12346º
Dia
1 de
Fevereiro de 2014
I. «Retornado» num novo formato.
Ao retomar
os registos neste «Diário» interrompo um silêncio de 123 dias… de muito trabalho.
Fechadas seis teses, apresentadas duas comunicações, assegurada a coordenação de
um painel da FCT (História), com cerca de 200 candidatos, realizada a reorganização
de um grupo de investigação (DyRET/ The
Dynamics of Regional Integration: European and other Transnational Perspectives), intercaladas por três semanas de intensa de
investigação ( Arquivo Lúcio Lara (Luanda); AOS e SCCIA, IANTT), a organização
de um seminário para 2014 (Transnational
Connections in Southern Africa (1950-1990), um primeiro script
sobre os campos de treino dos Movimentos de Libertação na África Austral
e o «desenho» de um livro sobre Alfredo Margarido, aqui acompanhado por JTP
Lima.
Mantendo a designação inicial, o Blogue mudará de formato apenas na medida em que os registos passarão a ser semanais, de cada uma delas sendo um balanço. E mudaram outras coisas: o dia dos “60”, foi também
o de um casamento-surpresa. O que a emigração proporciona….
II. O Facto
Internacional: Nelson Mandela
Destes últimos
meses evoco aqui o legado de Nelson Mandela.
III. O Facto Nacional: a FCT e o retrogresso cientifico.
O Ensino Superior acabou e iniciou o ano numa grande agitação, tanto no plano nacional como no local. Com as praxes não vou perder muito tempo: fui , como estudante, anti-praxe e não vejo nela nenhuma das generosas virtudes que se lhes apontam. E do peso da "tradição" estamos conversados.
Relevante é a questão da ciência. Ficará para a História o retrogresso da actividade científica (a alguém ouvi chamar o «cienticídio»), que o desastrado planeamento, a pressa operacional ( ser eficaz não é andar a correr) , a opacidade das práticas (herança do passado , é preciso dizê-lo) e os resultados das bolsas de doutoramento atribuídas [e pós-doutoramento] ilustram. As elites conservadoras portuguesas, além de só conseguirem viver com a pobreza , nunca perceberam que a base da excelência está na massificação.
Relevante é a questão da ciência. Ficará para a História o retrogresso da actividade científica (a alguém ouvi chamar o «cienticídio»), que o desastrado planeamento, a pressa operacional ( ser eficaz não é andar a correr) , a opacidade das práticas (herança do passado , é preciso dizê-lo) e os resultados das bolsas de doutoramento atribuídas [e pós-doutoramento] ilustram. As elites conservadoras portuguesas, além de só conseguirem viver com a pobreza , nunca perceberam que a base da excelência está na massificação.
IV. O Facto "Local": a eleição reitoral
Depois de uma longa e imóvel «siesta» - nem estatutos, nem visão, nem estratégia e plano
de acção substantivos – uma nova oportunidade já quase perdida. O processo de eleição reitoral ( com que o
mês de Janeiro de 2014 deveria ter fechado) pôs a
nu o que temos disponível. «NADA» , não
o direi , não por cortesia mas porque faltaria à verdade. Mas temos «pouco»: «Pouco» nas ideias, «pouco»
nas soluções, «pouco» quando, com o temos, imaginamos como viver no futuro. Assim vejo os quatro candidatos, excelentes
pessoas, mas cujos programas reitorais, substantivamente parecidos e adequados
aos anos 1990s do século passado, são para o “presente” peças generalistas, repetitivas,
fantasiosas, decepcionantes e sem um vislumbre mobilizador de quem consegue imaginar
o que plausivelmente o futuro pode vir a ser. Os tradicionais «arranjismos», as
pequenas e grandes alianças de geografia variável que dirigem a instituição há décadas,
estão de facto esgotados (já o estavam há quatro anos atrás). Com os quatro candidatos efectivamente reprovados pelo Conselho Geral (CG) vigente - um órgão arregimentado, débil e incapaz de ser competente (como se viu) e de destrinçar entre algum trabalho bem feito e a anterior era do desvario -, não vejo que a repetição do acto eleitoral por si traga algo de novo. Em teoria o CG agiu normalmente: não colhendo os candidatos um consenso mínimo quanto às virtudes da proposta que apresentaram, foram recusados. Até aqui, cristalino. Todavia, ao considera-los a todos «excelentes candidatos» (comunicado de dia 31), o CG auto-reprovou-se, manifestando a sua incapacidade em escolher (por maioria) um entre quatro «excelentes candidatos». Com a repetição do acto estará o CG à espera de um «super candidato»? Obviamente, não está. Deste modo a doce «siesta» que quase todos quiseram, desperta numa crise gravíssima, com as tradicionais clientelas fragmentadas desavindas , e o improviso (o acaso) a conduzir a navegação. Nestas circunstâncias o CG deveria claudicar: mas a isto responderá, seguramente, com um «jamais».
É claro que o «establishement» e os seus mentores virão a adro reclamar distância desta comédia Haydeniana. Mas foram eles que a fabricaram. Sem uma rebelião pacífica, base de uma nova legitimidade, [que deveria incluir uma forma de eleição directa do Reitor] o futuro só não será "mais do mesmo" porque as circunstâncias externas serão implacáveis. São coisas dos tempos que correm, que humanos sem rasgo não contrariam.
É claro que o «establishement» e os seus mentores virão a adro reclamar distância desta comédia Haydeniana. Mas foram eles que a fabricaram. Sem uma rebelião pacífica, base de uma nova legitimidade, [que deveria incluir uma forma de eleição directa do Reitor] o futuro só não será "mais do mesmo" porque as circunstâncias externas serão implacáveis. São coisas dos tempos que correm, que humanos sem rasgo não contrariam.
HAF