I
Auto-avaliação MEHE e DHC
Reunião da Mesa do CC
3 Júris de Doutoramento
Sessão do CC do NICPRI
Tutoria de tese
Aulas TH ( 2 sessões)
II
Eleições
na ECS : da Assembleia de Representantes e do Director da Escola. Até há um “Manifesto” cuja inutilidade é útil.
Eleito o Conselho Geral , decorre até ao dia
12 a campanha das listas candidatas para a eleição dos «Representantes no Senado, Conselho Científico, Assembleias
de Representantes, Conselhos Científico e Técnico-científico das Escolas».
Na Escola de Ciências Sociais,
agarrada à campanha das duas listas candidatas à Assembleia de Representantes (AR,
um órgão cuja actividade referente ao primeiro mandato se desconhece completamente) corre a campanha de dois candidatos que explicitamente de declararam (há alguns
dias atrás) empenhados no exercício do cargo
de Director da Escola, tendo cada um deles, também de forma explicita, uma
lista de apoio concorrente à AR.
Durante a semana recebemos mensagens
de «propaganda» assinadas por membros de ambas as listas candidatas à AR e por
um dos candidatos a director (no caso, a candidata) . O outro candidato a
director limitou-se a distribuir textos
de “posição” e “apelo assinados por membros da lista «apoderada».
São textos muito desiguais e não vou
aqui esmiuçá-los a todos. Mas neles não é uniforme uma “visão “ para a Escola, um esboço de plano de acção, uma única
referencia a metas, ou a simples explicitação (mesmo que difusa) dos meios e capacidades que serão mobilizadas. Nada
que fuja à tradição «eborense» .
Todavia, um dos candidatos à AR (PS) veiculou através
de mensagem distribuida pelo candidato a
director de que é promotor, um «Texto da lista K - Para uma ECS com
identidade, protagonismo e futuro” - O que nos distingue?», texto que o
referido candidato não acima mas obviamente, aceitando-o, tacitamente com ele
concorda. É este texto que merece aqui alguns
comentários.
O texto é respeitável, no sentido
democrático. A um leitor distraído pode
parecer um texto inútil, porque vazio de substância e pleno de lugares comuns ,
porque todos deles comungam (com maior ou
menor intensidade). Mas na verdade o texto, é apenas uma exortação, com
argumentos imperfeitos e convenientemente entaramelados, ao retrogresso à via
do ilusório «basismo» que, até 2008 ,
alimentou de amanhãs radiantes esta
instituição.
Não há Universidade sem o «seniorato»
fundado na legitimidade e experiência cientifica. Ora a Universidade de Évora
nunca foi capaz de o constituir por basismo e falta de vontade politica. Os
actuais “catedráticos” são poucos e, eventualmente, fracos , sugere o autor do
manifesto. É a herança que temos , de 30 anos de clientelas reprodutivas. E se
o acesso aos “seniorato” se não alargar expressivamente ou for dominantemente
endogâmico assim continuará a ser por largos anos. É aliás extraordinário que
se atribuam responsabilidades de destino aos professores «catedráticos» numa
instituição onde os professores séniores
no seu conjunto (catedráticos e os associados) são uma escassíssima minoria e
não tem, mesmo com os actuais estatutos
ainda em vigor (desde 2009) , nenhum poder especial. Em regra, eles não dirigem
(alguns porque também não querem) nem centros de investigação, nem
departamentos, nem cursos e não tem especiais responsabilidades em nenhum órgão
de decisão da Universidade (que não seja o Reitor, o que mesmo assim teria permitido ir bem mais longe) .
Esperava-se que a velha «Santa
Aliança» agora reconstituída e recauchutada, herdeira directa das
orientações que fizeram o que somos e nos colocaram onde estamos (numa posição
relativa cada vez mais fraca) , e supostamente tão experiente em matéria de
gestão, tivesse um vislumbre de algo institucional, estratégico ou operacionalmente
novo ou mesmo refundador. Esperava-se
que tivesse também alguma capacidade de
auto-crítica. Nada.
Mas o texto não é inútil por três razões. A
Primeira, porque nos informa que a referida lista tem “cinco projectos” para a ECS
[ e eu a pensar que merecíamos um bom projecto, mas não há fome
que não dê em fartura: depois dos primeiros quatro anos com uma direcção a
navegar à vista, agora corremos o risco de ter nos próximos quatro anos, cinco
projectos (a «grandeza portuguesa»)]. A segunda, porque nos permite ficar a
saber ( o que dá descanso) que, na ECS, os
referidos candidatos são os legítimos guardiões dos novos estatutos da
Universidade de Évora que, aprovados de
fresco (na véspera da eleição do novo Conselho geral) , ainda hoje (8 de
dezembro) a academia desconhece (um sinal claro da qualidade na «comunicação e
informação» da academia) .
Mas o que mais «distingue» o signatário do
texto é a «forma» como vê o presente e o relaciona com o passado e o futuro da
nossa universidade. Trata-se indiscutivelmente da «narrativa do mainstream».
Ela é notoriamente fundada na crença da evolução “interna” da
“espécie”: sumariamente, à «república socialista dos Assistentes”,
sucedeu a “república socialista dos Professores Auxiliares “ para que haja um amanhã imediato “republicano
socialista de agregados e associados” , seguido do “fim da história”, com
esse extraordinário mundo que certamente será a “república socialista dos
catedráticos”.
A via “do colectivo” é um “futuro desejável” ,
pode até ser um “futuro possível” , mas não é um «futuro plausível» , de qualidade. Todos intuímos o desaguo desta república «basista». Ela não foi,
não é, nem será capaz de inverter nem as más práticas nem os maus resultados:
alimenta-se deles, e por isso, tenderá a acentuá-los. Poder-se-á dizer que as
coisas não tem que ser assim, mas o mais plausível (pela mecânica geral da
«coisa») é que assim continue a ser, como tem sido até aqui. Não acredito que o candidato a director que o referido texto apoia, acredite nesse futuro. Não sei por isso como o ajudará a concretizar.
Mas também podemos já dizer-lhe «não», e mudar o
rumo, arriscar um futuro muito diferente
do presente, porque é necessário que o seja para sobrevivermos, amanhã, como Escola e como Universidade. É muito importante termos neste momento por onde escolher. Com o nosso
voto, no próximo dia 12. É ele que nos responsabiliza comunitariamente , embora não nos isente das responsabilidades individuais.
Seria aliás desejável e mesmo fundamental
que, até lá, os candidatos a “directores” da Escola, nos dissessem como
imaginam a nossa Escola daqui a quatro e dez anos, em particular a “posição de relevância” que ocupará no
contexto universitário nacional e internacional.
Uma nota final: acabo de escrever a declaração
da indisponibilidade para ser eleito para o Conselho Científico da Escola de
Ciências Sociais. As razões são académicas, mas a «sabática» por um ano, não é
a razão principal.
HAF