I
A jornada foi essencialmente ocupada com os trabalhos preparatórios e, ao final da tarde, a reunião com os alunos admitidos no Curso de Mestrado de Estudos Históricos Europeus. A eficiência com que algumas das pessoas actuaram mostra que há coisas a correr bem nos serviços da Universidade de Évora. A reunião foi de grande utilidade e parece-me ter deixado boas expectativas para todos. A mensagem principal foi de que está a ser feito um esforço grande para reunir as condições necessárias ao cumprimento dos objectivos do programa de mestrado – a formação do historiador comparatista. Foi possível anunciar a assinatura de um protocolo de cooperação para a mobilidade de docentes e estudantes com a Fakultät für Geschichtswissenschaft, Theologie und Philosophie (Universität Bielefeld), que integra uma das mais importantes escolas europeias de História Social da Europa. Trabalhar com o grupo de estudantes admitido, com experiências tão diferenciadas, promete ser uma tarefa aliciante neste esforço de recuperação de um “velho” programa Mestrado (adaptado a 2º Ciclo) efectivamente orientado para a nova (escrita da) História da Europa, agora centrada nos Séculos XIX e XX.
II
Decorrente da entrada em vigor (a partir de 10 de Outubro) do novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES), sabia-se eminente a definição dos procedimentos para construir o novo quadro institucional da Universidade. O primeiro passo é naturalmente o da criação de uma quase “Assembleia Constituinte” ou , ainda melhor dizendo, de uma “Assembleia Estatuinte” , cujo objectivo é dotar a Universidade de novos estatutos ajustados ao dito RJIES. A dimensão das alterações a introduzir não se adequam ao termo de uma simples revisão. Algumas das “forças” no terreno já davam sinais de movimentação. Hoje o processo ficou mais visível com a publicação do “Regulamento Eleitoral para a eleição da Assembleia ad hoc para a Revisão Estatutária” (Ordem de Serviço Nº 19/2007) e do Despacho Reitoral que constitui a Comissão Eleitoral (2 professores auxiliares !!! e um estudante). As exclamações anteriores….são isso mesmo , o que o leitor está a pensar. Além disso como o Regulamento no seu Art.º 5-2 estabelece que a Comissão Eleitoral é presidida pelo professor de mais elevada categoria e nada fixa no caso de eles terem a mesma categoria, ficará sempre como motivo de curiosidade saber como, da dita comissão eleitoral, um deles foi indigitado presidente. Mas isso são “monkey nuts”, e não é difícil perceber o elevado propósito.
O mais importante é que estão fixados os procedimentos para a apresentação das candidaturas ( por listas separadas de doutorados e estudantes) , definido o curso do acto e o método do apuramento final (representação proporcional de Hondt) assim como o calendário eleitoral para a eleição dos 12 doutorados e 3 alunos (data das eleições a 21 de Novembro) e os procedimentos sequentes ( cooptação de 5 personalidades externas a 28 de Novembro).
O mais importante é todos termos consciência que a Universidade de Évora vai iniciar uma fase decisiva da sua vida institucional, período no qual se moldará o que se tornará o futuro. É uma oportunidade essencial. Todos, de diferente forma, temos obrigação de participar no debate que se aproxima. E o debate pressupõe o conhecimento da nossa experiência (e da experiência dos outros). Por isso, decisivo para um debate esclarecedor e criador são os seguintes aspectos :
a) Tornar público no mais curto prazo o Relatório Final da Comissão de Avaliação Institucional da Associação Europeia das Universidades (este é um aspecto fundamental e deve ocupar um lugar central no debate) .
b) Tornar claro e público o compromisso de cada uma das listas em relação aos princípios essenciais que nortearão a sua estratégia no desenho dos novos estatutos.
E a estes aspectos , nos detalhes que implicam, não deixarei aqui de voltar.
HAF
Editorial
Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)