centros de I&D a resposta limita-se a um “em breve” . Há mesmo alguns painéis de avaliação que ainda não estão nomeados, como o de Economie e Gestão (cf. http://www.fct.mctes.pt/pt/apoios/unidades/avaliacaounidades/2007/periodos/?LANG=pt, dia 12 de Julho, 12.25.]. É óbvio que na FCT se funciona aqui como antigamente se funcionava em toda a administração pública: sem datas nem responsabilidades e com critérios ainda demasiado casuísticos. As demoras neste país são geralmente associadas a arranjismos cujos actores e critérios são invisíveis.Toda a gente na comunidade cientítica sabe que a FCT necessita de uma “revolução” profunda na sua gestão . O actual ministro que a tutela já noutras ocasiões mostrou não ser capaz de criar uma FCT fiável e reconhecida pela sua eficiência e promoção da meritocracia cientifica. Não me surpreenderá se voltar a falhar. Surpreendente é o temor da nossa comunidade cientifica , silenciosa e reverente.
HAF

domingo, julho 13

10113º Dia

I
08.00-11.00: Prepraração relatório/arguição para júri de agregação.
11.00-12.00: análise do convite pera integrar a HSPSM numa plataforma internacional: “HISTORICAL DATABASES WITH LONGITUDINAL MICRO-DATA”
II.
Uma tarde de lazer com o final do dia reservado à “Dança a Vida” o espetáculo que celebra os 30 anos da Escola de dança Amélia Mendoza.
HAF

sábado, julho 12

10112º Dia

I
9.00-18.00: leitura de documentos e prepraração relatório/arguição para júri de agregação.

II. “Newropeans”, um projecto político transnacional
Confirmada a minha adesão, solicitada a 4 de Julho, à organização politica Newropeans, uma rede de cidadãos europeus organizada em torno de um projecto politico trans-europeu. Neste verão haverá campanha politica em Portugal. Uma organização política, presidida por Franck Biancheri (http://www.franck-biancheri.info/en/biography.htm), que pretende concorrer às eleições europeias de 2009 em todos os paises membros da UE. Esta adesão militante implica a minha concordância com o Carta e Estatutos da organização e uma modesta acção política , que seja compatível com a minha actividade académica. Se estiver interessado em conhecer a organização cf: http://www.newropeans.eu

III. 12 de Julho de 1975: proclamada a independência de S.Tomé e Príncipe sob a Presidência de Manuel Pinto da Costa, líder do então Movimento para a Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP) – um partido cuja história começa em 1960 e que actualmente tem a sigla MLSTP-Partido Social Democrata -, e perante uma delegação portuguesa liderada pelo almirante Rosa Coutinho, em representação do primeiro-ministro Vasco Gonçalves.
IV. Escola de Dança Amélia Mendoza: 30 anos de formação em Évora
A cidade já devia ter homenageado a Srª Amélia Mendoza pelo trabalho cultural continuado que desenvolve nesta cidade desde 1978, quando, chegada de Madrid, pensava que ficaria por cá dois ou três anos. Hoje assisti, como o faço à 17 anos, ao 1º dos dois principais espetáculos de encerramento do ano lectivo. Amanhã não deixarei de estar presente no 2º. As minhas filhas assim o “exigem”, primeiro a Inês, desde os 5 anos, agora a Teresa, desde os 6 anos. Com programas muito variados de uns para outros anos o deste ano centra-se nos “Bombons de Viena” e em “O quinto elemento”.
HAF

10111º Dia

I
9.00-12.30. Uma manha à volta das entradas do Dicionário de História da Primeira República e do Republicanismo ….
II
14.00..partida para uma demorada visita a uma clínica dos deuses da saúde para os lados de Setúbal e a oportunidade de confirmar uma das vantagens de ser sócio da ACP: a elevada qualidade da assistência prestada e a sua eficiência no organização do reboque de viaturas, quando o alternador de controle electrónico deixa de funcionar e bloqueia a direcção do carro. Tudo somado, chegada a Évora pelas 22.30 da noite com as meninas no tapete de linóleo do Garcia de Resende em ensaios "balleticos". Ganhou-se um dia a conhecer o funcionamento dos sistemas de assistência em viagem.
HAF

quinta-feira, julho 10

10110º Dia

I
08.00-10.00: avaliações (exames e relatórios)
10.00-13.00: Entradas e Autorias do Dicionário de História da 1ª República (trabalho on-line da comissão editorial)
14.30-17.30: Base Dados Mobilidade Social em Portugal (Evora, Paroquiais, 1860-1903)
17.30-19.00: uma “charla” que acabou numa “chasada” no bar do Espírito Santo (SRC) e actualização sobre a vida corrente na UE. A abertura do mestrado de RIEE em Luanda no próximo ano é ponto assente e uma boa notícia. A FCT e a avaliação dos centros de investigação: um monstro imóvel…e irresponsável.
19.00-20.00: O que sabemos sobre o perfil social dos presos nas cadeias civis europeias nos últimos 200 anos?

II. Marinho Pinto, “um problema da advocacia portuguesa” ou há mesmo “gestão autocrática dos tribunais” comandado por “dividandes” ?
Esta é a opinião do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, expressa em comunicado onde a associação sindical dos representantes de um orgão de soberania reage às duras críticas que o Bastonário da Ordem dos Advogados dirigiu aos Juízes portugueses num jantar conferência realizado ontem em Cortes (Leiria), onde se centrou na “Crise da Justiça”. Tenho as maiores dúvidas que aquela opinião seja seguida pela opinião pública. O que lemos sobre o assunto (a conferência) é a opinão que podemos colher quando temos oportunidade de falar com alguns juízes. Surpreende (?) que os argumentos esgrimidos por Marinho Pinto não sejam desmontados nem contraditados por evidências.
Fica esta impressão melosa de que o Bastonário está a mexer com muitíssimos interesses e mordomias instaladas no seio tanto da magistratura como da advocacia. Acho que a matéria deveria merecer um estudo sério sobre as práticas das magistraturas na sua interacção com os advogados e cidadãos. A sensação de que a justiça portuguesa é um espaço onde se plasma e reproduz a fortíssima desigualdade social existente entre os portugueses não é seguramente uma tara de uma minoria radical… (a combinação chave quando não há argumentos sólidos: a opinião de uma minoria e obviamente radical). Contrariamente ao que imagina o SMMP , para uma ampla maioria dos portugueses o Bastonário da Ordem dos Advogados pode não ser “ um problema da advocacia portuguesa” mas apenas um actor no área da Justiça portuguesa com sentido de cidadania e decência. E se há recursos para sondagens por coisas tão fúteis…. (Cf. Lusa e Jorrnal de Notícias, 10/07/2008)

Acabo de ler a seguinte declaração do Bastonário prestada ao semanário Sol: «Não retiro uma palavra, nem uma vírgula ao que disse» em Leiria, claro (Cf. Sapo-Portugal online, 23.05). O homem é dos duros. Bolas. que chatice....
HAF

10109º Dia

I
08.00-10.00: Documentos para a proposta de Doutoramento Honoris Causa e correspondência da candidatura NORFACE e Seminário NICPRI
10.00-17.00: Discussão com a doutoranda do draft final “Percursos de Identidade e Resistência no Distrito de Moçambique: os Namarrais (1857-1913).”
18.00-20.00: Correção de provas de exame.
II
Há mais mundo para além disto? Já perdi o “The Blue Room” , o poema dramático “Na Floresta do Alheamento”e ainda “Mãe, sabes como te amei?”, exercícios e projectos teatrais de estudantes de 1º e 2º ciclo de Teatro da Universidade de Évora integrados na programação do “Festival Escrita na Paisagem” e hoje não vi “Lost Angels” , um espectáculo dos finalistas de Contemporary Theatre and Performance da Manchester Metropolitan University.
III
“The Freedom Writters Diary” e a extraordinária história da professora (Erin Gruwell) que se limitou a ser uma professora corajosa. O livro, uma colectânea de diários de uma turma de alunos (problemáticos) de uma escola secundária americana, teve a primeira edição em 1999 ( Freddom Writers and Erin Gruwell: The Freedom Writers Diary: How a Teacher and 150 Teens Used Writing to Change Themselves and the World Around Them New York: Broadway Books) e o filme cujo guião segue a história, é de 1997.
Valeu a pena parar de corrigir os exames para seguir uma história discreta , empolgante por ter sido real, , e positiva por ter mudado , não uma instituição, mas o trajecto de muitas pessoas. Uma história que mostra uma das utilidades do conhecimento da nossa experiência história.
A visita à web page da Freedom Writers Foundation é um sopro estimulante. http://www.freedomwritersfoundation.org .
O livro esta disponível on-line em vários sitios . Isso não significa que fica privado de ler aqui aqui as três primeiras páginas (Bd Q.)
IV
Tenho para ler o na vulgata designado “relatório” SEDES – quando se trata de facto de uma “Tomada de Posição” sobre o “Estado da Nação” , na véspera de um debate parlamentar sobre o assunto. Já ouvi e li alguns comentários. Entre os comentadores de banca firme no mercado as "leituras" têm tal variedade que sugerem alguém não ter feito o trabalho de casa. isto é, ler o texto que não chega às duas mil palavras. Vou lê-lo primeiro. Vícios.
HAF

quarta-feira, julho 9

10108º Dia

09.00-12.00: Exame Recurso HPCII
14.30-20.00: Leitura e comentários:“Percursos de Identidade e Resistência no Distrito de Moçambique: os Namarrais (1857-1913).”
HAF

10107º Dia

8.00-12.00: Trabalho editorial : Dicionário de História da Primeira República Portuguesa e do Republicanismo: revisão das entradas e propostas de autores
14.30-22.30: Leitura e comentários:“Percursos de Identidade e Resistência no Distrito de Moçambique: os Namarrais (1857-1913).”
HAF

10106º Dia

Ericeira , Peniche , encerramento dos festejos debutantes e regresso a casa.

10105º Dia

I
Dia de Família entre a Ericeira e Peniche: Aniversário com ritual, Mar, Peixe e até licor da Mimi
II. Batota e orgulho governamental
O Governo está notóriamente orgulhoso dos gloriosos sucessos dos seus jovens estudantes de Matemática: média nacional de 14 valores, brutal queda das reprovações. Tais resultados devem aumentar a nossa confiança no rumo imposto pelo nosso grande líder. Em todos Renasce a esperança. Ainda seremos os primeiros: no próximo ano a média poderá ultrapassar a fasquia do 20 valores e a taxa de reprovação chegar aos –5% . Tudo isto ao no nosso alcance, graças naturalmente à grande generosidade do nosso Grande Líder. E o país dos volta a sonhar que, com batota, é possível mudar o rumo dos acontecimentos.
HAF

10104º Dia

09.00-12.00: Exame Recurso de HPC II
09.30-11.00: Reunião com o MgR.
14.00-17.30: contactos com M. Cumbi da FDC e preparação dos documentos da propositura de GM para um Honoris Causa.

quinta-feira, julho 3

10103º Dia

I
8.00-20.00: Trabalho editorial : Dicionário de História da Primeira República Portuguesa e do Republicanismo: revisão das entradas e propostas de autores
21.00: Preparação dos exames; e de documentos para a propositura de um Doutoramento Honoris Causa
II
O ano lectivo que agora acaba, quer em todo o seu arco temporal quer nesta fase final, é exemplar: a(s) nossa(s) Universidades não estão dotadas de meios para potenciar o trabalho dos recursos humanos que combinam ensino/formação avançada e investigação. Longas horas de trabalho diário e um extraordinário grau de dispersão (programas, alunos e burocracia). GTudo muito trabalho, muita actividade e quase tudo resulta em pouco de valor elevado. Um desespero. A dita Reforma de Bolonha em Portugal vai ter dificuldade em ser bem sucedida por uma razão muito simples: não há milagres, especialmente na educação.
HAF

quarta-feira, julho 2

10102º Dia

09.00-12.00: Programa de Doutoramento em EIE
14.00-16.00: Dicionário de HPRR
16.00-20.00: Tutorias
21.00-24.00: Leitura e comentários:“Percursos de Identidade e Resistência no Distrito de Moçambique: os Namarrais (1857-1913).”
HAF

terça-feira, julho 1

10101º Dia

I
9.00-11.00: tese de mestrado
11.00-17.15: Reunião da Comissão Editorial do Dicionário de História da Primeira República e do Republicanismo. Até ao final deste mês teremos de fechar uma etapa.
17.30: Um encontro casual com um colega de profissão e amigo (VA) que me deixou preocupado com o estado de desânimo com que vive.
18.30… regresso a Évora. Desta vez com atraso horário mas sem problemas ferroviários na viagem, na qual tive como companhia “Percursos de Identidade e Resistência no Distrito de Moçambique: os Namarrais (1857-1913).”….
II
Não cheguei a tempo rever alguém que é mais do que uma “velha” amizade da Faculdade …
HAF