09,30-13,00: DHPR&R
14,00-17,00: Correspondência e despacho académicos
17,30-21,00: Seminário II/DT (DHC e MEHE)
II. uma bela 1ª página
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III. O HVET e as cobaias canídeas: esclarecimento oficial
Hospital Veterinário - Repondo a Verdade
Caros Colegas, Alunos e Funcionários da Universidade de Évora
Ontem, dia 18 de Novembro respondi a várias interpelações de órgãos da comunicação social, dei entrevistas pelos mais diversos meios, quase ininterruptamente entre as 9h e as 18 horas. Espero que compreendam a razão por só agora me dirigir à academia, acreditem que é esgotante.
Começo por um breve historial, no dia 17, após sete horas de reunião do Conselho Científico da ECT-UÉ, fui surpreendido pela abordagem duma jornalista do JN, que me relata uma série de denúncias, todas anónimas, sobre a utilização dos animais do Canil pelo Curso de Medicina Veterinária dentro do Hospital Veterinário. Comecei por dizer à senhora jornalista que preferia uma discussão aberta e clara com os denunciantes para esclarecermos toda a situação, por que da forma como me foram apresentados os casos, baseado na confiança que os colegas me merecem, só podiam ser invenções ou adulterações da realidade. Informou-me que as declarações eram confidenciais e isso estaria fora de questão. Esclareci-a do que se passava na realidade, de cerca de 20 minutos de conversa telefónica a jornalista fez a selecção que é pública. Confirmei junto de docentes, alunos e funcionários que as declarações como eram apresentadas não tinham fundamento, quer durante o período que sou Director do HVET (7 meses), quer em períodos anteriores.
Enquadramento
Aos alunos de medicina veterinária da Universidade de Évora é facultada a possibilidade aprender em contexto de hands on. Preocupa-nos que os alunos adquiram conhecimentos e adquiram competências e que no day one (dia seguinte à conclusão do curso) saibam fazer de forma responsável e competente as tarefas para que estão habilitados profissionalmente, respeitando a ética e a deontologia. Lamento, nestes poucos casos, que a mensagem não tenha passado. O antedito faz parte das recomendações europeias da formação e acreditação da profissão veterinária. Muitos alunos, hoje em dia, querem seguir a sua carreira como médicos veterinários de animais de companhia (leia-se cães, gatos, aves, etc.). Para lhes dar as competências necessárias há duas hipóteses ou criamos cães destinados a esse fim, que serão abatidos após determinadas intervenções, uma vez que os alunos não podem actuar em cães que sejam utentes externos do hospital, a não ser como observadores, ou em alternativa o procedimento que temos seguido. Dizem as boas práticas de bem estar animal que deve haver redução do número de animais envolvidos para fins didácticos ou ensaios, minimização de abates, compatibilizar o uso dos mesmos animais para múltiplos fins, anular ou reduzir a dor e, preferencialmente, que as actuações nos animais resultem em benefício da própria espécie (preparar bem os veterinários que irão no futuro atender centenas de cães, enquadra-se ou não?). Nos canis das câmaras municipais abatem-se animais, quase sempre por incúria de donos irresponsáveis, é um facto que lamentamos. Perante esta realidade, a que somos totalmente alheios, abordaram-se os serviços competentes da CME com vista a cumprir com preceituado para a experimentação animal (minimização compatibilização etc.).
Acordo com a CME
O hospital Veterinário da Universidade de Évora dispõe de uma incineradora, tanto quanto julgo saber única na região, prestamos serviços de incineração a canis municipais, clínicas, serviços responsáveis pela remoção de animais mortos por atropelamento nas estradas, Liga de Protecção à Natureza, privados etc. Temos alguns protocolos em que permitem aos utentes a redução de custos da incineração e, em contrapartida, a Universidade aproveita a oportunidade para fins didácticos ou científicos do material enviado. Por exemplo estamos a colaborar num projecto para determinar até que ponto os animais silvestres atropelados são portadores de determinadas patologias que os fragilizem e lhes diminuam os reflexos de defesa, com vista a poder criar condições, no futuro, que reduzam essas mortes. È neste alinhamento que surge o acordo com a CME, nós não cobramos pela incineração e em contrapartida pudemos usar os cadáveres para utilização das aulas. Pontualmente, pedimos que nos sejam enviados alguns animais vivos cuja eutanásia esteja eminente, comprometendo-nos a usar os animais cumprindo as mais rigorosas regras de ética, se houver lugar a uma intervenção cirúrgica é sempre praticada sob anestesia profunda, da qual não acordam. È aquilo, que mesmo nos humanos, se considera eutanásia de luxo, nem sequer a agonia ante morte os animais sofrem.
Dispenso-me de comentar os disparates técnicos, que me envergonham enquanto docente e enquanto médico veterinário (só um exemplo "cesarianas em cadelas não grávidas" demonstrativo de não se saber o que é uma cesariana ou o que é um útero de cadela.).
José Tirapicos Nunes | Director do Hospital Veterinário [Cf, UELine, 19-11-2011]
HAF