Editorial

Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).

À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.

DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.

Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.

A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.

Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.

Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)

quarta-feira, janeiro 30

9951º Dia

Um dia especial no meu calendário biológico… mas também no de Mahatna Gandhi, assassinado a 30 de Janeiro de 1848 especial no meu calendário biológico
I.
08.00-09.00: correcção provas de avaliação
09.00-12.00: Cf docs Arquivo do Governo Civil (exploração de doc. Para futuras teses de mestrado)
Almoço familar
15.00-17.00: revisão e preparação de documentos para reunião do CC NICPRI /UM/UÉ/UC e avaliação internacional (EEG.UM, dia 1.02)
17.00-18.00: alunos Erasmus (novas candidaturas)
18.00-…. Reservado à familia
II
Reli a mensagem do reitor e, nos users, as mensagens de Hélio Alves e Alexandre Araújo. Sobre a situação “geral” da UÉ, não há qualquer surpresa. Nem o fracasso da actual equipa reitoral e dos restantes “orgãos de goveno “ me apanhou de surpresa. Este trajecto , iniciado em meados dos anos 1990, só não o viu quem não quis. E já escrevi e disse diversas vezes: as pessoas que, na última década e meia, integraram a “equipe dirigente” e foram os titulares dos principais orgãos “orgãos de governo” são, de um modo geral, uma parte do problema e não uma parte da solução. Ou agimos para além destes orgãos e trabalhamos para influnciar o rumo dos acontecimentos ou resta-nos sonhar com a “revolução” aeronáutica e náutica (fluvial,claro) e,ficar a ver passar o combóio (TGV) ou os navios…
A indignação é legítima. Não chega. Não conduz a nada. É preciso responsabilizar as pessoas usando todos os meios que se mostrem adequados. È preciso também que a Academia dê sinais de que está decidida a pôr cobro a esta situação, que sendo da responsabilidade directa de alguns nos responsabiliza e envergonha a todos.
Amanhã tenho um dia demasiado longo...
HAF.

terça-feira, janeiro 29

9950º Dia

I
08.00-10.00: Burocracia académica
10.00-12.00: Visita de trabalho ao Arquivo do GCE (exploração vom vista a algumas propostas de tese )
12.00-13.00: Alunos em Erasmus
15.00-17.00: Reunião dos Doutorados (CC) NICPRI.Evora. Finalização de planos.
17.00-17:15 um encontro/conversa inesperada.
17.30- tomo conhecimento da mensagem reitoral sobre a situação financeira da Universidade e os objectivos a atingir a médio prazo….

II
Recomendo a leitura da “Mensagem do Reitor à Academia” (Universidade de Évora) . A mensagem tem detalhes muito importantes. Não os vou discutir publicamente (neste momento), embora alguns dos números me pareçam pouco credíveis. O que importa dizer é que a solução tem de partir de ideias sólidas. E nisso continuo a ver apenas alvites erráticos. Por exemplo, no plano regional, não vejo hoje nada que já não se pudesse ver há pelo menos um ano. Quando a nossa capacidade de projecção é reduzida somos tentados pela invenção diária de novos caminhos . Nenhuma instituição universitária é capaz de sobreviver a tal visão romântica e aventueira. A Academia tem de agir com inteligência a curto prazo. Não sei se esse atributo integra a actual governação.

HAF

segunda-feira, janeiro 28

9949º Dia

I
09.30-12.30: Avaliações, planeamento do próximo semestre
13.30-16.30: Exploração de temas para futuras teses de mestrado em História Comparativa e Transnacional ( programação de visitas a alguns arquivos)
16.30-17.30: ADE
18.00-18.45: finalização da preparação da reunião dos doutorados do NICPRI/UÉvora para amanha á tarde (reunião final do grupo antes do CC do NICPRI e da Avaliação do Centro (U-Minho, 30 e 31 de Janeiro)
19.00-20.30: pesquisa do DN 1879-80.


II
“Grande Porto: Universidade reúne 100 figuras para repensar desenvolvimento da região”
«Porto, 27 Jan (Lusa) - Mais de 100 académicos, actores políticos e económicos vão procurar novas soluções para o desenvolvimento sustentável da região do Grande Porto, durante o encontro "Porto Cidade Região", anunciado para segunda e terça-feira no Palácio da Bolsa.
A Universidade do Porto (UP), promotora do evento, diz em comunicado, que "espera converter o saber de especialistas académicos, decisores políticos e agentes socioeconómicos em propostas de aplicação efectiva em cada uma das áreas temáticas eleitas".
As áreas escolhidas do encontro, que decorre este ano em terceira edição, são as do Ambiente, Energia e Sustentabilidade, Saúde, Educação/Formação, Mar, Conteúdos e Manufacturing.
Os cientistas Sobrinho Simões (Ipatimup), Alexandre Quintanilha (IBMC) ou o economista Daniel Bessa contam-se entre as figuras com presença confirmada no evento, segundo a UP.
A Universidade assegura também, entre outras, as presenças de Luís Portela (dos laboratórios Bial), Rui Moreira (Associação Comercial do Porto) ou Emídio Gomes (director executivo da Junta Metropolitana Porto). » [Lusa, 27 Jan. 2008]

III.
Entrou em vigor o novo Plano Director Municipal de Évora . Li as declarações do Senhor Presidente da Câmara - pessoa que muito prezo pela dedicação à causa pública e local - à propósito do acontecimento e resumo-as na velha expressão popular: ”agora é que é”. Acho que todos esperam que assim de facto seja numa cidade onde tudo se move sofridamente (não sei se também sofrivelmente). É verdade que acompanho modestamente a ritmo da cidade…mas acho que era possível ( e necessário) fazer muito mais entre a Universidade e as instituições culturais da cidade. O mais chocante é o caso da Biblioteca Pública. Por vezes ocorre-me que a cidade secundariza o facto de ter aqui instalada uma Universidade que recruta uma parte expressiva dos jovens que provenientes de outros locais , nela vivem uma parte expressiva do ano. A vida universitária necessita de cidade universitária-académica e essa dimensão parece faltar… É verdade que na prática, a Universidade também é recente…. pese embora o esforço de a enlaçar numa tradição que se perdeu algures no regaço do Pombal (tinha um processo de decisão similar ao de Salazar) e que o Liceu nas primeiras épocas do Estado Novo procurou recuperar , inventando…. Mas o esforço para preservar/recriar/reproduzir uma “tradição” (re-) inventada , e por vezes decretada, soçobra quase sempre…por ausência do “espírito”. Ficam uns rituais, uns mais disparatados do que outros, e pouco mais. Se queremos tradição – eu prefiro chamar-lhe cultura de instituição ou mais acertadamente “cultura académica” – temos que a criar agora para os vindouros. O resto, a experiência/memória do passado longínquo (pouco conhecido de facto), quase está limitada a uma retórica inóqua. É claro que a matéria parece desinteressante. O que conta é a ilusão do espetáculo…. Não se surpreendam se o ilusionista estiver enganado…

IV. A Democracia Representativa , o Poder Autárquico e a “3ª República”
No Público de hoje é fundamental ler a coluna do Cientista Politico André Freire, sobre a reforma do sistema eleitoral autárquico e do governo autárquico: “Uma brutal distorção da vontade popular”, traduzida num extraordinário bonus ao Centrão. Escreve A. Freire: “Exemplifiquemos com os resultados das últimas eleições em Lisboa: o PS, que teve apenas 29,49 por cento dos votos, passaria a ter [simulada a aplicação da nova lei] 61,5 por cento dos mandatos na CM, ou seja, teria um bónus maioritário de 32,01 %”. Nem mais. Depois surpreendem-se com alguns execessos verbais. A leitura do texto é indispensável.

V. O SCP e o FCP
Não sei se notaram mas o meu SCP ontem esteve muito bem: uma vitória clara, saborosamente leonina. Acho de grande humildade o comentário do treinador adversário: “resultado mentiroso”. Se eu bem eentendo treinador do FCP o que ele de facto quis dizer é que , atendendo ao “estado actual “ do SCP, sabia que não era possível perder por mais. Daqui a duas ou três jornadas talvez ….. Seja como for é reprovável porque não mediu o risco do efeito que considerações deste tipo podem ter no seu balneário ( ninguém gosta de ouvir: mereciamos ter perdido por mais!!!)
HAF

domingo, janeiro 27

9948º Dia

I.
A leitura do Diário de Guerra de Etelvino da Silva Baptista (ESB), obriga-me a reler António Lopes Pires Nunes (ALPN) (Tenente-Coronel, Licenciado em História- Arqueologia Clássica), cuja experiência iniciática na guerra colonial coincidiu com a da comissão militar de ESB,. Na verdade, na Dedicatória que grafa em “Angola 1961. Da Baixa do Cassange a Nambuangongo” (Lisboa , Ed. Prefácio, 2005, 180 pp.) escreve: “A todos os elementos da Companhia de Artilharia nº 100 que comigo iniciaram , em 13 de maio de 1961, a caminhada para Quimbale [extremo centro-norte, depois de Sanza Pombo, já muito próximo da fronteira com a RPC. n. minha] sob o comando do capitão de artilharia Eurico de Carvalho e Melo Sales Grade, hoje general”. Na verdade ambos participaram na reocupação do Norte de Angola ainda em que teatros um pouco diferentes.


II: PORTUGAL VOLTA A CONVERGIR NO SEU PASSADO DE ATRASO: AS ACTUAIS ELITES PORTUGUESAS PODEM ORGULHAR-SE DE PARTILHAR ESTA VERGONHA COM AQUELAS QUE AS ANTECEDERAM





Vamos discutir (e combater) as causas (era o que faltava)? Não podemos vencer o destino, o acaso, o “não há nada a fazer”. Fica ainda melhor uma “razão” mais aristocrática: “manter a tradição”. E toca a andar...para trás, claro. Biliões que vieram de fora nos últimos 30 anos, crescimento do IDE, crescente internacionalização….blá. blá. blá. e tudo somado , pelo menos 1/5 do país é pobre, a desigualdade social é quase escandalosa, a população é uma das menos “educadas” e “credenciadas” no seio das sociedades europeias e o país corre (regressa) na mecha para a cauda dos países da Europa, agora da Europa “institucional”. Shame on you …..
HAF

sábado, janeiro 26

9947º Dia

I.
Um dia de leituras… Necessitava de concluir “Angola 1961-63. Diário de Guerra” de Etelvino da Silva Baptista, o registo em “agenda” da experiência de guerra de um rádio-telegrafista que foi operacional do exército português entre Julho de 1961 e Outubro (?) de 1963. Dada como perdida a última agenda (correspondente ao período posterior a 15 de Abril de 1963) , os editores explicam que o livro publica na integra e “sem qualquer reactualização, omissão ou outra forma de intervenção” os registos diários desde 28 de Junho de 1961 a 15 de Abril de 1963. A experiência operacional ocorreu entre Luanda/Grafanil- Caxito, o “mítico” Nambuangongo, Ambriz, Toto e Loge… Um livro bem editado, que incorpora muitas fotografias colhidas pelo “diarista” e que , lido atentamente, constitui um vigoroso e não-orientado testemunho tanto do que foi a sociedade colonial , dos primeiros anos de guerra no Norte de Angola, da forma como operaram o exército português e os guerrilheiros (os “terroristas” da UPA , da forma como estes inter-agiram entre sí e com as populações negras e brancas, e de como estas entre si se relacionavam num contexto já de grande medo e desconfiança. Ficaram registados momentos que dificilmente poderão ser ignorados na escrita da História de Angola e de Portugal neste período.

II. A “Grande Reforma” da Universidade de Lisboa : as boas práticas que a Universidade de Évora deveria seguir
Deixou de ser , como durante muitos anos (mais de duas décadas), leitura obrigatória desta casa. Agora compro-o ocasionalmente, embora nos últimos tempos o faça com mais frequência do que o faria há uma ano atrás. Traz dua páginas interessantes sobre o Regicidio e a “diáspora dos Buiças”. É inevitável, aproximamo-nos do centenário . Sei que, a propósito do dito centenário, o meu amigo Rui Ramos esteve hoje no Diga Lá Excelência, entrevista que amanhã certamente lerei no Público. Espero que não se deixe tentar excessivamente pela paixão ideológica…. A experiência mostra que tem dificuldade em fazê-lo, atributo que partilha com o Director do Público. O que não surpreende no DP, mas surpreende no Rui.

Mas a página que mais me interessou foi a dedicada ao Ensino Superior, praticamente reservada às reformas em curso na Universidade de Lisboa , que
a) concretiza um elemento da estratégia definida em 1006 ( a integração do Politécnico de Lisboa) – tornando-se assim “a maior universidade do paíS” (32.000 alunos) ultrapassando a do Porto “em número de alunos e de orçamento”,
b) este facto é apenas “uma parte do programa estratégico que vai estar debaixo de uma agitada discussão interna na UL a partir da proxima semana e durante um mês. A Assembleia Estatutária …discutiu na quarta feira (passada) o programa, o qual será aprovado até finais de Fevereiro, com os contrubutos que são esperados de 30 dias de audições. Depois, adiantou o Reitor, será plasmado nos novos estatutos. “
c) No programa estratégico aprovado na Assembleia Estatutária propõe-se, “para forçar a transdisciplinaridade” , a organização de cinco áreas de coordenação estratégica” ou “cinco áreas de conhecimento” ( e não em quatro como se divulgara em notícias anteriores) que aqui deixo registadas:
- Ciências da Saúde
- Ciências e Tecnologia
- Artes e Humanidades
- Ciências Socais e Direito
- Administração e Economia
c) 60 licenciaturas “generalistas” (especializações só nos 2º e 3º ciclos)

Para António Nóvoa, Reitor da UL, em Portugal “Bolonha foi cosmética até agora. A reforma não aconteceu aqui nem em universidade nenhuma”. Tem toda a razão. E o seu desemepnho como reitor mostra como é possível ter um reitor lúcido.

E mostra acima de tudo o que falta na minha Universidade: um programa estratégico sobre o qual se edifiquem a organização e os estatutos. Refiro-me a esta deficiência básica há anos e ela ficou tristemente patente no confragedor documento de auto-avaliação que foi presente á comissão da Associação Europeia das Universidades. É uma infelicidade a renitente ignorância e desleixo dos titulares dos nosso orgãos de governação . Mas não temos que nos conformar com esta situação . A eleboração de tal documento estratégico (e se o Reitor acha que não tem equipa capaz , tem o dever de escolher outra que o seja) e a submissão do mesmo à audição da academia (aos orgãos, incluindo o Conselho de Catedráticos, como a outros membros a titulo individual) é uma exigência que devemos fazer ao nosso Reitor. Se o não fizer é por falta de humildade e por manifesta e deliberada incúria nas suas obrigações institucionais. Mas a responsabilidade será também daqueles que na Assembleia Estautária pensam que "não há tempo", "não vale a pena" , ter uma estratégia clara para caminhar, que basta caminhar. É assim que se começam as "mudanças " que se tornou popular dizer que deixam ficar tudo na mesma , mas que não deixam, porque tudo aquilo que fica na mesma, em termos relativos fica sempre pior.
HAF

9946º Dia

I
9.00-16.00. Preparação do seminário HCTN-HE (MEHE)
17.00-20.00: sessão de seminário adiada por erro de datas… (normalmente a vida académica comporta erros de datação de sessões suplementares mas com as crescentes solicitações para júris, avaliações internas, avaliações externas, centros de investigação, actividades básicas de logística etc……. mesmo um professor organizado como acho que sou comete erros… )

II
Os “orgãos de governação” da UÉ sabiam seguramente que este ano não teriam orçamento para cumprir cerca de metade das orbrigações saláriais que herdaram de 2006 e tudo indica generosamente reforçaram em 2007. Sabiam ainda que teriam de negociar um contrato programa (ou seja, na prática um planeamento de saneamento financeiro) com o Ministério das Finanças . E mais uma vez não estão preparadas para responder de uma forma adequada. Os indícios são os clássicos: “em cima da hora” faz-se recolha de informação , sem critérios claros (não aprenderam com as críticas que nesta matéria foram incluídas no relatório da avaliação internacional) , e solicitam-se a (alguns?) orgãos intermédios a elaboração de relatórios de actividades do ano precedente. Um documento que recorrentemente deveria ser um importante elemento da “ accountability” e que se tornou na última década e meida uma mera e inutil formalidade, será agora elaborada apressadamente” (o prazo de 24 horas, terá sido generosamente alargado para mais 72 horas) Apesar da retória pró-“europeanization” das práticas, processos e instituições… estamos na mesma, ou seja passamos da era do desnorte (sem missão, sem estratégia, sem plano de actividades, etc…) para a era do desenrascanço. ?

Isto é gravíssimo porque já todos percebemos que isto tem a ver com a vida profissional de muita gente (alguns dos quais a fizeram apenas com uma longa dedicação que permitiu progreguir com mérito e reconhecimento nacional e internacional) ; que haverá mais de uma centena de pessoas que passará para mobilidade especial ; que se desconhecem completamente os critérios que vão ser adoptados (decisões caso a caso?; resultados globais por departamentos? ; cruzamento de critérios para redesenho dos departamentos com um maior potenccial qualitativo ? Se em algum momento se aplicarem critérios de avaliação individual que peso será atribuido ao real desempenho dos titulares do principais orgãos de governação e das hierarquias de gestão administrativa e científica ? Qual o peso do “nível” da governação (que dispenso classificar) quer na crise financeira (ver Diário Ecconómico, 23-01-08) quer no desempenho geral da instituição e dos indivíduos (ver Relatório da Avaliação Institucional)? Esta dimensão da responsabilidade académica não pode ficar de fora a não ser que estatutariamente a universidsade corresponda a algo como uma UCP. E temos de empenharmo-nos e fazer tudo o que está ao nosso alcançe para que este nivel de responsabilidade (cujos custos financeiros foram enormes) não fique fora do barco.

O tempo das hesitações ou do benefício da dúvida está esgotado. Por isso, independentemente da consideração académica e pessoal que todos os colegas (e alguns também amigos) devem por princípio merecer, tenho o dever de neste momento tornar pública a minha convicção de que actualmente o “Araujismo” é uma parte do problema e não uma “comunidade de interesses” capaz de contribuir para uma boa solução para a Universidade de Évora. Perceber isto é uma questão de bom senso e “cabeça fria”. E como o momento não é adequado a grandes fracturas é necessário que todos os principais responsáveis intervenientes na administração e nova-organização académica da Universidade tenham o sensatez de agir com a maior lisura, transparência , promover o máximo de diálogo possível para que por um lado, se minimizem os danos, e por outro, se desenhe uma estratégia e um modelo organizacional amplamente consensuais e adequados as funções de uma instituição universitária. Aquele modelo deve consagrar
a) As bases de uma gestão moderna (uma hierarquia de gestão bem definida e efectivamente responsabilizante )
b) O princípio do mérito e da hierarquia científica dele decorrente como os elementos activos para uma boa mudança na administração e qualidade das actividades da instituição.
c) Adequar-se a um modelo de formação efectivamente orientado para a dita “Bolonhização”
Em suma , necessitamos de cumprir a “revolução” que o processo de Bolonha comporta para o sistema universitário português, quer no plano institucional e organizacional quer nos programas de formação e nos planos de estudo. Até aqui, a única face visivel da nossa experiência de “bolonhização” foi a da adequação dos planos de estudo que tanto na Universidade de Évora, como em quase todas as Universidades do país não passou de uma caricatura, mesmo que em alguns casos esta não seja tão chocante como noutros. Na UÉ, nas áreas em que me atrevo a apreciar (CHS) foi um “monumento” ao atabalhoamento que já é património do reformismo “inventivo” nacional em matéria de educação superior. Muito obreirismo, muito trabalho, pouca informação, muitos "alvites", pouco "conhecimento", poucas ideias sólidas ...que resultaram em excessivos disparates.
HAF

quinta-feira, janeiro 24

9945º Dia

I
10.00-16.00: regresso a Évora
17.00-20.00: preparação da sessão final de HCTN-HE (MEHE)
II
O caso do e-mail distribuido hoje com uma ordem reitoral sobre a indicação das publicações dos docentes nos últimos anos não deixará de ser comentado oportuna e adequadamente. Tenho a certeza que ela foi cumprida de forma universal, incluindo pelos ditos membros dos orgãos de governação.

Hoje estou demasiado cansado para dar a atenção que o caso merece e amanhã tenho aulas… O momento é de exigência de completa transparência nos critérios (e sua justeza) e mecanismos de decisão.Acho que a Academia deve começar a preparar-se para usar todos os meios legítimos e legais de acção. Que ninguém se convença que eles se limitam aos orgãos estatutários (que aliás não funcionam). Há sempre o limiar do intolerável. Temo estarmos muito próximo disso (se é que ele já não foi ultrapassado). Eu sei que nestas coisas a responsabilidade de agir não é igual para todos.
HAF

quarta-feira, janeiro 23

9944º Dia

I
06.45-12.40: viagem Évora_Porto
15.00-17.30: Reunião do júri para provimento de catedráticos H_FLUP. A conjugação de datas com outras provas obrigar-me-á a estar aqui de 10 a 14 de março.
17.30…. : a volta do costume por esta cidade que gosto de visitar. Infelizmente a Leitura continua em obras, passei pelo “outlet” da Bertrand …e tropecei em “Angola 1961-63. Diário de Etelvino da Silva Baptista”. Tinha-o referenciado. Na contracapa pode ler-se “…os prisioneiros pretos que estavam sob a nossa guarda foram de avioneta para indicar o acampamento inimigo. De volta foram lançados sem pára-quedas.”

II
De Évora chega-me uma notícia tramada, que dá como certa que o conselho administrativo da UE iniciará amanhã a colocação de (100?) funcionários e docentes na bolsa da mobilidade. Os dados fragmentados de que disponho permitem imaginar a escala do problema financeiro da UÉ. Mas depois de um ano de centenas de posses e muitos, muitos, novos contratos é indispensável começar por explicar muito bem tudo, critérios inclusivé. A transprencia , como boa prática, a isso obriga. Estou seguro que os principais responsáveis tem a coragem necessária e serão os primeros a dar o exemplo. E devemos estar muitíssimos atentos a todo este processo. E estou interessado em tomar conhecimento dos casos em concreto.
HAF

terça-feira, janeiro 22

9943º Dia

I
10.00-12.15: Provas de agregação em História de um colega do Grupo de História Contemporânea (2º Dia : Lição). O FV mereceu do júri a aprovação por unanimidade.
14.30- 20.00: NICPRI : sistematização de dados para a avaliação internacional
20.00-21.30: jantar/convite de um transmontano e trabalhador e (por isso) bem sucedido.
22.00… arrumar papéis para o “dia seguinte” ( mais um júri, agora no norte….)

II
Finalmente houve uma reunião formal da “componente” académica do Assembleia Estatuinte (ontem) . Chegaram-me novas dessa reunião. Mais importante do que a “petit histoire” e anedotário que destes momentos podemos evocar, o mais importante é que os mmbros da assembleia sejam capazes de elaborar uma proposta orgânica para a instituição em função de uma ideia e estratégia sólidas , que devem explicá-la muito bem à Academia quando chegar a hora do debate. Estas matérias são demasiado sérias para deixar a decisão nas mãos de doze académicos e 5 personalidades externas (o conjunto da Assembleia Estatutária que reunirá pela primeira vez amanhã ou depois). Em primeiro lugar, pelo respeito que essas pessoas possam merecer não as devemos honerar com uma missão que não está apenas ao seu alcance. Em segundo lugar, porque entre eles é notório que há uma marcada variabilidade do grau de conhecimento sobre a “universidade de padrão europeu” que muitos dizem almejar. Se a “accountability” vai passar a fazer parte dos mecanismos de qualificação da vida académica na Universidade de Évora, o que lamentávelmente não acontece há décadas…., que seja a Assembleia Estatutária a primeira a dar o exemplo. O que se lhe exige é que façam um estudo profundo das alternativas e que proponham à academia as duas ou três soluções que melhor se adequam ao objectivo de melhor o nosso desempenho individual e colectivo. E sobre esta matéria não deve haver hesitiação. No estado a que a instituição foi conduzida na úlitma década e meia , é quase impossível reconstruir algo de sólido sem se mexer em profundidade: redesenho das unidades departamentais, sendo mesmo necessário considerar a vantagem na criação de novas unidades transdisciplinares (dimensão que deveria ser reforçada) ; combinações múltiplas na formação e composição de três ou quatro “faculdades” ou “escolas” (honestamente não temos escala para mais…..) ; criação de uma dupla hierarquia (a cientifica e a de gestão) - “normalização” da hierarquia profissional cientifica que a vida académica comporta e constitutição de uma hierarquia de gestão credenciada -, constituição de orgãos dirigentes cientificos e administrativos que favoreçam a capacidade da “boa” decisão (é necessário acabar com o nivelamento por baixo, com o espírito da responsabilidade colectiva, das maiorias inaptas, etc….) e cujo exercício implica a responsabilidade hierárquica pelos resultados. Não basta “mudar tudo”, é preciso que tudo não fique na mesma por tudo ter sido mudado. Admito que haja várias soluções concretas. A Assembleia Estatuinte tem a obrigação de as apresentar à discussão da academia, incluindo a que parece fundar-se na falsa panaceia minimalista da concentração do “poder”. É necessário estar muito distante do que são actualmente os melhores mecanismos de decisão nas instituições modernas para pensar que aquele caminho supere o declínio e elimine o efeito “de escorregador” de que são primeiros e directos responsáveis os principais dirigentes da UÉ da última década e meia . E todavia ele tem o mesmo grau de ineficiência do demo-basismo em que se tornaram os orgãos da nossa Universidade. Há muitos exemplos que nos podem iluminar, e tenhamos a humildade de não recorrer à “invenção” que a ignorância em determinadas condições também estimula. Lamentavelmente houve gente que pela sua sobranceria fechou canais de colaboração cuja (re)abertura exige agora sentido do interesse institucional. Esta mais que provado que a boa vontade e o voluntarismo não chega. É urgente ter boas ideias, e isso implica ter gente com boas (e sólidas) ideias sobre a Universidade. A alternativa é o “milagre”, e Deus não pode passar o resto da vida ocupado com a UÉ. E isto é compreensível, mesmo para aqueles que da existência de tal entidade duvidam.
HAF

segunda-feira, janeiro 21

9942º Dia

10.00-12.15: Provas de agregação em História de um colega do Grupo de História Contemporânea (C. Vitae e Relatório do Programa em HC1)
14.00- 17.00: Reunião e planeamento da candidatura ao Programa Erasmus de 3 estudantes . A enorme e inteligente flexibilidade dos planos de estudo em História (e Humanidades em geral) de algumas instituições universitárias europeias indicia que por razões que não são seguramente o interesse dos estudantes portugueses, em algumas áreas fizemos pouco mais que “uma espécie de bolonhização”. Daqui a três ou quatro anos estaremos num tremendo impasse. Vai ter que ser necessário vir uma comissão qualquer “internacional” dizer isso mesmo.
18.00-20.00: Organização dos critérios e leitura de documentos para concurso para provimento de lugares de Catedrático.
20.00- … Jantar de cortesia com colegas de outras instituições em visita académica.
Haf

domingo, janeiro 20

9941º Dia

Decorrente do novo RJIES, nos primeiros dias as Universidades Públicas portuguesas tiveram de informar a tutela da solução que pretendem adoptar em termos de modelo institucional . Já sabemos que as Universidades Públicas o fizeram usando diversos mecanismos. As instituições reconhecidas pela opinião públicada como as mais importantes (UM, UP, UA, UC, UNL, UL, UTL; ISCTE) fizeram-no em Assembleia Estatuinte. O debate foi intenso e as soluções diversas. Umas optaram por adiar a decisão “final” por uns meses , ou dito desta forma, vão preparando formalmente trabalhando no sentido do modelo público mas , à medida que a tutela tornar mais claro, se tornar, o que será o modelo fundacional, poderão rever a posição. Outras, uma minoria, decidiu o inverso: aceitar o desafio “fundacional” (UP, UA, ISCTE, UNL?) , forçando a Tutela a clarificá-lo melhor nos próximos meses , mantendo aberta uma fresta para um possível recuo. As outras Universidades Públicas , através de mecanismos que se desconhecem e/ou a imprensa não deu relevo, terão desde logo respondido com um rotundo não ao modelo fundacional. A UÉ seguiu este último grupo e desconheço completamente que orgão legítimo tomou tal decisão , uma vez que, apesar de eleita desde meados de novembro, a assembleia estatuinte não reuniu ainda. Obviamente desconheço também os critérios com que tal decisão foi tomada. Isto não significa que a minha sensibilidade seja favorável ao modelo fundacional para a UÉ , significa apenas que estas decisões devem ser racionais e decorrentes de escolhas fundadas no conhecimento claro das alternativas (quando estas estão bem desenhadas) e das vantagens e riscos face ao cumprimento da missão e estratégia da Universidade. É óbvio que neste momento pelo menos sobre um dos modelos existem muitissimas sombras. Foi por isso uma precipitação recursar desde já o modelo fundacional.

À definição do modelo institucional deve seguir-se naturalmente a escolha do modelo organizacional. Não é essencial que haja uma relação de dependência do segundo em relação ao primeiro. A diversidade de experiências internacionais é enorme e entre as melhores e as piores encontramos de tudo, no que à modalidade de organização diz respeito. O que é essencial é conhecer com clareza as soluções organizacionais que podem adoptar-se.

Nesta matéria as universidades não são diferentes de outras instituições públicas e privadas, incluindo as empresas. O que condiciona a organização é a sua missão e a sua estratégia. Isso é um dado básico. Um sinal de “boa prática” é estabelecer-se aquela indispensável relação (para reduzir a influência do factor “sorte” ou “azar” no resultado) e não pensar que o contrário: que a boa prática está num qualquer modelo organizacional.

O Presidente do CD da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (UL) declarou à agência Lusa que a instituição (á beira do centenário) estava a pensar numa re-organização das 8 Faculdades + ICS em apenas quatro grandes áreas: Ciências da Saúde, Direito, Administração e Economia e , finalmente, Humanidades, Artes e Ciências Sociais. O debate que tal informação sucitou na dita Faculdade mostra que a“coisa” é ainda vaga. São apenas grandes “àreas de coordenação da investigação e ensino” ou substituir-se-ão como unidades orgânicas às Faculdades e Instituto existentes ? Para a maioria dos professores da FL.UL a segunda solução é inaceitável. Segundo um dos colegas “qualquer universidade digna desse nome tem como unidade central do seu universo uma Faculdade (de Letras)”. Ambígua parece ser a posição do seu Director.

Daqui quero retirar dois tópicos de reflexão. O primeiro é o facto de uma grande instituição universitária à escala portuguesa ter necessidade de se organizar apenas em 4 grandes áreas. A segunda tem a vêr com a enorme confusão que existe no meio académico em matéria de unidades orgânicas. Tornou-se muito vulgar no último ano o uso de termo "escola", que em alguns meios passou a juntar-se a outros de uso tão ambiguo como "departamento", "instituto", "áredepartamental", "faculdade", "escola", etc. etc. Na vida das instituições as modas são sempre perigosas. Nenhuma daquelas formas orgânicas é boa ou má em si… nem por ser "histórica", nem por ser uma "novidade"… Há universidades de topo organizadas no formato de “Major Schools” “or”Faculties” como a de Havard, e outras, como a de Johns Hopkins, organizadas em “Schools”. E obviamente nenhuma delas é associada a “más práticas” (que é outro termo que entre nós é frequentemente usado sem um sentido objectivo - puramente retórico – ou mesmo de forma disparatada (como p.ex. quando se relaciona as boas práticas a modelos organizacionais). O mais importante é tentar perceber o que levou aquelas instituições, exemplares na qaulidade, a optar por modelos organizacionais diferentes.
HAF

sábado, janeiro 19

9940º Dia

09.00-11.00: Reavaliação dos projectos de linha de investigação NICPRI
11.30-17.00: Colégio HS- reunião coord. Linhas de investigação NICPRI
17.00-20.00: Leituras sobre modelos organizacionais das Universidades (EUA, Austrália, Europa)
21.30- Cabra-Cega: Jogos de Vida, um carinhoso convite dos estudantes 2º Ciclo do Teatro UE, irrecusável. E com talentos emergentes.
HAF

sexta-feira, janeiro 18

9939º Dia

8.30-10.00: Reunião com alunos para candidatura Erasmus. É necessário mudar a atitude e a forma como a questão da mobilidade dos estudantes tem sido conduzida de modo a que eles possam de facto tirar partido desse mecanismo fundamental de interconhecimento cientifico e cultural entre os europeus e as sociedades europeias.

10.30-13.30: Reunião da Linha de Investigação “Building Identity and Formation of the European Society” (NICPRI)
14.30.18.00: Reunião do NICPRI.UE
II
A Fundação Cuidar o Futuro decidiu digitalizar e disponibilizar na Web uma parte do arquivo de Maria de Lourdes Pintassilgo. A partir do dia 23 de janeiro alguns núcleos ficam disponíveis. Uma boa notícia para os cidadãos e para os historiadores. Trata-se de uma portuguesa com uma experiência de vida notáveel e a última figura política que foi capaz de mobilizar-me no plano político. Se Maria de Lourdes tivesse sido eleita para a PR em 1986, a probabilidade de o país hoje ser socialmente melhor teria sido muito maior.

III
Gostava de escrever sobre o jurista do Ministério de Educação que foi contratado para executar uma tarefa (compilar legislação…) e estava a ser pago a 1500 Euros/mês; depois de não cumprir a tarefa no prazo estipulado foi re-contratado, mas a ganhar a 20.000 euros/mês. Há um requerimento no Parlamento para esclarecer o assunto. Parece que alguns jornais já se referiram ao assunto. É difícil acreditar. Mas este país não é certamente um poço de surpresas.

HAF

quinta-feira, janeiro 17

9938º Dia

8.30-13.00: NICPRI, sistemastização de indicadores de desempenho (nível de internacionalização)
14.30-17.00: Duas horas e meia para a Eleição do Presidente e Vice-presidente do Conselho Pedagógico. E muita confusão e paciência à mistura. Algo que um processo electrónico resolvia de forma muito expedita. Gastaram-se entre 220 a 250 horas de trabalho, qualquer coisa como 8000 Euros… ainda por cima para um orgão consultivo e com um elevado nível de ineficiência. Neste regresso ao CP , encontrei o mesmo sentimento que já detectara há quatro anos e tal: tal como está…um orgão quase inútil. Dos dois eleitos conheço , no plano académico , um deles: o vice-presidente, que sempre tive em grande consideração. O presidente foi reconduzido no mandato. Constava entre alguns colegas que no mandato anterior tinha feito o melhor que pudera. O sinal é por isso positivo.
17.30-20.30: Regresso ao processo NICPRI. Preparação das duas reuniões de amanha (10.30-13-00; 14.30-…!!!!)
22.30…. N. Stargardt: Testemunhas da Guerra. As Crianças do Regime Nazi…..
HAF

quarta-feira, janeiro 16

9937º Dia

08.30-12.30: Preparação de seminário
14.00-15.00: Burocracia académica
15.00-17.00: Programas de Cooperação Internacional :rede ESTER, Europeanisation HNtw; , Erasmus./ acolhimento de professor checo e candidatura de estudantes .
17.00-20.30- Seminário de HCTN_HE (MEHE)
22.30-…… N. Stargardt: Testemunhas da Guerra. As Crianças do Regime Nazi…..
HAF

terça-feira, janeiro 15

9936º Dia

08.30-11.00: Aula final de HIGSPC
10.00-12.30: Avaliação de trabalhos e recepção de mestrandos
13.00-14.15: O “almoço” das novidades
15.00-17.00: Finalização do 1º paper para European Social Science History Conference (ESSHC)
17.30-18-30: Contactos com colegas alemães e checos sobre acolhimento de estudantes para 2008-09
18.30-20.00: Compilação de elementos e outros procedimentos com vista á preparação da visita do painel de avaliação da FCT ao NICPRI. UM/UE
22.30-…… N. Stargardt: "Testemunhas da Guerra. As Crianças do Regime Nazi".
HAF

segunda-feira, janeiro 14

9936º Dia

I.
8.00-10.00: Documentos de provas académicas
10.00-12.30: Tutoria a alunos de mestrado
15.00-16.00: júri académico
17.00-20.00: Seminário SES19_20

II. Condições de Trabalho
Há três meses que o minúsculo aquecedor de parede do meu gabinete está irremediavelmente danificado. Depositei alguma esperança no “Menino Jesus” e deixei a meia pendurada na porta do 110 do Vimioso. No dia 26, lá fui , esperançoso. Nada. Seguramente fui um dos que se portou mal durante o ano. E se castigo foi, cumpriu-se o dito popular: pode chegar tarde mas chega sempre.

As “coisas são como são” e temos de aceitar a sensibilidade minimalista que alguns partilham (para os outros, claro) : já que não temos (eu e o colega) instalado no gabinete nem PC, nem impressora, nem o resto, a presença de um aquecedor funcional reduzia o padrão de desconforto que a ausência daqueles equipamentos também proporciona. Além disso era capaz de neutralizar aquela “correnteza” de frio que do exterior se esgueira pela fresta da janela. Ora, temos de convir que o “tiritar” de frio sempre trás alguma alegria a um dos gabinetes privados mais frequentados do edifício.

III. Debates Públicos, (in)verdades e factos ou a História do SNS que estando "à beira do abismo “ talvez esteja a dar o famoso “ passo em frente"

A “reforma” do Sistema Nacional de Saúde – de que fomos um dos últimos países, se não mesmo o último país, da Europa Ocidental a criá-lo de facto, tem sido objecto da fúria reformista do Governo do Senhor Sócrates. A necessidade de mudar o estado da "coisa" não merece quaisquer dúvidas. A costumeira pressa com que se tem procurado fazer as coisas só merece dúvidas.

Há dias num debate televisivo, o representante funcional do Ministro da Saúde na região do Algarve, desmentia categoricamente o testemunho de um médico sobre a situação caótica das urgências no Hospital de Faro, alegando que o dito médico (Presidente da Câmara de Alcoutim?) ia apenas um dia por semana ao hospital e por isso tinha uma ideia enviesada da situação. E eu, sem ser pio, acredito sempre (uma vez apenas) naquilo que os "altos funcionários" dizem.

Ontem lí , no Público, o que declararam os 19 chefes de equipa das urgências do dito Hospital no pedido de demissão que apresentaram : “ Macas contíguas em filas paralelas, onde, sem o mínimo de respeitabilidade pela pessoa humana , homens e mulheres, lado a lado, são despidos, higienizados, alimentados e medicados”. Este panorama degradante parece ser mais largo. O “reformismo” em Portugal é quase sempre pacóvio e o país pode ser o primeiro a demolir o SNS na Europa. Isso faz todo o sentido numa das sociedades mais desigualitárias da Europa. O retrogresso, se vier a acontecer, mostra apenas que não partilhamos as marcas essenciais da “Sociedade Europeia”. Somos outra coisa…..mas podiamos ser outra coisa também regida por padrões de decência.
HAF

domingo, janeiro 13

9935º Dia

sábado, janeiro 12

9935º Dia

sexta-feira, janeiro 11

9933º Dia

I
8.00-13.13: reunião da Linha de investigação BI&FES do NICPRI : agenda de investigação para os próximos anos ; casndidatura de projectos à FCT 2008.
15.00-17.30: reunião do grupo do Projecto Social Mobility (desenho do 2º paper para a ESSHS Conference 2008
18.30-20.30: pesquisa para apoio ao desenho de dois projectos de investigação.

II
A Governância da UÉ parece ter entrado em roda livre. Diz-se que há orgãos que não funcionam, que há reuniões convocadas em cima da hora, que há reuniões abandonadas intempestivamente, que há promoções de funcionários sem concursos (e parece que sem critérios) , que há um crescente número de docentes contratados sem concursos e sem ouvir os orgãos e/ou com base em mecanismos obscuros , etc, etc. Tudo o que está “ implicito” na comissão da avaliação ……..e depois temos o discurso da qualiade e transparência. Como é possível demorar meses a devolver um documento a outra instituição (já assinado por esta) para aplicação de um programa de mobilidade de estudantes e docentes? Não há pachorra para tanta qualidade institucional e começo a pensar que o “ Araujismo” é o principal adversário da reforma da Universidade.
Qualquer observador minimamente atento apercebe-se do sentimento de desânimo que grassa na instituição. Ele já se estende a alguma da “massa crítica” mais válida, até agora convencida que resistiam ao colapso “managerial”. Não entre nesse jogo. A tese sobre a “moeda má” que expulsa “ a moeda boa” , que foi tão útil na interpetração de alguns momentos da Idade Média Europeia e uma metáfora oportunda para uma experiência governativa recente . só deve influenciar-nos no sentido de nos empenharmos para nos libertarmos da “moeda má”, e o mais breve possível. O pior reformismo é o ….do ovo der avestruz vazio.
HAF

quinta-feira, janeiro 10

9932º Dia

I
10.00-13.30: reunião do grupo do Dicionário de História da 1ª República e do Republicanismo(DHPRR) na FCSH.UNL: entradas
14.30-17.00: reunião do grupo responsável pela sistematização das propostas das entradas sobre a História Social para o DHPRR.

II. Ota vs Alcochete , as Universidades e os Modelos institucionais
Os muitos jornalistas, representantes dos partidos, comentadores políticos e outros cidadãos com posições relevantes na Sociadade Portuguesa (ouvi vários deles na rádio no meu regresso a Évora, desde professsores universitários, directores de jornais, presidente da FLAD, líderes partidários, etc..) dividiram-se na interpretação sobre a decisão hoje anunciada pelo Primeiro Ministro por volta das 13.30 da tarde em relação à localizaçãoà do novo aeroporto (um projecto que se iniciou à cerca de 15 anos….) : baseados num relatório do LNEC, que segundo alguns é de uma grande seriedade, e ponderandos os vários factores ( ambiente, desenvolvimento , acessibilidades, impacto económico, custos , etc.) estimados para as duas soluções em estudo , o Conselho de Ministros em princípio deixou cair a solução Ota a favor de Alcochete. Independentemnte das leituras políticas que todos podem fazer no actual contexto, o mais importante é que o governo tomou , em 48 horas (!!!!) uma medida de grande impacto com base num parecer técnico “sólido” e “credível” . A decisão é “prévia”. Os custos deverão ser enormes, apesar dos aplausos. Mas bastaram dois dias de leitura para deitar fora meses e meses de convicções “fimes” e de muito dinheiro (nunca saberemos quanto….)

Não me parece aconselhável que as actuais lideranças universitárias tomem o tempo decisório da Ota/Alcochete como exemplo. . No caso da Universidade de Évora já conhecemos as extraordinárias debilidades do relatório da autoavaliação - algumas pessoas chamaram a atenção para isso na fase de debate , entre Dez 06-Jan.07 e tal debilidade persistiu e foi evocada pela Comissão de Avaliação institutcional da EUA (Associação Europeia das Universidades - e conhecemos os resultados e recomendações da dita Comissão de Avaliação. Qual o valor afinal destes documentos ? É para deitar fora? Vale ou não a pena fomentar a discusssão na Academia do relatório da avaliação institucional : porque são aqueles os resultados ? são ou não aquelas as melhores soluções?; e se o são como operacionalizá-los?; e para os operacionalizar qual a melhor modelo institucional e organizacional para o adoptar ?

Sabemos hoje qual a posição das Universidades Públicas sobre o modelo institucional. A maioria adiou a decisão para daqui a seis meses de modo a conhecerem melhor a solução fundacional. Esta solução foi liminarmente afastada por outras Universidades , como a de Évora. Os Politécnicos também responderam “nim”. As Universidades de Aveiro e Porto, depois de horas de debate nas assembleias estatutárias formalmente constutidas e convocadas , decidiram estudar as duas soluções, não afastando a possibilidade fundacional. A minha percepção empírica é de que a solução fundacional pode não ser uma boa solução para a UÉ. Mas não é com base na intuição que eu devo tomar decisões e fazer escolhas. E não acredito que a escolha definitiva da minha instituição foi fundada em elementos sólidos e não nas intuições da liderança. Por isso é indispensável a pergunta: com base em que elementos e em que orgão da UÉ eles foram discutido e foi tomada a decisão de recusa da solução fundacional. Porque não ficou esse cenário em aberto?
HAF

quarta-feira, janeiro 9

9931º Dia

I
8.00-12.30: preparação da sessão de seminário
14.30-17.00: documentação de provas académicas
17.00-20.10: sessão de HCTNHE

II
Ns últimos quinze dias tem sido recorrente a inclusão no jornal o Público de noticias sobre a posição das universidades públicas portuguesa em relação ao modelo institucional e a reforma estatutária.
Nestas notícias há dois aspectos que me deixam perplexo: o primeiro, é a sistemática redução das Universidades Públicas (UP)às do Minho, Porto, Aveiro, Coimbra e Lisboa. O segundo aspecto é a recorrente referência de que as universidades públicas deverão infomar o Ministro ,até ao dia 10 ou 11 de Janeiro, sobre o modelo institucional a adoptar, e destaco-o porque sobre tal assunto tenho o conhecimento que a assembleia estatutária (AE) nunca reuniu nem para tratar deste nem doutro qualquer assunto.
Acho que já são conhecidas as posições de quase todas as outras UP, sendo certo que na maior parte delas a AE adiou o assunto por seis meses. Ontem a AE da Universidade de Aveiro admitiu a possibilidade de optar pelo modelo de Fundação (pelo menos de o estudar com mais profunidade) , a Universidade do Porto decidiu hoje e o ISCTE falo-á amanhã.
Na UÉ a AE parece submersa, bloqueada e atada às oscilações do “Araujismo”, apesar da ampla minoria que os membros da lista reitoral detem naquela Assembleia ( a tal cujo colectivo não reune…) . Deve ser mais uma manifestão da tão propalada “qualidade institucional” e introdução de “boas práticas”.

III
Ando há uns dias para registar aqui a surpreendente contundência com que António Barreto se refere, na coluna do passado domingo , tanto ao primeiro-ministro como aos cidadãos portugueses , na coluna de o Público que desta vez teve como cabeçalho “Sócrates e a Liberdade” e como sobretítulo “ a expressão de opiniões e de cresças está hoja mais limitada que há dez anos. A vigilância do Estado reforça-se”. Barreto conclui assim :
« Não sei se Sócrates é fascista. Não me parece, mas, sinceramente não sei. De qualquer modo, o importante não está aí. O que ele não suporta é a independência dos outros , das pessoas, das organizações , das empresas, das instituições. Não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação. No seu ideal de vida, todos seriam submetidos ao Regime Disciplinar da Função Pública, revisto e reforçado pelo seu governo. O primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas.
Temos de reconhecer : tão inquietante quanto esta tendência insaciável para o despotismo e a concentração de poder é a falta de reação dos cidadãos. A passividade de tanta gente. Será anestesia? Resignação? Acordo? Só se for medo »
O leitor que conheça Barreto certamente ficará tão surpreso quanto eu e todos não podemos deixar de reflectir sobre os motivos cívicos que levam o sociólogo , quase sempre seguro e ponderado nas suas apreciações sem evitar a clareza das opiniões, a este vigor verbal.
HAF

terça-feira, janeiro 8

9930º Dia

8.00-10.00: aula HIGSPC
10.30-12.30: discussão de trabalhos suplementares (como é que alguns alunos –uma minoria é certo - puderam chegar ao ponto de lhes bastar fazer uma ou duas disciplinas para obter a licenciatura?)
14.30:17.00: documentação de concursos académicos
17.00-21.00: preparação sessão de seminário
HAF

segunda-feira, janeiro 7

9929º Dia

I-
9.00-12.30: ADE/DN 1968
14.00-17.00: Comissão Curso EHE , Disciplina HESPC, júri CPC.UP
17.00-20.00: Seminário “Europa 19-20” (MT). Relatório Presencial

II- Gomes Canotilho: “"O Ensino Universitário face às Novas Realidades do Mundo Actual: Desafios e Dilemas" (ISBB, 6-01-2008) . [Um contributo útil]

Um amigo chamou-me a atenção para uma notícia sobre a Oração de Sapiência que Gomes Canotilho apresentou ontem nas comemorações do XV aniversário do Instituto Superior Bissaya Barreto (Coimbra). Centra-a no imperativo reconhecimento internacional das instituições do ensino superior. Mesmo tendo a U.Coimbra como principal foco, as reflexões podem ser extensivas a outras instituições, como a UÉ. A notícia foi difundida pela Lusa e deve ser lida até ao fim. É claro que os “iluminados” podem dispensá-la.

«O constitucionalista Gomes Canotilho defendeu hoje que as universidades portuguesas, enquanto centros de investigação por excelência, devem organizar-se de forma a conseguirem reconhecimento internacional para obterem os financiamentos de que carecem.
Por isso mesmo, Gomes Canotilho exortou hoje a que se encarem "com serenidade" as transformações no ensino superior na Europa e em Portugal - entre as quais se destaca o novo Regime Jurídico, que permite por exemplo que as universidades públicas possam passar a fundações.
Ao apresentar uma "oração de sapiência" na sessão solene do XV aniversário do Instituto Superior Bissaya Barreto, em Coimbra, o professor catedrático frisou que há hoje novos paradigmas em implantação em termos organizativos que colocam às universidades de grande prestígio o desafio de reocupar o seu lugar.
Na sua perspectiva, o novo paradigma aproxima-se do modelo anglo-saxónico, em que o sistema organizativo de representação é substituído pelo de delegação, o que acaba por "tornar mais visível quem deve prestar contas".
Para Gomes Canotilho, o modelo saxónico "pressupõe outro tipo de economias, outro tipo de país", mas "não é miragem uma cidade pequena ter um universidade de excelência", como é o caso de Friburgo, na Alemanha, que academicamente lhe é familiar, já reconhecida como tal numa urbe com cerca de 200 mil habitantes, de dimensão similar a Coimbra.
"Há o desafio de um regime que possibilite uma estratégia clara, porque quem não tem estratégia não tem ideias", observou. […]
Gomes Canotilho entende que a cada instituição cabe "saber escolher, e criar clusters de excelência".
Em termos de investigação, a ideia do investigador solitário e livre terá hoje de ser substituída por um modelo em rede, mas com o investigador a trabalhar em liberdade.
Reportando-se ao caso da Universidade de Coimbra, onde se insere a Faculdade de Direito a que está ligado, Gomes Canotilho frisou que apesar de continuar a ser a primeira portuguesa no ranking do Times "caiu 40 lugares, e já não é a melhor da CPLP", por ter sido ultrapassada pela brasileira de S. Paulo.
"Não é nenhuma fatalidade, pois temos centros de investigação de excelência", frisou, realçando que estes terão de estar organizados segundo o modelo que lhe permita o reconhecimento internacional para obterem os financiamentos de que carecem.
Na sua perspectiva, para que Coimbra seja "cidade do conhecimento", como se intitula, "não basta dizer que o é, é preciso demonstrá-lo".
As comemorações do XV aniversário do Instituto Superior Bissaya Barreto integram-se no 50º aniversário da fundação patrona. Hoje foi também lançada uma publicação alusiva aos 50 anos da Fundação Bissaya Barreto. “» [6 jan,Lusa, F.F.]
HAF

domingo, janeiro 6

9928º Dia

sábado, janeiro 5

9927º Dia

I
9.00-11.00: avaliações, burocracia , relatório do projecto, etc.
11.00-13.00: leitura do: “University of Évora. EUA Evaluation Report. December 2007 (UÉ.EUA Evaluation Report 2007)
14.30-18.00: pesquisa Diário de Noticias (1879-1915)
18.30-20.30: anotações ao UÉ.EUA Evaluation Report 2007
II
No plano interno, as notas da semana são
a)Para o discurso do Presidente da República, um discurso “justo”, mesmo que não tenha consequências políticas a curto prazo (tê-las-á a médio), e
b)Para a absoluta “escuridão” em que ficou mergulhada a recente quadr/ou tri/angulação CGD- Banco de Portugal /-Governo – BCP Millennium. Alguns comentadores referem-se a uma disputa polarizada entre a Opus Dei e a Maçonaria. Outros sugerem tratar-se de uma oportunística “PSização” de algumas das principais instituições económicas privadas do país, nomeadamente de algumas com um passado recente de más práticas e fraqueza ética. Talvez seja. O mais interessante é que o discurso liberal contra o peso do Estado na economia financeira parece ter como propósito não a ampliação da economia privada mas a da criação/reforço de um quarto sector, o da “economia partidária”. E é apenas disso que o PSD e o CDS parecem estar a queixar-se. E só deste ponto de vista podemos compreender algumas das intervenções dos seus líderes e algumas neo-nomeações ( para calar o folclore do “centrão”) . Para o país, as vantagens são as do costume: nenhumas a não ser a de reforçar as oportunidades para aumentarem as desigualdades sociais, o empobrecimento, e manter o atraso . O que ficará assegurada é uma maior intensidade na dança dos mandarins da gestão empresarial dos sectores público e privado. Nisso estamos quase a superar a França.

No plano Internacional , duas notas merecem destaque:
a)A vitória do democrata Barack Obama na primeira batalha (IOWA) para a nomeação dos candidatos à Casa Branca. É uma boa notícia para o Mundo. Mas nada está ainda assegurado.
b)O “colapso” do Rali PARIS/LISBOA/EUROPA- DAKAR/ÁFRICA (edição 2008) por incapacidade de uma organização europeia superar uma “séria” ameaça terrorista. Registe-se o comentário de Ari Vatanen, um dos pilotos com mais prestígio e títulos nesta prova, agora vinhateiro e membro do Parlamento Europeu desde 1999 (eleito primeiro num partido conservador finlandês e re-eleito em 2004 na lista de um partido conservador francês) : “ É muito duro para o desporto, mas é só a ponta do iceberg. Estamos a dar-nos conta dos erros das políticas dos países ocidentais em África nos últimos 50 anos” (Público, 5.01.08). Isto um mês depois da grande e tão produtiva confência Euro-Africana !!!!!

HAF

9926º Dia

I

8.00-13.00: preparação da reunião do NICRI./UÉ
15.00- 19.00: reunião do NICPRI/UM-UÉ- preparação da visita da comissão de avaliação da FCT agendada para 1-01-2008.

II
Foi hoje distribuida a versão definitiva:
University of Évora. EUA Evaluation Report , Institutional Evaluation Programe , December, 2007
Um dia destes ainda o debateremos……
HAF

quinta-feira, janeiro 3

9925º Dia

I
09.00-17.30. No Arquivo Distrital de Évora faço o regresso a 1968 por razões académicas.
18.00-20.30: preparar a reunião do NICRI.UM/UÉ/GEPS.UE para amanhã (preparação da visita do painel de avaliação agendada para 1 de Fevereiro…)
22.00-24.00: EESH (2001): “students” and “student movements”

II.
A propósito do que tem sido a nossa recente experiência reformista na Universidade de Évora e do que sobre isso escrevi aqui ontem, retenho, por lapidar, uma afirmação do Ministro da Saúde à Rádio Renascença e transcrita no Público de hoje:
"Os Portugueses não estão a perceber [a política de saúde do Governo]. Se estivessem a perceber, eu seria o ministro mais popular, em vez de ser o menos popular ". Uma pérola.

III
Se fosse fumador cumpriria a lei como o director da ASAE. Lembram-se da história do ministro que por ser ministro em Portugal pensava que podia fumar num espaço proibido de um hotel (H.Plaza) nova-iorquino? Pois não é que o ignorante do empregado não foi capaz de vislumbrar a excepcionalidade de que o ministro era merecedor (à saudoso Portuga, de ontem e de hoje…!!!!!!) . A história foi contada por Pedro Faria (“Ao Volante do Poder”, 2007) e referi-me a ela no registo diário nº 9885 onde pode relê-la se quizer.
HAF

9924º Dia

I
9.00-17.30: Uma jornada no Arquivo Distrital de Évora para revisitar a imprensa dos anos 1960s.

II
Li a Mensagem de Ano Novo endereçada pelo Reitor à Academia. Não é dificil estarmos de acordo em aspectos muito gerais, como a missão de uma Universidade hoje (século 21), política de qualidade , o aproveitamento dos novos meios de financiamento, as “dificuldades” orçamentais (ou será a racionalidade orçamental). Nada que não tivessemos ouvido e /ou lido nos últimos meses. A notícia “nova” para alguns é a obrigatoriedade de subscrever, com o Governo, um contrato de saneamento financeiro (para ver se de uma vez por todas se põe ordem na administração e contabilidade da casa…) .

No resto a mensagem mantêm no essencial um velho registo: uma retórica reformista e modernista em torno de uma meta - colocar a UÉ entre as Universidades europeias do século XXI – cujas formas de concretizar ( estratégia, organização, etapas, actores, príncipios de acção, etc) continuam por definir.

Quem lê atentamente o relatório da avaliação institucional, constata que ele não se limita a enunciar “um conjunto de fragilidades”, mas assinala enormes debilidades [falta de objectivos claros, de estratégia, de mecanismos (independentes) de controle, de hierarquia e responsabilização, de boas práticas de gestão, de infraestruturas adequadas, etc.etc..] , com um enorme impacto nos resultados essenciais (ensino e investigação) e indica (de uma forma cortês mas afirmativa) o sentido das soluções e princípios básicos que devem ser adoptados. Como é que na prática podemos superar os problemas e transformar-nos na tão propalada “Universidade europeia do século XXI” (alguém sabe exactamente o que é que isto quer dizer?) ?

Contrariamente ao que muitos pensam, a experiência histórica das nações e das organizações mostra que há sempre uma variedade de vias para se atingir o mesmo resultado ou um resultado similar. O resultado que pretendemos é simples: uma universidade com qualidade , um susbtantivo que prescinde de adjectivos gradativos pomposos. É claro que quanto mais difícil é a situação concreta maiores devem ser os cuidados na escolha do caminho. Duas são as vias que devemos de todo afastar: a de um autoritarismo e a do voluntarismo iluminados, mesmo que estimulados por pulsões superiores. Ambas fazem parte de um velho e reprovável hábito nacional que faz parte da história do nosso atraso. A solução tem de ser participada e responsabilizante, geradora de uma grande convergência tanto nos objectivos a alcançar como nos meios a utilizar.

Deveria pois competir à instituição (e não a um grupo que se presume “iluminado”) analisar e escolher a via a seguir. A avaliação internacional deveria começar por ser discutida na academia. Aliás, já o devereria ter sido. Concretizar o anúncio, já com dois meses, de uma versão bilingue para que o referido relatório se torne acessível a todos podia ter sido um bom começo. O documento pode não ser “perfeito” mas identifica bem o que é necessário corrigir e sugere caminhos. O documento ajuda a pensar, mas não evita pensar. Objectivar as metas a atingir (integrar as “universidades europeias” do século XXI, no plural, pois é no plural que é necessário colocar as coisas), e definir a estratégia a seguir são a base sobre a qual deve desenhar-se a “melhor” organização a adoptar (no quadro do novo RJIES). Deve incluir-se neste processo uma colaboração formal daqueles que na institutição tem responsabilidades de académicos séniores (o Colégio dos Catedráticos, para ser completamente claro). Começar por gerar o consenso sobre ( e não impôr) a “via” que permita alcançar um lugar entre as universidades com qualidade ( é uma pequena grande ambição). Estabelecer os padrões éticos e as “boas práticas” que devem nortear (e sabemos que não norteiam) a instituição. Criar equipas academicamente competentes, eticamente sólidas, insensíveis a clientelismos e responsáveis pelos resultados perante o reitor e os orgãos da Academia. Criar um grupo de acompanhamento independente. Fazer isto ao mesmo tempo que se substitui de forma radical a arreigada cultura clientelar e do falso colectivo, por uma cultura de mérito e de instituição, o que implica desde logo uma absoluta transparência de procedimentos (isto por sí já seria um sinal de modernidade). E tudo isto pode e deve ser explicado a todos os membros da academia com absoluta clareza para que todos também saibam o que podem dar, o que de todos se espera, e aquilo de que todos beneficiarão. É preciso lembrar que o método da vanguarda iluminada na Europa deste tempo é apenas uma tontice, um devaneio com o qual não deveriamos perder tempo, mas que pode custar muito caro.

Sei que o leitor pode interpretar isto como um cacho de ideias simples , simplistas ou , no extremo, irrealistas e radicais. Tal equívoco não me impressiona. Mas devo dizer não são, nem uma coisa nem outra. Nada se faz bem e depressa, a não ser com uma grande dose de sorte. E não estamos em tempo de navegarmos em busca da onda da sorte. Estou convicto que são com aquelas “pequenas” coisas tão trabalhosas que podemos tornar um ano de tanta incerteza e “urgência” (a portuguesa urgência que dá sempre asneira) num ano de facto novo para a Instituição e para quem nela trabalha com empenho e dedicação profissional. Reformar com “rupturas pensadas” é o ensinamento que devemos retirar da história das universidades europeias do século XX. Foi a falta desta visão e sensibilidade institucional que obrigou muitos dos estudantes e académicos europeus a imaginar outras vias para alcançar novos objectivos. Da história dessa “grande fractura”, comemoram-se este ano, quatro décadas. Lembremo-nos disso e tenhamos a humildade de evitar o último dos becos, mesmo que nos pareça resplandecente de futuro.
HAF

terça-feira, janeiro 1

9923º Dia

I
O regresso matinal a casa…..serenamente. Para trás ficaram uns dias magníficos em visita a um casal que para nós tem, acima de tudo, um lugar literalmemente fraterno.

II
Não sou de formular desejos… sou mais de trabalhar com objectivos e por metas. Mas se atrevo um desejo é que a minha instituição deixe se ser confundida com uma “espécie de …“ Universidade.

III
Um fim de tarde para iniciar uma nova leitura:
Nicholas Stargardt, Testemunhas da Guerra. As crianças no Regime Nazi (ed. Tinta da China, 2007; ed. orig. New York: Knopf, 2006), um livro de um especialista da História Social do Nazismo que teve um primeiro encontro com o tema no artigo 'Children's art of the Holocaust' [Past and Present. Vol 161 (1998) pp. 192-235]
HAF

9922º Dia

I
Na véspera do Natal o Público [de 22.12.07]editava alguns dados que aproximam e diferenciam os dois países ibéricos. Entre eles o gráfico que segue sobre os níveis de educação dos patrões e empregados em PT,ES e EU_27. Uma diferença confrangedora. No último dia do ano vale a pena pensar nas causas do nosso atraso e no que podemos fazer de bem feito para as reduzir no ano que amanhã começa.

II
Num dia sem acesso a jornais e sem paciência para os “online”, as notícias chegam-me em flocos pela televisão que quase não frequento. O ciclo já clássico dos países africanos - democracia> nepotismo> eleições> batota> tumultos>nsaques e matanças êtnicas>guerra civil> etc.etc.etc – regressou ao Quénia…e parece poder emergir em breve noutros paises com os partidos maioritários em crise.

No Pasquistão um jovem, Bilawal Zardari , assumiu a herança política renovada dos Bhutto. Até quando?
HAF