Segundo alguns teóricos do crescimento moderno numa fase de crescimento positivo e intenso é vulgar que as desigualdades regionais se acentuem (a favor das mais dinâmicas); numa fase de recessão o normal é a convergência dos indicadores entre as regiões mais e menos desenvolvidas (mais pelo retrogresso das primeiras). Na União Europeia ( uma experiência de integração regional), a região “Portugal” afastou-se 3 pontos da média europeia mas, cumpriu-se a regra: há uma maior aproximação entre as “subregiões” da nação. Todas recuaram: a Madeira e os Açores, já bastante desiguais em 2000, foram as que menos perderam (e até mantiveram as distâncias relativas); Lisboa , em particular, e o Centro foram os que mais recuaram.
Na semana passada o país tomou conhecimento de algo que já alguns conheciam : cerca de 60.000 licenciados sem emprego num país com cerca de 500.000 desempregados e apenas com apenas 13-14% da população activa credenciada com formação académica do ensino superior, um índice dos mais baixos da Europa (Education at a Glance 2007, OECD Indicators).
O argumento dos inteligentes é conhecido: é evidente que não necessitamos de tantos licencidados. O problema está na incapacidade das Universidades e do ensino superior em geral avaliarem e ajustarem a oferta à “economia real”. Quanto à economia real, o dito tecido empresarial e empregador, que consumiu milhões de euros em formação desde finais dos anos 1980s, é claro que é um “mimo”. Qualificou tanto a mão de obra que a teve de despedir.
No fundo o país o que necessita mesmo é de formar políticos e ainda oleiros, alvanéus, funileiros, corticeiros, latoeiros …em suma os velhos grupos de “artistas” e ganhões, trabalhadores especializados na capinagem, limpeza e pavimentação de estradas, construção de paredes e pintura de grandes superf+icies, apanhadores de bolas de golf , e já agora pobres, muitos, mas educados e de preferência especializados. A chatice são os imigrantes que cobrem estas áreas com concorrência desleal e muita flexibilidade e generosidade no horário do trabalho.
É por estas expectativas que recomendo aos meus filhos que o mercado que devem ter em vista é o que está para além das nossas fronteiras. Um país pequeno mas mesmo assim maior que as suas pequenas velhas e novas elites.
HAF