Dia 18 de Setembro de 2011
I
Uma manhã às voltas com AAM e o HISClass e a Classificação das PHP e uma «tarde branca»
II
O Dia das Colocações
Universidades como a de Évora vivem as primeiras semanas de Setembro com o credo na boca. Como vão correr as colocações da primeira fase dos alunos que ingressam no ensino superior? Haverá procura suficiente? Os cursos, as escolas, a Universidade vão preencher a maior parte das vagas ?
Estas angústias e a dos candidatos ficam hoje resolvidas. As instituições já sabem quantos estudantes foram colocados e estes já sabem se e onde foram colocados. Numa nota do ministério lê-se: “Nesta (1ª) fase foram colocados 42243 alunos no ensino superior público. O número de vagas fixadas pelas instituições de ensino superior para o concurso nacional de 2011 foi de 53500. Apresentaram‐se a concurso 46899 candidatos. Das candidaturas válidas, 91% ficaram colocados nesta 1.ª fase. 58% dos colocados foram‐no na sua 1.ª opção. 87% foram colocados numa das suas três primeiras opções. 26321 (62%) dos candidatos foram colocados no ensino superior público universitário e 15922 (38%) no ensino superior público politécnico.” Segundo a agência Lusa “a preferência dos alunos parece ter-se concentrado nas áreas de Ciências Sociais, Comércio e Direito” (mais de 12 000 colocações).
A fase de crescimento numérico de novas entradas (ingressos) – estimulado pela “crise”, pelas mudanças a montante (ensino secundário) e pelo marketing universitário - que a Universidade de Évora começou a acompanhar apenas desde 2009 – parece estar a esgotar-se: Menos 3000 alunos colocados no ensino superior que no ano passado» (Titulo do Público)
Mesmo sem acesso a todos os dados em formato electrónico e apenas com base nas listas do Público, obtemos resultados que permitem apreciações gerais sobre as colocações na Universidade de Évora (ver quadro) , comparando-as com as do ano anterior .
Ora, não há como esconder… Na 1ª fase de colocações houve uma quebra expressiva na taxa de ocupação de vagas de cursos universitários oferecidos pela UÉ: este ano entraram (807) quase menos 100 alunos que no ano transacto (902) , embora se tenham oferecido mais cursos e um maior número de vagas. A quebra da taxa de cobertura de vagas na 1º fase – apenas foram preenchidas 76% das vagas - afectou todas as escolas “universitárias” da instituição mas teve uma incidência mais acentuada nas Escolas de Artes e de Ciências Sociais, no que parece contrariar o panorama geral.
Este ano, a Escola de Ciências Sociais não chegou a preencher ¾ (72,5%) das vagas oferecidas. É claro que há variações expressivas de curso para curso, que aqui ainda não considerarei. Também já recebi reacções sectoriais de grande euforia, não sei se prudentes. Dos detalhes, que é indispensável analisar no contexto adequado, há todavia dois dados que me parecem particularmente relevantes: os cursos oferecidos em regime pós-laboral não estão a ser bem sucedidos (não seria preferível ampliar a oferta de vagas nos mesmos cursos em regime diurno?); o colapso das «Ciências da Educação» , uma facto circunstancial ou uma mudança com maior profundidade?
Vamos ao mais importante. Sendo uma das últimas a beneficiar da fase do crescimento numérico de entradas que teve inicio em meados da década anterior (2004), ao primeiro sinal de mudança de ciclo(se é ou não veremos), a Universidade de Évora é uma das primeiras a perder. Isto, sobretudo, mostra como esta instituição, para viver saudavelmente a longo prazo, não pode limitar ou mesmo centrar as suas expectativas no mercado interno (regional e nacional). Para vencer esta limitação objectiva há algumas ideias e capacidade e vontade para as concretizar. A alternativa é continuarmos com o «credo na boca», manter o recorrente discurso do inultrapassável défice demográfico regional e (não) contar com a generosidade da mesa do orçamento. Ora, nos tempos que correm e que ai virão, por longos anos, isto não é nem será maneira de viver. Temos por isso poucos anos para fazer muitas coisas de uma forma diferente àquela que estamos a fazer.
III
A Semana da Palestina
No próximo dia 23 a Assembleia Geral da ONU votará a criação do Estado da Palestina? Este será sem dúvida, o facto da semana, qualquer que seja a solução: “estado membro com adesão plena” ? “estado observador não membro»?... Veremos como se comportam os representantes europeus e estado-unidense.
HAF
Editorial
Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)