Editorial

Um amigo muito estimado tem uma “FlorBela” , a poetisa, sentada à janela do mundo. A peça é de Pedro Fazenda e hoje permite à poetisa, a partir da Quinta de Santa Rita, um olhar eterno sobre o lado este da cidade de Évora. Todavia ela nem sempre esteve ali. Conheci-a na cidade, no Pátio de S. Miguel , quase debruçada sobre o velho Colégio Espírito Santo (actual “centro” da Universidade de Évora) e com um horizonte que dos “coutos “ orientais da cidade se prolongava, nos dias verdadeiramente transparentes , até Évora-Monte . Mas as coisas da vida são como se fazem. Depois de um par de anos vendo o mundo a partir da cidade , e de mais alguns por outras andanças e paragens, Florbela sentou-se definitivamente para observar a cidade. E lá a encontrará nos anos vindouros quem a souber procurar. À janela, de onde a poetisa gostava de apreciar se não o Mundo, pelo menos o Mar (“Da Minha Janela”, 1923).

À janela do mundo me coloco também para observar e comentar as múltiplas cidades que me interessam, os seus actores e instituições. Sem uma agenda definida. Pelo simples prazer de dar palavras a ideias quando tal me apetecer. Um exercício de liberdade e cidadania.

DiáriodeumaCatedraaJanela é um blog de autor, um espaço de opinião aberto a todas as dimensões que se inscrevem na minha identidade . A de um autor com experiência e memória de mais de meio século partilhadas entre África e Europa, Casado (há quase 30 anos), Pai (de três filhos), Livre Pensador, Cidadão (Português e Europeu) , Professor (Catedrático) e Historiador . O Diário passará por tudo isto, mas com o carácter de “conta-corrente”, só mesmo a vida académica, que no momento em que este editorial foi escrito de(le)itava-se em mais uma falsas férias.

Não me coloco ao abrigo de uma atalaia. Pretendo também ser observado, expondo o meu dia a dia profissional. É uma forma de ajudar a superar a miserável (manipulação da ) ignorância do “povo” e proporcionar a possibilidade de contrapôr experiências à retórica e oportunismo mediáticos de muitos observadores e políticos pouco criteriosos. Os cidadãos podem conhecer de perto o que nós (professores universitários com carreira universitária) fazemos pelo país, o modo como o fazemos e o que pensamos sobre o modo como podemos fazer ainda mais e melhor.

A começar a 1 de Setembro. Não por ser o dia dedicado pela Igreja Católica à bela “Santa Beatriz da Silva Menezes, Virgem “ (1490-c 1550). Não por constituir efeméride da invasão da Polónia pela Alemanha (1939), da Conferência de Belgrado (1961) ou da tomada do poder por Muammar al-Qaddafi (1969). Não também pelo comemorativo propósito dos dias do Caixeiro Viajante ou do Professor de Educação Física. Nem sequer por marcar o nascimento de António Lobo Antunes (1942), o autor das extraordinárias “D´este viver aqui neste papel descripto. Cartas da Guerra” (1971-1972) , cuja edição as filhas organizaram (2005) , ou de Allen Weinstein (1937), prestigiado historiador americano e actual “Archivist of the United States “. Nada disso. Também não é por corresponder ao 9802º dia da minha actividade como professor universitário, cujo início data de 30 de Outubro de 1980, quatro meses após a conclusão da licenciatura e uma disputa em concurso público limpinho. Apenas porque me fica mais em conta.

Vamos lá tentar fazer disto um mundo aberto.

Burgau, 15 de Agosto de 2007
Helder Adegar Fonseca (HAF)

quarta-feira, fevereiro 29

11439º Dia

Dia 28 de Fevereiro de 2012
I
08.00-20.00:
Projecto FCT (África Austral)
Preparação de Aulas (TH)
Relatório ESTER
II
Este é sempre um dia especial.
III
SAUNDERS Christopher: “The South Africa-Angola Talks, 1976-1984.A Little-known Cold War Thread”, in kronosme 2012
HAF

terça-feira, fevereiro 28

11438º Dia

Dia 27 de Fevereiro de 2012
I
09.00-12,00: Avaliação de trabalhos (MRIEE-Ang)
12.00-16.00: encontros inevitáveis sobre o futuro
16,30-20.00: Teses de Mestrado (leituras)
II
A Universidade «marasmo». É onde permanecemos, num olímpico «dolce fare niente». Andamos à volta das urgências, das coisas miúdas (meses para serem resolvidas), sem qualquer visão de futuro, que deveria ser mobilizadora. Num inverno sem chuvas, os principais órgãos da universidade dormem profundamente. Cumpriu-se o que alguns temiam. Serão quatro anos perdidos…. Que, nas circunstâncias actuais, são mais uns largos anos de afastamento das instituições universitárias que podem ser tomadas como referência.
É indispensável voltar a colocar a Universidade de Évora no centro do debate: a reforma dos Estatutos, a não-autonomia prática das «escolas», a terrível degradação da composição e contratualização do corpo docente, a não-meritocracia, a situação dos estudantes,o papel do IIFA,o papel estratégico da internacionalização, a fusão e/ou aliança com outras instituições, o Parque Ciência e Tecnologia, ... são os tópicos mais preocupantes em relação aos quais a Universidade de Évora tem de ser pró-activa.Começando desde logo por suprir o déficit de informação, a opacidade com que estamos a funcionar. É tempo, não de «cair na real», mas de nos empenharmos em mudara a realidade. E seria útil que os não «radicais» viessem a debate explicar o que tem a propor de futuro á academia , que não se limite ao «vamos ver o que somos capazes de fazer, vamos tentar....» . É preciso definir/escolher um projecto (moderno) de Universidade, ajustado ao futuro.
HAF

domingo, fevereiro 26

11437º Dia

Dia 26 de Fevereiro de 2012
I
08.00-18,00: Correspondência, Projecto Editorial e Projecto Africa Austral
II
A assimilação (dos aborigenes) no Canadá: tal como na Austrália, na Nova Zelândia e nos EUA, uma história brutal de assimilação agressiva (escolas residenciais especiais , etc..) e de colonialismo interno (Ver Público de hoje). Há muitos anos Andrew Armitage (University of Victoria) dedicou um estudo comparado das políticas e práticas de assimilação das «First Nations families» [(1995) Comparing the Policy of Aboriginal Assimilation: Australia, Canada, and New Zealand (UBC Press,1995)] e nele pode ler-se:
HAF

HAF

11436º Dia

Dia 25 de Fevereiro de 2012
Dia dedicado a Santa Rita e ao seu aniversariante (JM).
HAF

11435º Dia

Dia 24 de Fevereiro de 2012
09,00-11.00: Despacho CC ECS UE
07,00-21.00: Conferência sobre a Guerra Colonial para mentes inquietas.
HAF

quinta-feira, fevereiro 23

11434º Dia

Dia 23 de Fevereiro de 2012
09,00-17.00: ADN e o fim de quatro dias arquivo-intensivos.
25 ANOS sem Zeca Afonso…
HAF

11433º Dia

Dia 22 de Fevereiro de 2012
I
09,00-17.00: ADN
II
Dez anos passaram sobre a morte de Jonas Malheiro Savimbi [3/8/1934-22/2/2002. Conheci-o. Dele preservo memórias e registos de momentos comuns. Progressivamente distanciados em demasiadas coisas.
Há alguma literatura recente que ilumina segmentos do trajecto deste herói do Nacionalismo angolano, mesmo que alguns o queiram fora dessa galeria. Continua a faltar uma biografia histórica.
Que não tivesse eu outra razão, pelas conversas matinais nas matas brumosas do Leste angolano em tempos idos, recordo a efeméride com a divulgação de um curioso e precoce «apontamento biográfico» (não direi porque razão), parcialmente fantasioso, mas dos mais antigos que dele conheço. Este, data de Abril de 1964. Tinha Savimbi 30 anos, mal começara a sua carreira de político-guerrilheiro nacionalista. O documento classificado de «confidencial» durante muitos anos, foi elaborado por um funcionário português (Mario Lagoa) do MNE , num contexto muito particular da história da FNLA e do GRAE (Governo Revolucionário de Angola no Exílio), em fase de dissídio. Aqui se transcreve na integra:

Elementos sobre Jonas Malheiro Savimbi.
A.Biografia (extraída de um jornal congolês)

Nasceu em 3/8/1934 em Munhango (Silva Porto – Bié) e fêz os seus estudos universitários na Faculdade de Medicina de Lisboa e, em seguida, na de Friburgo (Suiça) onde alcançou o seu Diploma de Doutor; posteriormente, como Presidente da Juventude Cristã de Angola prossegiu, na Suiça, os seus estudos universitários e obteve a licenciatura em Ciências Políticas e Jurídicas na Universidade de Lausanne. Em 1960 aderiu à UPA da qual foi nomeado Secretário Geral. No ano seguinte, acompanhou Holden Roberto nas Nações Unidas. Tornou-se deputado junto do “Conselho Nacional da Revolução Angolana” em Março de 1962 e, em Abril do mesmo ano, ascendeu ao cargo de “Ministro dos Negócios Estrangeiros” do GRAE; nessa qualidade, participou: na Conferência de Addis-Abeba; nos trabalhos, em Dar-es-Salaam, do Comité de Coordenação de Ajuda aos Movimentos Nacionalistas (Junho de 1963); nos trabalhos da “Comissão de Conciliação dos Movimentos Nacionalistas Angolanos”.
B- Posição de Savimbi no GRAE
Em outubro do ano passado, o ex-bolseiro deste Ministério, João Gabriel Maques, informou, em Paris, de que Savimbi era um perigoso concorrente para Holden Roberto; posteriormente informações de outras proveniências, confirmaram essa notícia.
Por outro lado, os factos tornaram mais periclitante a posição do chefe da UPA : com efeito, este tem tido o seu apoio em Adoula, cuja situação tem vindo a decair na cena política congolesa

C- Pendor de Savimbi na conjuntura política internacional
Com base em informações chegadas a este Secretaria de Estado, já na última das reuniões de trabalho, efectuadas periodicamente, na Secção dos Negócios Políticos Ultramarinos, poude concluir-se que Savimbi representa, dentro do GRAE, a tendência pró-americana, tendência que se vem destacando à medida que se afirma o “volte face” de Holden para a China Continental ( a conclusão em referência consta da acta então elaborada e reproduzida na Circular UL 5).
Depois disso, o Delegado português à reunião do Comité de Àfrica na NATO, realizada , em Paris, de 17 a 21 de Março último, informou no Relatório a propósito efectuado: “Como era de esperar, os americanos conhecem tudo o que se passa dentro da UPA. Sabem que Roberto não tem outro apoio político além do que lhe dá Adoula ( e até aqui os americanos). Por isso Roberto está condenado a um quase imobilismo que procura impor aos seus sequazes. Savimbi (pro-ocidental) e Johny Eduardo (pro Bem Bella) encabeçam as duas facções, que, com intensidade crescente, disputam a chefia a Roberto. Good (delegado americano à referida Reunião), pensa que Savimbi tem mais possibilidades pois pode trazer consigo a sua etnia dos Bailundos. A única oposição séria vem-lhe de Bem Bella e do grupo de Casablanca. O delegado americano chegou a manifestar a opinião de que sob a chefia de Savimbi os Bailundos acabariam por aderir à “revolta”. De resto, é sabido que a “diplomacia” dos AFL-CIO, Board of Unions e AMCOA orienta os seus esforços no sentido de libertar o GRAE do condicionalismo regional em que tem vivido para o transformar num movimento, de facto, angolano”

D. Possíveis repercussões em Angola de um eventual acesso de Savimbi à chefia do GRAE.
Não pode afirmar-se, com segurança, que Savimbi seja Bailundo, embora tenhamos alguns elementos que podem levar a tal conclusão. De resto, está pedida ao Ministério do Ultramar, em conformidade com a opinião expressa na última reunião de trabalho da Secção dos Negócios Políticos Ultramarinos, a comparência de um técnico em questões étnicas que possa esclarecer sobre este e outros assuntos.
Se Jonas Savimbi é, realmente, bailundo, o seu acesso á chefia do GRAE, a verificar-se, bem pode excitar as populações da sua etnia, até agora particularmente fiéis.
Haverá que admitir, inclusivamente, que seja esse o intuito dos americanos, ao pensarem no actual “Ministro dos Estrangeiros” do GRAE para suceder a Holden.
Afigura-se, pois, conveniente, estudar, neste contexto, algumas medidas capazes de dificultar qualquer iniciativa tendente a aliciar os bailundos, nomeadamente a elevação dos salários dos trabalhadores ao longo da linha do Caminho de Ferro de Benguela e a elevação dos preços dos produtos cultivados na área respectiva.
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Um texto com futuro
HAF

11432º Dia

Dia 21 de Fevereiro de 2012
i
09.00-17,00: ADN
18,00-21,00: «reunião preparatória» do próximo encontro dos Alunos do Colégio teresiano da Vila da Bela Vista (Angola), que este ano serã na Costa da Caparica a 26de maio.
II
Emídio Fernando: Jonas Savimbi. No Lado Errado da História, Ed.D.Quixote, 2012.
HAF

11431º Dia

Dia 20 de Fevereiro de 2012
I
07.00-9.00: Évora-Paço de Arcos
09.00-17.00: ADN
II
Regresso aos Massacres em África da Felícia Cabrita (Esfera do Livro 2008). Para revisitar aspectos deontológicos em torno da narrativa dedicada ao Massacre de Bafetá ( S.T.P., 1953). Voltarei ao assunto.
III
Para quem se interessa pelo estado dos sistemas educativos na Europa, pode escrutiná-los em Key Data on Education in Europe, Eurydice, 2012
HAF

11430º Dia

Dia 19 de Fevereiro de 2012
I
Um lento regresso pela costa sul atlântica, aqui a ali espreitando os seus recortes que em Sines morrem
II
Emídio Fernando: Jonas Savimbi. No Lado Errado da História, Ed. D.Quixote, 2012.
HAF

11429º Dia

Dia 18 de Fevereiro de 2012
I
Um dia a pasmar pois com águas destas nem os mais afoitos vertebrados aquáticos abarbatanados se chegam à costa …A visita gastronómica ao Pipo portimonense fechou a jorna com o Mealha como anfitrião.
II
Tradicionalistas e Modernistas: O Saco Azul e o Cartão de Pagamento Electrónico
Eu acho que toda a gente (e porque não um ministro?) gosta de um fundo azul. O que nem toda a gente lá encontra é um saco (há ministros que sim, porque querem dar o exemplo).
Está visto. Há ministros modernos que fazem a coisa com um cartão electrónico, que paga uma tacada (de golfe, claro), almoçarada, putas e vinho verde, e os tradicionalistas que gostam de ter a coisa no saco para pagar uma tacada (já se sabe que do tipo anterior), almoçarada, as mesmas putas e vinho, mesmo que verde.
A verdade é que esta bonança “invisível” não acontece(u) só a ministros. Há muito administrador que já viveu assim anos a fio, à tripa forra. Chama-se distribuição social sem humilhação.
III
Emídio Fernando: Jonas Savimbi. No Lado Errado da História, Ed.D. Quixote, fev. 2012. Na capa aparece um tímido subtítulo intercalado:Biografia. Percebe-se o interesse: no próximo dia 22 de Fevereiro o regime angolano “celebra” os dez anos em que este bieno foi abatido: uma morte (sempre) desnecessária. O livro vai ter mercado. Comprei-o ontem na Bertrand Portimão, acabado de chegar. Já dei uma vista de olhos. Não se ponha nele a expectativa de uma Biografia Histórica, que não é. E os editores deixaram de se preocupar com a revisão dos textos.
HAF

sexta-feira, fevereiro 17

11428º Dia

Dia 17 de Fevereiro de 2012
I
08,30-10,00: Despacho CC ECS UE
10,00-13.30: Comité Angola
14.00- ... : Algures através do país
II
O País dos Desocupados e dos Reformados-Trabalhadores700.000 desempregrados 500.000 desempregados (os desistentes e invisíveis)
Em suma, 1.200.000 desempregados
16-17% é a taxa de desemprego ( 35%, no segmento jovem da população)
Quem já se safou? Os jovens Catroga e o VGM.
A receita ultraliberal, é assim: só progride com a proletarização das classes médias. A receita socialista, na versão socrática- estado social + corrupção em massa - também não serviu. Num caso e noutro, "não há [houve] retracção ao nível da classe mais rica" (Bagão Félix, Negócios, de hoje)
O Povo, esse lamechas ou emigra em massa ou vai para a rua não tarda nada.
HAF

11427º Dia

Dia 16 de Fevereiro de 2012
I
08,30-10.00: Aula TH. Os perigos da História Única…..
10.00-13,00: Tutorias e Despacho do CC ECS
13.00-15.00: Um almoço que pode ter resultados
15,00-17.00: reuniões de júris (concursos a bolsas)
17,00-19.00: Comité Angola
II
A Escola Vasco da Gama promove um novo modelo de escola inclusiva , seguramente o modelo liberal: uma aluna que necessita do apoio de um terapeuta da sala deve pagar o sala de aulas (10 euros/hora).
Recomendo vivamente um passo ainda mais moderno, alastrando este critério a todos os alunos: dia a dia na portaria, os alunos depositam a quantia referente ao número de horas de aulas que querem comprar nesse dia.
No fundo nós , o meu grupo de investigação, já se sujeita a isso quando tem que consultar documentação histórica que deveria estar nos arquivos distritais e por incúria ainda está em algumas repartições do Estado : pagamos 7 euros /hora de consulta.
HAF

11426º Dia

Dia 15 de Fevereiro de 2012
08,30-10.00: Aula TH
10,00-12,00: Tutorias
15,00-20.00: Diário Popular, edição aérea
HAF

11425º Dia

Dia 14 de Fevereiro de 2012
07.00.20.00: Arquivo da Defesa Nacional (Lx)
HAF

11424º Dia

Dia 13 de Fevereiro de 2012
08.00-12,30: Preparação de aulas
15,00-17,00: Tutoria de Alunos de Teoria da História
17,00-22,00: Plano de trabalho para o ADN e Teses de Mestrado (História de Angola) : tutoria
HAF

domingo, fevereiro 12

11423º Dia

Dia 12 de Fevereiro de 2012
I
Tutorias angolanas
II:Produção Científica Portuguesa, 1981-2010:Indicadores Bibliométricos
O Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) -que segundo o site continua dependente do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, ministério que, instalado no Palácio das Laranjeiras, tem o site em manutenção (como se pode ver na pagina: http://www.mctes.pt/) - publicou há dias o «relatório estatístico que atualiza os indicadores bibliométricos da produção científica portuguesa» e faz isto desde 2002. Os primeiros relatórios tiveram como fonte a « National Science Indicators 1981-2002/Institute for Scientific Information(ISI).» [ como se explica no segundo relatório (2005] «O National Science Indicators(versão Standard e versão Deluxe) reúne apuramentos estatísticos elaborados pelo ISI a partir do Science Citation Index Expanded, do Social Science Citation Index e ainda do Arts & Humanities Citation Index.»
Os dados são apresentados por quinquénios móveis a começar em 1981(1981-85; 1982-1986; 1983-1987, etc, sendo o último quinquénio o do de 2006-2010,cujos dados «são provisórios»[Exceptuam-se os relatórios publicados em 2006 e 2007,com dados anuais]. Os principais dados são os números de publicações, de publicações citadas e de citações referenciadas internacionalmente. Não vou aflorar aqui a controvérsia sobre a forma de obter estes indicadores bibliométricos e centrar-me-ei apenas nos resultados.
As leituras da imprensa escrita põem em relevo o brutal aumento da publicação científica nacional. Por exemplo o Público de ontem referiu (bem) que ela teria triplicado entre os quinquénios de 1996-2000 e 2006-2010. Na verdade o panorama actual da «publicação cientifica portuguesa referenciada internacionalmente » é muito diferente do de há trinta anos atrás. Neste arco temporal podemos dizer que o seu volume (nº de publicações) duplicou (1ª década) ou triplicou (2ª e 3ª décadas) de 10 em dez anos . As médias móveis das taxas de variação entre quinquénios sugerem , como é natural um crescimento mais acentuado até cerca de 2000 (taxas de variação acima dos 13% ) seguido de uma era de um aumento progressivamente mais modesto, chegando aos 10-11% no último quinquénio.
Uma segunda nota vai para o contributo das «Artes e Humanidades» , domínio geral que os dados agora publicados ainda não contemplam (por provisórios, suponho eu) . o “Arts and Humanities Citation Index» inclui 28 categorias , desde a Arqueologia ao teatro, passando por áreas tão diversas como a Arquitectura, os « cultural studies», Dança, Folclore, História, 10 categoriais de Literatura, Filosofia, Poesia e Religião.
O primeiro relatório (1981-2002, ed. 2003) sobre a produção científica portuguesa com referência internacional é o único onde os dados para a área científica de « Arts & Humanities - Artes e Humanidades» aparece segmentada nas seguintes categoriais: Archaeology; Art & Architecture; Classical Studies; History; Language & Linguistics; Literature; Performing Arts; Philosophy; Religion & Theology
No seu conjunto representavam apenas a quota de 0,76% das publicações científicas nacionais que eram referenciadas internacionalmente(quota que não era muito diferente das Ciências Sociais, 0,8%). Um generalizado baixíssimo nível de internacionalização.
O relatório publicado em 2010,apenas fornece os indicadores bibliométricos (1981-2009) para o conjunto das Artes e Humanidades e, como tive oportunidade de referir, por quinquénios móveis. Por ele se vê que as Artes e Humanidades e as Ciências Sociais representam uma quota muito baixa (2,3%) da produção cientifica nacional referenciada internacionalmente. Todavia ele mostra uma evolução completamente díspar entre as Ciências Sociais e a das Artes e Humanidades. Em relação ao período 1981-2002, a primeira duplicou o seu contributo, passando agora a representar1,8% quando as Artes e Humanidades descem para apenas para uma quota de 0,5%.
As A&H portuguesas obtiveram entre 2005 e 2009 cerca 174 referências bibliográficas internacionais,duplicando assim o número em relação ao quinquénio anterior. Até até provável que naquele crescimento tenha havido um contributo particularmente relevante das Humanidades(ver Relatório do CC da FCT, de Dezembro de 2011) mas o facto é que é tudo muito,muito pouco. As razões disso: a FCT deveria saber explicar.
Nestes relatórios não falta apenas uma maior fragmentaçãona apresentação dos dados dentro das grandes áreas científicas, com ênfase para as Ciências Sociais e as Artes e Humanidades; deveria ainda incluir a distribuição dos dados pelas instituições do ensino superior.
III Dois Ministros, um País e um Juiz
Sem muitos comentários registo aqui a “curva colossal” que aproximou um Gaspar,de pé e servidor, de um Schaüble,sentado e quase magnânimo,mas depois de arrumados os gregos. Fez-me lembrar a figura do dirigente universitário que há uns anos atrás ao atender uma chamada telefónica de um secretário de estado levantou-se e dobrou a espinha para um cumprimento respeitoso.Sobre a inclinação gaspariana há(más)razões para ser inevitável !!! A arrogância da direira popular-cristã germânica indica que uma parte dos alemães não aprendeu nada com a História.
Hoje,como europeísta e europeu, sou Grego.
Em Espanha, Baltazar Garçon,o juiz que se tornou eficiente nas lutas anti-corrupção e anti-terrorismos, foi condenado a estar mais de uma década afastado do exercício do seu trabalho. A Espanha dividiu-se perante esta sentença. As instâncias superiores dos tribunais pronunciaram-se a favor da legalidade formal de todo o processo. Há imensas dúvidas. Em todos os casos, mas em especial num caso destes, tais dúvidas nunca deveriam ter existido e muito menos permanecer. Fica-se com a ideia de um desejado e oportuno acerto de contas político-judiciais com o qual a grande corrupção em Espanha ficou a ganhar.
HAF

sábado, fevereiro 11

11422º Dia

Dia 11 de Fevereiro de 2012
Dia Branco
I
Para quem viu o último programa «Prós e Contras» e nele um professor «empreendedorista” a dissertar sobre a responsabilidade individual dos licenciados desempregados (cursos mal escolhidos) - que é exactamente o mesmo que atribuir a responsabilidade individual da condição a todos os desempregados (más escolhas),recomendo vivamente o texto hoje publicado por Pacheco Pereira no Público: A nova luta de classes , «descomplexados competitivos» vrs «preguiçosos autocentrados» , e de como « muita asneira que para aí circula poderia ser evitada lendo um pouco mais sobre História»
III
As Pietás dos tempos modernos

HAF

11421º Dia

Dia 10 de Fevereiro de 2012
I
08,30-20,00: Diário Popular, Edição Aérea
11,00-13,30: Tutoria:doutoramento HC
II
MBAH Jean Martial Arsene: As Rivalidades Políticas entre o FNLA e o MPLA de 1961-1975,Luanda, 2011 (cont.)
HAF

11420º Dia

Dia 9 de Fevereiro de 2012
I
08,30-10,00: Teoria da História
10.00-17.00: Comité Angola (Amsterdão, 1961)
18.00-20.00: Diário Popular. Edição aérea (1957)
II
A Universidade de Évora e as condições de existência e as oportunidades dos seus estudantes.
O Diário do Sul deu visibilidade à contestação estudantil dos alunos da Universidade de Évora que regularmente tem aulas no Colégio Pedro da Fonseca (Zona Industrial), cujo descontentamento é associado à qualidade, ao preço praticado e condições de uso do bar existente naquele polo.
O tópico chama a atenção para a degradação das condições de vida dos nossos estudantes. Um problema que se acrescenta às dificuldades de muitos, muitos estudantes (o equivalente a cerca de 1000 estudantes de 1º Ciclo) não serem capazes de pagar as propinas.
Entendo que esta matéria tem de ter respostas concretas e positivas da Universidade e das organizações estudantis. Os nossos estudantes em dificuldade não podem deixar de poder estudar com dignidade na nossa Universidade. Para esta opção fundamental, há soluções dignas
III
MBAH Jean Martial Arsene : As Rivalidades Políticas entre o FNLA e o MPLA de 1961-1975, Luanda, 2011 (cont.)
HAF

11419º Dia

Dia 8 de Fevereiro de 2012
I
08,30-10,00: Teoria de História
10,00-12,30: Diário Popular, Edição Aérea
14,00-16,00: ADN; correespondencia; selecção de estudantes (NATO)
16,00-18,00: Tutoria (tese)
18,30-20,30: Diário Popular, Ed. Aérea
II
MBAH Jean Martial Arsene: As Rivalidades Políticas entre o FNLA e o MPLA de 1961-1975, Luanda,2011 (cont.)
HAF

11418º Dia

Dia 7 de Fevereiro de 2012
I
07.15- ..O regresso ao G.
09.00-12.00: Despacho CC ECS, Contratos a custo “Zero” e tutorias
14,00-16,00: Diário Popular , Edição Aérea
16.00-17.00: Tutoria (AQ)
II
Os dois anos do IIFA/UÉ: Balanço do balanço
O Director do IIFA publica hoje no U.Éline o balanço dos primeiros dois anos do seu mandato. Um documento no qual acentua o que se pretende (excelência na investigação e ensino), que se caminhou (fez muito mas podia-se ter feito mais) numa unidade orgânica neófita, assinala algumas dificuldades (mobilização dos investigadores abrindo oportunidades de promoção; sobreposições e confusão de competências entre unidades orgânicas, distribuição de recursos, etc) . Um pouco vago no que se trata das «opções fundamentais» de uma universidade que nunca as definiu de um modo substantivo, evoca a «escola doutoral» como uma elemento estratégico da UÉ (no que concordo, sendo certo que se deve discutir se pronunciada no singular se no plural). Numa outra coisa estou plenamente de acordo com SS: «É em alturas de crise financeira e económica que a liderança se torna um factor que faz a diferença» . Nem mais. Quanto ao IIFA é em todo o caso uma Unidade Orgânica que ainda não está consolidada e cujo modelo organizacional e articulação com as Escolas necessita de maior reflexão. Um dos problemas mais sérios nesta universidade é a profunda segmentação da actividade académica num contexto de insuficiente dotação de recursos humanos de topo. É absolutamente indispensável superá-lo, para bem do IIFA e das Escolas. O voluntarismo da “vontade” não chega, é preciso encontrar os meios que nem a Universidade nem a região conseguem gerar, definitivamente.
HAF

segunda-feira, fevereiro 6

11417º Dia

Dia 6 de Fevereiro de 2012
I
09.00-11.00: Despacho CC ECS EU
11.00-12,00: Júri de Doutoramento
14.00-15.00: Reunião NICPRI.UE (Um livro para apresentar…)
15.00-16.00: Júri de Doutoramento
16,00-17.00: Júri de Doutoramento
17,15-19,30: Archief Angola Comité: Correspondência 1961.
II
Mugimbos na Universidade de Évora
Nos corredores da instituição são muitos os «mugimbos» , para usar um termo angolano, sobre o descontentamento de algumas lideranças em relação ao estado e andamento da instituição, que se mantêm a navegar à vista. Nos próximos dias poderá haver novidades deste cansaço de urgências sem prioridades, de caminhos que podemos não estar a traçar. Veremos o que há de verdade nisso tudo, mas já é mau este diz-que-disse ou melhor diz-que-fez. Respeito os que acharem melhor saltar do barco, mas eu não fui habituado a fazê-lo.
HAF

domingo, fevereiro 5

11416º Dia

Dia 5 de Fevereiro de 2012
I
Archief Angola Comité: Correspondência (1961)
II
Ainda sobre as notas de ontem dedicadas ao país. Só esta madrugada dei uma vista de olhos pelo Expresso. Descobri que o país ainda tem o Fernando Nobre e que prossegue a exploração da «janela de oportunidade» que PPC abriu em tempos. O homem fez-me recuperar, não sei bem porque razão, uma cantiguinha popular entoada na minha escola primária - «a mim não me enganas tu, a mim não me enganas tu, a mim não me enganas tu ….que a panela ao lume e o arroz está cru… » - a mesma cantiguinha que me deve ter ocorrido num jantar de 2010.
III
Porque não temos um Baltazar Garzón Real?Sinal dos tempos e do contexto é este miserável silêncio da opinião publicada portuguesa em torno do caso Baltazar Garzón Real, um magistrado que por ter procurado aplicar o princípio de que ninguém deve estar imune à justiça, protagonizou uma luta implacável contra o terrorismo, o terrorismo de estado, a corrupção, o narcotráfico, etc., etc. Com o silêncio institucional de toda a esquerda democrática (que assim se vinga do facto de o magistrado ter abandonado a cooperação com o PSOE), o grupo «Manos Limpias» , um sindicato ou associação (informal e de base franquista) espanhola de funcionários , moveu ao magistrado uma série de processos judiciais, pessoais e profissionais, que contam com o apoio de sectores franquistas instalados duradoiramente no topo da magistratura de Espanha.
Em Portugal não teremos um magistrado semelhante enquanto não tivermos uma sociedade civil que lhe seja favorável. Até lá teremos gatos mansos, uns tipos porreiraços (e medrosos), como os Dr.s Souto Moura ou Pinto Monteiro.
IV
Ontem SCP-Gil Vicente (0-1). Duas equipas incompetentes: a do SCP e de arbitragem. Um SCP com uma semana negra: quem o conduziu à falência técnica e provavelmente desportiva? A resposta será a tipica de uma democracia incompetente: todos, nós todos (neste caso os sócios...)
HAF

sábado, fevereiro 4

11409-14015º Dia

Dia 29 de Janeiro a 4 de Fevereiro de 2012
I
Júri de Concurso par Gestor Ciência: entrevistas e actas ( 30-31 de Janeiro)
Preparação , mesa e sessão do CC ECS: (31 de Janeiro a 2 de Fevereiro)
Despacho do CC ECS: uma semana de decisões «difíceis» mas claras
Seminário de Mestrado: 2 de Fevereiro
Seminário de Doutoramento: 3 de Feveiro
Seminário de balanço de dissertações: 4 de fevereiro
Tutorias de teses : 2 e 3 de Fevereiro
Despacho do NICPRI: 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro
Avaliação de Desempenho
II
30 de Janeiro: 58 anos depoisnum jantar familiar
III
«Leituras»: Catálogos do ADN !!!!
IV
No país: tudo numa boa ou seja tudo na mesma
a)Este país é obviamente para velhos: O Graça Moura, com 70 anos e reformas várias, chega ao CCB. Algo no género do Catroga. … Entretanto 30% de desemprego juvenil, por extenso: trinta por cento. Portanto, gaiatagem, toca a emigrar….
b)Este país tem donos da democracia. Um jornalista-radialista de uma emissora pública criticou o programa «Reencontro» da RTP, pivotiado pela FCF e é saneado. Surpresa? Obviamente não. Resmas de casos, na história do “centrão” político. O facto é que, como na altura aqui assinalei, o programa de 16 de Janeiro foi mesmo miserável, a pivot não surpreendeu pela incompetência (e pelo seu «lado-certismo») e deixou uma imagem miserável da RTP e outra fantasiosa de relação Angola - Portugal. E quem foi despedido? O jornalista Pedro Rosa Mendes que disse no «Este Tempo» o que todos os que tem um grau médio de inteligência puderam ver em directo. E quem foram os mandantes do despedimento? Ora ai está o clássico embróglio… que significa sempre que foram ordens do dono. Estas elites só não tem é vergonha.
c)Este país tem «Justiças», a que julga o desgraçado que, no Porto, roubou uma embalagem de polvo e outra de champô e afinal nem comeu o molusco octopodiforme nem usou «o produto utilizado principalmente para remover óleo do cabelo, sujeira, pele morta do couro cabeludo», mas pagou 250 euros; e a que lida com o senhor Isaltino Oeiras.
E assim é que tem se ser, como antigamente.
V
Em ANgola, celebra-se o 4 de Fevereiro de 1961....um objecto historiográfico para durar.
HAF