Editorial

Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).

À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.

DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.

Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.

A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.

Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.

Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)

segunda-feira, junho 30

10100º Dia

6.45: saída para Lisboa
8.00: algures na pradaria alentejana, o “cavalo de ferro” soçobrou a “meses” de esforço [sem revisão…..]. O cowboy “justiceiro” chegará atrasado a Lisboa (pelo menos duas horas). Na pacata cidade local – Torre da Gafanha – a serenidade matinal é perturbada pelos tiros dos pistoleiros forasteiros que invadem o “saloon” local para a primeira “bica dupla” do dia. Esta aceso o pavio que pode estar na origem de mais um episódio dramático de o “Alentejo em Chamas”. O justiceiro confere a carga das 10 balas de calibre 22 do tambor da sua pistola de repetição [de fabrico caseiro], desaperta o coldre da perna e, cruzando as botas de cano alto onde tilintam as novas esporas de prata compradas no St Peter cattle-show, aproveita a pausa involuntária para prolongar a soneca nocturna. E as horas correm……sem que os índios mostrem sinal de vida. Entretanto o revisor da Alentejo
11.15-18.00: Reunião da Rede EuroSudMigration /10 presenças: à procura de uma ideia para um projecto internacional. Coube-me dar um esqueleto à ideia….
Pelo meio um almoço breve onde cruazamos com gente do oficio.
O “dia” encerrou com algumas conversas sobre o artigo Change and Continuity sobre mobilidade social (PG) e o projecto dos preços e salários (MCM)
22.00 Correspondência em dia…
HAF

domingo, junho 29

10099º Dia

I.
Correcção de frequências e trabalhos. Apuramento das classifificações. Informação aos estudantes através do web especifico.
Algumas notas para as reuniões dos próximo dois dias: EuroSudMigration e Dicionário HRR
II. Leitura s em diagonal… por duas teses…
FP/ Manica e Sofala.Contribuição para o conhecimento Socio-Económico e Político-Administrativo, 1942-1974 (tese mestrado, 2006)
LI/ La Pensee Colonial et son impact dans l´Education. Le cas du Mozambique, du Sénégal et de la Rhodésie du Sud (Zimbabwe) : 1945-1980, DE/Bordeux III 2000-2001
HAF

sábado, junho 28

10098º Dia

I
08.00-20.00- A primeira fase de avaliação chega ao seu momento mais intenso: Correcção de testes e trabalhos de grupo de HPC….com continuação
II. O facilitismo nos exames ….
A Directora da DREN é uma das pérolas do novo espírito que comanda a educação nacional. Tem a virtude de saber o que quer e de o dizer com clareza. O sistema quer alunos “medianos” pelo que estes devem ser avaliados por professores com critérios menos exigentes. Das duas uma , ou a senhora quer dizer que existem no sistema professores que , sob a capa da exigência, reprovam prepositadamente os estudantes para mostrar que o sistema é mau ou está mal, ou a senhora quer mesmo uma avaliação conduzida pelos professores medianos…
O estranho nisto tudo é a imagem do “real porreirismo que se derramo em toda a avaliação do ensino não superior: testes fáceis como nunca, mais tempo para os realizar, recomendações para correcções mais tolerantes…. e se as coisas já não estavam qualitativamente bem piorarão certamente. Mas sempre tem a virtude de ficarem mais baratas. Mas aqui aplica-se velho e certeiro ditado: o barato sai caro….a alguém seguramente , nos quais se inlcui a ampla maioria dos utentes do ensino público que não tem recursos para explicações, escolas privadas, etc., etc. . Um ensino público que pode tornar-se na escola dos pobres para fazer pobres. As excepções nunca contrariarão a regra.
II: Dois mundos do trabalho
O país divive-se entre os dosi mundos de trabalho: o mundo da UGT que parece mais virtual e o mundo da CGT que coloca sistematicamente milhares de trabalhadores na rua. A UGT e a CGT deveriam referendar a aceitação do novo Código do Trabalho….. (era o que faltava…)
III África: dois exemplos radicalmente distintos e duas Áfricas...
3.1. O caso do Zimbabwe) : um exemplo frustrante e inútil. Com o colapso económico, social e político Roberto Mobague chega ao fim de uma carreira política destroçado, convertido num pequeno ditador desesperado. Para o Zimbawe trata-se de um retrogresso que necessitará de décadas para recupar .
3.2. Nelson Mandela (1918-….), em Londres, para uma série de eventos que, celebrando o seu 90ª aniversário (18 de Julho), fazem apelo a uma comunidade global . Ontem decorreu um “outdoor concert” , no mítico Hyde Park) cerca de 20 anos depois do “ Nelson Mandela 70th Birthday Tribute Concert (Wembley, 11 de Junho de 1988) , que também foi um contributo para a sua libertação (1990) e para o colapso do “apartheid regime” [regime de desenvolvimento separado(!!!)]. Mandela e Mugabe …. são dois mundos africanos completamente distintos. O primeiro soube quando deveria sair do poder e dedica-se hoje às organizações sociais e à causa dos direitos humanos ; Mugabe (n. 1924) apenas mais novo seis anos que Mandela, mas no poder , primeiro como Primeiro Ministro depois como Presidente, desde 1980…. e ele segue desesparadamente agarrado depois de arrastar o país para o colapso económico e para uma violência sem limites.
A minha África e a minha Globalização são a de Mandela (que ainda hoje faz parte da lista oficial americana dos "terroristas"......). A África que superou a cultura da vítima do colonialismo (sem a esquecer) e que nos ajudou a todos a descolonizar...
HAF

sexta-feira, junho 27

10097º Dia

09.00-12.30: Elaboração e edição de desdobrável para promoção do MEHE
15.00-17.40: Assuntos relacionados com proposta de Doutoramento Honoris Causa…
21.30-24.00: Envio por mail de folheto da 2ª ed do MEHE aos Professores do Ensino Secundário de Lisboa e Vale do Tejo até ao Algarve.
22.00-01.30: HSPSM: Historical Sample Portuguese Social Mobility: Paroquiais da Figueira da Foz (1880-1862). Foi o que foi possível fazer num dia que deveria ser em grande parte dedicado a trabalho de arquivo.
HAF

10096º Dia

I
9.30-11.30: Programa de Doutoramento EIE (3º Ciclo: Desenho)
11.45-12.30: ADE/ Registos Paroquiais 1860-62
14.00-17.30: ADE/ Registos Paroquiais 1860-62
II. 26 de junho....(I):
Neste dia a Maria Teresa festeja o seu 12º aniversário. Foi a este acontecimento familiar que dediquei o final da tarde e uma parte da noite (na Feira de S. João, claro).
III. 26 de Junho de 1955 (II)
O Dia da Liberdadepara o ANC - African National Congress, Novimento de Libertação Nacional da África do Sul. O texto da “Freedom Chart” (26.06.55) foi então adoptada pelo Congresso do Povo realizado em klipton, mas o dia era celebrado desde 1950. [Cf. Freedon Chart e “Message by Albert John Luthuli for the observance of South Africa Freedom day on June, 26, 1953” [ web page ANC] .
Albert John Luthuli [(“Mvumbi”) (c. 1898 – 21 July 1967) – foi um reputado pregador da Igreja Metodista, professor primário e universitário, activista do Congresso Nacional Africano (ANC), de que foi presidente (1952-67), Prémio Nobel da Paz (1960) e só tardiamente adepto da solução da guerrilha para superar o “racismo e fascismo” sul-africanos ["No one can blame brave and just men for seeking justice by the use of violent methods” (1964) ]. Depois da opção [ desde 1944, pela acção da ANC Youth League [Mandela, Tambo, Sizulu]por acções de massa não violentas contra as bases legais da supremacia da minoria branca o ANC acabou por iniciar a guerrilha no “Freedom Day”.
Fonte: http://www.anc.org.za/ancdocs/history/ug/images/ug-temp-1.jpg. Cf. também: Carter, G. e et al: From Protest to Challenge: A Documentary History of African Politics in South Africa, 1882-1964, Vol. 4, Stanford: Hoover Institution Press, 1977
IV. O Governo , as Universidades Públicas e o “Questão do Orçamento”
Reconhecido o generalizado estado de ostensivo sub-financiamento das Universidades Públicas, tornada pública a adequado endurecimento da posição do Presidente do CRUP, o Magnifico Reitor da Universidade de Coimbra , e formalmente dado como desaparecido o Senhor Ministro da tutela, tivemos todos a oportunidade de ouvir a opinião do Sr. Ministro das Finanças, que em vez de aproveitar a oportunidade para assumir uma atitude construtiva disparou (disparatou) em todos os sentidos como parece ser a regra num governo com evidentes sinais de um absoluto desnorte, apesar da abnegação do Primeiro Ministro. O Presidente do CRUP retorquio de imediato aos infelizes comentários do Sr. Ministro das Finanças mas é provável que as coisas assumam outras proporções nas próximas semanas.
HAF

quarta-feira, junho 25

10095º Dia

I
09.00-11.00: Leitura: LFGMartins: Percusos de Identidade e de Resistência no Distrito de Moçambique: Os Namarrais (1857-1917) (tese dout. versão final)
11.00-13.00: Programa de doutoramento RIEE
14.00-16.30: Correcção de Provas de Avaliação
16.30-17.30: Tutoria (HIHC)
17.30-18.30: Tutoria (SP_SC-TSC)
18.45-20.00: Tutoria HCTN-Dtese
II. O país , incompetente, está com uma mão à frente e outra atrás e não tarda destapa a de trás…..
13 meses depois do encerramento das candidaturas de antigos e novas unidades de investigação mantem-se o silêncio escandaloso da FCT em relação aos resultados . Este padrão de ineficiência mostra que o processo está errrado e dificilmente garante credibilidade aos resultados… Entretanto o Sr MCTES tornou-se invisível…. enquanto as Universidades agonizam em lume brando. Depois da TSF, vários orgãos da comunicação social, tornaram pública a situação na Universidade de Aveiro: “A rádio TSF noticiou ao início da manhã que a Universidade de Aveiro tem, estado a anunciar em reuniões de departamentos que vai utilizar dinheiro destinado à investigação para pagar os subsídios de férias de funcionários e professores. Estarão em causa 3,8 milhões de euros, segundo aquela rádio, dizendo que a informação lhe foi confirmada por várias fontes daquele estabelecimento [Cf. Público e na página web da UA, tida como a menina dos olhos do MCTES, o “ Comunicado da Reitoria da Universidade de Aveiro, 25.06.2008). Consta existir uma relação entre aquelas avaliações e o atraso nas transferências orçamentais. Custa a acreditar mas no mundo de MG tudo pode acontecer.
HAF

10094º Dia

09.00-17.00: Leitura: LFGMartins: Percusos de Identidade e de Resistência no Distrito de Moçambique: Os Namarrais (1857-1917) (tese dout. versão final)
17.30-20.00: Programa de doutoramento RIEE
HAF

segunda-feira, junho 23

10093º Dia

I.
09.00-16.00: Leitura: LFGMartins: Percusos de Identidade e de Resistência no Distrito de Moçambique: Os Namarrais (1857-1917) (tese dout. versão final)
16.30-19.30: Reunião com SRC e LE: Plano da “Semana de Relações Internacionais e Estudos Europeus” e desenho do programa de doutoramento em EIEE.
20.30…. Correspondência vária
II
O regresso do PSD à sociedade? A nova presidente do PSD , no seu discurso de encerramento do Congresso do PSD considerou que “ Portugal vive uma situação de emergência social” que obriga ao reforço dos apoios públicos para combater a pobreza e achou despropositado , nas actuais circunstâncias, o investimento do Governo em novas infra-estruturas. Vamos ver até onde vai o que até agora não vejo mais do que retórica (eu tenho memória…..)
III
Na sexta feira o CRUP, através do Presidente do Conselho de Reitores , manifestou pela primeira vez com clareza e veemência a sua indignação sobre a forma ignóbil como o Sr. Primeiro Ministro trata o mundo académico. Enquanto isso o Sr. Ministro da CES desapareceu da cena política e os Centros candidatos à creditação pela FCT, um ano depois continuam sem conhecer o resultado das avaliações. Os sinais de incompetência nesta matéria são chocantes…. mas seguramente poupam dinheiro. Não me surpreenderia que estivessem a inventar uma solução para manter financiadas as Unidades classificadas a partir do Bom reduzindo o financiamento per capita em todos os escalões elegíveis para financiamento. Difícil é não sair dali batota…
HAF

domingo, junho 22

10092º Dia

I. Portugal : um país pequeno e com demasiada gente pequena
Tenho lido nos últimos dias em blogues e jornais diversas opiniões sobre a derrota de Portugal face à Alemanha nos quartos de final do campeonato europeu. Além dos comentários dos profissionais, a imprensa tem requerido a opinião de um vasto “ jet-set” opinativo que ninguém sabe muito bem o que é que já fez de relevante na vida. E eles, inteligentes em tudo, explicam logo a coisa e as causas: um selecionador ( Scolari ) bom de conversa e na crença (“nacionalista”, “beato”) mas mau treinador (técnico) ; o estilo “na maior” da equipa técnica portuguesa e o estilo profissional (fato e gravata…sapatinho engraxado, meinha branca, etc…nos “peks”) da equipa técnica germânica; os defesas que não deram uma para a caixa, o guarda redes que é um nabo , etc. etc. As tontarias do costume para explicar a simples derrota da “melhor selecção” , da selecção que podia e devia ter ido mais longe, que…que… que apenas perdeu porque a outra selecção era e foi melhor. De facto a coisa é muito mais simples: o jogo foi muito bom e os alemães foram os melhores em campo. Ponto final.
É por isso reconfortante ler algumas declarações como a do selecionador da Holanda, Van Basten: “É pena que tenhamos tido problemas de ordem física. Os russos jogaram muito melhor do que nós e mereceram a vitória. Vou ter de me conformar com o facto de terem sido realmente melhores. Fizemos jogos memoráveis na primeira fase, mas hoje não conseguimos reeditar essa performance”. Foi só isto o que aconteceu, num e noutro caso.
II. O regresso dos Vampiros (ou do Capitalismo sem dimensão social) ou "quando a esmola paga taxa".
Independentemente do grau de identidade com as considerações demasiado simplistas que o autor da mensagem tece, o “facto” em si é repugnante e devia incomodar o principal acionista do dito Banco.
HAF

sábado, junho 21

10091º Dia

I
Leitura: LFGMartins: Percusos de Identidade e de Resistência no Distrito de Moçambique: Os Namarrais (1857-1917) (tese dout. versão final)
II. Os Direitos Civis e os estudantes ( 1964, Mississippi, EUA)
Há 44 anos estava em curso a “ Summer Freedom Campaign” ou o“ Mississippi Summer Project” , um dos momentos altos da “causa” a favor dos direitos civis nos EUA e da consciência política dos estudantes do Ocidente.. A campanha, em marcha desde o início de junho de 1964 foi promovida pelo COFO -Council of Federated Organizations , que congregava a SNCC- Student Nonviolent Coordinating Committee ( a organização lider), a NAACP, o SCLC e o CORE visou o registo massivo dos afro-americanos como eleitores e mobilizou milhares de activistas entre a juventude americana, incluindo jovens brancos e judeus do norte. Um dos momentos mais dramáticos foi o assassinato de três jovens , um mississipiano [ James Chaney, voluntário negro] e dois judeus de NY [Andrew Goodman , voluntário; e Michael Schwerner (dirgente do CORE –Congress of Racial Equality ) ]. O acto foi perpetrado por gente gente da Ku Klux Klan de Filadélfia (Edgar Ray Killen e outros) e contou com a “passividade”, “neutralidade” ou mesmo colaboração de sectores da polícia estadual e da oportuna “ineficiência” do FBI. O rapto, turtura e assassinato brutal ocorreu a 21 de Junho de 1964 e, pelo seu sacrifício extremo, os três jovens tornaram-se um dos grandes símbolos do activismo e da generosidade cívica para os jovens de todo o mundo. O crime é o foco central de “Mississipi em Chamas” (Mississippi Burning), um filme de Alan Parker (1988) , cuja “reconstituição” foi baseada em documentos dos arquivos do FBI.
[Historic Photos from Freedom Summer in Newseum's Collection http://www.newseum.org/mississippi/six.htm; ]Randall (Herbert) Freedom Summer Photographs [Created by: Bobs M. Tusa, Yvonne Arnold, and Brandon Tucker; Prepared and maintained by The University of Southern Mississippi Libraries Special Collections; http://www.lib.usm.edu/~spcol/index.php]
[Outras referências: Cf. Clayborne Carson, In Struggle: SNCC and the Black Awakening of the 1960s , Harvard University Press, 1981; Doug McAdam, Freedom Summer, Oxford Univ. Press, 1988; J. Todd Moye, Let the People Decide: Black Freedom and White Resistance Movements in Sunflower County, Mississippi, 1945-1986. Chapel Hill:, The University of North Carolina Press 2004; Bobs M. Tusa (Coord.): Faces of Freedom Summer / photographs by Herbert Randall , foreword by Victoria Jackson Gray Adams and Cecil Gray, University of Alabama Press, 2001.; ver também enciclopédias on-line]
III . A semana do sucesso da “Educação”
Durante a semana os jornais foram o eco dos nossos extraordinários êxitos no sistema educativo. Jà todos percebemos, no que à matemática e português diz respeito, as virtudes do “real porreirismo”. O Portugal “chico esperto” e as suas habilidades. Assim se vão enganando sucessivas gerações de estudantes…. Como não se proporcionam condições para uma educação de exigência… facilita-se a progressão da incompetência. E onde é que isso para? Apenas nas escolas para muito poucos. Este país não aprende que uma educação formal sólida até ao Ensino Superior é essencial para todos, para todos poderem fazer a sua parte pelo país.
HAF

10090º Dia

I
09.00-12.00: Frequência e Exame de HPC II [tempo para dar caminho a alguma burocracia [reconhecimento e acreditação de programa de mestrado e grau) e a algumas leituras (versão avançada de uma tese de Doutoramento sobre os Namarrais (1857-1913)].Alguns destes estudantes podem ter um futuro especial se tiverem uma oportunidade.Talvez tenha uma aptidão para “olheiro”. Veremos o que acontece nos próximos meses.
13.30-15.00: Programa “Europa-África: Olhares”(avanços neste projecto…)
15.00-17.00: leitura de relatórios de trabalho. No correio chegam propostas de orientação de teses (Moçambique) e convites para integração em júris para contratação de doutorados (centros de Investigação). Tudo para ponderar…
17.00-19.00: 09.30-15.00: HSPSM: Historical Sample Portuguese Social Mobility: Paroquiais da Figueira da Foz (1880-1862)
II- “4 Mulheres de Coragem”: a Irlanda/Belfast, num drama com uma enorme sensibilidade e num belo espetáculo proporcionado por quatro talentosas actrizes a 5 espectadores. Recomendo-lhe a experiência de ser mais um.
HAF

quinta-feira, junho 19

10089º Dia

I
09.30-15.00: HSPSM: Historical Sample Portuguese Social Mobility: Paroquiais de Evora (1860-1862)
12.30-14.00: NICPRI e Semana das RIEE
15.30-17.00- 20.00: Processo de Reconhecimento do MEHE.
17.00-18.30: NICPRI.UE/CHRIS – Programa “Europa-àfrica: Olhares”
18.30-20.00: Preparação de Freq. e Exame de HPC e apuramento de elementos de avaliação.
II
Campeonato Europeu: Portugal-Alemanha – tivemos muita bola, mas fomos ineficazes… Um bom jogo, que a Alemanha acabou por vencer com alguma justiça (apesar do 3º golo , que foi batoteiro….)
III
Na BPE decorreu a apresentação do livro "Filosofia e História da Ciência em Portugal no século XX" de Augusto Fitas, Marcial Rodrigues e Maria de Fátima Nunes. A edição é da Caleidoscópio. Os meus amigos Fátima e Jorge que me desculpem mas, apesar dos convites, só noite dentro me lembrei do que gostaria de não ter perdido.
IV
Os jornais, as revistas e os novos livros amontoam-se . Não tenho tempo para os folherar. E o “tigre” não melhora (o canídio anda nisto há 5 dias).
Vou ver se arranjo tempo para amanhã passar pelo A Bruxa Teatro que tem em cena um “script” da escocesa Rona Munro: "Bold Girls", ed. Samuel French Ltd, 1992 ou “4 Mulheres de Coragem” na tradução de ARC]. Uma história de mulheres em Belfast, no ambiente corrosivo da violência da Irlanda, contada por uma talentosa “playwright and screenwriter", e dois dos quatro papeis principais desempenhados por duas actrizes de gerações diferentes, ambas talentosas e de quem fui/sou professor: duas boas razões para não perder as duas horas que a peça deverá durar. Prometi à Teresa e a outras pessoas, vê-la.Talvez tenha tempo.
HAF

quarta-feira, junho 18

10088º Dia

9.30-11.30: Artigo (referee)
11.30-13.30: Preparação de sessão de seminário (MEHE)
15.30-16.00: Creditação de MEHE (processo de)
16.00-17.00: tutoria SP_SC-TSC (MEHE)
17.15-20.00: HCTN-Exp.Hist (última sessão)
HAF

terça-feira, junho 17

10087º Dia

08.30-10.00: Évora-Lisboa
10.00-13.00: Reunião com MFRollo / Dicionário HPReR
14.30- 17.00: Reunião na FLAD. O projecto de cooperação que envolve um debate e um DHC parece bem encaminhado.
18.30-20.20: regresso a casa…./entre a ida e a vinda talvez se tenham vencido algumas barreiras e preconceitos nas relações inter-pessoais. Sobretudo uma viagem agradável.
HAF

segunda-feira, junho 16

10086º Dia

08.30-13.00: Reunião com PEG sobre a “estratégia” de revisão final (pós-referee) do artigo para C&C (UC,UK)
15.00 : visita médica
16.00-17.00: Tutoria de MEHE
17.30-18.00: Preparação de reunião com a FLAD e o GHRI (matéria académica - um DHC)
18.00-20.00: Leitura de propostas de programa de doutoramento para orientação /Moçambique no úlitmo quartel do sec XX e O Império Colonial Português no Índico (Sécs 19-20)
20.00-21.00: Preparação reunião do Dicionário da PReR
HAF

domingo, junho 15

10085º Dia

O regresso madrugador a Évora, a definitiva decisão de assumir a nossa dupla nacionalidade e ainda tempo de olhar para alguns documentos que me ocuparão em mais uma “semana longa” que se aproxima. Nada que me tenha impedido de recuperar forças e de seguir o Portugal-Suiça, o último da série de grupos mas o primeiro que segui em directo: acabou por ser um jogo de 2º nível, mas com uma vitória justa da Suiça, bem ganha na 2ª parte. Os adversários do futuro ficaram a conhecer melhor algumas das debilidades da selecção portuguesa.
HAF

10084º Dia

I
O regresso a Espinho, agora via costa de Vila Nova de Gaia. Uma passeio que se pode fazer parando aqui e ali pelo prazer de tudo. Voltamos a reunir quase todo o grupo de Espinho ( apenas CNLL estava ausente em terras de Trás-os-Montes). A marcha aaté ao molho sul, de pescas idas, o almoço no Margamar ( um “lugar” com um assador que merece o regresso), a serena caminhada pelo passeio do mar, a cavaqueira das vidas. A ausência do “autor” travou a minha imensa curiosidade na visita ao Centro Multimeios local e à “habitação unifamiliar Nuno Lacerda”: estas “arquitecturas” merecem seguramente um olhar guiado pelo seu “filósofo”. Haverá o dia em que isso se tornará possível. Tarde bem dentro, rumamos a Viseu, onde o outro renbento nos esperava, ansiosa como sempre, para um serão familar.
II.
Apesar de ouvir falar vagamente no assunto desde o passado dia 11 só hoje pude ler as notícias de imprensa sobre o Relatório de uma auditoria do Tribunal de Contas à Universidade de Évora relativa a 2005, centrado especificamente na “aquisição de bens e serviços”. O que li - que é pouco…pois o relatório terá cerca de 50 págs e ainda não o li integralmente [cf. Relatório de Auditoria nº 20/2008 -2ª Secção -Auditoria [horizontal] às Aquisições de Bens e Serviços da Universidade de Évora (Exercício de 2005) https://www.tcontas.pt/index.shtm ] é de uma enorme incomodidade mas não é uma surpresa. Aqui limito-me ao registo , sem comentários.
HAF

10083º Dia

I
08.00-13.30: viagem Évora-Porto
14.00-17.00: Reunião de júri CPPC/HMMC
II. Os “irredutíveis Irlandeses”?
Ao início da tarde o já previsível “Não” irlandês à Constituição Europeia (Tratado de Lisboa) não deixou de perturbar a União mas as primeiras reações (antecipadamente ponderadas e salvo raras excepções) deram a entender que o obstáculo não seria decisivo e que o problema aberto poderia ser de maior monta para a Irlanda do que para a “ Europa”. Será? Sendo Europeísta e pró-Federalista entendo que não é recomendável sebestimar a influência de alguns dos membros, por serem pequenos e/ou periféricos e/ou etc….As “elites europeias” devem interrogar-se porque razão um dos países que melhor soube tirar partido e benefícios da integração e apoio da UE se sente mais seguro com a manutenção de algumas decisões nas instituições nacionais do que nas instituições europeias. O “andamento” da coisa não deixará de fazer correr muito “toner” e “web-texts” mas não será seguramente pelas eventuais insónias que tal episódio poderá provocar a alguns políticos mais vaidositos.
III.
Morreu (ontem) um dos últimos “secúlos” da Bela Vista/Katchiungo: o velho Bordalo. Li a mensagem às 16.02 h. Reitero as homenagens quasi-filiais que a todos nos ligavam e não deixo de aqui registar o papel deste “xicolono” na minha formação desportiva. A vida prossegue.
Uma visita a Espinho para re-encontrar amigos de família, grandes e de longa data , desde o Alto-Chiumbo… onde algumas histórias de vida bem sucedidas começaram, com muito, muito trabalho.
IV
O dia foi longo e cheio de surpresas. Em Espinho, revi velhos amigos (quasi-família) , um conhecimento e amizade que vem do Alto-Chiumbo, desde o início dos anos 1960. Visitei os “Venâncios” , já com três gerações. Uma breve visita a um gabinete de arquitectura onde os sentidos indicam um nicho de talento, um longo jantar, com uma mais detalhada revelação de percursos, experiências, emoções , aproximações e os afastamentos (meramente físicos) , a descrição de fragmentos de uma recente visita a Angola e às terras que connosco cresceram nos anos 50-70, a visita aos “velhos” e uma conversa madrugada dentro (Hotel Peninsular). O regresso ao Porto pôs fim a um noite de grande conforto que uma velha amizade sempre permite. Tive ainda o prazer de prolongar até à matina na “descoberta” de CNLL, que vê e arquitecta com os sentidos coisas deslumbrantes. Não podia deixar de regressar uiam vez mais ao local antes de demadar o sul.
V
100 anos: 13 de Junho de 1908/ nasceu Maria Helena Vieira da Silva [+ 1992]. Mudou-se para Paris em 1928. À pintora de “riscos” com “movimento” , o “Sr. Dr. Salazar”, um verdadeiro “tónio”, recursou a nacionalide (1939-40) por ter casado (1930) com um húngaro (Árpád Szenes, 1897-1985) que era artista [pintor, ilustrador, desenhista, professor, etc..], judeu, anti-nazi e comunista. É claro que o “tónio” e os seus amigos (“os bons portuguezes”, claro) não gostavam nem de artistas, nem de anti-nazis, nem de comunistas, nem de judeus. Se lhe juntarmos os Repúblicanos liberais e democráticos temos reunida a “fauna antinacional”, de que eram “exemplares mais completos”, os “venerandos desnacionalizados como Bernardino Machado, nascido brazileiro, naturalizado portuguez e acabado galêgo – no frete ibérico da sua raiva senil – e de judeus traficantes de sangue genuinamente portuguez, como esse filho das ervas que dá pelo nome de Afono Costa”, como escreveu um dos mais dedicados fascistas e depois estado-novistas locais (Motta Capitão: “Notas Soltas”, O Manuelinho de Évora, 2ª Série, Nº 1, Evora, 28 de Maio de 1931)
HAF

quinta-feira, junho 12

10082º Dia

I
09.00-12.00: Reunião com MNAmorim : desenho de projecto de investigação sobre reconstuição de comunidades no Alentejo (perspectiva cruzada) e programas de teses (cooperação inter-institucional)
12.00 -13.30: apreciação das alegações de um candidato a um concurso académico.
14.30-20.00: HSPSM: Historical Sample Portuguese Social Mobility: Paroquiais da Figueira da Foz (1880-1910s)
II
Sob proposta do Governo, o Presidente da República deu posse à Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. Período das Comemorações: 31 janeiro a 5 de Outubro de 2010. Finalmente.
HAF

10081º Dia

I
08.00-13.00: HSPSM: Historical Sample Portuguese Social Mobility: Paroquiais da Figueira da Foz (1880-1910s)
15.00- 17.00: Acolhimento da Prof.Dr. Maria Norberta Amorim e desenho de futuros projectos de cooperação científica no domínio da reprodução e mobilidade social e do MEHE
17.30-20.00: Aula-Conferência: A escrita da História da Família e as bases de dados genealógicas. Uma experiência de investigação comparada.
20.30-22.30: Jantar MEHE
II: o Caso do Latim
O Público noticiava ontem o forte declínio em Portugal do número de estudantes de latim, uma tendência que contraria a crescente procura desta “língua morta” . O SEE Valter Lemos comentou o assunto da forma seguinte: “Temos professores para ensinar latim, mas não há procura. O problema existe mas línguas clássicas no geral e até em algumas línguas modernas. Tem a ver com as expectativas e os interesses das famílias”. Quem descobriu e colocou está pérola num posto chave do sistema educativo? Porque é que as os alunos não tem inteira liberdade de escolher as disciplinas que devem frequentar, em função do interesse do mercado familiar? O Latim não é apenas um elemento base ou presente na ampla maioria das línguas e cultura europeias. O seu estudo aumenta o conhecimento da construção gramatical e a qualidade da escrita; enriquece o vocabulário erudito; e como destaca Richard H. Armstrong (University of Houston) “ if you progress in your study of Latin, you will come to appreciate the style, expressive power, and economy of a language that was for centuries the main international language of the Western European intelligentsia”. O desprezo político pelo Latim é equivalente á crescente secundarização do estudo das Humanidades e Ciências Sociais , a não ser que se trate de “eduquez” e de tratamento dos desvios….
III- A extensão da pobreza e do descontentamento social em Portugal
Um escriba frequente do “Espaço Público” – o Prof. Vital Moreira - escrevia ontem que o políticos “radicais” da Esquerda portuguesa não só não reconheciam a bondade e resultados das políticas de equidade social promovidas pelo governo como “insistem na denúncia de aumento da pobreza entre nós, que nenhum indício confirma , antes pelo contrário” (Público, 10-06-08). Sendo-o em valores, não tenho nenhuma hostilidade em relação aos intelectuais comprometidos. mas acho também que do ponto de vista da análise das realidades sociais eles só se tornam relevantes com a autonomia do pensamento em relação à canga ideológica e partidária. O Prof. Vital Moreira revela uma opinião debilmente fundada pois não são apenas os radicais da esquerda que denunciam o crescimento da pobreza absoluta ( a não ser que neles inclua o Dr. Mário Soares, o Presidente da República, as igrejas, as organizações que no dia a dia lidam com a pobreza manifesta e escondida e as histórias que a imprensa revela no dia a dia ; os dados da UE; os dados do mercado de crédito imobiliário, etc…). E o Professor coimbrão nada diz sobre a pobreza relativa, expressa tanto no acentuado crescimento das desigualdades sociais em Portugal, como nos níveis de rendimento entre as classes populares e médias portuguesas e as congéneres da União Europeia (distanciamento que não se nota nos mais ricos). Não subestimo as medidas sociais evocadas por VM: são relevantes mas restritas e pontuais. Seriam muito interessantes há 100 anos atrás. Hoje elas matizam mas não escondem a “insensibilidade social” do governo PS , e a sua serôdia adesão neo-liberal , que tem como reverso a sua evidente familiaridade com alguns blocos de interesses económicos que nunca foram tão bem sucedidos como agora. E não sou obrigado a seguir a ampla unanimidade que grassa entre os analistas económicos e sociais, mas não posso deixar de atender a sinais como o inesperado (isto é, muito acima da expectativa) incremento de pedidos de subsídio de desemprego.
Todavia há indícios muito mais fortes. Transcrevo apenas a análise que a Profª Manuela Arcanjo (Economista, ISEG; antiga ministra da Saude, Ex-secretária de Estado do Orçamento de Governo de A Guterres ) assinou na sua coluna mensal do Jornal dos Negócios, 9 de Julho de 2008), que titulou “ A Pobreza e País Político” :
«A divulgação, nas últimas semanas, de diversos indicadores estatísticos relativos a Portugal por parte de organismos internacionais teve diversos efeitos sobre os portugueses e o ambiente social e político do País.
Comecemos pela divulgação do Europe in Figures - Eurostat Yearbook 2008. Parte do país político descobriu que apresentávamos, em 2005, o segundo maior grau de desigualdade na repartição do rendimento (apenas com a Turquia à frente) e ainda que as nossas taxas de população em risco de pobreza (em especial, para a população empregada e pensionistas) eram muito superiores aos valores médios para a Zona Euro.
As reacções não se fizeram esperar: partidos da oposição a aproveitarem uma situação que deveria ser bem conhecida para atacar o Governo e este a devolver a acusação para a governação à época! Mas estes indicadores justificaram ainda um encontro de "gente de esquerda" e um aviso por parte de Mário Soares sobre a perda de votos nas próximas eleições.
Se os indicadores nos exigem uma atenção séria, o que pode espantar é a surpresa que tal gerou, excepto para os portugueses que em número crescente o têm vindo a sentir. Com efeito, existe desde 2004 livre acesso às bases de dados e publicações do Eurostat pelo que quer os governos, quer os partidos da oposição deveriam acompanhar com cuidado a evolução dos indicadores para já não evocar a importância de se realizarem estudos nacionais.
Voltando à referida publicação, Portugal apresenta posições muito negativas em muitos indicadores. No que respeita ao PIB "per capita" (em paridade de poder de compra), a situação portuguesa era má em 1997 (76% do valor de referência, EU-27) mas piorou em 2006 (apenas 74%) passando a ocupar o 19.º lugar. Entre 2001 e 2006, observou-se uma redução da produtividade do factor trabalho atingindo 67,9% do valor de referência. Na vertente do mercado de trabalho, o nosso país apresentava em 2006 a 3.ª pior posição em termos de dois indicadores: a proporção (na população empregada) dos contratados a prazo e do emprego precário.
A evolução da despesa social em percentagem do PIB observada entre 1994-2004 poderia ser um indicador positivo e diferenciador, dado o seu crescimento regular em oposição à contenção na Zona Euro. Porém, importa comparar este esforço financeiro com a respectiva eficácia em termos, por exemplo, da redução da taxa de pobreza antes e após transferências sociais. Os resultados apresentados para 2005 confirmam a reduzida capacidade distributiva do sistema de Segurança Social. No domínio da Educação, os indicadores relativos à frequência dos diversos graus de ensino e ao insucesso escolar justificariam uma atenção especial face à posição relativa de Portugal e ao esforço financeiro desenvolvido.
Na semana passada foi a vez da informação divulgada pela OCDE. A instituição procedeu à revisão do crescimento da economia portuguesa para 2007, alinhando o seu valor pela previsão do Governo. Para os que apenas se preocupam com o curto prazo, a notícia é neutra. Porém, muito mais importante é saber quando é que Portugal quebra, de forma sustentada, a trajectória de divergência real com os seus parceiros europeus que se mantém há sete anos.
O nosso país está a viver um período difícil pelo efeito conjunto de factores externos e internos. Os sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis, de alimentos e transportes têm a sua origem no exterior. Porém, muitos dos indicadores divulgados pelo Eurostat não são explicados pela dependência do País face ao exterior, nem ao processo da globalização.
São, sim, explicados por partidos políticos, no governo e na oposição, excessivamente preocupados com o ciclo eleitoral e que olham para os portugueses apenas como eleitores. Claro, é mais difícil ver a pobreza e o fosso da repartição do rendimento quando se está ofuscado com as acessibilidades, as lojas de marca internacional, a venda de automóveis de alta cilindrada e das viagens a destinos exóticos. O problema é que tudo isto é apenas para alguns »
Que conclusão tirar dos dados referidos (que o leitor pode consultar na web): seguindo o raciocínio do Prof. V.M. que o Eurostat , a OCDE e a Profª Manuela Arcanjo estão alinhadas com a esquerda radical . Não estou a ver outra. E o pior disto tudo é que o cenário mais provável é um similar andamento por mais sies ou sete anos. É preciso ter cuidado porque o “povo” pode não estar para isso.
IV- O Senhor Scolari…
Não acompanhei em directo a victória de Portugal sobre a República Checa, no dia em que foi anunciada a saída para o Chelsea de um líder exemplar (mesmo que com defeitos e excessos)
HAF

terça-feira, junho 10

10080º Dia

I.
Um dia durante o qual arrastei a leitura das alegações de um candidato a um concurso académico…..
II- Sou Europeu, Português e Africano
Portugal, comunidade universalista: o simbolismo do 10 de Junho, no que se liga a Camões, pode representar bem esta imagem deste país, nação e pátria, no que comporta da sua experiência histórica, onde nem tudo tiveram que ser ou poderiam ter sido só glórias. Olho, como historiador profissional , para esse passado, que ajudo a reconstruir, com emoção e racionalidade. Revejo-me culturalmente nessa experiência, embora me reveja com profunidade nas minhas raízes africanas, culturalmente moldadas nas relações abertas com a diversidade, das pessoas, culturas, religiões e espaços. Afasto-me daqueles que vêm neste dia o dia de uma “raça” (que raça?). Sou português, mas sinto-me hoje muito mais euro-africano. Sou culturalmente cristão, mas o Catolecismo não foi uma escolha minha e nas suas dimensões ideológica, institucional e das práticas tenho dificuldade em rever-me. A religião não é um elemento essencial na construção da minha identidade. O livre pensamento e a sistemática inquietação intelectual sim.
Ouvi ontem a referência do Presidente Cavaco Silva ao “10 de Junho” como “Dia da Raça”: um repugnante elemento de identidade. Acredito que foi um lapso, pois no discurso proferido hoje durante as cerimónias oficiais não voltou ao tópico. Felizmente. Por isso mesmo deveria emendá-lo, para distanciamento das fantasias do nacionalismo radical.
III. A “greve” das empresas camionistas e o país sem bons sonhos.
O Sr. Primeiro Ministro, José Sócrates, anda olimpicamente descuidado com a “rua”. Depois de 100.000 professores na rua, dos buzinões, de 200.000 trabalhadores na rua chegou a vez dos transportadores…. e a mancha do protesto social continua a alastrar. E a arrogância e retórica do Governo começa a perder fôlego e já poucos vão em tretas. A expectativa é , com o rumo traçado de um neo-liberalismo serôdio, não nos movermos expressivamente nos próximos 7-10 anos. Agora agarramo-nos à fantasia dos emigrantes bem sucedidos regressarem ao país com os seus investimentos. Só se fôr do tipo JB porque os outros conhecem o país e como ele funciona: sem mérito, sem transparência, sem práticas essenciais, um país que é liderado pela batota, onde quem decide não é responsável pelos resultados e durante duas décadas desperdiçou milhões e milhões de euros oferecidos pelos Europeus. Chegou a hora da mudar de rumo ou de emigrar em massa, em especial para os jovens qualificados. A pátria é a “terra” que permite/dá oportunidade aos seus “filhos” de serem felizes. Para a ampla maioria dos jovens que entraram (ou foram forçados a entrar) no mercado de trabalho nos últimos 7-8 anos, essa pátria de futuro não existe. Entendo por isso que eles merecem/tem o direito a um outro país onde seja possível trabalhar duro atrás de um bom sonho. Hoje não há (felizmengte) as colónias que receberam grande parte dos licendiados dos anos 1960s, mas há muito outro mundo aberto a acolher as fantasias que os jovens merecem ter. É o que insisto em dizer aos meus filhos, hoje, no dito “Dia de Portugal”, inventado pelos primeiros republicanos.
HAF

domingo, junho 8

10078 e 10079º Dias

10079º DIA
I
09.00-12.00: burocracia , correspondência, revisão do planeamento de uma semana “apertada”. etc. O projecto de um Dicionário de História Empresarial parece estar já em marcha acelerada : é capaz de ser uma ideia interessante. Afinamento das actividades do NICPRI com concentração no arranque do ano lectivo.
14.00-15.30: a última aula de HPC-II
15.45-17.00: Tutoria tese de mestrado
II
E um fim de tarde entre as “novidades do reino” e o Holanda-Itália….
HAF
[obs: o Diário 10079º foi apenas colocado no dia 15 de junho, quando detectada a omissão]


10078º DIA

HAF

10077º Dia

sexta-feira, junho 6

10076º Dia

I
08.30-12.15: HS Portuguese Social Mobility: Paroquiais da Figueira da Foz (1880-1910s)
12.15-13.30: “Novas” sobre os trabalhos da Assembleia Estatutária, Senado e versão final dos Estatutos.
14.30: Erasmus (plano de alunos)
16.30-17.30: Visita médica
17.30-18.30: uma “passagem” pela Feira do Livro… e lá fiquei entre coisas antigas sobre as Guerras Coloniais (Luazes Santos, 1958; Gomes e Farinha, 2001) e , coisas novas, sobre a História Comparada das Mulheres (Anne Cova)
II. Ainda o “caso” Manuel Alegre, a “Festa das Esquerdas” e o PS azedo
“Estou-me nas tintas para as críticas. Ser de esquerda é uma imprudência” (Manuel Alegre, Público, 5 de Junho 2008). E BB escreveu: « Sei de muitos encontros entre socialistas e pessoas sem filiação partidária. Eu próprio já me associei a alguns, como mero cidadão interessado no futuro do País. Devo dizer que essas reuniões têm-se efectuado numa espécie de estrita clandestinidade. O medo de retaliações, de denúncias e de vinganças impele os participantes do PS a cuidadosas prevenções. Num desses encontros, um conhecido ex-dirigente do Partido Socialista advertiu: “Não sei se entre nós, não haverá um ou outro informador” . Não estavam presentes mais de trinta pessoas » (Baptista-bastos/ A Caneta das Sete Léguas, Jornal de Negócios, 06-06-08). Afinal nem os “caça- informação” são apenas os polícias nem os “observados” apenas os sindicatos incómodos. Os polícias pelo menos diziam ao que iam. O actual PS /Governo azedou.
III A Produtividade em Portugal: o testemunho de Samih Darwazah e os velhos mitos dos empresários e políticos nacionais.
Samih Darwazah, natural da Palestina , bilionário e um “ self-made business tycoon” começou como um qualificado farmacêutico, que depois de uma dúzia de anos (1964-1976) a trabalhar nos laboratórios aa Eli Lilly, uma empresa multinacional de origem americana fundada em 1876 e dedicada a produtos farmacêuticos [vacinas, antibióticos, anti-depressivos, etc..] com base nas biotecnologias [Cf. na Questia: Aseem Prakash: «Green The Firm: The Politics of Corporate Environmentalism» CUP, 2000; Maurren D. Mckelvev: «Evolucionary Innovations: The Business of Biotechnology», OUP, 2000)] . Em 1978 Samih criou a sua própria companhia, a Hikma Pharmaceuticals Ltd., com sede na Jordânia e que em 2007 estava no top das 50 maiores empresas árabes [Cf. “The Top 100 Arab Companies.”, «The Middle East», nº 374, January 2007, p.28 ]. Nos anos 1990 destacou-se pelo sucesso nos negócios e por muitas outras razões: assumiu a pasta de Ministro da Energia e dos Recursos Minerais (1995-96) no governo jordano, fundou a JTA/Jordan Trade Association e integrou o grupo de conselheiros económicos de Hussein, o rei da Jordânia. Actualmente é um dos empresários do top mundial.
No início do Séc. XXI enquanto as empresas americanas, estimulados pelo Bushismo, criavam empregos no exterior, Samih Darwazah investia fortmente na criação de empregos nos EUA. Mas a internacionalização desta companhia já tinha começado nos anos 1980s, incluindo Portugal (1989) nos seus planos. [cf. Samih T. Darwazah : Building a Global Success: The Story of Samih Darwazah and the Rise of Hikma, Hudson Books , 2005)
O Jornal de Negócios oferece hoje uma extensa notícia dedicada a este “empreendedor global” a quem o Presidente Cavaco Silva decidiu conferir reconhecimento nacional no próximo 10 de Junho. Numa entrevista concedida à jornalista Elisabete de Sá, o empresário que “nasceu na Palestina, estudou no Líbano, trabalhou nos Estados Unidos, criou a sua companhia na Jordânia e cotou-a na Bolsa de Londres, onde hoje reside” valoriza a produtividade dos portugueses: “Ao contrário do que se diz, eu acho que os quadros portugueses são muito produtivos. E é também por isso que continuamos a expandir em Portugal e não, por exemplo, em Itália. Encontrar bons profissionais em Portugal é fácil. Tudo depende depois da forma como se trata as pessoas. Se são incentivados a trabalhar bem, elas fá-lo-ão. Quando se lhes cria condições para que se sintam felizes, eles produzirão ainda mais”.

IV: O dia de amanhã será dedicado a uma re-visita ao passado, ao balanço de trajectos pessoais e ao presente: juntar-nos-emos com antigos colegas e amigos de infância e juventude no que já constitui o XVII Encontro dos Alunos do Colégio Teresiano da Bela Vista, actual Katchiungo ou Catchiungo (Huambo, Angola), uma “vila” que o meu avô materno e outros (O Caieia, o Santos Cambuta…) fundaram no início do Séc. XX e município onde decorre neste momento o recenseamento eleitoral. Não sabe do que se trata? Veja http://www.sanzalangola.com/galeria/albuo82. E coore a notícia de que amanhã haverá gente que aparece pela primeira vez a esta reunião anual que todos ansiamos.
HAF

quinta-feira, junho 5

10075º Dia

10074º Dia

I
09.00-12.30: Os (novos) Estatutos da Universidade de Évora / comentários
14.00-15.30: preparação aula HCTN-Exp.Hist.
15.30-17.00: Tutorias/ Grupos de Trabalho HPC-II
17.00-20.00: Sessão HCTN-Ex.Hist.
21.00-24.00: Teatro Escolar / EAR/ Projecto Comenius: um trabalho escolar que deveria continuar...
II
Segui as notícias da “festa das esquerdas” em Lisboa, mas o que me entusiasmou mais foi a que chegou dos EUA: Barack Obama,o “presidente” dos Democratas americanos. Não se surpreenderá se no final do ano for eleito o Presidente de todos os Americanos. O mundo tornar-se-ia melhor, ou pelo menos aumentava o número de pessoas com capacidade efectiva para o poder melhorar. Obama parece ser um homem para abrir uma nova era. Tendo em conta o peso europeu do “Império da Globalização”, eu deveria ter direito a voto para as Presidenciais americanas.
HAF

terça-feira, junho 3

10073º Dia

I
09.00-12.02: preparação de aulas
12.00-15.30: tutoria /grupos de trabalho HCP II
15.30-17.30: aulas de HPC-II
17.30-21.00 : tutoria /grupos de trabalho HCP II
II- O Portugal da Batota e os “verdadeiros ...tugueses”
Quem esteve atento ontem terá vislumbrado alguns deles. Na peça de investigação especial que a TVI dedicou ao (bem desenterrado) caso SIRESP- Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal. Um negócio de fornecimento de quipamentos de comunicação por parte de uma empresa por onde andam ex-ministros e pós-ministros do PS e PSD: podia ter custado 80 milhões de euros, mas custou 480 milhões de euros e uns (largos) milhares adicionais. E dois ou três anos depois de contrato assinado parece que ainda só estão instalados os equipamentos (antenas?) em 20% dos 255 postos previstos. Gostei de todos os truques (talento empresariaL !!) mas o de não indicar às empresas concorrentes a localização dos 255 locais onde deveriam ser instalados os equipamento, com um mês para apresentar as propostas. Muitos nomes envolvidos… Oliveira Costa, Dias Loureiro, Daniel Sanches,António Costa e um Secretário de Estado impagável (mas que deu o que outros não deram: a cara). Em suma, uma bem denominada “Sociedade Lusa de Negócios”. E deixemos de lado a conversa da treta sobre os bons exemplos e as boas práticas… E só (uma parte) da “tríade” ou “máfia do futebol” foi apanhada.
HAF

10072º Dia

09.00-10.45: preparação pwpoint para aulas.
11.00-12.30: reunião júri de agregação
14.00-15.30: aulas de HPC
15.30-17.00 : tutorias
17.30-19.o0: Seminário SP_SC_TSC 1850-2000
19.00-20.00: Correio….
22.00….. Os novos Estatutos da Universidade de Évora: uma nova era (maturidade) ou uma adequação à prolongada transição? Eis a questão.
HAF

domingo, junho 1

10071º Dia

I.Hoje é “Dia Mundial da Criança”
“Inquérito mostra que maioria [das crianças portuguesas] não faz refeições completas ao jantar nem vai ao médico regularmente” e entre os alunos do 3º e 4º anos do ensino básico em 7 concelhos da área metropolitina de Lisboa (a que tem maior rendimento per capita no país] , 11,1% apresentam “ um nível de privação «preocupante»” , 3 a 9% não tomam o pequeno-almoço. Pode ler o resto da notícia no Público deste domingo . Como disse ontem Manuel Alegre no Porto: “ não há provas de que haja hoje menos pobreza do que em 2004” . Respondeu aos “quadros” que o Senhor 1º ministro, no debate par(a-)lamentar , declarou dispôr e que mostravam que nem a desigualdade nem a pobreza estavam a aumentar em Poetrugal [“Tenho aqui um outro quadro, entre 1995 tínhamos 23 por cento de portugueses em risco de pobreza, em 2004 tínhamos 20 por cento, em 2005 19 por cento e em 2006 18 por cento"] [Cf. Lusa , 31 de maio] A história económica está prenhe de exemplos de contextos como o actual onde a tendência é para o aumento da pobreza , com a sua extensão à “classe média”, e das desigualdades sociais.
II.
Ficou ontem eleito o novo Presidente do PSD. O primeiro comentário para relevar um facto : a Drª Manuela Ferreira Leite é a primeira mulher a liderar democraticamente um Partido Politico em Portugal. O resultado é complicado (três PSDs: o conservador/liberal, o popular/liberal, com a victória do PSD/Social ?) e MFL tem passado político cujos resultados nas finanças e educação são muito ontroversos. O facto é que país precisa que a nova Presidente seja capaz de pôr o PSD a fazer política “útil” para o país, o que significa abandonar as tontas derfivas neo-liberais. Veremos se é capaz.
III. Os jornais de ontem e ante-ontem lembravam o lado mau do país: o caso do eventual afastamento do FCP da Liga dos Campeões, devido á batota que fez no passado; a suspeita batota fiscal paraticada por sectores de topo da elite política e económica (com ligações sul-africanas) madeirense… etc.
Mas há também boas notícias: o Plano Nacional de Leitura está a correr bem.
HAF

10070º Dia

I.
O Porto e o Bulhão… Tirei o prazer de por lá passear e regatear pequenas coisas da vida. E um grupo de activistas culturais "em defesa do Bulhão" mantem vivo o protesto.
II.
Regresso a Évora… lento e chuvoso, pelo interior. Uma “entrada” em Viseu , para um almoço breve com a família (onde há algumas preocupações) e outra na Guarda, para ver o “estado” da Biblioteca Eduardo Lourenço …. Infelizmente não pude estar por lá no dia da homenagem, uma semana atrás, que incluíu a apresentação do livro (versão da tese de doutoramento) de João Pedroso de Lima, colega de Universidade e Centro de Investigação . Para os interessados fica a referência: “ Existência e Filosofia. O Ensaismo de Eduardo Lourenço” (ed.Campo das Letras, 2008)
III. Mais uma vez faltei ao jantar-convívio da Associação dos Antigos Alunos de Nova Lisboa (Angola)
IV. Maio de 68: o início da 3ª fase (31 de Maio a 1 de Junho de 1968), com George Pompidou a chefiar um governo de transição e a alastrarem no país as manifestações de apoio a De Gaule, com a capital francesa controlada/cercada , desde a noite anterior, pelos paraquedistas fieis ao antigo herói da II-GG.
HAF
[notas originais no Moleskine]

10069º Dia

I.
08.00-10.30: Início do regresso….Santiago-Braga
10.30-15.00: Reunião da coordenação dos grupos de investigação do NICPRI . Plameamento e desenho do Seminário anual.
As contingengências de um “automóvel” atrasaram a retoma da viagem . Nada que impedisse o previsto (e estupendo) jantar , na companhia dos filhos “estudantes-emigrados” no centro e norte, num restaurante “descoberto” na linha das praias de Gaia. O “caracter único” do concerto de Amy Winehouse ajudou a encher a noite.
II. A proposta dos novos estatutos da Universidade de Évora em debate público.
Uma boa notícia que merece ser destacada , numa instituição onde há ainda muito a fazer em matéria de boas práticas. Lê-lo-ei nos próximos dias e apesar do limitado espaço de tempo disponível para o debate (cerca de uma semana) não deixarei de me pronunciar sobre o assunto, usando os canais adequados.
III. Mas à entrada em Portugal as primeiras “novas” eram outras: um debate radiofónico sobre a “crise do PS” : a carta de Mário Soares e o seu mau acolhimento nos meios dirigentes do PS ; a participação de Manuel Alegre numa iniciativa /conferência do Bloco de esquerda sobre a profunda e chocante desigualdade social no país ; o comportamento trauliteiro (“animalesco”) do Primeiro-Ministro e do PS no debate do dia anterior no Parlamento… Mau sinal, muito mau sinal. A maioria absoluta em Portugal tende a fomentar a prática política e tornar os políticos “rascas”. Desliguei o rádio …
IV. Maio 1968: Depois das manifestações e greves dos dias anteriores, o Presidente de De Gaule dissolveu o Parlamento , convocou eleições e teve uma enorme manifestação de apoio (cerca de 1 milhão em Paris. Chegava ao fim a 2ª fase de “Maio de 1968”

HAF
[notas originais no Moleskine]

10068º Dia

I
09.00-11.30: Preparação de aulas HPC-II e MEHE
12.30-15.00: “O Mundo Actual II “/Parte II - Portugal e o Império Colonial : o Colapso, a Guerra Colonial II e a Descolonização numa perspectiva comparativa
15.00-16.3o: almoço com Tito/VRUSC e o “matemático” de Vigo.. Um peixe soberbo em torno da questão “nacional” da língua [galego, português, castelhano…. ] e das “vantagens comparativas” da Galiza.. O mundo da “diversidade europeia” e de como tem de ser possível unir a diversidade.
16.30-21.00: re-visitei alguns dos locais que mais gosto em SC
21.00-24.00: a ceia (está a tornar-se clássica) em El Bispo com a MJ.
24.30…arrumar para o regresso.
II. E “Chove [menos] em Santiago”.

HAF
[notas originais no Moleskine]

10067º Dia

I
09.00-11.30: Preparação de aulas … e correio .
12.00-14.30: Conferência I - Portugal e o Império Colonial ( A emergência, fase da ocupação/Guerra Colonial I e a era de Povoamento/Exploração)
12.00-13.30: “ O Mundo Actual II” /Parte 1: Portugal e o 3ª Império /Emergência, Guerra de Ocupação e Povoamento
II. Universidades, Bolonhização e Credenciação dos Cursos. estilos de trabalho
Em Espanha a metodologia de adopção do processo de Bolonhização ou a Europeização dos programas de formação universitários (1º a 3ª Ciclos) foi diferente. Ao mesmo tempo que as Universidades procediam à adaptação dos antigos planos de estudo ou criavam novos, chamados “cursos europeus”, o Ministerio de la Sciencia e Innovation criava a Agência de Calidad (ANECA). As Universidades são obrigadas a submenter à apreciação da ANECA (organismo dependente do MSI mas exclusivamente constituido por especialistas universitários e profissionais) os cursos adaptados ou novos, sem o aval do qual não podem funcionar. A ANECA acaba de dar um parecer sobre as primeiras 205 propostas de 1º Ciclo, recusando nesta fase cerca de 30% (na larguissima maioria propostos por Universidades privadas) ; decorre agora um curto período de recurso. Os primeiros “cursos europeus” começarão a ser lecionados no próximo ano lectivo.
Em Portugal fez-se tudo ao contrário. Estão “bolonhizados” centenas e centenas de cursos do 1º e 2º Ciclos, alguns a funcionarem há dois anos. A maior parte dos estudantes foram conduzidos a uma “bolonhização forçada”, e nenhum dos cursos foi ainda foi avaliado ou credenciado cientificamente (mas apenas administrativamente) . Que tipo e condições haverá para uma boa avaliação pela futura Agência que um dia haverá de fazer alguma coisa? E quem vai pagar o custo da clássica pressa e da má estratégia portuguesa ?
III. Enquanto “Chove em Santiago” cruzo com uma parte do mundo no El País…..
a)A grande , socialmente justa e perigosa greve dos armadores e pescadores na Europa…está em marcha em França ( a liderar?) e na prática começou também em Espanha, bélgica e UK.. Nos próximos dias alastra a Portugal e Itália (dia 30). Parece alastrar-se discretamente a outros sectores socio-económicos… É preciso mudar as políticas europeias e o Estado tem de regressar à economia, o mais rápido possível.
b)A morte de Sydney Pollack… um “cineasta comprometido”
c)O Centro Documental da Memória História de Salamanca (dedicado à Guerra Civil) está em marcha e nos próximos dias terá um director. Na Galiza também avançam os projectos (naturalmente com alguma controvérsia) para a preservação de Memória Democrática galega.
E sobre a experiência dos republicanos exilados em França no período da 2ª GM, elevada e reflexiva a forma como o artista Juan Alcalde, agora com 90 anos, se referiu recentemente à impressão do momento em que executou o desenho em leito de morte do último presidente da República Democrática espanhola, Manuel Azaña Diez (1880-1940), já na França ocupada e num hotel em Montauban: “Yo creo que ese hombre tan fino, penetrante y espiritual murió de miedo, que es una forma muy decente de morir” [EP, 28.05.08]
HAF
[notas originais no Moleskine]

10066º Dia

I.
08.00-12.00: Preparação de aulas.
13.00-14.00: “ O Mundo Actual II” ( Estado Novo e Franquismo em Comparação)
16.00-20.00: Arquivo Historico Universitario (Fondo: Expedientes Persoais de Alumnos)
II. Portugal as Elites e as Desigualdades Sociais: o corajoso texto de Mário Soares hoje editado no DN
«(…) Depois de duas décadas de neoliberalismo, puro e duro - tão do agrado de tantos que se dizem socialistas, como desgraçadamente Blair - uma boa parte da Esquerda dita moderada e europeia parece não ter ainda compreendido que o neoliberalismo está esgotado e prestes a ser enterrado, na própria América, após as próximas eleições presidenciais. A globalização tem de ser, aliás, seriamente regulada, bem como o mercado, que deve passar a respeitar regras éticas, sociais e ambientais.
Em Portugal, permito-me sugerir ao PS - e aos seus responsáveis - que têm de fazer uma reflexão profunda sobre as questões que hoje nos afligem mais: a pobreza; as desigualdades sociais; o descontentamento das classes médias; e as questões prioritárias, com elas relacionadas, como: a saúde, a educação, o desemprego, a previdência social, o trabalho. Essas são questões verdadeiramente prioritárias, sobre as quais importa actuar com políticas eficazes, urgentes e bem compreensíveis para as populações. Ainda durante este ano crítico de 2008 e no seguinte, se não quiserem pôr em causa tudo o que fizeram, e bem, indiscutivelmente, para reduzir o deficit das contas públicas e tentar modernizar a sociedade. Urge, igualmente, fortalecer o Estado, para os tempos que aí vêm, e não entregar a riqueza aos privados. Não serão, seguramente, eles que irão lutar, seriamente, contra a pobreza e reduzir drasticamente as desigualdades…»
O Dr. Mário Soares preocupa-se com o impacto eleitoral (a temida viragem “esquerdista”) da especialmente vergonhosa situação portuguesa, e como fundador e “bom amigo” avisa o Partido do Governo. O que é cada vez mais claro é que a “rua”, uma rua “inter-classista” e “inter-geracional”, prepara-se para ficar cheia. O exemplo dos “professores” mostra como a “coisa” pode tomar proporções enormes e “radicais”. E alguma sabedoria ensina-nos que nada é definivito e eterno.
III. “Chove em Santiago” mas desenham-se temporais mais importantes noutros espaços.
“La «Unión Oriental» de Europa”. La EU recibe com frialdade el pçan de Suecia y Polonia para los paises ex soviéticos” enquanto “Las Turbulências vuelven al Este. La Instabilidade politica azota a los socios más jóvenes de la EU por la falta de consolidación de los partidos, las desigualdades sociales y la corrupción” . Paises como a Bulgária, a República Checa, a Eslováquia, a Polónia, a Hungria, a Roménia , a Lituania, a Estónia e a Letónia, experimentaram já desde 1989 ou 1993, entre 11 e 14 governos….. (Cf. El Pais, 27 Mayo , p.6)
HAF
[notas originais no Moleskine]

10065º Dia

I
10.00-14.00: Reuniões, contactos , afinamento de actividades (LFP, XNS e MVC/ Departamento de Historia Contemporánea e da América: Fac. Xeografia e História)
16.00-20.00: Arquivo Historico Universitario (Fondo: Expedientes Persoais de Alumnos)
22.00… Correspondência vária.
II. E “Chove em Santiago”….

HAF
[notas originais no Moleskine]