I
08.30-12.00: Documentos Parlamentares (1ª República)
15.00-17.00; Cf. NYT, USA National Security Archives
17.30-9.30: Visita simpática do P..: pareceu-me animado.
II . 11 de SETEMBRO, um dia ínfame, uma data inconveniente.... na História do Estados Unidos da América, do Chile , da Liberdade e e do Terrrorismo
Passei os olhos pela principal imprensa nacional. Com maior ou menor destaque evoca-se apenas o 7º aniversário do atentado terrorista conduzido por um comando da Al-Qaeda que literalmente pulverisou duas das mais emblemáticas torres do World Trade Center (cuja inauguração data de 1973) em New York , matando 2.998 pessoas , e terá provocado estragos não conhecidos no Pentágono. Referindo-se a este primeiro “dia negro” da história do Séc XXI, a nossa imprensa evoca essencialmente o debate sobre as teorias da conspiração (Sol) ou o valor simbólico do dia como marca do declínio do império americano (Pùblico), o respeito pelas vítimas (O silêncio em NY, JN) ou a data que marcou a era Bush (ou seja o início do seu declínio) [ DN: que tem a noticia na primeira página com uma infografia interessante). Referem ainda , a propósito, a trégua de quatro dias (as “comemorações nos EUA começaram no dia 7 de Setembro) mantida pelas campanhas d Obana e McCain.
Na imprensa internacional o panorama não é muito diferente: na Europa, o “destque” resume-se a nota curtas sobre as comemorações e a paragem na campanha política em curso (The Sun, The Independent) e a inclusão de um ou outro artigo mais reflexivo sobre as questões de segurança, da vigilância e das liberdades sacrificadas (Le Monde). Nos Estados Unidos a imprensa está naturalmente mais atenta a esta data enfatisando o acto terrotista de 2001 : jornais como o NYT têm desde o dia 7 o assunto na agenda. Não evocam apenas o traumático episódio , as “torres da memória” , as perdas humanas e a humilhação nacional mas expressam também uma atitude positiva imaginando as “ torres do futuro” , já em construção. Sobre este tópico compreende-se o foco americano e não deixa de surpreender s o mininalismo/distanciamento europeu. Mas no dia 11 de Setembro é incontornável uma outra evocação histórica, à qual os EUA não são de todo alheios e também não a deviam esquecer. Antes de a ela me referir gostaria de notar dois factos hoje ocorridos que poderão não ter (e provavelmente não terão) um lugar de segundo plano no plano das relações internacionais e especialmente inter-americanas : refiro-me naturalmente à axceleração da tensão entre os EUA e alguns países sul-americanos. Na Bolívia, o Presidente Morales declarou o embaixador americano “persona non grata”, acusando-o (e ao país que representa) de incitar os bolivianos às manifestções e violência civil em curso em alhumas das regiões mais ricas do país (gaz natural, petróleeo) , como Tarija e Santa Cruz. Na Venezuela , Hugo Chavéz, que acaba de acolher meios militares russos (com potencial atómico) para manobras connjuntas, desmonta uma golpe militar em preparação, um facto a que os americanos a que os americanos podem não estar ausentes. Nãome surpreenderia se também na Venezuela, Chaves respondesse com a expulsão do embaixador americano. Tudo isto enquanto, surpreendentemente, o preço do petróleo desce com alguma vertigem….Estes episódios estão naturalmente bem presentes em toda a imprensa electrónica.
Mas o que eu pretendo aqui evocar é o 11 de Setembro de há 35 anos atrás. O dia 11 de Setembro de 1973, o dia mais longo e traumático da “Batalha do Chile”, no qual um golpe militar conduzido por militares chilenos com o apoio e consentimento americano, derrubou, numa das mais antigas e sólidas democracias da América Latina, o poder legítimo e democrático liderado Presidente Salvador Allende Gossens, e instalou uma ditatura, capitaneada por uma junta militar emque pontificou o General Augusto Pinochet Ugarte, meses antes promovido, pelo governo democrático, a Chefe de Estado Maior do Exército Chileno. Pinochet durante duas décadas governou o país com o sistemático recurso ao terrorismo de Estado, sempre com o generoso apoio dos governos americamos republicanos. Com o colapso da Democracia Chilena morreria também Pablo Neruda, na Ilha Negra (22-09-1973) embora não assassinado como entretanto ocorrera com o cantante Victor Jara e muitos outros milhares de chilenos.
Ora uma das experiência mais terríveis – com dezenas de milhares de vítimas, dos últimos 20 anos da Guerra Fria, não pode deixar de ser evocada…e imagino que aos cidadãos americanos não a grade a evocação. O facto é que a generalidade da imprensa de hoje ignorou-a completamente, apesar das nuvens negras que , 35 anos depois, voltam a pairar sobre a América Latina e a sua relação com os EUA. Mas há uma excepção . o Jornal El País dá-lhe a merecida atenção. O artigo principal é dedicadoa novos documentos históricos [“Nuevos archivos de Nixon y Kissinger revelan que querían evitar la llegada al poder de Salvador Allende”] A noticia inclui ainda uma nota biográfica sobre os principais protagonistas desta história [ o médico, político socialista e líder da Unidad Popular e Presidente do Chile, democratica e constitucionalmente eleito (1970), Salvador Allende Gossens (1908-1973); o oficial militar, General Augusto Pinochet Ugarte (1915-2006); O Presidente Americano, o republicano Richard Nixon (1913-…) e o seu “Assistant to the Presidente for National Security Affairs , Henry A. Kissinger (1923-…), que por esta ordem aparecem no friso infra: A história da Presidência de Salvador Allende e da ditadura de Pinochet é naturalmente alvo de grande atenção historiográfica.
Robert J. Alexander: The Tragedy of Chile , Westport, Greenwood Press, 1978 (Questia OL)
Thomas C. Wright, Rody Oñate, Irene B. Hodgson: Flight from Chile: Voices of Exile. University of New Mexico Press, Albuquerque, 1998,
Stefan De Vylder: Allende's Chile: The Political Economy of the Rise and Fall of the Unidad Popular, Cambridge University Press, Cambridge, England, 1976. (Questia ON)
Katherine Hite: When the Romance Ended: Leaders of the Chilean Left, 1968-1998, Columbia University Press, NY, 2000.
Thomas C. Wright: Latin America in the Era of the Cuban Revolution, Praeger Publishers, 2001
Arturo Valenzuela e Pamela Constable: A Nation of Enemies: Chile under Pinochet, W. W. Norton, NY 1991 1991
Lisa Baldez: Why Women Protest: Women's Movements in Chile, Cambridge University Press. Place of Publication: Cambridge, UK, 2002.
Robert Barros: Constitutionalism and Dictatorship: Pinochet, the Junta, and the 1980 Constitution, Cambridge University Press, Cambridge, UK, 2002.
Darren G. Hawkins: International Human Rights and Authoritarian Rule in Chile, University of Nebraska Press, 2002
Alexandra Barahona De Brito: Human Rights and Democratization in Latin America: Uruguay and Chile, Oxford University Press, UK, 1997
Laurence Whitehead:The International Dimensions of Democratization: Europe and the Americas, Oxford University Press, 2001
Peter Kornbluh: The Pinochet File: A desclassified Dossier on Atrocity and Accountability, LAT, 2003
Frederick H. Gareau, State Terrorism and the United States: From Counterinsurgency to the War on Terrorism, Clarity Press, 2004
John Dinges: The Condor Years: How Pinochet and His Allies Brought Terrorism to Three Continents , New Press, NY, 2005 ......etc....
Tal como a generalidade da imprensa escrita ou digital, também os media parace não terem dado qualquer relvância ao tema. Pelo menos foi o que aconteceu na TV. Nem canais públicos ou privados dedicaram um programa ao assunto ou aproveitaram a circunstância para substituir um dos muitos filmes e programas mediocres que nos oferecem diariamente por um dos filmes dedicados a ao Chile, nos nos tempos de Allende e/ ou do Pinochet. E no entanto a matéria mereceu também a atenção cinematográfica, nomeadamente por parte do cinema internacional e do cinema de exílio. Destaco uma série documental e provavelmente o filme mais visto. O filme vi-o duas ou três vezes:
IL PLEUT SUR SANTIAGO / IT IS RAINING ON SANTIAGO / NAD SANTIAGO VALI / RAIN OVER SANTIAGO / CHOVE SOBRE SANTIAGO (1975), de Helvio Soto (Chileno, exilado: 1930-2001) com música original de Astor Piazzola : rodado em França e Bulgária, e assumidamente uma ““una película de propaganda” (Elvio Soto) que relata o golpe de Estado de 1973
Menos conhecida é a vigorosa série de documentários realizados por Patricio Guzman, o cinesta chileno (1941-…..) para quem “Um país que no tiene cine documental es comouna família sin album de fotografias”. O destaque vai para o série dedicada ao que ajustadamente chamou a Batalha do Chile:
Patrício Guzmán assinará ainda mais três películas que , dedicados ao mesmo tema, constituirão também referências essenciais do cinema documental e como aanterior série terá um grande acolhimento internacional entre a crítica e os jurados dos vários prémios que amealhou na sua carreira cinematográfica.
Nos próximos dias regressarei seguramente ao Chile dos anos 1960s-70 e à América Latina actual.
HAF
Editorial
Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)