07.30-23.00
“Social Mobility, Operative Issues and Trends: the Portuguese Experience (1870-1970)” [ for C&C, CUP, in progress]
Editorial
Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)
À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.
DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.
Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.
A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.
Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.
Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)
sexta-feira, novembro 30
quinta-feira, novembro 29
9890º Dia
00.00-05.00 /10.00-22.00
“Social Mobility, Operative Issues and Trends: the Portuguese Experience (1870-1970)” [ for C&C, CUP, in progress]
“Social Mobility, Operative Issues and Trends: the Portuguese Experience (1870-1970)” [ for C&C, CUP, in progress]
quarta-feira, novembro 28
9889º Dia
I
Aproxima-se a data limite para a entrega do artigo para o dosssier sobre a Mobilidade Social na Europa que será publicado na Continuity and Change. Apesar da grande dispersão que decorre das aulas, dos júris académicos, das actividades da Rede da 1ª República , e dos programas pós-graduados da instituição ( e dos interinstitucionais em fase de planeamento) ser capazes de concluir o que há a fazer para estarmos naquela edição.
II.
À tarde reuniu o Grupo de História Contemporânea: curso interinstitucional do 3º Ciclo (oportunidades e estratégias); ciclo de conferências para o 2º Semestre em colaboração com o IHC.UNL; e visita de estudo a Aveiro foram os 3 pontos essenciais da agenda. Houve ainda um debate acesso (e emocional) sobre o resultado da avaliação institucional da UE.
III. As eleições estatuintes nas outras universidades.
Começamos a ter uma ideia mais ou menos geral como estão a decorrer nas Universidades Públicas as eleições para a assembleia estatuinte. Na generalidade das Universidades a participação do corpo docente (candidatos e eleitores) restringiu-se ao corpo de doutorados. Só conheço um caso em que o corpo eleitoral compreendeu os “professores”. Na generalidade delas houve pelo menos duas listas de doutorados, em algumas houve listas únicas institucionais, com o apoio formal ou informal dos reitores. Excepcionalíssimo é o caso de uma lista institucional ter uma composição encabeçada pela equipe reitoral ( as listas institucionais compreenderam essencialmente os presidentes dos CC. das diversas faculdades) e a liderança objectiva do reitor (“impensável” comentou um dos vice-reitores de uma Universidade sediada em Lisboa). Mais comum parece ser o desinteresse dos alunos cuja participação na escolha dos seus representantes foi escassa. Por exemplo, na UC, onde o acto decorreu na passado dia 26, voratam cerca de 75% dos professores e 5,6% dos alunos. Poder-se-á alegar que a marcação do acto para o dia imediatamente anterior ao da votação para a eleição da direcção geral da AAC (27 e 28 de Nov.) não foi muito feliz. Alguma confusão se criou já que as três listas estudantis candidatas à assembleia estatuinte são também candidatas à AAC, um facto que é muito mais mobilizante. Uma nota final: dos resultados eleitorais parece ampla a convição de que os projectos estatutários minimalistas e centralistas não terão uma grande margem para serem bem sucedidos.
IV. O “Institutional Evaluation Report of the University of Évora” (IERUE)
Divulgado pelo Magnífico Reitor há quase 5 dias….o silêncio que encontro nos users é notável. Ou está toda a gente à espera da versão bilingue, ou ….. nada.
A Universidade de Coimbra também já conhece a versão draft da avaliação. A instituição tem uma estrutura mais complexa. O relatório refecte isso. Tive oportunidade de conversar com pessoas que integram corpos e grupos diversos (professores e dirigentes associativos) que estão a analisá-lo com detalhe, mas a apreciação geral é bastante positiva.
É absolutamente indispensável ler o IERUE. A seguir é preciso conhecimento, para encontrar, e firmeza ética, para construir, uma forma institucional que propicie a superação das dificuldades essenciais que marcam a “complex situation” da nossa Universidade. Escreve-se no IERUE: “The restructuring without a good analysis and understanding of the currente situation and a realistic shared vision, strategic plan may not deliver the excepted benefits”. Exactamente por falta do que aqui agora se recomenda (e que é uma regra básica) já se pagou, na última década, um preço demasiado elevado, pelo menos em alguns segmentos da UÉ. Um passo positivo a dar é ter a humildade de ver como é que outras instituições se têm saído bem nesta era da adaptação criativa (experiência e criatividade). Não nos deixemos deslumbrar com os ditos factos "positivos" de conjunturas muito, mas mesmo muito, particulares. A história ( e a mortalidade) das Organizações está cheia desses fogos fátuos.
HAF
Aproxima-se a data limite para a entrega do artigo para o dosssier sobre a Mobilidade Social na Europa que será publicado na Continuity and Change. Apesar da grande dispersão que decorre das aulas, dos júris académicos, das actividades da Rede da 1ª República , e dos programas pós-graduados da instituição ( e dos interinstitucionais em fase de planeamento) ser capazes de concluir o que há a fazer para estarmos naquela edição.
II.
À tarde reuniu o Grupo de História Contemporânea: curso interinstitucional do 3º Ciclo (oportunidades e estratégias); ciclo de conferências para o 2º Semestre em colaboração com o IHC.UNL; e visita de estudo a Aveiro foram os 3 pontos essenciais da agenda. Houve ainda um debate acesso (e emocional) sobre o resultado da avaliação institucional da UE.
III. As eleições estatuintes nas outras universidades.
Começamos a ter uma ideia mais ou menos geral como estão a decorrer nas Universidades Públicas as eleições para a assembleia estatuinte. Na generalidade das Universidades a participação do corpo docente (candidatos e eleitores) restringiu-se ao corpo de doutorados. Só conheço um caso em que o corpo eleitoral compreendeu os “professores”. Na generalidade delas houve pelo menos duas listas de doutorados, em algumas houve listas únicas institucionais, com o apoio formal ou informal dos reitores. Excepcionalíssimo é o caso de uma lista institucional ter uma composição encabeçada pela equipe reitoral ( as listas institucionais compreenderam essencialmente os presidentes dos CC. das diversas faculdades) e a liderança objectiva do reitor (“impensável” comentou um dos vice-reitores de uma Universidade sediada em Lisboa). Mais comum parece ser o desinteresse dos alunos cuja participação na escolha dos seus representantes foi escassa. Por exemplo, na UC, onde o acto decorreu na passado dia 26, voratam cerca de 75% dos professores e 5,6% dos alunos. Poder-se-á alegar que a marcação do acto para o dia imediatamente anterior ao da votação para a eleição da direcção geral da AAC (27 e 28 de Nov.) não foi muito feliz. Alguma confusão se criou já que as três listas estudantis candidatas à assembleia estatuinte são também candidatas à AAC, um facto que é muito mais mobilizante. Uma nota final: dos resultados eleitorais parece ampla a convição de que os projectos estatutários minimalistas e centralistas não terão uma grande margem para serem bem sucedidos.
IV. O “Institutional Evaluation Report of the University of Évora” (IERUE)
Divulgado pelo Magnífico Reitor há quase 5 dias….o silêncio que encontro nos users é notável. Ou está toda a gente à espera da versão bilingue, ou ….. nada.
A Universidade de Coimbra também já conhece a versão draft da avaliação. A instituição tem uma estrutura mais complexa. O relatório refecte isso. Tive oportunidade de conversar com pessoas que integram corpos e grupos diversos (professores e dirigentes associativos) que estão a analisá-lo com detalhe, mas a apreciação geral é bastante positiva.
É absolutamente indispensável ler o IERUE. A seguir é preciso conhecimento, para encontrar, e firmeza ética, para construir, uma forma institucional que propicie a superação das dificuldades essenciais que marcam a “complex situation” da nossa Universidade. Escreve-se no IERUE: “The restructuring without a good analysis and understanding of the currente situation and a realistic shared vision, strategic plan may not deliver the excepted benefits”. Exactamente por falta do que aqui agora se recomenda (e que é uma regra básica) já se pagou, na última década, um preço demasiado elevado, pelo menos em alguns segmentos da UÉ. Um passo positivo a dar é ter a humildade de ver como é que outras instituições se têm saído bem nesta era da adaptação criativa (experiência e criatividade). Não nos deixemos deslumbrar com os ditos factos "positivos" de conjunturas muito, mas mesmo muito, particulares. A história ( e a mortalidade) das Organizações está cheia desses fogos fátuos.
HAF
terça-feira, novembro 27
9888º Dia
2º dia das Provas de Agregação /UC. Uma aula de que se esperava mais, uma arguição dura e incisiva. Uma reunião final que... aprovou o candidato por unanimidade, com voto individual justificado. Ficou o processo encerrado.
O prazer de voltar a Coimbra, o acolhimento fraterno de amigos e colegas, e o mútuo respeito e afecto de antigos professores agora colegas, manter-me-á sempre um “coimbrinha” , se isso significa uma determinada cultura académica de grande discipulato intelectual.
Ainda houve tempo de trocar impressões sobre projectos comuns futuros… sobre os quais o optimismo é elevado.
O regresso a casa fechou o dia.
HAF
O prazer de voltar a Coimbra, o acolhimento fraterno de amigos e colegas, e o mútuo respeito e afecto de antigos professores agora colegas, manter-me-á sempre um “coimbrinha” , se isso significa uma determinada cultura académica de grande discipulato intelectual.
Ainda houve tempo de trocar impressões sobre projectos comuns futuros… sobre os quais o optimismo é elevado.
O regresso a casa fechou o dia.
HAF
segunda-feira, novembro 26
9887º Dia
1º dia das Provas de Agregação em História (UC). As arguições foram muito interessantes.
Duas matérias conheceram algum desenvolvimento: a de um programa de doutoramento inter-instituições; a do ciclo de conferências sobre Portugal e a Europa que o núcleo de estudantes da FEUC está a organizar. Além disso o encontro de antigos professores e colegas é sempre um momento de um grande prazer pessoal e intelectual. Um prazer que deliberadamente monopolizou o meu dia.
Deu ainda para correr os escaparates dos livros a saldo na velha Praça da República. E lá encontrei duas mãos cheias.
HAF
Duas matérias conheceram algum desenvolvimento: a de um programa de doutoramento inter-instituições; a do ciclo de conferências sobre Portugal e a Europa que o núcleo de estudantes da FEUC está a organizar. Além disso o encontro de antigos professores e colegas é sempre um momento de um grande prazer pessoal e intelectual. Um prazer que deliberadamente monopolizou o meu dia.
Deu ainda para correr os escaparates dos livros a saldo na velha Praça da República. E lá encontrei duas mãos cheias.
HAF
domingo, novembro 25
9886º Dia
Regresso à Academia mater, por dois dias. Faço-o sempre com um enorme prazer, sem que no entanto se manifeste a vontade de ficar lá, profissional e historiograficamente falando. Sinto a UÉ como algo que ajudei a criar e a crescer. E a gente como eu agarra-se a estas coisas e mesmo nos maus dias – e são-no tanto aquele em que tomamos conhecimento da versão draft do relatório da avaliação institucional da EUA (que não tem nada de surpreendente) como o de hoje, o da divulgação da “carta aberta” de uma aluna (que certamente não terá consequências) - acredita que na próxima esquina as pessoas não têm outro remédio senão querer mudar… o seu próprio rumo ou o rumo das coisas.
HAF
HAF
sábado, novembro 24
9885º Dia
I.
Nova leitura crítica (e agora anotada) do “relatório pedagógico-cientifico”, um dos 3 documentos em discussão nas provas de agregação em que participarei como vogal nos dias 26 e 27 de Novembro (FLUC).
II O livro de Pedro Faria e as virtudes da elite politica portuguesa
As noticias da imprensa de hoje despertaram a minha curiosidade para “Ao Volante do Poder” , um livro de Pedro Faria (e co-autoria de Nuno Ferreira), um português há muito instalado em NY onde tem uma empresa de aluguer de limosines que nas últimas duas décadas “foi como que a transportadora oficial… do Estado português”, sendo o autor um dos motoristas que transportou “ diferentes presidentes da República, primeiros-ministros, ministros, secretários de estado, embaixadores e consules”.
O interesse em conhecermos o comportamento (parcial, porque as “histórias escrabosas” ficaram de fora) da nossa elite política numa cidade cosmopolita e distante como NY - “uma cidade que obriga toda a gente as pessoas a serem todas iguais” - é podermos melhor perceber como eles actuam no nosso país. Não resisto em transcrever a história do ministro de…que era fumador: «quando um ministro está a fumar dentro do hotel plaza e vem um empregado dizer “desculpe, mas não pode fumar aqui” e ele “ó Pedro Faria, diga-lhe que eu sou o ministro de….., o empregado quer lá saber se ele é ministro de – ele teem de ir fumar para a rua, como toda a gente” (todas citações são do Público, 23-11.07). Tenho dúvidas que o livro seja apenas de “mexericos”. Depois de acabar de “descascar a cebola” vou-me a ele.
HAF
Nova leitura crítica (e agora anotada) do “relatório pedagógico-cientifico”, um dos 3 documentos em discussão nas provas de agregação em que participarei como vogal nos dias 26 e 27 de Novembro (FLUC).
II O livro de Pedro Faria e as virtudes da elite politica portuguesa
As noticias da imprensa de hoje despertaram a minha curiosidade para “Ao Volante do Poder” , um livro de Pedro Faria (e co-autoria de Nuno Ferreira), um português há muito instalado em NY onde tem uma empresa de aluguer de limosines que nas últimas duas décadas “foi como que a transportadora oficial… do Estado português”, sendo o autor um dos motoristas que transportou “ diferentes presidentes da República, primeiros-ministros, ministros, secretários de estado, embaixadores e consules”.
O interesse em conhecermos o comportamento (parcial, porque as “histórias escrabosas” ficaram de fora) da nossa elite política numa cidade cosmopolita e distante como NY - “uma cidade que obriga toda a gente as pessoas a serem todas iguais” - é podermos melhor perceber como eles actuam no nosso país. Não resisto em transcrever a história do ministro de…que era fumador: «quando um ministro está a fumar dentro do hotel plaza e vem um empregado dizer “desculpe, mas não pode fumar aqui” e ele “ó Pedro Faria, diga-lhe que eu sou o ministro de….., o empregado quer lá saber se ele é ministro de – ele teem de ir fumar para a rua, como toda a gente” (todas citações são do Público, 23-11.07). Tenho dúvidas que o livro seja apenas de “mexericos”. Depois de acabar de “descascar a cebola” vou-me a ele.
HAF
sexta-feira, novembro 23
9884º Dia
I
7.00-12.00: Continua o desenho da escrita de artigo…. Interessantes os resultados da sistematização de trajectos de vida entre 1900-1980.
13.00-15.00: Preparação como vogal de um Júri de Agregação (FLUC, 26-27.11.): contactos, viagem, procedimentos locais, etc.
II. Relatório da Avaliação Institucional da Universidade de Évora (IEP/EUA)
Dois dias depois das eleições dos “Professores” e Estudantes para a Assembleia Estatuinte, é distribuido internamente o “Institutional Evaluation Report of the University of Évora (draft version) ” realizado pela EUA- European University Association. Um documento a cuja leitura procedi de imediato. Não vou comentá-lo hoje. Mas não surpreende a dificílima situação que a Comissão, apesar de tudo, conseguiu apreender muito bem.
O que se pode dizer é que aquele documento devia ter sido o guia do debate das eleições para a Assembleia Estatuinte. Podemos acreditar na capacidade de auto-reforma por parte daqueles que objectivamente governam (em diversas instâncias) esta casa há pelo menos uma década? A mudança mais que organizacional é de cultura académica. Basta empenharmo-nos para mudar(organizacionalmente) alguma coisa para tudo (culturalmente) ficar na mesma. O novo RJIES pode tornar-se um “flop” para a UÉ. E para ser positivo e pró-activo o primeiro passo é ter uma ideia clara da agenda de obstáculos e da sua articulação.
III. O Ministério da Cultura pode ser uma inutilidade?
Quando faz falta, falta. É o que parece com a história de não ter recursos para adquirir a “Deposição de Cristo no Túmulo” de Giovanni Tiepolo.
HAF
7.00-12.00: Continua o desenho da escrita de artigo…. Interessantes os resultados da sistematização de trajectos de vida entre 1900-1980.
13.00-15.00: Preparação como vogal de um Júri de Agregação (FLUC, 26-27.11.): contactos, viagem, procedimentos locais, etc.
II. Relatório da Avaliação Institucional da Universidade de Évora (IEP/EUA)
Dois dias depois das eleições dos “Professores” e Estudantes para a Assembleia Estatuinte, é distribuido internamente o “Institutional Evaluation Report of the University of Évora (draft version) ” realizado pela EUA- European University Association. Um documento a cuja leitura procedi de imediato. Não vou comentá-lo hoje. Mas não surpreende a dificílima situação que a Comissão, apesar de tudo, conseguiu apreender muito bem.
O que se pode dizer é que aquele documento devia ter sido o guia do debate das eleições para a Assembleia Estatuinte. Podemos acreditar na capacidade de auto-reforma por parte daqueles que objectivamente governam (em diversas instâncias) esta casa há pelo menos uma década? A mudança mais que organizacional é de cultura académica. Basta empenharmo-nos para mudar(organizacionalmente) alguma coisa para tudo (culturalmente) ficar na mesma. O novo RJIES pode tornar-se um “flop” para a UÉ. E para ser positivo e pró-activo o primeiro passo é ter uma ideia clara da agenda de obstáculos e da sua articulação.
III. O Ministério da Cultura pode ser uma inutilidade?
Quando faz falta, falta. É o que parece com a história de não ter recursos para adquirir a “Deposição de Cristo no Túmulo” de Giovanni Tiepolo.
HAF
quinta-feira, novembro 22
9883º Dia
I
8.00-11,30: Desenho da escrita de uma artigo a duas mãos
11,30-13,00: Assuntos burocráticos, distribuição de textos , etc.
14,00-15,00: Desenho do Ciclo de Conferências “ Portugal Contemporâneo: espaços económicos e dinâmicas sociais”, organizado pelo IHC.UNL e GEPS.UE e GHC.DHUE (Março-Junho 08). Mobilização dos séniores e dos doutorandos.
15,00-20,00: Regresso ao Desenho…do artigo, claro
22.00-26.00: Revisão de notas de leitura básicas.
II
Ontem tive notícias (ainda vagas) sobre um encontro de estudantes de História na U.Évora. Não há dúvida que é mais fácil a difusão das más do que as boas práticas. Em breve saberei. O que surpreende (!) é o medo de alguns sectores académicos pela competição com ética. Nada que não seja possível superar usando o talento. O pior é o treino de “small fries”
III Eleições na UE
Nos users da UE cruzei-me com alguns comentários aos resultados eleitorais e com as declarações formais de algumas das listas candidatas. Mas o enígma está na esmagadora ausência dos estudantes. Num blog de um estudante o assunto é noticiado como “Eleições Ocultas”.
IV. J.F.Kennedy e os Beatles
Às 12 horas de 22 de Novembro de 1963 John Fitzgerald Kennedy(1917-1963) foi assassinado em Dallas. Um homem que podia ter mudado o mundo sem construir um império. Exactamente no mesmo dia em que os Beatles lançaram o seu segundo album “With the Beatles” que incluia o “It Won`t Be Long”, uma criação da dupla Lennon/McCartney. Se não o ouve há muito tempo, siga-lhe o rasto no Youtube e encontra uma edição em video.
HAF
8.00-11,30: Desenho da escrita de uma artigo a duas mãos
11,30-13,00: Assuntos burocráticos, distribuição de textos , etc.
14,00-15,00: Desenho do Ciclo de Conferências “ Portugal Contemporâneo: espaços económicos e dinâmicas sociais”, organizado pelo IHC.UNL e GEPS.UE e GHC.DHUE (Março-Junho 08). Mobilização dos séniores e dos doutorandos.
15,00-20,00: Regresso ao Desenho…do artigo, claro
22.00-26.00: Revisão de notas de leitura básicas.
II
Ontem tive notícias (ainda vagas) sobre um encontro de estudantes de História na U.Évora. Não há dúvida que é mais fácil a difusão das más do que as boas práticas. Em breve saberei. O que surpreende (!) é o medo de alguns sectores académicos pela competição com ética. Nada que não seja possível superar usando o talento. O pior é o treino de “small fries”
III Eleições na UE
Nos users da UE cruzei-me com alguns comentários aos resultados eleitorais e com as declarações formais de algumas das listas candidatas. Mas o enígma está na esmagadora ausência dos estudantes. Num blog de um estudante o assunto é noticiado como “Eleições Ocultas”.
IV. J.F.Kennedy e os Beatles
Às 12 horas de 22 de Novembro de 1963 John Fitzgerald Kennedy(1917-1963) foi assassinado em Dallas. Um homem que podia ter mudado o mundo sem construir um império. Exactamente no mesmo dia em que os Beatles lançaram o seu segundo album “With the Beatles” que incluia o “It Won`t Be Long”, uma criação da dupla Lennon/McCartney. Se não o ouve há muito tempo, siga-lhe o rasto no Youtube e encontra uma edição em video.
HAF
quarta-feira, novembro 21
9882º Dia
I
A sessão de HCTNHE (17.00-20.00) correu bastante bem. Quando assim é, fica recompensado o dia totalmente dispendido na preparação da aula. O grupo de estudantes do MHES pode progredir bastante mais. É preciso tirar partido desta fase de deslumbramento com o objecto.
II Eleições para a Assembleia Estatuinte da UE (AEUE)
Decorreram hoje as eleições para a AEUE, Votaram cerca de 70% dos docentes eleitores. O corpo de docentes eleitores ficou constituído pelos todos os docentes doutorados (professores propriamente ditos) e ainda pelos professores adjuntos da Escola de Enfermagem, mesmo que não doutorados (será o caso para a larga maioria dos casos senão todos). Os restantes docentes da Universidade (assistentes com ou sem mestrado) não podiam votaram excepto os doutorandos (quase todos com mestrado como os professores adjuntos da Escola de Enfermagem) que o poderiam ter feito como estudantes. As três listas candidatas à eleição de 12 doutorados repartiu os lugares disponíveis. Não é um resultado inesperado. A lista reitoral (encabeçadas pelos vice-reitores!!!!) obteve um resultado decepcionante, e mereceu-o inteiramente. Primeiro porque ficou claro que a liderança lhe era exterior; segundo porque não mostrou ter ideias próprias ( tanto a organização da campanha como a assinatura das dos textos com alguma substância foram da responsabilidade do Reitor). O Reitor deveria ter-se preocupado, como escrevi anteriormente, em fomentar o debate das listas concorrentes e assim mobilizar a academia para o acto eleitoral. Se tivesse dado mais atenção a esta dimensão do que poderia ter sido uma legítima intervenção no processo elitoral talvez pudesse ter evitado que do corpo eleitoral dos estudantes (6648 eleitores) apenas 1,4% (um ponto quatro por cento!) tivesses votado. Os 3 lugares dos estudantes na Assembleia (20% dos lugares por eleição) foram obtidos apenas pelo voto de 95 estudantes (15 dos quais votaram em branco). Se alguém tinha dúvidas sobre a forma ténue como os estudantes estão integrados na vida académica elas ficaram desvanecidas. E se alguém acha que a institutição tira disso algum benefício, está redondamente enganado.
Debilitada é o termo mais adequado para caracterizar a forma como a Reitoria sai desta eleição até porque a lista que promoveu não só obteve apenas 1/3 das posições para doutorados como não foi sequer a mais votada.
HAF
A sessão de HCTNHE (17.00-20.00) correu bastante bem. Quando assim é, fica recompensado o dia totalmente dispendido na preparação da aula. O grupo de estudantes do MHES pode progredir bastante mais. É preciso tirar partido desta fase de deslumbramento com o objecto.
II Eleições para a Assembleia Estatuinte da UE (AEUE)
Decorreram hoje as eleições para a AEUE, Votaram cerca de 70% dos docentes eleitores. O corpo de docentes eleitores ficou constituído pelos todos os docentes doutorados (professores propriamente ditos) e ainda pelos professores adjuntos da Escola de Enfermagem, mesmo que não doutorados (será o caso para a larga maioria dos casos senão todos). Os restantes docentes da Universidade (assistentes com ou sem mestrado) não podiam votaram excepto os doutorandos (quase todos com mestrado como os professores adjuntos da Escola de Enfermagem) que o poderiam ter feito como estudantes. As três listas candidatas à eleição de 12 doutorados repartiu os lugares disponíveis. Não é um resultado inesperado. A lista reitoral (encabeçadas pelos vice-reitores!!!!) obteve um resultado decepcionante, e mereceu-o inteiramente. Primeiro porque ficou claro que a liderança lhe era exterior; segundo porque não mostrou ter ideias próprias ( tanto a organização da campanha como a assinatura das dos textos com alguma substância foram da responsabilidade do Reitor). O Reitor deveria ter-se preocupado, como escrevi anteriormente, em fomentar o debate das listas concorrentes e assim mobilizar a academia para o acto eleitoral. Se tivesse dado mais atenção a esta dimensão do que poderia ter sido uma legítima intervenção no processo elitoral talvez pudesse ter evitado que do corpo eleitoral dos estudantes (6648 eleitores) apenas 1,4% (um ponto quatro por cento!) tivesses votado. Os 3 lugares dos estudantes na Assembleia (20% dos lugares por eleição) foram obtidos apenas pelo voto de 95 estudantes (15 dos quais votaram em branco). Se alguém tinha dúvidas sobre a forma ténue como os estudantes estão integrados na vida académica elas ficaram desvanecidas. E se alguém acha que a institutição tira disso algum benefício, está redondamente enganado.
Debilitada é o termo mais adequado para caracterizar a forma como a Reitoria sai desta eleição até porque a lista que promoveu não só obteve apenas 1/3 das posições para doutorados como não foi sequer a mais votada.
HAF
terça-feira, novembro 20
9881º Dia
Chegou o senhor inverno e com ele o tempo das luzes. Um dia sem paciência para honoris causa, sem instituição, sem nada que não fosse imaginar formas de representar as Europas, as geográficas, as históricas e as institucionais. Um dia criativo, interrompido pelo almoço do costume, dominado pelo tema eleitoral. É sempre um momento de que retiro prazer. No Espírito Santo, um ruído de fastasmas. E vi-os, como gente de fora, de outro mundo, sem relevância. Vi, o corvo aqui, o corcunda acolá, o buroca mais adiante. Gente atarefada. Se calhar ficam por cá uns tempos!
Se as eleições fossem hoje não sei como votaria. Talvez por ser apenas sindicalizado e não sindicalista. A verdade é que a campanha das eleições estatuintes necessitava de mais dois meses para se começar a discutir a sério. Até agora foi só retórica, muita dela … fez lembrar a “conversa da treta”. Padrão Europeu, modernização real, qualidade, cultura de participação e responsabilização, tudo termos mais ou menos transversais, nunca definidos e quase nenhum objectivado. Quando da sua vacuidade se sai, entra turbulência, como a de confundir uma boa organização com as boas práticas. “Textos” programáticos paupérrimos. E o relatório final da avaliação institucional da Associação das Univerisidades Europeias, manteve-se, como eu já esperava, invisível. Também me soou que alguns professores não doutorados poderão votar. Será? Boas práticas! Boas práticas! “Andiamo”.
Amanhã o resultado ideal será ninguém formar maioria. As três listas merecem-no e talvez seja o que a Universidade precisa. Há de vir o tempo dos compromissos baseados em competências académicas e não em clientelas políticas ou institucionais. Mas o sangue quente desta gente ofusca esta necessidade básica e todos se sentem soprados por ventos de sebastianismo, mesmo assim uns muito mais que outros. Chiça! Morra o Dantas, pim.
HAF
Se as eleições fossem hoje não sei como votaria. Talvez por ser apenas sindicalizado e não sindicalista. A verdade é que a campanha das eleições estatuintes necessitava de mais dois meses para se começar a discutir a sério. Até agora foi só retórica, muita dela … fez lembrar a “conversa da treta”. Padrão Europeu, modernização real, qualidade, cultura de participação e responsabilização, tudo termos mais ou menos transversais, nunca definidos e quase nenhum objectivado. Quando da sua vacuidade se sai, entra turbulência, como a de confundir uma boa organização com as boas práticas. “Textos” programáticos paupérrimos. E o relatório final da avaliação institucional da Associação das Univerisidades Europeias, manteve-se, como eu já esperava, invisível. Também me soou que alguns professores não doutorados poderão votar. Será? Boas práticas! Boas práticas! “Andiamo”.
Amanhã o resultado ideal será ninguém formar maioria. As três listas merecem-no e talvez seja o que a Universidade precisa. Há de vir o tempo dos compromissos baseados em competências académicas e não em clientelas políticas ou institucionais. Mas o sangue quente desta gente ofusca esta necessidade básica e todos se sentem soprados por ventos de sebastianismo, mesmo assim uns muito mais que outros. Chiça! Morra o Dantas, pim.
HAF
segunda-feira, novembro 19
9880º Dia
I
Um dia focalizado na preparação da sessão de HE19-20_ESE do Mestrado de Teatro. A sessão centrou-se na comparação da evolução das sociedades europeias “ocidentais” e as sociedades europeias “orientais” entre o final da 2ª GM e o início da década de 1990s. Analisaram-se em concreto o andamento societal na República Federal Alemã (modelo democrático e de economia social aberta) e a República Democrática Alemã [modelo “autoritário moderno” (Jurgen Cocka) e economia de comando ], a primeira uma das mais desenvolvidas da Europa Ocidental, a segunda a mais rica e avançada do “Pacto de Varsóvia”, ambas colocadas entre as 7 mais poderosas do mundo (H. Perkin, 1996). O ponto de partida da sessão foi o visionamento de “Goodbye, Lenin” de de Wolfgang Backer (Germ. 2003). Para o leitor menos familiarizado com o tema recomendo Konrad H JARAUSCH, Dictatorship as Experience: Towards a Socio-Cultural History of the GDR (NY,Berghahn Books, 1999). A sessão, iniciada às 17.00, teve o interesse suficiente para se prolongar até as 20.45. Até lá ninguém quis arredar pé.
Fiquei a saber que para amanhã de manhã o Reitor “decretou” a suspensão das aulas e provas de avaliação por causa da cerimónia de atribuição de dois doutoramentos Honoris Causa em véspera eleitoral. Nota 5 em 20 para não ofender os Honorados.
II Eleições para a Assembleia Estatuinte (UÉ)
Hoje não tive pachorra para correr a propaganda electrónica. Mas já decidi que no próximo dia 21 votarei. Não sendo em branco, é todavia secreto.
III. O Governo de Portugal e a II Guerra do Iraque.
“Houve informações que me foram dadas a mim, a mim e outros, que não corresponderam à verdade” (Durão Barroso, entrevista ao DN, 18 Nov 07). Para além da forma, fica a figura de “pató” do então Primeiro Ministro de Portugal. Nisso foi seguido por muita gente “brilhante”, incluindo jornalistas que estão sempre a pregar a “excelência”. “Naive people…”
IV
Um grande prazer tirei ontem da visita ao blogue “Século Prodigioso”. Imperdível.
HAF
Um dia focalizado na preparação da sessão de HE19-20_ESE do Mestrado de Teatro. A sessão centrou-se na comparação da evolução das sociedades europeias “ocidentais” e as sociedades europeias “orientais” entre o final da 2ª GM e o início da década de 1990s. Analisaram-se em concreto o andamento societal na República Federal Alemã (modelo democrático e de economia social aberta) e a República Democrática Alemã [modelo “autoritário moderno” (Jurgen Cocka) e economia de comando ], a primeira uma das mais desenvolvidas da Europa Ocidental, a segunda a mais rica e avançada do “Pacto de Varsóvia”, ambas colocadas entre as 7 mais poderosas do mundo (H. Perkin, 1996). O ponto de partida da sessão foi o visionamento de “Goodbye, Lenin” de de Wolfgang Backer (Germ. 2003). Para o leitor menos familiarizado com o tema recomendo Konrad H JARAUSCH, Dictatorship as Experience: Towards a Socio-Cultural History of the GDR (NY,Berghahn Books, 1999). A sessão, iniciada às 17.00, teve o interesse suficiente para se prolongar até as 20.45. Até lá ninguém quis arredar pé.
Fiquei a saber que para amanhã de manhã o Reitor “decretou” a suspensão das aulas e provas de avaliação por causa da cerimónia de atribuição de dois doutoramentos Honoris Causa em véspera eleitoral. Nota 5 em 20 para não ofender os Honorados.
II Eleições para a Assembleia Estatuinte (UÉ)
Hoje não tive pachorra para correr a propaganda electrónica. Mas já decidi que no próximo dia 21 votarei. Não sendo em branco, é todavia secreto.
III. O Governo de Portugal e a II Guerra do Iraque.
“Houve informações que me foram dadas a mim, a mim e outros, que não corresponderam à verdade” (Durão Barroso, entrevista ao DN, 18 Nov 07). Para além da forma, fica a figura de “pató” do então Primeiro Ministro de Portugal. Nisso foi seguido por muita gente “brilhante”, incluindo jornalistas que estão sempre a pregar a “excelência”. “Naive people…”
IV
Um grande prazer tirei ontem da visita ao blogue “Século Prodigioso”. Imperdível.
HAF
domingo, novembro 18
sábado, novembro 17
sexta-feira, novembro 16
9878º Dia
I: XVII Encontro d Associação Portuguesa de História Ecómica e Social.
Tem hoje início o XXVII Encontro anual da APHES subordinado ao tema “Globalization: Long-Term Perspectives. A mais importante reunião científica de organização portuguesa no campo da História é este ano acolhida pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. A Conferência de abertura é de Kevin O´Rourke (Trinity College, Dublin), co-autor (com JG Williamson) de “Globalization and History. The Evolution of a Nineteenth-Century Atlantic Economy” (MIT Press, 2001), onde destaco pela sua largueza o Cap. 2 (Convengence in History) . Rourke é ainda um dos co-editores (com Timothy J. Hatton and Alan M. Taylor) de The New Comparative Economic History: Essays in Honor of Jeffrey G. Williamson (MIT Press 2007) no qual colaboram G. Frederico, Ó Gráda, S. Pamuk, Gummar Persson, Prados de la Escosura, JG Williamson e T. Youssef, entre outros.
Outro grande momento do Encontro terá sido a Conferência de Jagdish Bhagwati (Columbia University, NY): “Globalization: Why its Critics Are Mistaken”, que encerra o primeiro dia de trabalho. Bhagtwati, de origem indiana, é Professor da Universidade de Columbia e Senior Fellow in International Economics at the Council on Foreign Relations . Sobre a sua relevância académica – para muitos “ the most distinguished economist writing on the international economy today”-, o leitor pode colher informação em
http://www.columbia.edu/~jb38/biography.html,
e aí aceder a algumas das publicações. O seu livro “In Defense of Globalization” (OUP,2004) é um bestseller. A UNL aproveitou a oportunidade para atribuir a Bhagwati o doutoramento Honoris Causa, um acto que prestigia a instituição que o concede.
O Encontro anual da APHES conta ainda com 27 sessões e a apresentação e discussão de uma centena de comunicações, muitas delas de historiadores de outros países. Lamentavelmente só poderei estar presente no segundo dia de trabalho. Perco uma primeira jornada cheia de coisas interessantes (incluindo a Assembleia da APHES) , mas tenho de aproveitar o dia de hoje não apenas para preparar as sessões em que amanhã participo como também para cuidar de outras obrigações académcias da próxima semana.
II. O Mundo Académico Português e as “parolices” da Tutela.
“O Conselho de Reitores denuncia que há quatro universidades em risco do colapso financeiro”, realçando mesmo a “situação gravíssima” de tais instituições (Público, 15.11.2007). Corre o rumor (interno e externo) que uma delas é a Universidade de Évora. O Reitor deveria tornar isso claro e explicar muito bem se os rumores têm fundamento; porque razão estamos nessa situação (se nela estamos) e como pretende resolver o problema. Deveria mesmo fazê-lo antes do dia das eleições, momento em que intencionalmente a equipe reitoral escolheu submeter-se a “sufrágio intercalar” todo o seu pendor reformista pró-europeu. A verdade é que o deveria ter feito há mais tempo (por exemplo, no dia da Universidade), como outros Reitores o fizeram (e muito bem). A estratégia da “corcunda” parece esgotada.
A propósito de outros Reitores, sou mais uma vexz obrigado a expressar o meu o meu apreço pelas intervenções públicas do Reitor António Novoa, da Universidade de Lisboa. Desta vez, em “A mudança na Universidade de Lisboa. Ecos de um Discurso “ (Público, 15.11.07) a crítica à Tutela é contundente mas é séria: as reformas orgânicas impostas pelo novo RJIES per si não resolvem os problemas, é uma inaceitável idiotice ( o termo é meu) que a Universidade secundarize as Artes e Humanidades; os critérios de financiamento das Universidades não são claros; há uma política de sub-financiamento das Universidades Portuguesas em contra-ciclo ao que se passa na Europa. Realço ainda um trecho: “Sem universidades fortes, credíveis e inovadoras não há sebastianismo que nos valha. Ambiciono para Portugal o que os outros países europeus estão a oferecer às suas universidades: mais liberdade e diversidade, concentração das instituições, ligação às estruturas cientificas, maior investimento, recompensa ao mérito, inovação e criatividade. Será pedir muito?”.
Mas pelos vistos a Tutela está cada vez mais no outro mundo.
No mesmo número Público, o Prof. Jorge Miranda comenta uma notícia impressa no Expresso de 10 de Nov. (já não leio o Expresso há muito tempo), segundo a qual “o Ministro Mariano Gago, em encontro de professores, alunos, reitores e políticos de 27estados da União Europeia, realizado em Lisboa, terá proposto que o inglês se torne a língua oficial do 2º ciclo de estudos superiores segundo Bolonha, quer dizer do Mestrado». Para o professor de Direito “a ser verdade trata-se de algo de muito grave e chocante, que não pode ficar sem reparo”. E, sem desvalorizar a importância internacional do inglês, avança com argumentos de peso, nomeadamente: os conflitos com a propria ideia da Europa, de diversidade e complementaridade, ( a que resumo numa expressão consagrada: a “mesma linguagem” não a mesma língua); a colisão com a Constituição portuguesa; o peso internacional da língua portuguesa (a 4ª mais falada); as virtudes da diversificação da dupla competência linguística dos europeus; a desadequação da universalização do ensino em inglês a todos os cursos; a natureza dos novos Mestrados (2º ciclo) , simples prolongamento da velha Licenciatura; e finalmente os disparates contidos na ânsia da “uniformização legislativa”. E Jorge Miranda tem razão. Perguntem aos alemães ou aos dinamarqueses se estão interessados que os seus alunos venham para Portugal (em programas de Mobilidade) para ter aulas em inglês. Ou se lecionam em inglês, apesar de dessa e outras línguas terem um domínio elevado (o francês, p.ex.). Acho que isso nem os ingleses já querem. Só mesmo por parolice.
Sou de há muito partidário que o inglês deve ser uma das línguas de trabalho na formação pós-graduada e entendo mesmo que nos programas de ensino graduado ou pós-graduado do Ensino Superior podem existir grupos de disciplinas (módulos) com lecionação numa outra língua (não necessariamente ou exclusivamente o inglês) que não a nacional. Acho isso enriquecedor e um factor reciprocamente estimulante da mobilidade e interconhecimento dos europeus.
III. Eleições para a Assembleia Estatuinte da UÉ
Começa a notar-se uma intensa relação entre a UÉ Line e os textos dos blogues das listas. O que está num lado está no outro. Os “Users” são mais participados, e os textos são mais generosos e a torrente mais larga. E as ideias que por lá aparecem também parecem mais interessantes . Pelos vistos as barricadas ainda são úteis neste era dos criativos.
HAF
Tem hoje início o XXVII Encontro anual da APHES subordinado ao tema “Globalization: Long-Term Perspectives. A mais importante reunião científica de organização portuguesa no campo da História é este ano acolhida pela Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. A Conferência de abertura é de Kevin O´Rourke (Trinity College, Dublin), co-autor (com JG Williamson) de “Globalization and History. The Evolution of a Nineteenth-Century Atlantic Economy” (MIT Press, 2001), onde destaco pela sua largueza o Cap. 2 (Convengence in History) . Rourke é ainda um dos co-editores (com Timothy J. Hatton and Alan M. Taylor) de The New Comparative Economic History: Essays in Honor of Jeffrey G. Williamson (MIT Press 2007) no qual colaboram G. Frederico, Ó Gráda, S. Pamuk, Gummar Persson, Prados de la Escosura, JG Williamson e T. Youssef, entre outros.
Outro grande momento do Encontro terá sido a Conferência de Jagdish Bhagwati (Columbia University, NY): “Globalization: Why its Critics Are Mistaken”, que encerra o primeiro dia de trabalho. Bhagtwati, de origem indiana, é Professor da Universidade de Columbia e Senior Fellow in International Economics at the Council on Foreign Relations . Sobre a sua relevância académica – para muitos “ the most distinguished economist writing on the international economy today”-, o leitor pode colher informação em
http://www.columbia.edu/~jb38/biography.html,
e aí aceder a algumas das publicações. O seu livro “In Defense of Globalization” (OUP,2004) é um bestseller. A UNL aproveitou a oportunidade para atribuir a Bhagwati o doutoramento Honoris Causa, um acto que prestigia a instituição que o concede.
O Encontro anual da APHES conta ainda com 27 sessões e a apresentação e discussão de uma centena de comunicações, muitas delas de historiadores de outros países. Lamentavelmente só poderei estar presente no segundo dia de trabalho. Perco uma primeira jornada cheia de coisas interessantes (incluindo a Assembleia da APHES) , mas tenho de aproveitar o dia de hoje não apenas para preparar as sessões em que amanhã participo como também para cuidar de outras obrigações académcias da próxima semana.
II. O Mundo Académico Português e as “parolices” da Tutela.
“O Conselho de Reitores denuncia que há quatro universidades em risco do colapso financeiro”, realçando mesmo a “situação gravíssima” de tais instituições (Público, 15.11.2007). Corre o rumor (interno e externo) que uma delas é a Universidade de Évora. O Reitor deveria tornar isso claro e explicar muito bem se os rumores têm fundamento; porque razão estamos nessa situação (se nela estamos) e como pretende resolver o problema. Deveria mesmo fazê-lo antes do dia das eleições, momento em que intencionalmente a equipe reitoral escolheu submeter-se a “sufrágio intercalar” todo o seu pendor reformista pró-europeu. A verdade é que o deveria ter feito há mais tempo (por exemplo, no dia da Universidade), como outros Reitores o fizeram (e muito bem). A estratégia da “corcunda” parece esgotada.
A propósito de outros Reitores, sou mais uma vexz obrigado a expressar o meu o meu apreço pelas intervenções públicas do Reitor António Novoa, da Universidade de Lisboa. Desta vez, em “A mudança na Universidade de Lisboa. Ecos de um Discurso “ (Público, 15.11.07) a crítica à Tutela é contundente mas é séria: as reformas orgânicas impostas pelo novo RJIES per si não resolvem os problemas, é uma inaceitável idiotice ( o termo é meu) que a Universidade secundarize as Artes e Humanidades; os critérios de financiamento das Universidades não são claros; há uma política de sub-financiamento das Universidades Portuguesas em contra-ciclo ao que se passa na Europa. Realço ainda um trecho: “Sem universidades fortes, credíveis e inovadoras não há sebastianismo que nos valha. Ambiciono para Portugal o que os outros países europeus estão a oferecer às suas universidades: mais liberdade e diversidade, concentração das instituições, ligação às estruturas cientificas, maior investimento, recompensa ao mérito, inovação e criatividade. Será pedir muito?”.
Mas pelos vistos a Tutela está cada vez mais no outro mundo.
No mesmo número Público, o Prof. Jorge Miranda comenta uma notícia impressa no Expresso de 10 de Nov. (já não leio o Expresso há muito tempo), segundo a qual “o Ministro Mariano Gago, em encontro de professores, alunos, reitores e políticos de 27estados da União Europeia, realizado em Lisboa, terá proposto que o inglês se torne a língua oficial do 2º ciclo de estudos superiores segundo Bolonha, quer dizer do Mestrado». Para o professor de Direito “a ser verdade trata-se de algo de muito grave e chocante, que não pode ficar sem reparo”. E, sem desvalorizar a importância internacional do inglês, avança com argumentos de peso, nomeadamente: os conflitos com a propria ideia da Europa, de diversidade e complementaridade, ( a que resumo numa expressão consagrada: a “mesma linguagem” não a mesma língua); a colisão com a Constituição portuguesa; o peso internacional da língua portuguesa (a 4ª mais falada); as virtudes da diversificação da dupla competência linguística dos europeus; a desadequação da universalização do ensino em inglês a todos os cursos; a natureza dos novos Mestrados (2º ciclo) , simples prolongamento da velha Licenciatura; e finalmente os disparates contidos na ânsia da “uniformização legislativa”. E Jorge Miranda tem razão. Perguntem aos alemães ou aos dinamarqueses se estão interessados que os seus alunos venham para Portugal (em programas de Mobilidade) para ter aulas em inglês. Ou se lecionam em inglês, apesar de dessa e outras línguas terem um domínio elevado (o francês, p.ex.). Acho que isso nem os ingleses já querem. Só mesmo por parolice.
Sou de há muito partidário que o inglês deve ser uma das línguas de trabalho na formação pós-graduada e entendo mesmo que nos programas de ensino graduado ou pós-graduado do Ensino Superior podem existir grupos de disciplinas (módulos) com lecionação numa outra língua (não necessariamente ou exclusivamente o inglês) que não a nacional. Acho isso enriquecedor e um factor reciprocamente estimulante da mobilidade e interconhecimento dos europeus.
III. Eleições para a Assembleia Estatuinte da UÉ
Começa a notar-se uma intensa relação entre a UÉ Line e os textos dos blogues das listas. O que está num lado está no outro. Os “Users” são mais participados, e os textos são mais generosos e a torrente mais larga. E as ideias que por lá aparecem também parecem mais interessantes . Pelos vistos as barricadas ainda são úteis neste era dos criativos.
HAF
quinta-feira, novembro 15
9877º Dia
I.
08.00-17.oo: Preparação da sessão de abertura do seminário de “Sociedades Europeias nso Séculos 19 e 20: Particularidades e Semelhanças” (MEHE)
17.00-20.00: Lição de abertura: “Historiografia da História das Sociedades Europeias (1880-2000) e da Sociedade Europeia” (SE19-20PS, MEHE)
22.00: Leitura de papers das sessões do XXVII Encontro da APHES
II. Eleições na Universidade de Évora
Cruzei-me na UÉ Line com as “Reflexões sobre o período eleitoral e o futuro da UE”. Não me vou dar ao trabalho de verificar se o Prof. João Corte Real, subscritor do texto, integra ou está associado a uma das listas candidatas (não me parece que seja candidato). Aliás, a essa matéria é-me secundária, em absoluto. Relevante é que o texto é assertivo e sensato. Compensa as banalidades e derivas regulamentistas com que temos de tropeçar e mostra, com outros, que há potencial para fazer o que é necessário.
E persisto em querer saber onde pára o relatório final da EUA.
HAF
08.00-17.oo: Preparação da sessão de abertura do seminário de “Sociedades Europeias nso Séculos 19 e 20: Particularidades e Semelhanças” (MEHE)
17.00-20.00: Lição de abertura: “Historiografia da História das Sociedades Europeias (1880-2000) e da Sociedade Europeia” (SE19-20PS, MEHE)
22.00: Leitura de papers das sessões do XXVII Encontro da APHES
II. Eleições na Universidade de Évora
Cruzei-me na UÉ Line com as “Reflexões sobre o período eleitoral e o futuro da UE”. Não me vou dar ao trabalho de verificar se o Prof. João Corte Real, subscritor do texto, integra ou está associado a uma das listas candidatas (não me parece que seja candidato). Aliás, a essa matéria é-me secundária, em absoluto. Relevante é que o texto é assertivo e sensato. Compensa as banalidades e derivas regulamentistas com que temos de tropeçar e mostra, com outros, que há potencial para fazer o que é necessário.
E persisto em querer saber onde pára o relatório final da EUA.
HAF
quarta-feira, novembro 14
9876º Dia
I
8:00-17:00- Preparação da lição “A Europa como conceito: perspectivas transversais” para abertura formal das aulas de História Comparativa e Transnacional e História da Europa, do Mestrado de EHE. Edição do CD com os todos os textos para os workshops em que a disciplina se organiza.
17:00-20:00: Lecture “ A Europa como conceito: perspectivas transversais”. A sessão revelou-se uma descoberta intelectual para muitos dos estudantes. A nosso Ensino de História nas Universidades está a precisar de uma mudança em profundidade.
II. Eleições na Universidade
Dei um vistaço ao dossier das eleições na UÉ Line. Pouca coisa. Alguns dos documentos acheio-os interessantes (independentemente da perspectiva dos autores) e outros ocos. Um vazio absoluto de ideias é sempre inesperado mas em candidatos elegíveis é um facto chocante. Peregrina é a graçola da Universidade binária.
Passei também pelos blogues das listas (apenas duas o têm). No “Por uma UÉ do Futuro” li tudo o que os candidatos assinaram. Alguns dos textos não adiantam nem atrasam, outros versam sobre matérias (uma ou outra relevantes, como a da criação das Escolas) desfocadas do propósito central destas eleições ou com formulação muitíssimo incipiente. Lá me cruzei (mas não parei) com o texto da coisa binária. E porque alguns detalhes afectam a imagem de todos (da Instituição) vale a pena lembrar que os problemas de ortografia devem corrigir-se sistematicamente.
O blogue “Renovar UÉ” além do texto que serve de editorial tem apenas uma “mensagem de início de campanha eleitoral” e alguma regulação. É pouco, muito pouco.
Tudo somado, do que me foi dado ler até ao presente são poucos os textos focalizados no essencial destas eleições – o modelo estatutário e a forma institucional que necessitamos. A ideia condutora da arquitectura é secundarizada ou vagamente desenhada. Em contrapartida alguns detalhes são sobrevalorizados. Descreve-se a organização e ignora-se o essencial, a estratégia. A estratégia tem pouco a ver com a retórica do ser mais ou menos moderna, ou mais ou menos europeia. A estratégia é o caminho especifico a seguir para alcançar um fim (que é comum a outras instituições). Ninguém se moderniza ou europeiza só porque quer. O estatuto deve modelar a organização adequada para seguir o caminho especifico que conduz ao grande final. Uma lacuna deste tipo é um dos vícios típico da nossa instituição.
Poucos são os textos que àquele (vício/enviesamento) escapam. A ideia muito comum é que a coisa faz-se (alcança-se) fazendo. E não é assim. Uma boa parte da coisa faz-se pensando. É verdade que nesta matéria o deserto não é total. Há excepções. Destaco, nestas, o texto mais sofisticado e ideologicamente enriquededor até ao momento apresentado. Está assinado pelo Prof. Silvério Rocha e Cunha, que integra uma das listas candidatas (Renovar UE ), e foi distribuido no passado dia 9 ou 10 de Novembro. Não seria de esperar um outro fulgor de tanta gente tão influente na Universidade de Évora na última década? Se calhar não.
Ontem realizou-se a reunião-comício do reitor e da lista reitoral à Assembleia Estatuinte com os professores da Área de Ciências Humanas e Sociais. Não fui, como tinha prometido. E dela nada fiquei a saber.
III . Os “sem responsabilidade “ (e ímpunes)
Um líder político em fase de substituição num gabinete ministerial aproveitou a limpeza da praxe para mandar digitalizar um lote de documentos constituído por cerca de 70.000 (setenta mil) unidades. Parece que ninguém consegue apurar com clareza nem o que foi reproduzido nem quem pagou a conta, nem onde está o material digitalizado. Pressinto que o homem vai continuar por aí todo prazenteiro.
HAF
8:00-17:00- Preparação da lição “A Europa como conceito: perspectivas transversais” para abertura formal das aulas de História Comparativa e Transnacional e História da Europa, do Mestrado de EHE. Edição do CD com os todos os textos para os workshops em que a disciplina se organiza.
17:00-20:00: Lecture “ A Europa como conceito: perspectivas transversais”. A sessão revelou-se uma descoberta intelectual para muitos dos estudantes. A nosso Ensino de História nas Universidades está a precisar de uma mudança em profundidade.
II. Eleições na Universidade
Dei um vistaço ao dossier das eleições na UÉ Line. Pouca coisa. Alguns dos documentos acheio-os interessantes (independentemente da perspectiva dos autores) e outros ocos. Um vazio absoluto de ideias é sempre inesperado mas em candidatos elegíveis é um facto chocante. Peregrina é a graçola da Universidade binária.
Passei também pelos blogues das listas (apenas duas o têm). No “Por uma UÉ do Futuro” li tudo o que os candidatos assinaram. Alguns dos textos não adiantam nem atrasam, outros versam sobre matérias (uma ou outra relevantes, como a da criação das Escolas) desfocadas do propósito central destas eleições ou com formulação muitíssimo incipiente. Lá me cruzei (mas não parei) com o texto da coisa binária. E porque alguns detalhes afectam a imagem de todos (da Instituição) vale a pena lembrar que os problemas de ortografia devem corrigir-se sistematicamente.
O blogue “Renovar UÉ” além do texto que serve de editorial tem apenas uma “mensagem de início de campanha eleitoral” e alguma regulação. É pouco, muito pouco.
Tudo somado, do que me foi dado ler até ao presente são poucos os textos focalizados no essencial destas eleições – o modelo estatutário e a forma institucional que necessitamos. A ideia condutora da arquitectura é secundarizada ou vagamente desenhada. Em contrapartida alguns detalhes são sobrevalorizados. Descreve-se a organização e ignora-se o essencial, a estratégia. A estratégia tem pouco a ver com a retórica do ser mais ou menos moderna, ou mais ou menos europeia. A estratégia é o caminho especifico a seguir para alcançar um fim (que é comum a outras instituições). Ninguém se moderniza ou europeiza só porque quer. O estatuto deve modelar a organização adequada para seguir o caminho especifico que conduz ao grande final. Uma lacuna deste tipo é um dos vícios típico da nossa instituição.
Poucos são os textos que àquele (vício/enviesamento) escapam. A ideia muito comum é que a coisa faz-se (alcança-se) fazendo. E não é assim. Uma boa parte da coisa faz-se pensando. É verdade que nesta matéria o deserto não é total. Há excepções. Destaco, nestas, o texto mais sofisticado e ideologicamente enriquededor até ao momento apresentado. Está assinado pelo Prof. Silvério Rocha e Cunha, que integra uma das listas candidatas (Renovar UE ), e foi distribuido no passado dia 9 ou 10 de Novembro. Não seria de esperar um outro fulgor de tanta gente tão influente na Universidade de Évora na última década? Se calhar não.
Ontem realizou-se a reunião-comício do reitor e da lista reitoral à Assembleia Estatuinte com os professores da Área de Ciências Humanas e Sociais. Não fui, como tinha prometido. E dela nada fiquei a saber.
III . Os “sem responsabilidade “ (e ímpunes)
Um líder político em fase de substituição num gabinete ministerial aproveitou a limpeza da praxe para mandar digitalizar um lote de documentos constituído por cerca de 70.000 (setenta mil) unidades. Parece que ninguém consegue apurar com clareza nem o que foi reproduzido nem quem pagou a conta, nem onde está o material digitalizado. Pressinto que o homem vai continuar por aí todo prazenteiro.
HAF
terça-feira, novembro 13
9875º Dia
I
o8.00-10.00: a já costumeira aula de HIGPPC, hoje centrada em Harold Perkin e na “Professional Society”
10.00-12.30: desenho das aulas de mestrado. Talvez tenha descoberto a melhor solução para explorar “1900” (B. Bertolucci, 1976), numa rara versão “restaurada e sem cortes” (320 m.), e “Adeus Lenine” (Wolfgang Becker, 2003)
12.:30-14.00: o almoço do costume (ponto da situação na campanha eleitoral; o enorme atraso nas avaliações dos centros da FCT; as “histórias” da semana, um pouco de "língua livre”, as virtudes literárias de alguns dos candidatos a assembleia estatuinte, etc…
14.30-20:00 : preparação de aulas de Mestrado (Hist. Comp. Transnac. e História da Europa e História da Sociedade Europeia Secs 19 e 20: Particularidades e Semelhanças).
II
21.00: A Guerra de África, num episódio dedicado às relações sociais no Império: os mecanismos da sociedade “multirracial”. Uma descrição interessante do “Hotel Império”, com as suas cores; a “separação” racial “natural” (como declarou um oficial ddo excército !!!)) com um racismo mais mitigado (Luanda, Angola em geral ?) ou mais, muito exacerbado (Beira, Moçambique em geral), Os indígenas e os assimilados, o quadro indígena e o quadro europeu, os brancos de primeira e os brancos de segunda (até aos anos 1950s e de que se não fez referência expressa…), Formas de segregação racial, como o não acesso a advogados, a empregos públicos, e as restrições dos coloridos no acesso aos cinemas, restaurantes, autocarros, passeios, barbeiros, etc. A educação pela trabalho forçado e pela palmatória. A figura central dos “Chefes de Posto” e administradores dos concelhos (quem não conheceu histórias do outro mundo desta gente, em especial dos primeiros administradores, ex-militares da Guerra da Ocupação e das gerações seguintes até c. de 1965. A emigração branca portuguesa (os “polacos”) para as colónias, os falhados colonatos (Limpopo, Cela, etc.) obras de um país subdesenvolvido. E o papel das Missões católicas e protestantes. Conheci muito bem a do Dondi. Demasiados amigos para a esquecer.
Todavia estranho nada se ter dito sobre casos radicais, como o regime de apartheid em vigor na Fazenda Boa Entrada (Gabela, Angola), considerada na época a terceira maior cidade privada do mundo, que pertencia a uma poderosa família financeira que (dizia-se e é verdade) despachava directamente com o Terreiro do Paço [a verdade é que ainda se sabe muito pouco sobre este assunt]. Como se vê um mundo a descobrir numa História (a do 3º Império, c.1890-1974) marcada por uma enorme violência.
HAF
o8.00-10.00: a já costumeira aula de HIGPPC, hoje centrada em Harold Perkin e na “Professional Society”
10.00-12.30: desenho das aulas de mestrado. Talvez tenha descoberto a melhor solução para explorar “1900” (B. Bertolucci, 1976), numa rara versão “restaurada e sem cortes” (320 m.), e “Adeus Lenine” (Wolfgang Becker, 2003)
12.:30-14.00: o almoço do costume (ponto da situação na campanha eleitoral; o enorme atraso nas avaliações dos centros da FCT; as “histórias” da semana, um pouco de "língua livre”, as virtudes literárias de alguns dos candidatos a assembleia estatuinte, etc…
14.30-20:00 : preparação de aulas de Mestrado (Hist. Comp. Transnac. e História da Europa e História da Sociedade Europeia Secs 19 e 20: Particularidades e Semelhanças).
II
21.00: A Guerra de África, num episódio dedicado às relações sociais no Império: os mecanismos da sociedade “multirracial”. Uma descrição interessante do “Hotel Império”, com as suas cores; a “separação” racial “natural” (como declarou um oficial ddo excército !!!)) com um racismo mais mitigado (Luanda, Angola em geral ?) ou mais, muito exacerbado (Beira, Moçambique em geral), Os indígenas e os assimilados, o quadro indígena e o quadro europeu, os brancos de primeira e os brancos de segunda (até aos anos 1950s e de que se não fez referência expressa…), Formas de segregação racial, como o não acesso a advogados, a empregos públicos, e as restrições dos coloridos no acesso aos cinemas, restaurantes, autocarros, passeios, barbeiros, etc. A educação pela trabalho forçado e pela palmatória. A figura central dos “Chefes de Posto” e administradores dos concelhos (quem não conheceu histórias do outro mundo desta gente, em especial dos primeiros administradores, ex-militares da Guerra da Ocupação e das gerações seguintes até c. de 1965. A emigração branca portuguesa (os “polacos”) para as colónias, os falhados colonatos (Limpopo, Cela, etc.) obras de um país subdesenvolvido. E o papel das Missões católicas e protestantes. Conheci muito bem a do Dondi. Demasiados amigos para a esquecer.
Todavia estranho nada se ter dito sobre casos radicais, como o regime de apartheid em vigor na Fazenda Boa Entrada (Gabela, Angola), considerada na época a terceira maior cidade privada do mundo, que pertencia a uma poderosa família financeira que (dizia-se e é verdade) despachava directamente com o Terreiro do Paço [a verdade é que ainda se sabe muito pouco sobre este assunt]. Como se vê um mundo a descobrir numa História (a do 3º Império, c.1890-1974) marcada por uma enorme violência.
HAF
segunda-feira, novembro 12
9874º Dia
I.
Um dia completamente centrado no Seminário “A Europa dos Séculos XIX e XX : Das Sociedades Nacionais à Sociedade Europeia” que integra o plano de estudos do 2º Ciclo de Teatro. Numa disciplina que se leciona pela primeira vez é importante afinar a estratégia para cada tema (neste caso a “Aproximação entre as Sociedades Europeias no Século XX”), organizar ideias, sistematizar conteúdos, colocar as linhas condutoras em Power-Point. A sessão decorreu entre as 17-20 horas. E o dia de trabalho ficou por aqui.
II.
Fez ontem - domingo, “dia branco” neste diário - 32 anos que definitivamente me fixei em Portugal. Foi a 11 de Novembro de 1975. Provinha da capital da Namíbia (Windhoek), em cujo “aeroporto” estive, como muitos outros, quase duas dezenas de horas num campo vedado a arame farpado, militarmente vigiado e sem contactos com o exterior (e quase sem mantimentos, se a memória não me trai). Depois cerca de três meses em campos de refugiados no sul de Angola e de uma atribulada viagem pelo interior do antigo Sudoeste Africano (Namíbia), a uma extensa coluna de refugiados foi oferecido um voo TAP (ponte aérea) com destino a Lisboa. O meu avião sobrevoou Luanda por volta da meia-noite, fez escala em Kinshasa e chegou a Lisboa às 6 da manhã. O dia que simboliza um corte definitivo com muitas coisas e o fim de dois anos (1973-75) de aprendizagem política e de conhecimento sobre a natureza humana.
Um tempo de sobrevivências e de aceleração e, talvez por isso, um dos momentos mais "apaixonados" da minha vida. E é incrível como começo agora a ser procurado por pessoas dessa época, que nela conheci e que delas nada mais soube em três décadas. Fizeram-se então coisas interessantes, algumas talvez importantes. Não sei. Saí dela com a consciência tranquila, q.b. Convivo bem com o que a memória me deixa ver.
HAF
Um dia completamente centrado no Seminário “A Europa dos Séculos XIX e XX : Das Sociedades Nacionais à Sociedade Europeia” que integra o plano de estudos do 2º Ciclo de Teatro. Numa disciplina que se leciona pela primeira vez é importante afinar a estratégia para cada tema (neste caso a “Aproximação entre as Sociedades Europeias no Século XX”), organizar ideias, sistematizar conteúdos, colocar as linhas condutoras em Power-Point. A sessão decorreu entre as 17-20 horas. E o dia de trabalho ficou por aqui.
II.
Fez ontem - domingo, “dia branco” neste diário - 32 anos que definitivamente me fixei em Portugal. Foi a 11 de Novembro de 1975. Provinha da capital da Namíbia (Windhoek), em cujo “aeroporto” estive, como muitos outros, quase duas dezenas de horas num campo vedado a arame farpado, militarmente vigiado e sem contactos com o exterior (e quase sem mantimentos, se a memória não me trai). Depois cerca de três meses em campos de refugiados no sul de Angola e de uma atribulada viagem pelo interior do antigo Sudoeste Africano (Namíbia), a uma extensa coluna de refugiados foi oferecido um voo TAP (ponte aérea) com destino a Lisboa. O meu avião sobrevoou Luanda por volta da meia-noite, fez escala em Kinshasa e chegou a Lisboa às 6 da manhã. O dia que simboliza um corte definitivo com muitas coisas e o fim de dois anos (1973-75) de aprendizagem política e de conhecimento sobre a natureza humana.
Um tempo de sobrevivências e de aceleração e, talvez por isso, um dos momentos mais "apaixonados" da minha vida. E é incrível como começo agora a ser procurado por pessoas dessa época, que nela conheci e que delas nada mais soube em três décadas. Fizeram-se então coisas interessantes, algumas talvez importantes. Não sei. Saí dela com a consciência tranquila, q.b. Convivo bem com o que a memória me deixa ver.
HAF
domingo, novembro 11
sábado, novembro 10
9872º Dia
I.
CONCLUSÃO da tabela de referência das profissões históricas portuguesas que será aplicada a análise da transmissão das profissões no âmbito do projecto HMSP_S19/20: 3386 ocupações históricas (1850-1967) codificadas através do HISCO Geral e HISClass. Recomeçará, a partir de agora, a análise extensiva dos dados (15.999 registos com as ocupações dos noivos, progenitores, padrinhos/testemunhas) que cobrem S.Domingos, Évora, Setúbal, Barreiro e Figueira da Foz. Os resultados obtidos anteriormente (e que já temos em prelo) serão agora re-avaliados e aprofundados. Em dois sentidos, que no momento certo se conhecerão. Fica nisto o meu tributo ao Dia Mundial da Ciência.
II- Eleições para a Assembleia Estatuinte na Universidade de Évora: Manifestos e Discursos eleitoriais (I)
Com uma semana de “campanha eleitoral” as listas candidatas à Assembleia Estatuinte já divulgaram o que entenderam ser o essencial do seu compromisso com a Academia. Hoje, destaco algumas das coisas que nos três Manifestos (e documentos suplementares) me parece terem em comum: ~
a)Todos os “principais candidatos” (aqueles que estão em posições realmente elegíveis) têm ocupado na última meia década posições burocráticas de responsabilidade elevada na Universidade, pelo menos a partir de director de unidades de ensino e/ ou investigação . Alguns deles tem mesmo ocupado anos a fio posições das mais elevadas, exceptuando a reitoral. Digamos que partilham um passado recente de responsabilidade objectiva quanto aos sucessos e insucessos da UÉ.
b)Os Manifestos tem um excesso de retórica: são todos eles muito “princípios “, muito “mudança”, muito “internacionalização”, muito “padrões europeus”, etc.,etc. e, depois de bem enxaguados, pouco mais. Em alguns casos é bem notório que os princípios anunciados são uma descoberta muito recente.
c)Há um claro deserto quanto a propostas suficientemente claras que nos permitam aferir o desenho do estatuto com que cada uma das listas se compromete. Bom, nada, mesmo nada, não é bem verdade. Sempre dizem que rejeitam o modelo fundacional (uma recusa comum, com razões não coincidentes), no que parecem seguir a tendência geral no país (eu também tenho dúvidas sobre a sua viabilidade, mas devemos recusá-lo por razões meramente ideológicas?). Sobre o resto é a retórica dos principios, da democraticidade, da representatividade, etc…, que não compromete com coisíssima nenhuma. O tempo não pode estar para os velhos truques da política. O teor dos manifestos dá para quase tudo, e ao dar para quase tudo não se iluminam as propostas nem as escolhas , e por isso aqueles são enganadores. As Listas têm a obrigação de ser muito, mas muito mais claras. E podem começar por responder sem tergiversar a duas questões:
1. Quais os critérios efectivos que os norteiam na escolha dos elementos externos que vão completar a Assembleia Estatuinte?
2.A segunda relaciona-se com a mais saliente omissão que se pode assinalar aos três Manifestos. Trata-se da “questão reitoral/presidencial”, que emerge como o orgão-chave das Universidades no novo RJES. Não me preocupa tanto o campo de recrutamento: além dos catedráticos da instituição não tenho nenhuma objecção a candidatos externos de relevância e acho que os estatutos podem consagrar a máxima abertura do leque de escolhas. Preocupa-se sim o mecanismo da sua eleição reitoral/presidencial. Entendem os cabeças de lista e restantes candidatos que deve manter-se um modelo de eleição indirecta (a partir de um colégio – Conselho Geral -, que agora passa a ter uma composição/representação diferente e competências mais amplas, mas continua a ser uma assembleia que escolhe a liderença ainda que só em parte como suposta representação da academia), aquele que foi (não o único mas) um dos mais importantes promotores e garante do sucesso do clientelismo institucional na UÉ? Ou avançamos para um modelo mais sofisticado, mais idóneo, eticamente mais sólido, no qual são presentes à nova Assembleia /Conselho Geral para escolha secreta os dois ou três candidatos mais votados em primárias directas apurados por votos ponderados dos diversos corpos da Academia? Devo acrescentar que o modelo puro de eleição directa do reitor/presidente começou a difundir-se na Europa no último quinquénio, e tanto ele (claramente o melhor) como a solução mista (eleições primárias gerais e directas para nomeação dos mais votados seguido da eleição final pela Assembleia), para além da avanço que constituem em matéria de democracia, mobilização, representação e responsabilidade da Academia como um todo, são um poderoso instrumento de legitimidade dos reitores/presidentes libertando-os dos laços clientelares e dos interesses organizados que tem de mobilizar e depois “remunerar”, caro, muito caro.
Não tenho grandes dúvidas: a forma como a “questão reitoral” vier a ser resolvida é central para o futuro das Universidades Portuguesas e em particular para a nossa. Se realmente há a convição sincera de que é preciso mudar em profundidade, os novos estatutos devem consagrar mecanismos que evitem se possa cumprir a latina sentença “gatopardiana” (Lampedusa) que algo mude para que tudo fique na mesma. As listas candidatas devem responder com absoluta clareza a esta questão.
III- “Chapeau” ao Discurso Reitorial na Abertura do Ano Académico 2007/08 da Universidade de Lisboa. Alguns pedaços:
“Desenganem-se todos aqueles que acreditam ser possível plantar duas ou três escolas de excelência num terreno institucional degradado. A excelência não nasce por escolha nem por decreto, mas por boa sementeira em terreno fértil.”
“Eu sei que o medo ensaia um regresso às nossas instituições. Mas o silêncio corrompe. E o silêncio absoluto corrompe absolutamente. Precisamos de vozes livres e independentes, de vozes justas, que nos ajudem a construir uma Universidade mais forte, mais dinâmica, mais inovadora”
[António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa]
HAF
CONCLUSÃO da tabela de referência das profissões históricas portuguesas que será aplicada a análise da transmissão das profissões no âmbito do projecto HMSP_S19/20: 3386 ocupações históricas (1850-1967) codificadas através do HISCO Geral e HISClass. Recomeçará, a partir de agora, a análise extensiva dos dados (15.999 registos com as ocupações dos noivos, progenitores, padrinhos/testemunhas) que cobrem S.Domingos, Évora, Setúbal, Barreiro e Figueira da Foz. Os resultados obtidos anteriormente (e que já temos em prelo) serão agora re-avaliados e aprofundados. Em dois sentidos, que no momento certo se conhecerão. Fica nisto o meu tributo ao Dia Mundial da Ciência.
II- Eleições para a Assembleia Estatuinte na Universidade de Évora: Manifestos e Discursos eleitoriais (I)
Com uma semana de “campanha eleitoral” as listas candidatas à Assembleia Estatuinte já divulgaram o que entenderam ser o essencial do seu compromisso com a Academia. Hoje, destaco algumas das coisas que nos três Manifestos (e documentos suplementares) me parece terem em comum: ~
a)Todos os “principais candidatos” (aqueles que estão em posições realmente elegíveis) têm ocupado na última meia década posições burocráticas de responsabilidade elevada na Universidade, pelo menos a partir de director de unidades de ensino e/ ou investigação . Alguns deles tem mesmo ocupado anos a fio posições das mais elevadas, exceptuando a reitoral. Digamos que partilham um passado recente de responsabilidade objectiva quanto aos sucessos e insucessos da UÉ.
b)Os Manifestos tem um excesso de retórica: são todos eles muito “princípios “, muito “mudança”, muito “internacionalização”, muito “padrões europeus”, etc.,etc. e, depois de bem enxaguados, pouco mais. Em alguns casos é bem notório que os princípios anunciados são uma descoberta muito recente.
c)Há um claro deserto quanto a propostas suficientemente claras que nos permitam aferir o desenho do estatuto com que cada uma das listas se compromete. Bom, nada, mesmo nada, não é bem verdade. Sempre dizem que rejeitam o modelo fundacional (uma recusa comum, com razões não coincidentes), no que parecem seguir a tendência geral no país (eu também tenho dúvidas sobre a sua viabilidade, mas devemos recusá-lo por razões meramente ideológicas?). Sobre o resto é a retórica dos principios, da democraticidade, da representatividade, etc…, que não compromete com coisíssima nenhuma. O tempo não pode estar para os velhos truques da política. O teor dos manifestos dá para quase tudo, e ao dar para quase tudo não se iluminam as propostas nem as escolhas , e por isso aqueles são enganadores. As Listas têm a obrigação de ser muito, mas muito mais claras. E podem começar por responder sem tergiversar a duas questões:
1. Quais os critérios efectivos que os norteiam na escolha dos elementos externos que vão completar a Assembleia Estatuinte?
2.A segunda relaciona-se com a mais saliente omissão que se pode assinalar aos três Manifestos. Trata-se da “questão reitoral/presidencial”, que emerge como o orgão-chave das Universidades no novo RJES. Não me preocupa tanto o campo de recrutamento: além dos catedráticos da instituição não tenho nenhuma objecção a candidatos externos de relevância e acho que os estatutos podem consagrar a máxima abertura do leque de escolhas. Preocupa-se sim o mecanismo da sua eleição reitoral/presidencial. Entendem os cabeças de lista e restantes candidatos que deve manter-se um modelo de eleição indirecta (a partir de um colégio – Conselho Geral -, que agora passa a ter uma composição/representação diferente e competências mais amplas, mas continua a ser uma assembleia que escolhe a liderença ainda que só em parte como suposta representação da academia), aquele que foi (não o único mas) um dos mais importantes promotores e garante do sucesso do clientelismo institucional na UÉ? Ou avançamos para um modelo mais sofisticado, mais idóneo, eticamente mais sólido, no qual são presentes à nova Assembleia /Conselho Geral para escolha secreta os dois ou três candidatos mais votados em primárias directas apurados por votos ponderados dos diversos corpos da Academia? Devo acrescentar que o modelo puro de eleição directa do reitor/presidente começou a difundir-se na Europa no último quinquénio, e tanto ele (claramente o melhor) como a solução mista (eleições primárias gerais e directas para nomeação dos mais votados seguido da eleição final pela Assembleia), para além da avanço que constituem em matéria de democracia, mobilização, representação e responsabilidade da Academia como um todo, são um poderoso instrumento de legitimidade dos reitores/presidentes libertando-os dos laços clientelares e dos interesses organizados que tem de mobilizar e depois “remunerar”, caro, muito caro.
Não tenho grandes dúvidas: a forma como a “questão reitoral” vier a ser resolvida é central para o futuro das Universidades Portuguesas e em particular para a nossa. Se realmente há a convição sincera de que é preciso mudar em profundidade, os novos estatutos devem consagrar mecanismos que evitem se possa cumprir a latina sentença “gatopardiana” (Lampedusa) que algo mude para que tudo fique na mesma. As listas candidatas devem responder com absoluta clareza a esta questão.
III- “Chapeau” ao Discurso Reitorial na Abertura do Ano Académico 2007/08 da Universidade de Lisboa. Alguns pedaços:
“Desenganem-se todos aqueles que acreditam ser possível plantar duas ou três escolas de excelência num terreno institucional degradado. A excelência não nasce por escolha nem por decreto, mas por boa sementeira em terreno fértil.”
“Eu sei que o medo ensaia um regresso às nossas instituições. Mas o silêncio corrompe. E o silêncio absoluto corrompe absolutamente. Precisamos de vozes livres e independentes, de vozes justas, que nos ajudem a construir uma Universidade mais forte, mais dinâmica, mais inovadora”
[António Nóvoa, Reitor da Universidade de Lisboa]
HAF
sexta-feira, novembro 9
9871º Dia
Meio dia de trabalho : comissão de curso MEHE, um plano de acção para o programa Erasmus, onde temos uma taxa de participação baixíssima), contactos sobre programas de doutoramento interinstitucionais que não alteraram algumas ideias chave, e dificilmente alterarão. Há gente que acha as suas instituições não apenas o centro do mundo, mas o mundo. E elas não o são, nem uma coisa nem outra, de todo. E o mundo está cheio de boas oportunidades.
A tarde foi para descobrir as virtudes da medicina espanhola. Horas úteis, que a todos recomendo. Com a ajuda de um velho amigo e colega da Universidade da Extremadura. Ganham-se anos....
HAF
A tarde foi para descobrir as virtudes da medicina espanhola. Horas úteis, que a todos recomendo. Com a ajuda de um velho amigo e colega da Universidade da Extremadura. Ganham-se anos....
HAF
quinta-feira, novembro 8
9870º Dia
I
Um dia repartido entre matérias do mestrado EHE (dificuldades nas incrições electrónicas, programas das disciplinas, etc.), a sessão que organizamos no XXVII Encontro da APHES (Mobilidade Social em Portugal: perspectivas históricas e sociológicas) e o tratamento de dados (HSPSM).
II. As eleições e as tontices do Poder
Há oito dias atrás o Reitor da Universidade de Évora, fazendo uso do seu e-mail pessoal, distribuiu o “Manifesto Eleitoral. Para Uma Universidade Portuguesa de Padrão Europeu”, mensagem cujo “subject” não deixava quaisquer dúvidas: tratava-se do “Manifesto Eleitoral da Reitoria”, onde se anunciava um rol de princípios gerais e apresentava a lista dos candidatos a Assembleia Estatuinte, da qual não faz parte. Desde então não se leu uma linha sequer de qualquer elemento da dita lista e em particular do seu “cabeça”, um dos vice-reitores, acompanhado da restante equipe reitoral “chave” e de alguns dos seus comissários, comissionados, etc.
Hoje (ou ontem) voltamos a ter notícias da Lista. Tudo parece ficar definitivamente claro num “convite reitoral”, proveniente do “secretariado da Reitoria”, cujo teor integral desconheço (acho que foi apenas enviado aos responsáveis de Departamentos e Áreas Departamentais…). No entanto o essencial parece estar citado numa “Carta Aberta ao Sr. Reitor” colocada nos users da UE e cujos autores são os signatários do “Manifesto Eleitoral Pela Mudança”.
No convite o Reitor parece que anuncia um programa de visitas às Áreas Departamentais e convida alguém (“convido-os”, cito do comunicado infra, a quem? Aos directores dos departamentos, aos doutorados? ) para “um encontro com elementos da lista promovida pela Reitoria e comigo próprio”. Este acto de per si merece uma primeira nota crítica: o Reitor abandonou o seu dever de independência institucional (pois neste momento eleitoral não é candidato a nada), para assumir-se como chefe de fila de uma parte da Universidade, obviamente da que suporta o manifesto “por uma Universidade Portuguesa de padrão europeu”. O que eu sugiro a todos os professores, alunos e funcionários da Universidade é que procurem num exemplo europeu um rasto de tal conduta. Será mesmo que existe caso semelhante em qualquer outro lado? Não me atrevo a associar esta prática a um qualquer “quarto-mundo”, pois em todo o lado há gente com padrões éticos firmes. Se numa coisa tão simples que é a de promover com dignidade eleições para um orgão académico se apela para procedimentos deste tipo (que não têm a ver com o legítimo empenhamento pelos assuntos académicos) não temos dificuldade em imaginar, conhecendo-se o que se conhece da vida desta instituição, o que a seguir virá. Perguntar-me-ão: será a primeira vez que se faz batota em eleições na UE? Não.
Mas o assunto não se esgota aqui. Quais os propósitos do encontro? Feita a depuração à retórica desenvolvimentista, o essencial do "comício" parece ser a promoção de beneces. Não necessariamente seguindo o “modelo Gondomar” mas antecipando a distribuição de vagas com um promitente “preenchimento do Quadro de Pessoal Docente”, naturalmente apresentado como uma promitente prenda da lista que “caciqueia”. Concordo com muita gente sobre a plausibilidade deste propósito. Velhas culturas, velhas tácticas e péssimas práticas institucionais. Com isto dito, o convite, nos termos em que está formulado e pelo propósito que o guia, é inaceitável. Redondamente.
Mas não haverá uma razão boa e oportuna para o Reitor promover um encontro com os doutorados (e docentes) da Universidade? Claro que há. O Magnífico Reitor devia ter aproveitado este "ciclo de debate" para, em primeiro lugar, providenciar a divulgação do relatório final da avaliação institucional realizada pela Associação Europeia das Universidades. Em seguida devia ter promovido um “encontro” com cada uma das Áreas Departamentais da Universidade para apresentar as conclusões específicas (os avaliadores visitaram todas as áreas), realçar as fraquezas e discutir as soluções para as superar. Em terceiro lugar devia ter associado a esse encontro um convite às listas candidatas à assembleia estatuinte para se agregarem à discussão e apresentar as propostas de solução institucional (pois a avaliação é muito severa sobre as más praticas institucionais na UE) que tem em mente verter para os estatutos. Fazer isto desta forma teria sido um excelente contributo para o momento académico da parte de um Reitor que, nos últimos 13 anos, exerceu 3 dos 4 mandatos possíveis (1994-2002, 2006-....)
O que se espera é que, ponderando no verdadeiro significado destes actos insólitos e muito pouco honrosos para a função, o Senhor Reitor seja capaz de corrigir a tempo o notório voluntarismo que o guia, suspendendo o “convite” nos termos em que o formulou.
Se o episódio evoluir no sentido negativo, o do arrebanhamento de clientelas (o dito modelo Gondomar), liquida a dúvida que ainda me assalta: será que a prática que este convite em si encerra não evidencia e anuncia a ausência de “uma liderança com fortes princípios éticos e um comportamento eticamente correcto” (J. Gaymer)? A resposta será encontrada nas horas que se seguem.
III.
Nos países onde, a partir dos finais do século XIX, se foi construindo com altos e baixos uma cultura e prática “meritocrática” (H. Perkin) , criaram-se mecanismos independentes que “vigiam” as boas práticas no recrutamento de posições de liderança das grandes organizações, em especial dos organismos públicos. Na Inglaterra o acesso por mérito tem instrumentos de regulação que remontam à Era Vitoriana. Contudo em 1995, por iniciativa do conservador John Major o modelo evoluiu para a constituição de uma entidade independente (Comissária Régia) com o propósito de “analisar os níveis de qualidade da conduta da vida pública”, monitorizar e regular as nomeações públicas, incluindo a escolha dos responsáveis de organismos públicos, com base num Código de (Boas) Práticas. O Público, na edição de ontem inclui uma entrevista com Janet Gaymer ,desde 2006 a Commissioner for Public Appointments in England and Wales. Dela retenho a seguinte declaração: “ Não acredito em regras pelas regras. É mais importante que haja uma liderança com fortes princípios éticos e um comportamento eticamente correcto. Em termos de governo das sociedades, o aspecto mais importante é o papel e a composição da administração, a forma como é determinada a sua remuneração e a supervisão e a auditoria dos seus procedimentos” (Público, 7.11.2007, fl. 42).
Isto é um excelente conselho para todos, incluindo para as liderenças da instituição a que pertenço que é pública, que necessita de mudar muito mas deve fazê-lo com base em "boas práticas". Na regeneração das instituições os meios não são todos legítimos. Aquilo que há muito me intriga é saber o que pode mobilizar as pessoas para um poder sem ética!!!!
Que na minha Universidade, onde fiz toda a minha carreira como docente e investigador (iniciada a 30 de Out.1980) e não como burocrata, continuem a ocorrer episódios de tão baixa dignidade académica como o hoje aqui tratado - e infelizmente há muitos mais exemplos deste tipo no passado recente e longínquo- obriga-me hoje a dormir mais uma vez com a vergonha agarrada ao corpo, indignado e assarapantado com a imagem de um mundo institucional cuja configuração parece aproximar-se do que imaginamos ser a metáfora da Banana (Republic) que Wood Allen tão bem ficcionou e parodiou em 1971. Que para todos fique claro: a lógica clientelar desvastou esta Universidade e é uma das principais causas do seu insucesso objectivo (como o Relatório da avaliação institucional não deixará de acentuar). É preciso minimizar a sua capacidade de influência. Essa é hoje uma tarefa quase radical. A natureza humana necessita certamente de se alimentar também de manifestações ridículas como a do "convite" aqui comentado. Uma parolice é o que ele é. A Universidade de Évora tem de aspirar a outro padrão de conduta institucional, um facto que a sensatez torna óbvio.
HAF
Um dia repartido entre matérias do mestrado EHE (dificuldades nas incrições electrónicas, programas das disciplinas, etc.), a sessão que organizamos no XXVII Encontro da APHES (Mobilidade Social em Portugal: perspectivas históricas e sociológicas) e o tratamento de dados (HSPSM).
II. As eleições e as tontices do Poder
Há oito dias atrás o Reitor da Universidade de Évora, fazendo uso do seu e-mail pessoal, distribuiu o “Manifesto Eleitoral. Para Uma Universidade Portuguesa de Padrão Europeu”, mensagem cujo “subject” não deixava quaisquer dúvidas: tratava-se do “Manifesto Eleitoral da Reitoria”, onde se anunciava um rol de princípios gerais e apresentava a lista dos candidatos a Assembleia Estatuinte, da qual não faz parte. Desde então não se leu uma linha sequer de qualquer elemento da dita lista e em particular do seu “cabeça”, um dos vice-reitores, acompanhado da restante equipe reitoral “chave” e de alguns dos seus comissários, comissionados, etc.
Hoje (ou ontem) voltamos a ter notícias da Lista. Tudo parece ficar definitivamente claro num “convite reitoral”, proveniente do “secretariado da Reitoria”, cujo teor integral desconheço (acho que foi apenas enviado aos responsáveis de Departamentos e Áreas Departamentais…). No entanto o essencial parece estar citado numa “Carta Aberta ao Sr. Reitor” colocada nos users da UE e cujos autores são os signatários do “Manifesto Eleitoral Pela Mudança”.
No convite o Reitor parece que anuncia um programa de visitas às Áreas Departamentais e convida alguém (“convido-os”, cito do comunicado infra, a quem? Aos directores dos departamentos, aos doutorados? ) para “um encontro com elementos da lista promovida pela Reitoria e comigo próprio”. Este acto de per si merece uma primeira nota crítica: o Reitor abandonou o seu dever de independência institucional (pois neste momento eleitoral não é candidato a nada), para assumir-se como chefe de fila de uma parte da Universidade, obviamente da que suporta o manifesto “por uma Universidade Portuguesa de padrão europeu”. O que eu sugiro a todos os professores, alunos e funcionários da Universidade é que procurem num exemplo europeu um rasto de tal conduta. Será mesmo que existe caso semelhante em qualquer outro lado? Não me atrevo a associar esta prática a um qualquer “quarto-mundo”, pois em todo o lado há gente com padrões éticos firmes. Se numa coisa tão simples que é a de promover com dignidade eleições para um orgão académico se apela para procedimentos deste tipo (que não têm a ver com o legítimo empenhamento pelos assuntos académicos) não temos dificuldade em imaginar, conhecendo-se o que se conhece da vida desta instituição, o que a seguir virá. Perguntar-me-ão: será a primeira vez que se faz batota em eleições na UE? Não.
Mas o assunto não se esgota aqui. Quais os propósitos do encontro? Feita a depuração à retórica desenvolvimentista, o essencial do "comício" parece ser a promoção de beneces. Não necessariamente seguindo o “modelo Gondomar” mas antecipando a distribuição de vagas com um promitente “preenchimento do Quadro de Pessoal Docente”, naturalmente apresentado como uma promitente prenda da lista que “caciqueia”. Concordo com muita gente sobre a plausibilidade deste propósito. Velhas culturas, velhas tácticas e péssimas práticas institucionais. Com isto dito, o convite, nos termos em que está formulado e pelo propósito que o guia, é inaceitável. Redondamente.
Mas não haverá uma razão boa e oportuna para o Reitor promover um encontro com os doutorados (e docentes) da Universidade? Claro que há. O Magnífico Reitor devia ter aproveitado este "ciclo de debate" para, em primeiro lugar, providenciar a divulgação do relatório final da avaliação institucional realizada pela Associação Europeia das Universidades. Em seguida devia ter promovido um “encontro” com cada uma das Áreas Departamentais da Universidade para apresentar as conclusões específicas (os avaliadores visitaram todas as áreas), realçar as fraquezas e discutir as soluções para as superar. Em terceiro lugar devia ter associado a esse encontro um convite às listas candidatas à assembleia estatuinte para se agregarem à discussão e apresentar as propostas de solução institucional (pois a avaliação é muito severa sobre as más praticas institucionais na UE) que tem em mente verter para os estatutos. Fazer isto desta forma teria sido um excelente contributo para o momento académico da parte de um Reitor que, nos últimos 13 anos, exerceu 3 dos 4 mandatos possíveis (1994-2002, 2006-....)
O que se espera é que, ponderando no verdadeiro significado destes actos insólitos e muito pouco honrosos para a função, o Senhor Reitor seja capaz de corrigir a tempo o notório voluntarismo que o guia, suspendendo o “convite” nos termos em que o formulou.
Se o episódio evoluir no sentido negativo, o do arrebanhamento de clientelas (o dito modelo Gondomar), liquida a dúvida que ainda me assalta: será que a prática que este convite em si encerra não evidencia e anuncia a ausência de “uma liderança com fortes princípios éticos e um comportamento eticamente correcto” (J. Gaymer)? A resposta será encontrada nas horas que se seguem.
III.
Nos países onde, a partir dos finais do século XIX, se foi construindo com altos e baixos uma cultura e prática “meritocrática” (H. Perkin) , criaram-se mecanismos independentes que “vigiam” as boas práticas no recrutamento de posições de liderança das grandes organizações, em especial dos organismos públicos. Na Inglaterra o acesso por mérito tem instrumentos de regulação que remontam à Era Vitoriana. Contudo em 1995, por iniciativa do conservador John Major o modelo evoluiu para a constituição de uma entidade independente (Comissária Régia) com o propósito de “analisar os níveis de qualidade da conduta da vida pública”, monitorizar e regular as nomeações públicas, incluindo a escolha dos responsáveis de organismos públicos, com base num Código de (Boas) Práticas. O Público, na edição de ontem inclui uma entrevista com Janet Gaymer ,desde 2006 a Commissioner for Public Appointments in England and Wales. Dela retenho a seguinte declaração: “ Não acredito em regras pelas regras. É mais importante que haja uma liderança com fortes princípios éticos e um comportamento eticamente correcto. Em termos de governo das sociedades, o aspecto mais importante é o papel e a composição da administração, a forma como é determinada a sua remuneração e a supervisão e a auditoria dos seus procedimentos” (Público, 7.11.2007, fl. 42).
Isto é um excelente conselho para todos, incluindo para as liderenças da instituição a que pertenço que é pública, que necessita de mudar muito mas deve fazê-lo com base em "boas práticas". Na regeneração das instituições os meios não são todos legítimos. Aquilo que há muito me intriga é saber o que pode mobilizar as pessoas para um poder sem ética!!!!
Que na minha Universidade, onde fiz toda a minha carreira como docente e investigador (iniciada a 30 de Out.1980) e não como burocrata, continuem a ocorrer episódios de tão baixa dignidade académica como o hoje aqui tratado - e infelizmente há muitos mais exemplos deste tipo no passado recente e longínquo- obriga-me hoje a dormir mais uma vez com a vergonha agarrada ao corpo, indignado e assarapantado com a imagem de um mundo institucional cuja configuração parece aproximar-se do que imaginamos ser a metáfora da Banana (Republic) que Wood Allen tão bem ficcionou e parodiou em 1971. Que para todos fique claro: a lógica clientelar desvastou esta Universidade e é uma das principais causas do seu insucesso objectivo (como o Relatório da avaliação institucional não deixará de acentuar). É preciso minimizar a sua capacidade de influência. Essa é hoje uma tarefa quase radical. A natureza humana necessita certamente de se alimentar também de manifestações ridículas como a do "convite" aqui comentado. Uma parolice é o que ele é. A Universidade de Évora tem de aspirar a outro padrão de conduta institucional, um facto que a sensatez torna óbvio.
HAF
9869º Dia
I
Quarta-Feira, 7 de Novembro. Chegou o dia que marca o arranque da 1ª edição do renovado curso de mestrado de Estudos Históricos Europeus. Dia ocupado na preparação dos documentos e textos de trabalho para os estudantes. A sessão correu razoavelmente. Os planos de trabalho das várias disciplinas deveriam ter sido apresentados já com alguma profundiadade. E nem todos foram, facto que não voltará a repetir-se. A sala que acolheu a sessão e onde decorrerá toda a actividade lectiva apresentava o mau aspecto que já tinha há dois meses atrás quando se iniciaram as (insistentes) diligências para se fazer um serviço de manutenção pintura. Sem sucesso.
Tenho a obrigação de acrescentar que um curso como este é com um programa focalizadonum segmento da historiografia europeia muito sofisticado não poderia fazer-se na Universidade de Évora sem um apoio maciço de bibliotecas de docentes. O tópico implícito, o de ser necessário pagarmos para ser possível manter um padrão digno de ensino, não me merece comentários especiais. Nem me interessa saber que isso ocorre noutros “sítios”. É o que temos. Conformo-me vendo isto como o ónus que me proporciona o enorme prazer de ser professor.
II
Fiquei sem saber como o mundo rodou, mas pude ver os minutos finais nos quais o meu SCP cedeu (ofereceu, involuntariamente) o empate ao Roma, depois de um jogo com histórias. No dia em que na Rússia alguém deve ter comemorado os 90 anos da revolução que John Reed, um jornalista “radical“ (descubra o sentido do termo na América do início do século passado) “experienciou”, narrrou num testemunho que se tornou clássico - Ten Days That Shook The World (Dez Dias que Abalaram o Mundo, 1919) editado em 1919, e depois morreu (1820). O livro tem várias várias versões electrónicas como a incluida na biblio-online do projecto Guterberg ou no John Reed Internet Archive que reune os seus escritos.
HAF
Quarta-Feira, 7 de Novembro. Chegou o dia que marca o arranque da 1ª edição do renovado curso de mestrado de Estudos Históricos Europeus. Dia ocupado na preparação dos documentos e textos de trabalho para os estudantes. A sessão correu razoavelmente. Os planos de trabalho das várias disciplinas deveriam ter sido apresentados já com alguma profundiadade. E nem todos foram, facto que não voltará a repetir-se. A sala que acolheu a sessão e onde decorrerá toda a actividade lectiva apresentava o mau aspecto que já tinha há dois meses atrás quando se iniciaram as (insistentes) diligências para se fazer um serviço de manutenção pintura. Sem sucesso.
Tenho a obrigação de acrescentar que um curso como este é com um programa focalizadonum segmento da historiografia europeia muito sofisticado não poderia fazer-se na Universidade de Évora sem um apoio maciço de bibliotecas de docentes. O tópico implícito, o de ser necessário pagarmos para ser possível manter um padrão digno de ensino, não me merece comentários especiais. Nem me interessa saber que isso ocorre noutros “sítios”. É o que temos. Conformo-me vendo isto como o ónus que me proporciona o enorme prazer de ser professor.
II
Fiquei sem saber como o mundo rodou, mas pude ver os minutos finais nos quais o meu SCP cedeu (ofereceu, involuntariamente) o empate ao Roma, depois de um jogo com histórias. No dia em que na Rússia alguém deve ter comemorado os 90 anos da revolução que John Reed, um jornalista “radical“ (descubra o sentido do termo na América do início do século passado) “experienciou”, narrrou num testemunho que se tornou clássico - Ten Days That Shook The World (Dez Dias que Abalaram o Mundo, 1919) editado em 1919, e depois morreu (1820). O livro tem várias várias versões electrónicas como a incluida na biblio-online do projecto Guterberg ou no John Reed Internet Archive que reune os seus escritos.
HAF
terça-feira, novembro 6
9868º Dia
08:00-10:00 Aula de História das Instituições e Grupos Sociais no Período Contemporâneo. Alunos interessados e cumpridores. Mas desta vez não leram tudo o que havia para ler. Todavia entregaram o relatório do Tema 1. Já não é mau. Hoje apareceu uma nova aluna (“repetente”) que frequenta o antigo curso de H. com o estatuto de estudante-trabalhadora. É o exemplo chocante da ausência efectiva de um tutor académico sénior que possa proporcionar um aconselhamento individual no planeamento da carreira escolar do estudante. Reduz-se aos factores sorte/acaso/facilistimo os resultados académicos. Como é que uma jovem mãe e grávida, trabalhadora numa empresa em funções não administrativas pode programar para um ano lectivo concretizar 10 ou 12 disciplinas? Esta aventura a estudante partilha-a com muitos outros. Mesmo que nisso eles coloquem um grande esforço, se tudo fizerem é porque em algum lado se facilitou, sem sombra para dúvidas. Todavia, o mais provável é não fazerem tudo e o que vierem a fazer fazê-lo coxamente (diga-se para simplificar com o dezito…). A conduta prejudica a instituição, pelo insucesso prolongado, e penalisa os alunos, pela baixa classificação obtida (que constitui uma notória desvalorização do seu diploma no mercado de trabalho, como é sabido). Será que na qualificação das instituições a questão exposta não tem relevância? A Universidade de Évora, afastada a retórica costumeira, continua de facto demasiado insensível à dimensão qualitativa dos ensinos que ministra ( instalações, turorias, apoio aos estudantes, bibliotecas, etc…) . “Ça va…”
10:00-12:30 : No HSPSM depois da codifição do HISCO, reve-se a classificação HISClass, isto é, a conversão do códigos profissionais em agregados ocupacionais de nível hierarquico similar.
13:00-14:00: Fez-se o almoço “semanal” com algumas “novidades” interessantes, umas boas (externas) outras preocupantes (internas). As preocupantes são as que indiciam a “pessoalização” da campanha eleitoral em curso: uma tentação desgraçada que parece esconder-se por detrás de um conflito entre os titulares de dois orgãos que têm em comum o facto de serem os principais responsáveis pelo “estado” actual da Universidade de Évora. Estava à espera que debatessem as melhores soluções para corrigir as enormes deficiências instituicionais detectadas pela Comissão de Avaliação da Associação Europeia das Universidades, cujo relatório final continuamos a desconhecer. Isso sim, tem interesse para a Academia discutir-se a sério, as responsabilidades (que tem conjuges) e fundamentalmente as soluções, para que esta seja a oportunidade para que de futuro os actuais defeitos venham a ser superados e tornados irrepetíveis. Espero que os programas das listas candidatas digam algo de concreto e objectivo sobre o que deve ser a verdadeira agenda destas eleições (à luz do novo Regime Jurídico para o Ensino Superior que modelo institucional e organizacional devemos adoptar para superar as deficiências institucionais sérias (e há muito conhecidas) que são apontadas pelos avaliadores internacionais?). Os candidatos devem ter uma resposta concreta para esta questão. Mudar, Renovar, Europeizar… muito bem. Como? Estou ansioso por conhecer as respostas dos candidatos a constituintes.
As notícias positivas, mesmo muito positivas, são as que nos chegam de colegas de outras instituições e abrem possibilidades muito interessantes para que sejam concretizados sólidos programas inter-institucionais de 3º Ciclo, fundados na mútua vantagem e sem sugamento de nenhuma das instituições parceiras [nestas matérias sou um optimista e acho sempre que, quando os objectivos estão bem definidos e os interesses são transparentes, é possível encontrar boas soluções]. Por iniciativa do actual director haverá, em breve mudanças na liderança do Actae- Centro de Estudos Políticos e Sociais.
14.10-15.30: Eleições da nova mesa do Conselho Científico da Área Departamental de Ciências Humanas e Sociais (História, Sociologia, Educação, Filosofia, Psicologia, Línguas e Literaturas, etc.) . Um acto que mostra bem o estado de degradação institucional a que se chegou. Não houve balanço nem relatório prévio da mesa que coordenou o orgão no último biénio. Uma eleição, como no passado, completamente burocratizada, sem qualquer compromisso com a assembleia. Alguém consegue lembrar-se de algum debate neste orgão sobre estratégia e desenvolvimento científico, oferta escolar, etc, etc.. ? Um deserto de propostas e de ideias. Há mais de uma década que dura este ciclo de gestão burocrática (informações, contratações, dispensas de serviço, equiparações a bolseiro, planos de estudo, admissão de doutorandos, júris, etc., etc.) .
Não é que com o “antigo estatuto” isto tivesse de funcionar mesmo assim: noutras instituições os CCs encontraram formas práticas e úteis de desempenhar integralmente a sua missão estatutária (em especial as definidas pelas alíneas a) e b) do artº 38 do E.UE). É fundamental que nos novos estatutos, a par da reorganização das áreas departamentais ( a solução das escolas, e uma redistribuição dos departamentos, são soluções válidas se bem desenhada, ou seja se não forem dsenhadas para servir clientelas), haja uma revisão profunda destes orgãos, nas responsabilidades, na composição, na escolha da liderança e formas de responsabilização pelo cumprimento da missão, etc.
Tudo somado, a mesa anterior foi reeleita por extensa maioria dos presentes: um descanso universal. Os procedimentos formais foram correctos. Pelo menos não se ensaiou a chapelada como noutros locais.
16.00-20.00: preparação das aulas de MEHE
21:00: Guerra Colonial (documentário RTP)
23:00: “ Guerra Civil de Espanha, Na Memória de Barrancos” (B.M. República e Resistência, 2001): “O Sr. (…) tinha três filhos, o mais novo dos quais (…), quando tinha cerca de vinte anos alistou-se na falange espanhola. Quando apanhava crianças atirava-as ao ar e furava-as com a espada; às mulheres violava-as, cortava-lhes os peitos e matava-as (…)” (Mariana Lopz Torrado, 63 anos); “Foi nessa praça de touros que os pobres juntaram os ricos «para lhes puxar fogo». No entretanto chegou de Salto a Guarda e soltaram os ricos e prenderam os pobres » (Maria das Dores Alcario Borralho, 79 anos). Memórias terríveis, de um tempo de escuridão, como cantou Adriano, e de desumanidade absoluta. Temos todos de regressar a esta experiência, uma das mais traumáticas do século XX europeu.
HAF
10:00-12:30 : No HSPSM depois da codifição do HISCO, reve-se a classificação HISClass, isto é, a conversão do códigos profissionais em agregados ocupacionais de nível hierarquico similar.
13:00-14:00: Fez-se o almoço “semanal” com algumas “novidades” interessantes, umas boas (externas) outras preocupantes (internas). As preocupantes são as que indiciam a “pessoalização” da campanha eleitoral em curso: uma tentação desgraçada que parece esconder-se por detrás de um conflito entre os titulares de dois orgãos que têm em comum o facto de serem os principais responsáveis pelo “estado” actual da Universidade de Évora. Estava à espera que debatessem as melhores soluções para corrigir as enormes deficiências instituicionais detectadas pela Comissão de Avaliação da Associação Europeia das Universidades, cujo relatório final continuamos a desconhecer. Isso sim, tem interesse para a Academia discutir-se a sério, as responsabilidades (que tem conjuges) e fundamentalmente as soluções, para que esta seja a oportunidade para que de futuro os actuais defeitos venham a ser superados e tornados irrepetíveis. Espero que os programas das listas candidatas digam algo de concreto e objectivo sobre o que deve ser a verdadeira agenda destas eleições (à luz do novo Regime Jurídico para o Ensino Superior que modelo institucional e organizacional devemos adoptar para superar as deficiências institucionais sérias (e há muito conhecidas) que são apontadas pelos avaliadores internacionais?). Os candidatos devem ter uma resposta concreta para esta questão. Mudar, Renovar, Europeizar… muito bem. Como? Estou ansioso por conhecer as respostas dos candidatos a constituintes.
As notícias positivas, mesmo muito positivas, são as que nos chegam de colegas de outras instituições e abrem possibilidades muito interessantes para que sejam concretizados sólidos programas inter-institucionais de 3º Ciclo, fundados na mútua vantagem e sem sugamento de nenhuma das instituições parceiras [nestas matérias sou um optimista e acho sempre que, quando os objectivos estão bem definidos e os interesses são transparentes, é possível encontrar boas soluções]. Por iniciativa do actual director haverá, em breve mudanças na liderança do Actae- Centro de Estudos Políticos e Sociais.
14.10-15.30: Eleições da nova mesa do Conselho Científico da Área Departamental de Ciências Humanas e Sociais (História, Sociologia, Educação, Filosofia, Psicologia, Línguas e Literaturas, etc.) . Um acto que mostra bem o estado de degradação institucional a que se chegou. Não houve balanço nem relatório prévio da mesa que coordenou o orgão no último biénio. Uma eleição, como no passado, completamente burocratizada, sem qualquer compromisso com a assembleia. Alguém consegue lembrar-se de algum debate neste orgão sobre estratégia e desenvolvimento científico, oferta escolar, etc, etc.. ? Um deserto de propostas e de ideias. Há mais de uma década que dura este ciclo de gestão burocrática (informações, contratações, dispensas de serviço, equiparações a bolseiro, planos de estudo, admissão de doutorandos, júris, etc., etc.) .
Não é que com o “antigo estatuto” isto tivesse de funcionar mesmo assim: noutras instituições os CCs encontraram formas práticas e úteis de desempenhar integralmente a sua missão estatutária (em especial as definidas pelas alíneas a) e b) do artº 38 do E.UE). É fundamental que nos novos estatutos, a par da reorganização das áreas departamentais ( a solução das escolas, e uma redistribuição dos departamentos, são soluções válidas se bem desenhada, ou seja se não forem dsenhadas para servir clientelas), haja uma revisão profunda destes orgãos, nas responsabilidades, na composição, na escolha da liderança e formas de responsabilização pelo cumprimento da missão, etc.
Tudo somado, a mesa anterior foi reeleita por extensa maioria dos presentes: um descanso universal. Os procedimentos formais foram correctos. Pelo menos não se ensaiou a chapelada como noutros locais.
16.00-20.00: preparação das aulas de MEHE
21:00: Guerra Colonial (documentário RTP)
23:00: “ Guerra Civil de Espanha, Na Memória de Barrancos” (B.M. República e Resistência, 2001): “O Sr. (…) tinha três filhos, o mais novo dos quais (…), quando tinha cerca de vinte anos alistou-se na falange espanhola. Quando apanhava crianças atirava-as ao ar e furava-as com a espada; às mulheres violava-as, cortava-lhes os peitos e matava-as (…)” (Mariana Lopz Torrado, 63 anos); “Foi nessa praça de touros que os pobres juntaram os ricos «para lhes puxar fogo». No entretanto chegou de Salto a Guarda e soltaram os ricos e prenderam os pobres » (Maria das Dores Alcario Borralho, 79 anos). Memórias terríveis, de um tempo de escuridão, como cantou Adriano, e de desumanidade absoluta. Temos todos de regressar a esta experiência, uma das mais traumáticas do século XX europeu.
HAF
segunda-feira, novembro 5
9867º Dia
08:00- Ed. de documentos para sessões de trabalho e resolução de questões pendentes sobre a sessão MSP no XXVII Encontro APHES.
09:00- Reunião júri especial do MRIES
10:00-Reunião Mestrando (Tese sobre a Americanização da Europa). Fixação dos dados a colher num arquivo cujo acesso foi pela primeira vez autorizado e a título excepcional.
11:00-Reunião com finalista (Seminário / Trabalho de Investigação sobre a emigração da Alemanha para África via Portugal (década de 1930s). Formas de definir o perfil social dos emigrantes e viajantes.
14:30-Preparação dos elementos para a sessão de abertura da edição 2007-08 do Curso de MEHE.
17:00-20.30 Aula de H.E.19-20 c/ elaboração de relatório de avaliação
Noite de jornais. A "retórica eleitoral" vai ficar para outro dia. Se tiver que ficar.
HAF
09:00- Reunião júri especial do MRIES
10:00-Reunião Mestrando (Tese sobre a Americanização da Europa). Fixação dos dados a colher num arquivo cujo acesso foi pela primeira vez autorizado e a título excepcional.
11:00-Reunião com finalista (Seminário / Trabalho de Investigação sobre a emigração da Alemanha para África via Portugal (década de 1930s). Formas de definir o perfil social dos emigrantes e viajantes.
14:30-Preparação dos elementos para a sessão de abertura da edição 2007-08 do Curso de MEHE.
17:00-20.30 Aula de H.E.19-20 c/ elaboração de relatório de avaliação
Noite de jornais. A "retórica eleitoral" vai ficar para outro dia. Se tiver que ficar.
HAF
domingo, novembro 4
sábado, novembro 3
9865º Dia
1. A AAC : 120 anos
A Associação Académica de Coimbra comemora hoje 120 anos de vida. Fundada em 2 de novembro de 1887 é a mais antiga associação de estudantes do país e aquela que mais marcou a vida social conimbricense e nacional.
Tornou-se parte da minha vida desde 1975, quando regressado (“retornado”) de Angola escolhi (e bem) a Academia de Coimbra para prosseguir os meus estudos. Hoje sigo a sua actividade quase com a mesma atenção que lhe dediquei como estudante. E gostava de ver na minha Universidade a acção e cultura plurais que constituem a principal marca da AAC. A AAC e o movimento estudantil nas Faculdades da UC constituiram “espaços” onde a minha experiência e aprendizagem da cidadania se aprofundou. O que ficou enraizado de tudo isso foi o interesse pelo debate, pela competição académica e política, a noção de solidariedade e as amizades (irmandades) do resto da vida. Costumo também dizer que em Coimbra o pensar livremente foi para mim uma aquisição definitiva. Mais importante ainda, que o livre pensamento e a sua expressão não tinham limites nem preço que não os do reconhecimento da diferença dos outros. O facto de um dos meus filhos ter livremente escolhido estudar na minha (nossa porque da Belém também) Academia encheu-me de satisfação. O laço continua.
Os dois “autocolantes” aqui insertos são do meu tempo e documentam a “cultura institucional” de liberdade activa e de solidariedade de que, como tantos outros, sou tributário.
2. Ainda o Ranking das Escolas …..
No jornal Público de hoje José Manuel Fernandes, no seu editorial (Verdades sobre a escola duras como pedras) e Vasco Polido valente na sua coluna (“A evidência” ) comentam o recente ranking das escolas básicas e secundárias estabelecido a partir dos resultados dos exames do 9º e 11º/12º anos. Já escrevi sobre isso no registo de ontem. Apenas deixo duas notas.
A perspectiva de J.M.Fernandes é mais ideológica que analítica. Com algumas verdades imagina muitas fantasias. Vê e valoriza no sistema o que ele não tem, ou o que nele é secundário. Referia-me ontem a um certa corrente conservadora a favor da aristocratização da escola . O director do Público, desde que passei a dar alguma atenção ao que escreve sobre educação (e isso aconteceu com a sua participação num programa dos Prós e Contras sobre o Ensino Superior, em que foi um falso moderador ou relator…), mantem as mesmas características: diz que a coisa é complexa, mas simplifica; não mostra conhecer (não debate) as soluções internacionais/europeias ensaiadas e os resultados relativos das mesmas. Acho que não é por ignorância, é mais por cegueira ideológica, uma obsessão militante, que remete os factos para a conveniência intelectual. Retenho um naco: “ O que não há é um bom sistema de ensino comandado por iluminados “filhos de Rousseau” que gostariam de levar todos, pela arreata, até ao paraíso igualitário mas mediocre”. No ponto em que hoje se coloca na Europa a questão escolar hojeisto pouco sentido faz. Tudo pouco útil. Mas em Portugal pode chegar a Ministro do sector.
A reflexão de VPV tem uma outra lucidez: a escola como uma histórica construção institucional da reprodução da desigualdade social (o que é um facto de ontem e de hoje) e por isso nunca será um canal de igualização. Identifica as evidências sociais que separam as escolas (desigualdade na composição e os resultados qualitativos daí decorrentes ( reprodução da hierarquia) – reflexões cuja leitura recomendo - conclui com acerto: “ Da polémica que agita o país só uma conclusão é irrecusável: a velha ideologia do ensino continua para durar” . Tem toda a razão.
3. As Colónias Portuguesas e a Guerra Colonial: livros coevos
Há dias numa banca de livros “velhos” de uma Faculdade lisboeta passei os olhos em Mugur Valahu, Angola, Clé de l`Afrique (Paris, 1966) e troqueio por 4 euros. Aproveitei a disponilidade e deixei outro tanto por um Doutor Oliveira Boléo: Mozambique Petite Monographie (Lisbonne, Agência_geral do Ultramar, 1967). Fixemo-nos no primeiro dos livros 8de que existe uma tradução portuguesa de 1968).
O Autor era natural de Bucareste (1920), tinha o título de “docteur en droit des universités de Paris et de Bucareste”, era Lieutenant de Réserve de l´Armée roumaine, grièvement blessè sur la front russe, décoré de plusieurs ordres militaires”. Editor de revista Cortina (…-1946, Bucareste) evadiu-se em 1946 e rumou a Paris onde foi redactor e locutor da Radio francesa na BBC e da Rádio Livre da Europa. Foi ainda secretário geral da União dos Jornalistas Livres da Europa Central e da Associaçãpo dos Jornalistas Romenos no Exílio, e colaborou em jornais como o Figaro e o Paris-Press.De 1951 a 1954 foi redactor para a organização anti-comunista radical “Paz e Liberdade”, dirigida por Jean-Paul David (nota biográfica em
http://www.assembleenationale.fr/histoire/biographies/IVRepublique/david-jean-paul-14121912.asp], foi contratado pela “Agence de Press Intercontinental Research Forum e pela revista Free World Forum (Washington DC). Em 1957 rumou aos EUA onde se naturalizou cidadão americano. Nos anos 1960s viajou por África, visitou Angola e Cabinda e publicou diversos trabalhos sobre o “Continente Negro”, em especial sobre o Congo e o Katanga (The Katanga Circus: A Detailed Account of Three UN Wars. New York, R.Speller, 1964.; etc.)
O livro tem um plano interessante (trad. minha):
I-Os portugueses desembarcam em África
II-Costumes e mentalidade dos bantos
III-Da escravatura aos nossos dias
IV-A segunda guerra mundial e seus efeitos em África (“os tiranos marxistas erigem-se como libertadores “…)
V-A explosão terrotista de 1961
VI-Dois anos de incerteza
VII-O regresso da calma
VIII-As riquezas
IX-As Misérias
X-O soldado português em Angola
XI-Nacionalismo ou banditismo
XII-Angola e os seus vizinhos
XIII-Os Estados Unidos e a África
XIV-As chaves do futuro
Conclusão.
Veremos o que nos diz este homem que viajando pelo Congo-Léopoldville , escreveu ter visto “de prés cé désordre, cette anarchie typiquement noire oú tout le monde commande et personne nº obéit, ce gaspillage de temps et d`énergies, résultant d´une autonomie á laquelle les Africains, aujourd`hui encore, ne parviennent pas à s`habituer “ e que, já espreitei, viu para o futuro de Angola três vias: manter-se como provincia ultramarina, território português soberano, regido pela mesma Constituição e na mesma base que os distritos ds metrópole; separação protagonizada pelos Angolanos e em especial pelos Portugueses Brancos, mas no quadro de uma “Comunidade Lusitana”; uma Angola independente, sob a autoridade exclusiva dos negros,“ralliant ainsi l´imposture de 36 outres pays africains” (p. 289-90). Considerou “impensável” a última hipótese, a de ver “Angola submergée par les terroristes et devenue le 37e pays d´imposture, sous l`autorité unique des Noirs” , atendendo à “détermination actuelle des Portugais de maintenir leur emprise sur ce territoire. Au demeurent, si cette alternative se réalisait, elle mettrait plus en peril des Noirs que les Blancs.» (p. 300). O resto – sobre as várias chaves que encerram o futuro de Angola- fica para outra oportunidade. O trecho dá para identificar bem a perspectiva do autor
A biografia de Valahu fica mais completa se ficar dito que, desde finais dos anos 1950, foi um agente operacional da CIA. Morreu no sul de França na primavera de 2003.
4. Elvas e a Nova Biblioteca Municipal
Inaugura-se hoje no antigo Colégio Jesuita de Elvas (Largo do Colégio) a nova biblioteca municipal.
É uma “coisa” destas que a cidade de Évora está a precisar, há muitos anos, e não tem, nem parece ter perspectivas de a ter a prazo breve. Fui, durante um ano e tal (2001-02), director da BPE. Tomei o pulso à instituição com base em alguns relatórios técnicos chave. Tudo se deveria remediar até que um novo edifício, indispensável, permitisse entrar depressa na era moderna. Mas, no essencial,tudo ficou quase na mesma, pois o esforço do actual director, muito competente,não consegue vencer a enorme desporporção entre por um lado, o valor e interesse dos fundos da BPE, o serviço que pode prestar (acesso expedito e geral aos utilizadores)e, por outro, a infraestrura que os imobiliza e coloca em risco. Isto numa cidade que deve ter cerca de 15000 estudantes. É grave mas é duradouro. E as promessas eleitorais passam a dívidas, dívidas insolventes? Provavelmente.
HAF
A Associação Académica de Coimbra comemora hoje 120 anos de vida. Fundada em 2 de novembro de 1887 é a mais antiga associação de estudantes do país e aquela que mais marcou a vida social conimbricense e nacional.
Tornou-se parte da minha vida desde 1975, quando regressado (“retornado”) de Angola escolhi (e bem) a Academia de Coimbra para prosseguir os meus estudos. Hoje sigo a sua actividade quase com a mesma atenção que lhe dediquei como estudante. E gostava de ver na minha Universidade a acção e cultura plurais que constituem a principal marca da AAC. A AAC e o movimento estudantil nas Faculdades da UC constituiram “espaços” onde a minha experiência e aprendizagem da cidadania se aprofundou. O que ficou enraizado de tudo isso foi o interesse pelo debate, pela competição académica e política, a noção de solidariedade e as amizades (irmandades) do resto da vida. Costumo também dizer que em Coimbra o pensar livremente foi para mim uma aquisição definitiva. Mais importante ainda, que o livre pensamento e a sua expressão não tinham limites nem preço que não os do reconhecimento da diferença dos outros. O facto de um dos meus filhos ter livremente escolhido estudar na minha (nossa porque da Belém também) Academia encheu-me de satisfação. O laço continua.
Os dois “autocolantes” aqui insertos são do meu tempo e documentam a “cultura institucional” de liberdade activa e de solidariedade de que, como tantos outros, sou tributário.
2. Ainda o Ranking das Escolas …..
No jornal Público de hoje José Manuel Fernandes, no seu editorial (Verdades sobre a escola duras como pedras) e Vasco Polido valente na sua coluna (“A evidência” ) comentam o recente ranking das escolas básicas e secundárias estabelecido a partir dos resultados dos exames do 9º e 11º/12º anos. Já escrevi sobre isso no registo de ontem. Apenas deixo duas notas.
A perspectiva de J.M.Fernandes é mais ideológica que analítica. Com algumas verdades imagina muitas fantasias. Vê e valoriza no sistema o que ele não tem, ou o que nele é secundário. Referia-me ontem a um certa corrente conservadora a favor da aristocratização da escola . O director do Público, desde que passei a dar alguma atenção ao que escreve sobre educação (e isso aconteceu com a sua participação num programa dos Prós e Contras sobre o Ensino Superior, em que foi um falso moderador ou relator…), mantem as mesmas características: diz que a coisa é complexa, mas simplifica; não mostra conhecer (não debate) as soluções internacionais/europeias ensaiadas e os resultados relativos das mesmas. Acho que não é por ignorância, é mais por cegueira ideológica, uma obsessão militante, que remete os factos para a conveniência intelectual. Retenho um naco: “ O que não há é um bom sistema de ensino comandado por iluminados “filhos de Rousseau” que gostariam de levar todos, pela arreata, até ao paraíso igualitário mas mediocre”. No ponto em que hoje se coloca na Europa a questão escolar hojeisto pouco sentido faz. Tudo pouco útil. Mas em Portugal pode chegar a Ministro do sector.
A reflexão de VPV tem uma outra lucidez: a escola como uma histórica construção institucional da reprodução da desigualdade social (o que é um facto de ontem e de hoje) e por isso nunca será um canal de igualização. Identifica as evidências sociais que separam as escolas (desigualdade na composição e os resultados qualitativos daí decorrentes ( reprodução da hierarquia) – reflexões cuja leitura recomendo - conclui com acerto: “ Da polémica que agita o país só uma conclusão é irrecusável: a velha ideologia do ensino continua para durar” . Tem toda a razão.
3. As Colónias Portuguesas e a Guerra Colonial: livros coevos
Há dias numa banca de livros “velhos” de uma Faculdade lisboeta passei os olhos em Mugur Valahu, Angola, Clé de l`Afrique (Paris, 1966) e troqueio por 4 euros. Aproveitei a disponilidade e deixei outro tanto por um Doutor Oliveira Boléo: Mozambique Petite Monographie (Lisbonne, Agência_geral do Ultramar, 1967). Fixemo-nos no primeiro dos livros 8de que existe uma tradução portuguesa de 1968).
O Autor era natural de Bucareste (1920), tinha o título de “docteur en droit des universités de Paris et de Bucareste”, era Lieutenant de Réserve de l´Armée roumaine, grièvement blessè sur la front russe, décoré de plusieurs ordres militaires”. Editor de revista Cortina (…-1946, Bucareste) evadiu-se em 1946 e rumou a Paris onde foi redactor e locutor da Radio francesa na BBC e da Rádio Livre da Europa. Foi ainda secretário geral da União dos Jornalistas Livres da Europa Central e da Associaçãpo dos Jornalistas Romenos no Exílio, e colaborou em jornais como o Figaro e o Paris-Press.De 1951 a 1954 foi redactor para a organização anti-comunista radical “Paz e Liberdade”, dirigida por Jean-Paul David (nota biográfica em
http://www.assembleenationale.fr/histoire/biographies/IVRepublique/david-jean-paul-14121912.asp], foi contratado pela “Agence de Press Intercontinental Research Forum e pela revista Free World Forum (Washington DC). Em 1957 rumou aos EUA onde se naturalizou cidadão americano. Nos anos 1960s viajou por África, visitou Angola e Cabinda e publicou diversos trabalhos sobre o “Continente Negro”, em especial sobre o Congo e o Katanga (The Katanga Circus: A Detailed Account of Three UN Wars. New York, R.Speller, 1964.; etc.)
O livro tem um plano interessante (trad. minha):
I-Os portugueses desembarcam em África
II-Costumes e mentalidade dos bantos
III-Da escravatura aos nossos dias
IV-A segunda guerra mundial e seus efeitos em África (“os tiranos marxistas erigem-se como libertadores “…)
V-A explosão terrotista de 1961
VI-Dois anos de incerteza
VII-O regresso da calma
VIII-As riquezas
IX-As Misérias
X-O soldado português em Angola
XI-Nacionalismo ou banditismo
XII-Angola e os seus vizinhos
XIII-Os Estados Unidos e a África
XIV-As chaves do futuro
Conclusão.
Veremos o que nos diz este homem que viajando pelo Congo-Léopoldville , escreveu ter visto “de prés cé désordre, cette anarchie typiquement noire oú tout le monde commande et personne nº obéit, ce gaspillage de temps et d`énergies, résultant d´une autonomie á laquelle les Africains, aujourd`hui encore, ne parviennent pas à s`habituer “ e que, já espreitei, viu para o futuro de Angola três vias: manter-se como provincia ultramarina, território português soberano, regido pela mesma Constituição e na mesma base que os distritos ds metrópole; separação protagonizada pelos Angolanos e em especial pelos Portugueses Brancos, mas no quadro de uma “Comunidade Lusitana”; uma Angola independente, sob a autoridade exclusiva dos negros,“ralliant ainsi l´imposture de 36 outres pays africains” (p. 289-90). Considerou “impensável” a última hipótese, a de ver “Angola submergée par les terroristes et devenue le 37e pays d´imposture, sous l`autorité unique des Noirs” , atendendo à “détermination actuelle des Portugais de maintenir leur emprise sur ce territoire. Au demeurent, si cette alternative se réalisait, elle mettrait plus en peril des Noirs que les Blancs.» (p. 300). O resto – sobre as várias chaves que encerram o futuro de Angola- fica para outra oportunidade. O trecho dá para identificar bem a perspectiva do autor
A biografia de Valahu fica mais completa se ficar dito que, desde finais dos anos 1950, foi um agente operacional da CIA. Morreu no sul de França na primavera de 2003.
4. Elvas e a Nova Biblioteca Municipal
Inaugura-se hoje no antigo Colégio Jesuita de Elvas (Largo do Colégio) a nova biblioteca municipal.
É uma “coisa” destas que a cidade de Évora está a precisar, há muitos anos, e não tem, nem parece ter perspectivas de a ter a prazo breve. Fui, durante um ano e tal (2001-02), director da BPE. Tomei o pulso à instituição com base em alguns relatórios técnicos chave. Tudo se deveria remediar até que um novo edifício, indispensável, permitisse entrar depressa na era moderna. Mas, no essencial,tudo ficou quase na mesma, pois o esforço do actual director, muito competente,não consegue vencer a enorme desporporção entre por um lado, o valor e interesse dos fundos da BPE, o serviço que pode prestar (acesso expedito e geral aos utilizadores)e, por outro, a infraestrura que os imobiliza e coloca em risco. Isto numa cidade que deve ter cerca de 15000 estudantes. É grave mas é duradouro. E as promessas eleitorais passam a dívidas, dívidas insolventes? Provavelmente.
HAF
sexta-feira, novembro 2
9864º Dia
I
Um dia ocupado em tarefas de organização da investigação e planeamento da difusão do resultados. Ficou definida com PG a estratégia a adoptar na revisão do paper a incluir num dos próximos números da “Continuity and Change” (um desafio muito interessante). Veremos se não somos engolidos pelos prazos. A licealização da universidade tem custos para todos, para o desempenho individual e, em especial, para o país.
II. Avaliação das Escolas do Ensino Básico e Secundário.
O Jornal o Público divulga, na edição de hoje e em caderno especial, o ranking das escolas do país em função dos resultados dos Exames do Ensino Básico e Secundário.
Independentemente dos esforços que tem sido feitos pelos Ministros da Educação, em particular pelas equipas de José David Justino e da actual ministra, a primeira apreciação que merece ser feita é que os Ministros de Educação dos últimos 15 anos podem organizar um almoço (com as suas equipas, altos funcionários e sindicatos ) para comemorar o sucesso de uma “estratégia” voluntária,ou do andamento incompetente, que teve como objectivo ou resultado um monumental fracasso do ensino público básico e secundário.
Desde a primeira metade de 1990 que a frequência absoluta do total de alunos do Ensino Básico (1º a 3ºs ciclos) está em declínio; desde 1995-96, que declina também, e de forma muito mais severa, a frequência absoluta dos alunos do ensino secundário, (talvez tenha havido uma inversão deste movimento apenas em 2006-07) ; encerraram-se centenas de escolas básicas e secundárias e criaram-se algumas dezenas de escolas básicas integradas (pelo menos numa primeira fase – 1991/2003 – mais no litoral do que no interior do país]; a despesa pública com a educação aumentou. Mas também é verdade que, no mesmo período, a escola atraiu uma quota cada vez maior dos jovens em idade escolar: a taxa de escolarização do ensino secundário subiu de c. 18% (c.1990) para 63% (2006)(Eurostat). Embora só em 2003 tenhamos alcançado os 100% da escolarização no Ensino Básico do 1º Ciclo, 200 anos depois de tal meta ter sido atingida pelos primeiros paises europeus a lá chegar (Escócia, p.ex.). Foi tudo isto um importante avanço mas mesmo assim modesto para o que o país necessita.
O esforço de trazer para as escolas básicas e secundárias uma fatia cada vez maior dos jovens não foi um êxito absoluto mas também não foi um fracasso absoluto. O pior é o facto de a crescente inclusão na escola não ter sido acompanhada por um andamento similar, razoável e crescente em matéria de sucesso educativo.
Sinais disso: entre 1994/5-e 2004/5, no Ensino Básico as taxas de retenção e desistência melhoraram (baixando) expressivamente no 1º ciclo, mantiveram-se estáveis no 2º ciclo e agravaram-se no 3º ciclo do (com particular enfâse para o 9º ano).Isto indica que as crianças portuguesas , chegada a idade escolar, procuraram cada vez mais a escola. Depois de integradas no sistema,e no andamento dos percursos individuais, uma fatia crescente de estudantes conheceu a experiência da retenção (reprovação) e do abandono escolar. Já só uma fatia reduzida foi capaz de transitar para o secundário. Entre os poucos que tiveram condições (escolares e sociais) para transitar e frequentar o Ensino Secundário apenas 2/3 foram capazes de o concluir, constituindo as principais barreiras o 10º Ano e, em especial, o 12º ano. Na década acima referida a percentagem de alunos que concluíu o 12º Ano, declinou progressiva e escandalosamente, de 65,5% (1995/96) para 50,6% (2004/05), não se detectando variações relevantes entre a quota do fracasso dos alunos dos cursos gerais/cientifico-humanísticos e a dos alunos dos cursos tecnológicos. Mais do que na demografia, aqui reside uma das principais razões (além das socio-económicas) do também crescente quebra na procura do ensino superior. Na transição do ensino secundário para o superior ficavam pelo caminho entre 15 a 20% dos alunos que concluíam o ensino secundário (ver: Site do ME: “Números da Educação”(taxas de retenção e transição),consulta 26.Out.07); Previsão da evolução do número de alunos e das necessidades de financiamento.Ensino Superior 1995 a 2005, CIPES-FUP,1999). Nos últimos dois anos, segundo os dados divulgados esta semana pela Srª Ministra da Educação, a taxa de retenção no Secundário recuou para a casa dos 35% e 25% (e o recuo foi ainda maior entre os jovens) mercê de orientações políticas controversas em matéria de exigência nos exames finais (assunto que abordei em registo anterior). No entanto a taxa geral de abandono precoce (% da população dos 18-24 anos sem o Ensino Secundário completo)permanece vigorosa (38%, 2006/7) menos 2 % que em 1004/5 e menos 11% que em 1996/7.
Ora sabemos grande parte deste “drama” decorreu no espaço do Ensino Público. O leitor encontrará no Caderno do Público algumas das principais razões para este facto. Mais que enunciar as estratégias selectivas quer as ostensivamente adoptadas pelas escolas privadas quer as simuladas por algumas escolas públicas, o que importa aqui dizer é o seguinte:
1.Em Portugal a rápida democratização do acesso ao ensino, é um feito que o país deve ao Regime Democrático e quase exclusivamente às Escolas Públicas.
2.A avaliação do desempenho das escolas públicas não pode limitar-se ao balanço superfial a que os resultados comparados dos exames conduzem (mesmo que seja interessante o seu uso e interpretação)
3.A missão, objectivos e acção da escola pública é muito diferente, porque muito mais complexa, do que a das escolas privadas. Estas de um modo geral, selecionam intensamente os seus alunos e tem um objectivo essencial : o melhor resultado educativo da aprendizagem, preparando os alunos para uma carreira escolar longa e propiciada por instituições selectas.. As escolas públicas europeias tornaram-se muito, mas muito mais ambiciosas: além de se esforçarem por alcançar aquele propósito, elas tratam da inclusão social e , é preciso por vezes lembrar, devem proporcionar os instrumentos que permitam aos jovens beneficiados pela abertura social conhecer destinos sociais melhores e mais justos do que aquelas que as gerações de onde vieram experimentaram. Os objectivos dos alunos daquelas e destas escolas também são diferentes. Se diferentes são como se podem esperar os mesmos resultados? Como é que todas as escolas são avaliadas e hierarquizadas pelos resultados que apenas são prioritários /condutores num dos modelos?
4.A escola pública, é quase toda interclassista e largamente frequentada pela maioria dos filhos dos portugueses formalmente menos “educados”, parece não estar a ser tão exímia como a escolas escolas privadas em matéria de transferência de “conhecimentos úteis” para a vida activa (empregabilidade, a não ser os percursos profissionais)? Mas as escolas privadas de curriculum geral estão-no? Não, não são, e nem sequer é este o objectivo dos alunos que a frequentam: o que eles pretendem são estudos prolongados até à credenciação do ensino superior.
5.As escolas privadas são generiamente frequentadas por filhos das classes médias e altas e muitas delas apenas pelos bons alunos com estas origens sociais. Um ou outro aluno fora deste perfil não belisca aquele traço genético. É por isso natural que estas escolas e os seus alunos se destaquem na realização do objectivo de proporcionar um sucesso escolar destacado, como o ranking do resultado dos exames mostra. Não vejo nisso nada de extraordinário, mas apenas competência em algumas destas instituições no cumprimento dos seus objectivos. Mas se o modelo é excelente e uma alternativa ao público porque é que no top dos estabelecimentos com os melhores resultados ns exames não estão muito mais escolas privadas ?. Além disso, as escolas públicas “dominadas” pelos filhos da classe média e média-alta são radicalmente piores que as privadas? Talvez, em detalhes, não no essencial.
6.Se o critério do ranking for a missão da instituição, através da educação formal, melhorar os destinos sociais da generalidade dos seus alunos, a hierarquia será naturalmente outra. Ora surpreendementemente este aspecto nunca foi alvo de avaliação ou monitorização em Portugal (a criação da escola única nos países nórdicos no imediato pós-2ª Guerra Mundial, não só foi progressiva como constantemente monitorizada e o seu impacto comparado com as escolas tradicionais; e em virtude disso se escolheu a sua genealização)
7.As tendências conservadoras actuais, favoráveis à aristocratização (elitização) ou ao regresso a um certo maltusianismo escolar (correntes com valores diferentes, argumentos diferentes mas que), tem em comum o objectivo de interromper o grande processo de democratização que caracterizou numerosas políticas educativas ocidentais e europeias nos últimos 50 anos. Operacionalizam isso com um grande ataque à escola pública. Um caminho injusto e errado.
8.As escolas privadas dotadas de uma missão tão complexa como a das escolas públicas não tem resultados melhores. Podemos sempre isolar um caso, mas eles existem em ambos os espaços institucionais
9.A escola pública pode diversificiar os percursos que oferece (mais teóricos e gerais ou mais profissionais ) mas tanto a estratégia educativa do país, como a acção concreta das escolas básicas e secundárias deve ser a de promover políticas e acções que inculquem a necessidade e facultem a possibilidade do maior acesso possível de estudantes ao Ensino Superior. A escola pública não consegue a igualdade social, nem tem esse propósito.
10.As escolas públicas têm de fazer um esforço bem maior para que ao cumprimento das metas da abertura e integração sociais se acrescente uma mais ampla “democratização” das competências escolares (skills; o que exige investimento, puro e duro), que são essenciais.
11.A escola pública não consegue a igualdade social, e não deve (pode) ter isso como meta. E a retórica de que sistematicamente igualiza, mas por baixo em termos de competências escolares que transfere para os alunos, é muitíssimo controversa (Eric Maurin, La Nouvelle Question Scolaire. Les bénéfices de la Démocratisation, Paris, Seuil, 2007)
12.A escola pública é , mesmo na sociedade portuguesa, provavelmente o mais importante mecanismo das oportunidades sociais para a promoção individual.
13.A escola pública pode diversificiar os percursos que oferece (mais teóricos e gerais ou mais profissionais desde que todos com acesso a estudos mais prolongados) mas tanto a estratégia educativa do país, como a acção concreta das escolas básicas e secundárias deve ser a de promover políticas, acções e práticas que inculquem a necessidade e facultem a possibilidade do maior acesso possível de estudantes ao Ensino Superior.
14.Depois de democratizar o Ensino Básico (tardiamente) e o Secundário (em curso) é indispensável a democratização real do Ensino Superior. É cada vez mais aí que se localiza o centro das oportunidades de futuro para todos. E na tradição e experiência europeia essa é uma missão que não pode deixar de contar com a Escola Pública (básica, secundária e superior)
Dois factos não merecem discussão. O estado actual do “ensino” em geral visto pelo prisma dos estudantes (utentes/beneficiários/clientes, etc) exprime por um lado, o vigoroso reforço das diferenças sociais no seio da sociedade portuguesa nos últimos 20 anos, e por outro , o peso da escola como instrumento da “transmissão” ( a “reprodução” de Bourdieu e Passeron, 1977) dos destinos sociais.
A escola pública em Portugal (não em todo o lado….) faz ainda pouco no âmbito das oportunidades sociais. A dimensão do atraso do país devia obrigá-la a ser muito mais ambiciosa no cumprimento dos seus objectivos. Por isso deveria fazer muito mais.
A escola pública não pode limitar-se ao instrumento que assegurar o acesso de todos (a oportunidade propalada pelos conservadores) ao ensino formal e deve garantir a “permanência” da ampla maioria dos jovens mas com base no sucesso educativo com vista a estudos prolongados. Só isso pode melhorar os destinos individuais e vencer definitivamente a pobreza.
E isso meus caros, tem a ver com a organização das escolas e com os professores, com a regulação interna e a gradação da responsabilidade e autoridade, mas exige também um vigoroso empenho e determinação (com dotação de meios operacionais) das políticas educativas públicas. Por isso as escolas e os alunos devem ter objectivos, meios e metas a cumprir. E todos os intervenientes devem ser responsabilizados (incluindo os encarregados de educação). Completamente de acordo, mas isso acontece assim? Não, claramente não. E qual é a responsabilidade objectiva dos Governos, Ministros da Educação e seus staffs nos resultados efectivos do ensino público? Já alguém apurou? Por isso podem quase todos os ministros do sector juntar-se para uma almoçarada festiva: a escola pública cumpre apenas uma parte da sua missão e cumpre-a mal. Podem aproveitar o novo estatuto dos estudantes do ensino B. e S. agora em discussão (ou já aprovado?) como elemento mobilizador do evento [A ideia é capaz de não ser grande coisa pois é capaz de deixar de fora o David Justino que pelos vistos fez coisas bem feitas. Porque não haveria de fazer? Talentoso, estudioso, e sério como sempre foi no seu trabalho académico]
Mais que inventar soluções o mais útil é ver como a “conquista” da democracia educativa e a criação de uma sociedade educada (e a superação do círculo vicioso da pobreza) nas sociedades europeias foi efectivamente operacionalizada nos países que hoje constituem referência ( as reformas educativas, institucionais e pedagógicas, assentes em metodologias experimentais, sistematicamente monitorizadas , etc., etc.). A experiência de quase todos os todos países nórdicos nos últimos 50 anos são bons exemplos, e amplamente estudados. O que ela mostra é que sem trabalho seriamente desenhado e operacionalizado, não há resultados (a crença no êxito assente na nossa capacidade de imitar desenrascando… dará sempre o até agora deu.). A avaliação que suscitou esta nota tem o mérito de mostrar as fraquezas do sistema público e isso deve ser objecto de reflexão para todos e em especial para os políicos, altos funcionários e amigos que interferem no sistema sem grande controle. É possível andar melhor, quando nos libertarmos das políticas erráticas, dos facilistismos, do miserabilismo de grande parte da infraestrutura escolar e dos experimentalismos sem monitorização
III- O Milagre Irlandês serve de bom exemplo?
Ao escrever sobrer o ranking das nossas escolas lembrei-me da entrevista (primavera de 2006) de um antigo primeiro ministro (1982-87) irlandês , Garret FitzGerald , na qual procurou explicar o milagre económico irlandês, para o qual o seu governo de coligação deu um importante contributo . O documento ainda deve estar disponível na íntegra na página web do “Compromisso Portugal” e foi na altura parcial ou integralmente reproduzido em alguns blogs. Dela retiro alguns trechos (e vale a pena ler, atentamente):
“
Como foi possível o “milagre irlandês”? Como é que tudo começou?
Nos anos 70 a Irlanda já estava a ter alguns avanços no sector económico, mas depois fomos perdendo terreno e só conseguimos recuperar já nos anos 90. Fomos particularmente bem sucedidos na atracção de investimento dos Estados Unidos para a indústria.
E como é que conseguiram atrair tanto investimento norte-americano?
Sempre tivemos políticas de impostos baixos. Começámos também a reduzir os impostos sobre as exportações em 1956, até que os eliminámos completamente em 1959. No entanto, e com a adesão à União Europeia em 1973, não pudemos continuar sem taxar nada e estabelecemos uma taxa fixa de 10% sobre o lucro do investimento estrangeiro na indústria. Depois, fomos impedidos de discriminar os lucros do sector dos serviços relativamente à indústria e fixámos uma taxa única para os dois sectores de 12,5%. De qualquer das formas, esta taxa era bastante inferior à de outros países europeus, o que fez com que continuássemos a atrair um grande investimento. As empresas que investiam na Irlanda continuavam a ter um lucro de 87,5% em vez dos habituais 70% ou 65% que tinham noutros países. Este foi o grande factor de atracção.
Em segundo lugar, a Educação foi outra grande aposta. De acordo com os padrões do Norte da Europa, a Irlanda não era, até aos anos 60, um país com uma grande taxa de escolarização. Cerca de 20% ou 25% da população terminava o ensino secundário e tínhamos uma taxa de ingresso no ensino superior de 8%. Em 1966, tornámos o ensino secundário completamente gratuito. Ao mesmo tempo, foram criadas mais escolas por todo o país de forma a tornar o ensino acessível a todos. O ensino superior também teve uma expansão considerável. Foram criados inúmeros Institutos de Tecnologia por todo o país, de onde saía uma mão-de-obra que era imediatamente absorvida pelas indústrias que investiam no país. Por outro lado, o número de universidades foi também alargado, passando de cinco para sete pólos. Tudo isto constituiu um aumento considerável na oferta de Educação. Em 1995, as propinas nas universidades foram também abolidas, aumentando a igualdade de oportunidades, reduzindo-se o encargo das famílias. Ao mesmo tempo, nesta altura, o entusiasmo com a educação era enorme, porque isto também significava uma redução na taxa de emigração de jovens que iam estudar para outros países. Os elevados níveis de motivação e entusiasmo traduziram-se numa rápida expansão do sistema. Conseguimos, assim, passar de uma percentagem de 20% de alunos que terminavam o ensino secundário para uma percentagem de 87% e de uma taxa de ingresso na faculdade de 8% para 60%. Este foi outro grande factor de atracção porque as empresas de alta tecnologia precisavam de trabalhadores com um elevado nível de escolaridade, que conseguiam encontrar na Irlanda. Outra grande vantagem do ensino irlandês é que temos um ensino secundário que é bastante lato, cobre várias áreas. Enquanto, por exemplo, no Reino Unido os alunos só fazem exame final a três disciplinas, na Irlanda os alunos têm de fazer um exame final em seis ou sete disciplinas. Ou seja, os jovens também se especializam mais tarde.
E qual a importância dos acordos entre parceiros sociais para o desenvolvimento económico do país?
Os contratos sociais realizados em 1987 entre os trabalhadores, as empresas e o Governo tiveram um papel decisivo. O Governo comprometeu-se a manter os impostos baixos para diminuir a despesa das empresas com os trabalhadores. Ao mesmo tempo, o poder de compra dos irlandeses foi aumentando à medida que os salários foram subindo.
A língua inglesa é também um factor fundamental. O legado do inglês tem sido essencial para o desenvolvimento da Irlanda. Para além de ser uma língua universal, é ainda a língua falada pelo maior investidor na Irlanda, os Estados Unidos. Os investidores consideram que esta é uma grande vantagem.
Por outro lado, os nossos serviços públicos sempre foram bastante bons e bem vistos pela população em geral. Posso dizer que os nossos serviços públicos e sociais são bastante íntegros e sempre tivemos baixos índices de corrupção, o que também incentiva o investimento estrangeiro no nosso país. É um grande factor favorável para os investidores, que felizmente não têm de pagar a ninguém para que os processos sejam mais fáceis. Os trâmites dos processos de investimento estrangeiro na Irlanda foram facilitados ao máximo e é um processo relativamente simples, um dos melhores do mundo.
(…)
E como conseguiram subir os salários dos trabalhadores para um nível tão elevado?
(….)
E quais são actualmente as prioridades da Irlanda no que diz respeito ao sector da Educação?
A nossa maior prioridade é manter os padrões actuais. Neste momento, temos uma taxa de acesso ao ensino superior de 60% e o nosso target são os 66%, por isso não estamos muito longe. Temos uma taxa de 87% da população que termina o ensino secundário e o nosso target são os 90%. Ainda não atingimos bem o que pretendemos.
Por outro lado, temos de nos aplicar no ensino da Matemática. Os nossos professores de Matemática não são tão bons como deviam ser. Continuamos a não estar na média europeia nos resultados desta disciplina.
Também temos de tentar baixar os custos da Educação. Há ainda muito a fazer, mas penso que os nossos grandes objectivos já foram atingidos.
“ [fim de cit.]
Um país com um sistema escolar essencialmente “público” (nacional e local). E foi capaz de libertar-se do círculo da pobreza através da Educação, das boas práticas e de outras coisas certamente.
HAF
Um dia ocupado em tarefas de organização da investigação e planeamento da difusão do resultados. Ficou definida com PG a estratégia a adoptar na revisão do paper a incluir num dos próximos números da “Continuity and Change” (um desafio muito interessante). Veremos se não somos engolidos pelos prazos. A licealização da universidade tem custos para todos, para o desempenho individual e, em especial, para o país.
II. Avaliação das Escolas do Ensino Básico e Secundário.
O Jornal o Público divulga, na edição de hoje e em caderno especial, o ranking das escolas do país em função dos resultados dos Exames do Ensino Básico e Secundário.
Independentemente dos esforços que tem sido feitos pelos Ministros da Educação, em particular pelas equipas de José David Justino e da actual ministra, a primeira apreciação que merece ser feita é que os Ministros de Educação dos últimos 15 anos podem organizar um almoço (com as suas equipas, altos funcionários e sindicatos ) para comemorar o sucesso de uma “estratégia” voluntária,ou do andamento incompetente, que teve como objectivo ou resultado um monumental fracasso do ensino público básico e secundário.
Desde a primeira metade de 1990 que a frequência absoluta do total de alunos do Ensino Básico (1º a 3ºs ciclos) está em declínio; desde 1995-96, que declina também, e de forma muito mais severa, a frequência absoluta dos alunos do ensino secundário, (talvez tenha havido uma inversão deste movimento apenas em 2006-07) ; encerraram-se centenas de escolas básicas e secundárias e criaram-se algumas dezenas de escolas básicas integradas (pelo menos numa primeira fase – 1991/2003 – mais no litoral do que no interior do país]; a despesa pública com a educação aumentou. Mas também é verdade que, no mesmo período, a escola atraiu uma quota cada vez maior dos jovens em idade escolar: a taxa de escolarização do ensino secundário subiu de c. 18% (c.1990) para 63% (2006)(Eurostat). Embora só em 2003 tenhamos alcançado os 100% da escolarização no Ensino Básico do 1º Ciclo, 200 anos depois de tal meta ter sido atingida pelos primeiros paises europeus a lá chegar (Escócia, p.ex.). Foi tudo isto um importante avanço mas mesmo assim modesto para o que o país necessita.
O esforço de trazer para as escolas básicas e secundárias uma fatia cada vez maior dos jovens não foi um êxito absoluto mas também não foi um fracasso absoluto. O pior é o facto de a crescente inclusão na escola não ter sido acompanhada por um andamento similar, razoável e crescente em matéria de sucesso educativo.
Sinais disso: entre 1994/5-e 2004/5, no Ensino Básico as taxas de retenção e desistência melhoraram (baixando) expressivamente no 1º ciclo, mantiveram-se estáveis no 2º ciclo e agravaram-se no 3º ciclo do (com particular enfâse para o 9º ano).Isto indica que as crianças portuguesas , chegada a idade escolar, procuraram cada vez mais a escola. Depois de integradas no sistema,e no andamento dos percursos individuais, uma fatia crescente de estudantes conheceu a experiência da retenção (reprovação) e do abandono escolar. Já só uma fatia reduzida foi capaz de transitar para o secundário. Entre os poucos que tiveram condições (escolares e sociais) para transitar e frequentar o Ensino Secundário apenas 2/3 foram capazes de o concluir, constituindo as principais barreiras o 10º Ano e, em especial, o 12º ano. Na década acima referida a percentagem de alunos que concluíu o 12º Ano, declinou progressiva e escandalosamente, de 65,5% (1995/96) para 50,6% (2004/05), não se detectando variações relevantes entre a quota do fracasso dos alunos dos cursos gerais/cientifico-humanísticos e a dos alunos dos cursos tecnológicos. Mais do que na demografia, aqui reside uma das principais razões (além das socio-económicas) do também crescente quebra na procura do ensino superior. Na transição do ensino secundário para o superior ficavam pelo caminho entre 15 a 20% dos alunos que concluíam o ensino secundário (ver: Site do ME: “Números da Educação”(taxas de retenção e transição),consulta 26.Out.07); Previsão da evolução do número de alunos e das necessidades de financiamento.Ensino Superior 1995 a 2005, CIPES-FUP,1999). Nos últimos dois anos, segundo os dados divulgados esta semana pela Srª Ministra da Educação, a taxa de retenção no Secundário recuou para a casa dos 35% e 25% (e o recuo foi ainda maior entre os jovens) mercê de orientações políticas controversas em matéria de exigência nos exames finais (assunto que abordei em registo anterior). No entanto a taxa geral de abandono precoce (% da população dos 18-24 anos sem o Ensino Secundário completo)permanece vigorosa (38%, 2006/7) menos 2 % que em 1004/5 e menos 11% que em 1996/7.
Ora sabemos grande parte deste “drama” decorreu no espaço do Ensino Público. O leitor encontrará no Caderno do Público algumas das principais razões para este facto. Mais que enunciar as estratégias selectivas quer as ostensivamente adoptadas pelas escolas privadas quer as simuladas por algumas escolas públicas, o que importa aqui dizer é o seguinte:
1.Em Portugal a rápida democratização do acesso ao ensino, é um feito que o país deve ao Regime Democrático e quase exclusivamente às Escolas Públicas.
2.A avaliação do desempenho das escolas públicas não pode limitar-se ao balanço superfial a que os resultados comparados dos exames conduzem (mesmo que seja interessante o seu uso e interpretação)
3.A missão, objectivos e acção da escola pública é muito diferente, porque muito mais complexa, do que a das escolas privadas. Estas de um modo geral, selecionam intensamente os seus alunos e tem um objectivo essencial : o melhor resultado educativo da aprendizagem, preparando os alunos para uma carreira escolar longa e propiciada por instituições selectas.. As escolas públicas europeias tornaram-se muito, mas muito mais ambiciosas: além de se esforçarem por alcançar aquele propósito, elas tratam da inclusão social e , é preciso por vezes lembrar, devem proporcionar os instrumentos que permitam aos jovens beneficiados pela abertura social conhecer destinos sociais melhores e mais justos do que aquelas que as gerações de onde vieram experimentaram. Os objectivos dos alunos daquelas e destas escolas também são diferentes. Se diferentes são como se podem esperar os mesmos resultados? Como é que todas as escolas são avaliadas e hierarquizadas pelos resultados que apenas são prioritários /condutores num dos modelos?
4.A escola pública, é quase toda interclassista e largamente frequentada pela maioria dos filhos dos portugueses formalmente menos “educados”, parece não estar a ser tão exímia como a escolas escolas privadas em matéria de transferência de “conhecimentos úteis” para a vida activa (empregabilidade, a não ser os percursos profissionais)? Mas as escolas privadas de curriculum geral estão-no? Não, não são, e nem sequer é este o objectivo dos alunos que a frequentam: o que eles pretendem são estudos prolongados até à credenciação do ensino superior.
5.As escolas privadas são generiamente frequentadas por filhos das classes médias e altas e muitas delas apenas pelos bons alunos com estas origens sociais. Um ou outro aluno fora deste perfil não belisca aquele traço genético. É por isso natural que estas escolas e os seus alunos se destaquem na realização do objectivo de proporcionar um sucesso escolar destacado, como o ranking do resultado dos exames mostra. Não vejo nisso nada de extraordinário, mas apenas competência em algumas destas instituições no cumprimento dos seus objectivos. Mas se o modelo é excelente e uma alternativa ao público porque é que no top dos estabelecimentos com os melhores resultados ns exames não estão muito mais escolas privadas ?. Além disso, as escolas públicas “dominadas” pelos filhos da classe média e média-alta são radicalmente piores que as privadas? Talvez, em detalhes, não no essencial.
6.Se o critério do ranking for a missão da instituição, através da educação formal, melhorar os destinos sociais da generalidade dos seus alunos, a hierarquia será naturalmente outra. Ora surpreendementemente este aspecto nunca foi alvo de avaliação ou monitorização em Portugal (a criação da escola única nos países nórdicos no imediato pós-2ª Guerra Mundial, não só foi progressiva como constantemente monitorizada e o seu impacto comparado com as escolas tradicionais; e em virtude disso se escolheu a sua genealização)
7.As tendências conservadoras actuais, favoráveis à aristocratização (elitização) ou ao regresso a um certo maltusianismo escolar (correntes com valores diferentes, argumentos diferentes mas que), tem em comum o objectivo de interromper o grande processo de democratização que caracterizou numerosas políticas educativas ocidentais e europeias nos últimos 50 anos. Operacionalizam isso com um grande ataque à escola pública. Um caminho injusto e errado.
8.As escolas privadas dotadas de uma missão tão complexa como a das escolas públicas não tem resultados melhores. Podemos sempre isolar um caso, mas eles existem em ambos os espaços institucionais
9.A escola pública pode diversificiar os percursos que oferece (mais teóricos e gerais ou mais profissionais ) mas tanto a estratégia educativa do país, como a acção concreta das escolas básicas e secundárias deve ser a de promover políticas e acções que inculquem a necessidade e facultem a possibilidade do maior acesso possível de estudantes ao Ensino Superior. A escola pública não consegue a igualdade social, nem tem esse propósito.
10.As escolas públicas têm de fazer um esforço bem maior para que ao cumprimento das metas da abertura e integração sociais se acrescente uma mais ampla “democratização” das competências escolares (skills; o que exige investimento, puro e duro), que são essenciais.
11.A escola pública não consegue a igualdade social, e não deve (pode) ter isso como meta. E a retórica de que sistematicamente igualiza, mas por baixo em termos de competências escolares que transfere para os alunos, é muitíssimo controversa (Eric Maurin, La Nouvelle Question Scolaire. Les bénéfices de la Démocratisation, Paris, Seuil, 2007)
12.A escola pública é , mesmo na sociedade portuguesa, provavelmente o mais importante mecanismo das oportunidades sociais para a promoção individual.
13.A escola pública pode diversificiar os percursos que oferece (mais teóricos e gerais ou mais profissionais desde que todos com acesso a estudos mais prolongados) mas tanto a estratégia educativa do país, como a acção concreta das escolas básicas e secundárias deve ser a de promover políticas, acções e práticas que inculquem a necessidade e facultem a possibilidade do maior acesso possível de estudantes ao Ensino Superior.
14.Depois de democratizar o Ensino Básico (tardiamente) e o Secundário (em curso) é indispensável a democratização real do Ensino Superior. É cada vez mais aí que se localiza o centro das oportunidades de futuro para todos. E na tradição e experiência europeia essa é uma missão que não pode deixar de contar com a Escola Pública (básica, secundária e superior)
Dois factos não merecem discussão. O estado actual do “ensino” em geral visto pelo prisma dos estudantes (utentes/beneficiários/clientes, etc) exprime por um lado, o vigoroso reforço das diferenças sociais no seio da sociedade portuguesa nos últimos 20 anos, e por outro , o peso da escola como instrumento da “transmissão” ( a “reprodução” de Bourdieu e Passeron, 1977) dos destinos sociais.
A escola pública em Portugal (não em todo o lado….) faz ainda pouco no âmbito das oportunidades sociais. A dimensão do atraso do país devia obrigá-la a ser muito mais ambiciosa no cumprimento dos seus objectivos. Por isso deveria fazer muito mais.
A escola pública não pode limitar-se ao instrumento que assegurar o acesso de todos (a oportunidade propalada pelos conservadores) ao ensino formal e deve garantir a “permanência” da ampla maioria dos jovens mas com base no sucesso educativo com vista a estudos prolongados. Só isso pode melhorar os destinos individuais e vencer definitivamente a pobreza.
E isso meus caros, tem a ver com a organização das escolas e com os professores, com a regulação interna e a gradação da responsabilidade e autoridade, mas exige também um vigoroso empenho e determinação (com dotação de meios operacionais) das políticas educativas públicas. Por isso as escolas e os alunos devem ter objectivos, meios e metas a cumprir. E todos os intervenientes devem ser responsabilizados (incluindo os encarregados de educação). Completamente de acordo, mas isso acontece assim? Não, claramente não. E qual é a responsabilidade objectiva dos Governos, Ministros da Educação e seus staffs nos resultados efectivos do ensino público? Já alguém apurou? Por isso podem quase todos os ministros do sector juntar-se para uma almoçarada festiva: a escola pública cumpre apenas uma parte da sua missão e cumpre-a mal. Podem aproveitar o novo estatuto dos estudantes do ensino B. e S. agora em discussão (ou já aprovado?) como elemento mobilizador do evento [A ideia é capaz de não ser grande coisa pois é capaz de deixar de fora o David Justino que pelos vistos fez coisas bem feitas. Porque não haveria de fazer? Talentoso, estudioso, e sério como sempre foi no seu trabalho académico]
Mais que inventar soluções o mais útil é ver como a “conquista” da democracia educativa e a criação de uma sociedade educada (e a superação do círculo vicioso da pobreza) nas sociedades europeias foi efectivamente operacionalizada nos países que hoje constituem referência ( as reformas educativas, institucionais e pedagógicas, assentes em metodologias experimentais, sistematicamente monitorizadas , etc., etc.). A experiência de quase todos os todos países nórdicos nos últimos 50 anos são bons exemplos, e amplamente estudados. O que ela mostra é que sem trabalho seriamente desenhado e operacionalizado, não há resultados (a crença no êxito assente na nossa capacidade de imitar desenrascando… dará sempre o até agora deu.). A avaliação que suscitou esta nota tem o mérito de mostrar as fraquezas do sistema público e isso deve ser objecto de reflexão para todos e em especial para os políicos, altos funcionários e amigos que interferem no sistema sem grande controle. É possível andar melhor, quando nos libertarmos das políticas erráticas, dos facilistismos, do miserabilismo de grande parte da infraestrutura escolar e dos experimentalismos sem monitorização
III- O Milagre Irlandês serve de bom exemplo?
Ao escrever sobrer o ranking das nossas escolas lembrei-me da entrevista (primavera de 2006) de um antigo primeiro ministro (1982-87) irlandês , Garret FitzGerald , na qual procurou explicar o milagre económico irlandês, para o qual o seu governo de coligação deu um importante contributo . O documento ainda deve estar disponível na íntegra na página web do “Compromisso Portugal” e foi na altura parcial ou integralmente reproduzido em alguns blogs. Dela retiro alguns trechos (e vale a pena ler, atentamente):
“
Como foi possível o “milagre irlandês”? Como é que tudo começou?
Nos anos 70 a Irlanda já estava a ter alguns avanços no sector económico, mas depois fomos perdendo terreno e só conseguimos recuperar já nos anos 90. Fomos particularmente bem sucedidos na atracção de investimento dos Estados Unidos para a indústria.
E como é que conseguiram atrair tanto investimento norte-americano?
Sempre tivemos políticas de impostos baixos. Começámos também a reduzir os impostos sobre as exportações em 1956, até que os eliminámos completamente em 1959. No entanto, e com a adesão à União Europeia em 1973, não pudemos continuar sem taxar nada e estabelecemos uma taxa fixa de 10% sobre o lucro do investimento estrangeiro na indústria. Depois, fomos impedidos de discriminar os lucros do sector dos serviços relativamente à indústria e fixámos uma taxa única para os dois sectores de 12,5%. De qualquer das formas, esta taxa era bastante inferior à de outros países europeus, o que fez com que continuássemos a atrair um grande investimento. As empresas que investiam na Irlanda continuavam a ter um lucro de 87,5% em vez dos habituais 70% ou 65% que tinham noutros países. Este foi o grande factor de atracção.
Em segundo lugar, a Educação foi outra grande aposta. De acordo com os padrões do Norte da Europa, a Irlanda não era, até aos anos 60, um país com uma grande taxa de escolarização. Cerca de 20% ou 25% da população terminava o ensino secundário e tínhamos uma taxa de ingresso no ensino superior de 8%. Em 1966, tornámos o ensino secundário completamente gratuito. Ao mesmo tempo, foram criadas mais escolas por todo o país de forma a tornar o ensino acessível a todos. O ensino superior também teve uma expansão considerável. Foram criados inúmeros Institutos de Tecnologia por todo o país, de onde saía uma mão-de-obra que era imediatamente absorvida pelas indústrias que investiam no país. Por outro lado, o número de universidades foi também alargado, passando de cinco para sete pólos. Tudo isto constituiu um aumento considerável na oferta de Educação. Em 1995, as propinas nas universidades foram também abolidas, aumentando a igualdade de oportunidades, reduzindo-se o encargo das famílias. Ao mesmo tempo, nesta altura, o entusiasmo com a educação era enorme, porque isto também significava uma redução na taxa de emigração de jovens que iam estudar para outros países. Os elevados níveis de motivação e entusiasmo traduziram-se numa rápida expansão do sistema. Conseguimos, assim, passar de uma percentagem de 20% de alunos que terminavam o ensino secundário para uma percentagem de 87% e de uma taxa de ingresso na faculdade de 8% para 60%. Este foi outro grande factor de atracção porque as empresas de alta tecnologia precisavam de trabalhadores com um elevado nível de escolaridade, que conseguiam encontrar na Irlanda. Outra grande vantagem do ensino irlandês é que temos um ensino secundário que é bastante lato, cobre várias áreas. Enquanto, por exemplo, no Reino Unido os alunos só fazem exame final a três disciplinas, na Irlanda os alunos têm de fazer um exame final em seis ou sete disciplinas. Ou seja, os jovens também se especializam mais tarde.
E qual a importância dos acordos entre parceiros sociais para o desenvolvimento económico do país?
Os contratos sociais realizados em 1987 entre os trabalhadores, as empresas e o Governo tiveram um papel decisivo. O Governo comprometeu-se a manter os impostos baixos para diminuir a despesa das empresas com os trabalhadores. Ao mesmo tempo, o poder de compra dos irlandeses foi aumentando à medida que os salários foram subindo.
A língua inglesa é também um factor fundamental. O legado do inglês tem sido essencial para o desenvolvimento da Irlanda. Para além de ser uma língua universal, é ainda a língua falada pelo maior investidor na Irlanda, os Estados Unidos. Os investidores consideram que esta é uma grande vantagem.
Por outro lado, os nossos serviços públicos sempre foram bastante bons e bem vistos pela população em geral. Posso dizer que os nossos serviços públicos e sociais são bastante íntegros e sempre tivemos baixos índices de corrupção, o que também incentiva o investimento estrangeiro no nosso país. É um grande factor favorável para os investidores, que felizmente não têm de pagar a ninguém para que os processos sejam mais fáceis. Os trâmites dos processos de investimento estrangeiro na Irlanda foram facilitados ao máximo e é um processo relativamente simples, um dos melhores do mundo.
(…)
E como conseguiram subir os salários dos trabalhadores para um nível tão elevado?
(….)
E quais são actualmente as prioridades da Irlanda no que diz respeito ao sector da Educação?
A nossa maior prioridade é manter os padrões actuais. Neste momento, temos uma taxa de acesso ao ensino superior de 60% e o nosso target são os 66%, por isso não estamos muito longe. Temos uma taxa de 87% da população que termina o ensino secundário e o nosso target são os 90%. Ainda não atingimos bem o que pretendemos.
Por outro lado, temos de nos aplicar no ensino da Matemática. Os nossos professores de Matemática não são tão bons como deviam ser. Continuamos a não estar na média europeia nos resultados desta disciplina.
Também temos de tentar baixar os custos da Educação. Há ainda muito a fazer, mas penso que os nossos grandes objectivos já foram atingidos.
“ [fim de cit.]
Um país com um sistema escolar essencialmente “público” (nacional e local). E foi capaz de libertar-se do círculo da pobreza através da Educação, das boas práticas e de outras coisas certamente.
HAF
quinta-feira, novembro 1
9863º Dia
Acredito que um dia virá em que boas razões terei para regressar aos actos solenes do Dia da Universidade de Évora. Mas ainda não é desta vez.
Comemorei a data ao modo, como nos últimos anos: sem o perfume académico, que tanto aprecio, mas com trabalho. Preparei o parecer como referee de parte de um livro que será publicado no início do próximo ano nos EUA e dedicado aos montados de sobro. E como devo solidariedade a alguns colegas universitários que me pediram para comentar relatórios associados a provas em que são candidatos o dia foi-lhes também dedicado
É claro que sobrou tempo para um xadrez com a minha filha.
HAF
Comemorei a data ao modo, como nos últimos anos: sem o perfume académico, que tanto aprecio, mas com trabalho. Preparei o parecer como referee de parte de um livro que será publicado no início do próximo ano nos EUA e dedicado aos montados de sobro. E como devo solidariedade a alguns colegas universitários que me pediram para comentar relatórios associados a provas em que são candidatos o dia foi-lhes também dedicado
É claro que sobrou tempo para um xadrez com a minha filha.
HAF
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