Um dia à volta de uma agregação, duas cátedras e uma mala de viagem.
II
Ontem a “Escola Pública na rua” enfrentou a amargurada arrogância do Poder de Maioria Absoluta na mais importante manifestação “profissional” da História Portuguesa (e de dimensões raras na Europa)
[Fotos da Lusa e de Vera Moutinho]
Por detrás destas fotografias estiveram 70% dos professores do Ensino Público (não superior) do país (143.000). Muitos mais ficaram nas suas aldeias, vilas e cidades porque esgotou-se o parque de aluguer de autocarros. É apenas insultuoso considerar “mal informados” (desconhecimento) um dos sectores profissionais mais qualificados do país.
Parece sensato considerar ter chegado ao limite a oportunidade da Srª Ministra da Educação ter sido um exemplo de competência técnica e política na operacionalização de uma indispensável reforma educativa. A senhora não foi capaz de fazer com sensatez um trabalho difícil. Fez o mais fácil: TENTAR REFORMAR SEM CONCERTAÇÃO, SEM TRANSPARÊNCIA E CONTRA AS PESSOAS. A partir de agora, com ela no Governo, o país está a perder tempo, dinheiro e qualificação. A perder muito tempo e muito dinheiro e, o pior de tudo, a tramar o futuro de muitos jovens. A SRª MINISTRA DEVERIA EVITAR DEIXAR O PAÍS HERDEIRO DESTE CONTRIBUTO E LIBERTO DE UMA MEMÓRIA TÃO NEGATIVA. Os Sindicatos (e não gostei de tudo o que vi) e os Professores devem ponderar a forma como fazer a transição da rua para um patamar mais criativo (sem becos). Vi hoje alguns sinais deste risco. Estou convicto que Mário Nogueira, o SG da FRENPROF, que soube ser o homem certo que estando no lugar certo criou o “momento certo” não se deixará deslumbrar e saberá sair da rua no momento certo. O país ficará melhor. Os próximos dias serão decisivos….
O Governo não deve dar importância nenhuma às considerações do impagável SEE Valter Lemos sobre o fim do sindicalismo (uma das marcas dos ditos peritos em Eduquês é a ignorância do contexto) mas pensar no extraodinário significado da declaração de uma das professoras que esteve entre centena de milhar de manifestantes: «Mais do que fazer aquilo que me dizem os sindicatos, faço o que quero fazer por mim». [Paula Cristina Fernandes, professora de inglês na Escola dos Marrazes, em Leiria]. Cá por casa, a pessoa mais envolvida na matéria deixou este breve comentário: “ ontem recuperei o orgulho de ser professora “.
Uma nota final para a extraordinária reacção do dr. Augusto Santos Silva , típico ministro do lado triste do regime (estava a ver se me lembrava de algo útil e duradouro que ele como ministro de tantas coisas nos tivesse legado ….).
HAF