Outubro, 20
I
07.00-09,00: Ginásio
09,00-11,00: Despacho do CC ECS UE
11,00-13,00: Despacho e Reunião da direcção do ACTAE-NICPRI.UÉ
14,00-18,00: Documentação “Concurso Professor Associado: História” (ISCTE): 5 candidatos
18,30-20.00: Correspondência
II
20 de Outubro de 1910. Quinta Feira (DN). As “Residências Reais“ merecem o editorial: “A exaucturação da dinastia de Bragança deixou devolutos uns poucos de palácios, àcerca dos quais o novo governo não deixará de adoptar immediatamente providências, já sobre a sua conservação e destino, já sobre o arralomento e guarda dos móveis, que n`elles se conteem.
Se não estamos em erro , são estas as residências que ficam ao dispor do Estado e que eram já todas, exceptuando umas três ou quatro, propriedade da nação: Mafra, Cintra, Pena, Ajuda, Belém, Necessidades, Alfeite, Porto, Vila Viçosa, Os três últimos, e ainda mais algum, como a Quinta da Bacalhoa e o chalet do Estoril, cremos que são propriedade particular, sobretudo o de Vila Viçosa que é o solar dos Duques de Bragança.” E seguem sugestões para o uso republicano dos edifícios da nação, como instalações do chefe do estado, museus artísticos , etc.. “
O amortecimento da agitação Coimbrã [ tomada de posse do novo reitor, recepção do Ministro do interior, etc] foi alvo de apreciação do Conselho de Ministros, e prosseguiram os rituais de homenagem a figuras republicanas.
Nos meus operários destaca-se a realização do Congresso da Indústria Textil – “é preciso não só salvaguardar os interesses dos industriais, mas dos operários e do público, dizem as associações operárias”-, e a diligência efectuada pela Confederação Metalúrgica de Lourenço Marques junto da Associação de Operários Metalúrgicos com vista ao recrutamento “ de operários metalúrgicos com competência profissional” para aquela colónia , solicitação a associações lisboeta acabou por não acolher porque “as condições indicadas no telegrama são de tal natureza inaceitáveis que se resolveu responder que a associação não convidada qualquer sócio a ir trabalhar para aquela colónia”
“Um operário” dirigiu ao director do jornal uma carta sobre “ O dia normal de 8 horas de trabalho” que rezou assim: “Sr Director. Permiti que um operário , há anos ansioso de reivindicar direitos por ter sempre cumprido deveres , exponha as suas impressões angustiosas pelo que está presenceando com o horário do dia normal de oito horas de trabalho. É do conhecimento de todas as pessoas mais ou menos lidas nos mais rudimentares estudos das questões sociais baseadas na moderna sociologia, que com o advento da República em Portugal, o governo provisório, sem necessidade de estudo, por já ter sido objecto de resoluções de congressos e nomeadamente no último em Setúbal, devia decretar para os estabelecimentos do Estado o dia de oito horas, e escusado será dizer que esse horário é para os operários, porque a burocracia tem sola quando entra para as repartições às dez, o que tem sido até ao presente letra morta.
É certo que em alguns municípios, nos arsenais , cordoaria e obras públicas, por terem `à sua frente indivíduos antigos e verdadeiros republicanos, estabeleceram o horário; mas estabelecimentos do estado existem em cuja direcção continuam antigos monarchicos, que proclamada a República a ela aderiram sem fogo nem paixão, nem a mais leve preocupação de quanto tem que evolucionar no campo sociológico para demonstrarem que não são simples christãos novos. O espírito em antítese com a democracia ficou imperando, perdendo-se tempo e dinheiro em exterioridades mais ou menos theatrais para darem nas vistas, , e o que diz respeito a melhorar situações de classes desprotegidas, continua a prevalecer o systema de reacção de maldita memória.
Se numa habitação onde a vida periga pelas péssimas condições de higiene, depois da visita da sanidade e de convenientemente desinfectada, não se mantiver a aragem …que vivifica, o ambiente tornar-se-a a breve trecho infecto e todo o trabalho de sanidade que se pôs em practica na melhor das intensões ficou nullo[…].
Assim se o governo provisório […] não se preocupar com a conducta politica dos antigos monarchicos, espécie de “pau para todas as obras”, ou, para melhor classificação, “christãos novos”, deixados por diversas causas ou razões à frente de estabelecimentos , elles esmagarão as aspirações dos subordinados , que à causa deram anos de sacrifícios e o descontentamento justificado será a ruína da mesma causa.
Não se compreende que se continuem a manter regulamentos diferentes em estabelecimentos do mesmo Estado. As injustiças eram grandes, se continuarem é caso para os operários reunirem-se nas suas associações e falarem alto.
O estabelecimento do dia de 8 horas não necessita de estudos nem de derivações de verbas especiais ou extraordinárias; necessita apenas de um bafejo de justiça acalentada pelo lampejo da equidade. Pela publicação desta se confessa grato. Um Operário”
HAF
Editorial
Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)